Por que Titãs não gostaram de Lulu Santos como produtor, segundo Sérgio Britto
Por Gustavo Maiato
Postado em 24 de setembro de 2025
Lançado em 1985, "Televisão" foi o segundo álbum da carreira dos Titãs e sucedeu a estreia homônima do grupo, de 1984. O disco traz algumas canções que se tornaram clássicos do repertório da banda, como "Televisão", "Insensível" e "Massacre". O trabalho também já mostrava a veia crítica e irônica que se consolidaria no histórico "Cabeça Dinossauro" (1986), com letras que comentavam o cotidiano urbano, a alienação da mídia e a crise social do Brasil dos anos 1980.
Na época, o álbum foi produzido por Lulu Santos, então já consolidado como cantor e guitarrista, com sucessos como "Tempos Modernos" e "Como Uma Onda". A ideia parecia promissora: juntar uma das bandas mais criativas da cena paulistana a um artista experiente, que sabia lidar com os estúdios e tinha trânsito fácil entre o pop e o rock. No entanto, o resultado acabou deixando um gosto amargo nos Titãs.


Em entrevista ao canal Desculpincomodar, o tecladista e vocalista Sérgio Britto revelou que a relação com Lulu não funcionou como esperado. "O Lulu não foi muito produtor da gente, para falar a verdade. Foi uma experiência meio louca. Eu tenho a impressão de que ele queria produzir os próprios discos dele. A gente foi um tubo de ensaio. Ele se dedicou muito, mas depois, na mixagem, a gente ficou insatisfeito, e ele também nem cuidou muito daquilo. Não me marcou como produtor", afirmou.

Lulu Santos e Titãs
Britto comentou ainda que, apesar do empenho inicial de Lulu, o envolvimento se perdeu ao longo do processo. O disco acabou soando irregular e não refletiu totalmente a identidade da banda naquele momento. A sensação, segundo ele, era de que Lulu estava mais interessado em experimentar ideias para aplicar em seus trabalhos futuros do que em fortalecer a sonoridade titânica. "Ele se dedicou muito, mas na mixagem já não cuidou tanto. A gente refez coisas depois. Então, não ficou um disco que tivesse a cara dele nem a nossa de verdade", disse.
Esse contraste ficou ainda mais evidente quando os Titãs entraram em estúdio para gravar "Cabeça Dinossauro", no ano seguinte, sob produção de Liminha. O disco virou um divisor de águas no rock brasileiro, com músicas como "Polícia", "AA UU" e "Homem Primata", que trouxeram uma sonoridade agressiva e letras diretas. Britto relembra que a aposta foi arriscada, mas recompensadora: "Sempre que a gente opta por coisas mais arriscadas foi quando a gente se deu melhor. O Cabeça foi a nossa aposta mais arriscada e a mais bem-sucedida até ali", afirmou.

Confira a entrevista completa abaixo.

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