O que Paulo Ricardo e Fernando Deluqui falaram a última vez que se viram pessoalmente?
Por Gustavo Maiato
Postado em 25 de agosto de 2025
A história do RPM é repleta de sucessos estrondosos, polêmicas e desentendimentos. Formado em 1983, o grupo chegou ao topo das paradas brasileiras na década de 1980, lançou álbuns históricos e se consagrou como uma das bandas mais populares do rock nacional. No entanto, a convivência entre os integrantes nunca foi simples e, após separações, voltas e disputas judiciais, o destino do grupo ficou marcado por rupturas dolorosas.
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Em entrevista à Folha de S.Paulo, Paulo Ricardo relembrou o último momento em que esteve pessoalmente com Fernando Deluqui. O encontro aconteceu em 2006, durante a turnê que terminou em um show realizado em um navio. "Quando acabou o último show, que foi num navio, o Deluqui veio na minha cabine e disse que eles não iam parar mesmo eu querendo parar. Eu falei: ‘Estamos em alto-mar, o navio está horrível com essa tempestade. Schiavon passou mal. P.A. está péssimo. Não é hora de falar disso, vamos conversar em São Paulo’. E nunca mais conversei. Foi triste", contou o vocalista.
As brigas do RPM
Paulo também lamentou o afastamento dos antigos colegas. "Nunca mais vi os caras. O P.A. faleceu em 2019 e eu nunca mais o vi. O Schia faleceu em 2023 e nunca mais o vi. O Deluqui está vivo, mas nunca mais o vi. Isso é muito triste. Construímos uma coisa tão linda", disse.

Enquanto isso, Fernando Deluqui manteve a chama da banda acesa em outras formações. Em entrevista ao canal de Francine Ferragutti, o guitarrista comentou as vantagens da fase batizada de RPM O Legado, que reuniu ele, Luiz Schiavon e P.A. após a saída de Paulo Ricardo. "A formação original tinha problemas. Às vezes tinha gente que reclamava, saía matéria em jornal falando mal. A própria mídia não abria muito espaço", explicou.
Deluqui destacou que a turnê após o lançamento do disco "Sem Parar" mostrou a força da marca RPM nos palcos. "Graças a Deus encontramos condições para ir para a estrada e os shows continuaram lotados. E vai continuar. Esse ano vai estar lotado de novo, se Deus quiser, 2025 vai arrebentar", afirmou.

O RPM O Legado
Com a morte de Schiavon e P.A. e a saída do vocalista Dioy Pallone, Deluqui assumiu também os vocais da banda. Para ele, a continuidade foi fundamental para preservar a memória do grupo. "Seria uma tristeza enorme eu não poder continuar trabalhando, mostrando o que estou fazendo. A partir do momento que o Luiz, o P.A. e eu quisemos continuar, a gente pegou o RPM e melhorou, na minha modesta opinião", declarou.
Entre as mudanças que considera positivas, o guitarrista citou a retomada de músicas esquecidas do repertório. "Colocamos, por exemplo, ‘Ponto de Fuga’, que era uma canção esquecida, e o show bombou. Voltamos a tocar ‘Ciúmes’, do Ultraje a Rigor, que também estava fora. Para mim, essa nova fase é melhor", afirmou.
A disputa pelo nome RPM também foi um ponto delicado na história recente. Em maio de 2024, a Justiça determinou que Deluqui não poderia usar a marca, mas em agosto veio a reconciliação: Paulo Ricardo e Fernando chegaram a um acordo. O guitarrista pôde seguir com o nome RPM O Legado, enquanto o catálogo da formação original permanece disponível como RPM.

Em nota conjunta, os dois músicos explicaram: "Para alcançar esse entendimento mútuo foi essencial compreender que todas as iniciativas tomadas sempre tiveram por objetivo preservar a memória e os valores que inspiraram os inúmeros sucessos do RPM. (...) Toda a obra da formação original da banda estará disponível em todos os apps de música e no YouTube sob o nome RPM".
Deluqui também comentou sobre o fim da formação clássica: "Em 2017 houve um grande mal-entendido. Paulo Ricardo quis dar uma pausa e Luiz Schiavon, P.A. e eu quisemos continuar. Infelizmente nos desentendemos, mas isso ficou no passado".

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