Os detalhes que fizeram Nando Reis se tornar um dos mais bem sucedidos artistas do Brasil
Por Gustavo Maiato
Postado em 06 de dezembro de 2023
Diogo Damascena, empresário de Nando Reis, contou ao Corredor 5 como o artista se tornou um grande sucesso hoje em dia. Confira os detalhes abaixo.
Topar fazer shows mesmo em cidades menores
"O Nando é um cara que, às vezes, nos surpreende. Ele diz: ‘Tem essa sexta-feira livre. Diogo, não dava para perder essa oportunidade’. Eu vou lá e marco de fazer um violão em Piraporinha só para preencher a agenda. A equipe fica louca com a gente, mas funciona. Então, fizemos um bom trabalho conquistando o mercado. Nessa época lá para 2012, o Nando tinha alguma resistência, pois os artistas não iam mais para a rádio. Era um período de transição, com o streaming ainda fraco e as vendas físicas em queda.
Estávamos buscando caminhos nesse limbo entre o universo que estava terminando e um novo que ainda não estava consolidado. Foi quando começamos a fazer muitos shows. Era engraçado porque, às vezes, víamos comentários como: "Ah, fui no show do Nando Reis, ele só fica tocando músicas dos outros’. Isso ainda acontecia, era muito engraçado. Não associavam ele às músicas dele gravadas por outros cantores.
Então, o Nando decidiu gravar outro projeto. Foi quando surgiu o ‘Voz e Violão’, que eu estava contando. Fizemos o projeto no Sesc e continuamos com a turnê, que foi um sucesso. Lembro que eram quatro noites no Metropolitan, todas com ingressos esgotados. Era o Nando com seu banquinho, uma beleza. E, de forma independente, conseguimos rentabilizar. A lojinha começou a vender bem, levávamos a loja para todos os shows.
Comitê de decisões estratégicas de carreira
No Relicário, que é o escritório do Nando, temos um sistema de comitê, composto por mim, o Nando, a Vânia, a esposa do Nando, e o Marcelo, nosso Business Controller. Ele é essencial, apesar de não aparecer muito. É aquele cara que dá o sinal verde ou vermelho. Ele veio do mercado publicitário como Business Controller, focado em números, projetos e estratégias. Eu e o Nando desbravamos, e ele e a Vânia são a base do negócio. Porque, se depender só de mim e do Nando, a gente só vai. Às vezes, é engraçado, porque eu levo bronca da Vânia. ‘Diogo, que agenda é essa? Você está louco!’ Eu falo que o Nando concordou, e ela: ‘E ele lá sabe o que está topando!’ Temos uma votação, os quatro precisam concordar para tomar decisões importantes.
Até hoje, somos independentes em tudo. Lançamos, produzimos, e somos totalmente autossuficientes. O que aprendi com a parte de negócios é que mexer na percepção global é crucial. Tudo precisa estar interligado, desde o lançamento de um produto até a realização de um show. Esse produto deve ter um propósito, uma narrativa no projeto, mesmo que aparentemente pareça desconectado. O Nando sempre exige saber por que estamos fazendo algo, qual o propósito de lançar uma determinada música. Portanto, todos os desafios e projetos que criamos estão inseridos em uma narrativa.
Começamos com o ‘Voz e Violão’. Em seguida, gravamos o álbum duplo ‘Jardim Pomar’, que distribuímos independentemente, inicialmente pela Deck. Contudo, comecei a perceber que poderíamos ter uma abordagem diferente. Não havia muita diferença, mas os percentuais poderiam ser mais interessantes. Na época, ainda havia produtos físicos, então lançamos o álbum em streaming, vinil, CD e até em cassete, o que gerava situações engraçadas na lojinha de pais mostrando aos filhos.
Trilhar o caminho independente
Eu distribuí o álbum pela Deck, mas depois percebi que poderia fazer isso por conta própria. Não havia diferença significativa, e os percentuais seriam mais atrativos. Gravadoras hoje em dia muitas vezes não têm departamento de distribuição, contratando empresas externas para isso. Decidi ir diretamente a essa empresa, eliminando a intermediária. Gravamos o disco, bancamos a produção, prensamos os discos, e cuidamos da distribuição. Fomos totalmente independentes, desde a gráfica até contratar uma pessoa para organizar os produtos no escritório. Isso foi uma aposta grande, um trabalho árduo, mas 100% independente.
Maior cachê
Já Luis Felipe Couto, empresário com uma longa trajetória na BMG e posteriormente na Sony/BMG durante a fusão das gravadoras, compartilhou valiosos insights sobre o atual cenário da música em uma entrevista ao mesmo canal Corredor 5 no YouTube. Durante a conversa, ele destacou o caso de sucesso envolvendo o renomado artista Nando Reis.
Para Couto, Nando Reis se destaca como um exemplo notável de um artista de rock que não apenas investe em sua carreira, mas também compreende profundamente as dinâmicas comerciais do mercado musical. Ele menciona que Nando, juntamente com Diogo Damasceno, são figuras geniais artisticamente e possuem uma leitura comercial de mercado sem igual.
O empresário enfatiza a capacidade de Nando Reis reinvestir uma porcentagem significativa, entre 10 a 15%, do faturamento anual em sua própria carreira. Isso, segundo Couto, é uma prática diferenciada em comparação a outros artistas que enfrentam dificuldades nesse aspecto. Nando Reis, ao longo do tempo, conseguiu manter o interesse de seu público desde os dias nos Titãs, revelando-se um compositor ativo e colaborador essencial, como foi o caso de sua parceria com Cássia Eller.
A parceria estratégica com Diogo Damasceno revelou uma visão única de explorar novos caminhos na carreira de Nando Reis. Hoje, Nando tem, segundo ele, o maior cachê do rock nacional. Eles entenderam a importância de apropriar-se do repertório do artista e consolidar os públicos dos Titãs e Cássia Eller. Esse entendimento profundo do mercado resultou em uma agenda impressionante para Nando Reis, realizando entre 18 a 25 shows por mês, seja em formato acústico ou com banda, e ostentando o melhor cachê do Brasil em seu segmento.
Além dos palcos, o sucesso de Nando Reis também se estende ao universo digital. Couto destaca sua presença robusta no YouTube, indicando que o artista compreendeu eficazmente as novas ferramentas digitais e está disposto a atender às demandas do público moderno.
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