Site americano aponta banda que é a maior piada do metal de todos os tempos
Por Gustavo Maiato
Postado em 03 de setembro de 2025
Nos anos 2000, a cena do metalcore viveu um de seus momentos mais polêmicos. A popularização do MySpace revelou novas bandas para o mundo, mas também trouxe grupos que dividiam opiniões. Entre eles, o Attack Attack!, de Ohio, que se tornou sinônimo de exagero e alvo constante de piadas.
O impacto foi tão grande que, segundo o site americano Ultimate Guitar, o grupo chegou a ser considerado "a maior piada do metal de todos os tempos". O rótulo não surgiu por acaso: com sintetizadores de Eurodance, refrões açucarados e abusos de Auto-Tune, o som parecia destoar completamente das tradições do heavy metal.


O clipe de "Stick Stickly", lançado em 2008, cristalizou a fama duvidosa ao apresentar o famoso "crabcore" — a pose agachada que virou meme na internet. Para muitos fãs do gênero, aquilo representava o auge da caricatura, afastando a banda de qualquer possibilidade de ser levada a sério.

Ainda assim, a irreverência se converteu em números. O álbum de estreia, "Someday Came Suddenly", chegou ao 9º lugar no Heatseekers Chart e alcançou a Billboard 200, prova de que a internet já tinha poder de transformar bandas ridicularizadas pela crítica em sucesso entre jovens conectados.
Ao longo da carreira, o Attack Attack! manteve a postura debochada, com títulos como "Sexual Man Chocolate" e "Smokahontas", até buscar uma sonoridade mais pesada no disco "This Means War" (2012). O trabalho rendeu o melhor desempenho comercial da banda, mas não impediu o fim precoce em 2013.

O retorno aconteceu em 2020, com nova formação e, em 2025, o álbum "Attack Attack! II" trouxe uma guinada inesperada: críticas positivas e a percepção de que o grupo amadureceu sem perder a veia irreverente. Faixas como "Dance!" (com Will Ramos, do Lorna Shore) e "Without You" mostraram que ainda há espaço para o humor dentro do metal moderno.
Bandas de rock e metal que são piadas
Se o Attack Attack! já foi chamado de "a maior piada do metal" pelo site americano Ultimate Guitar, é bom lembrar que o humor, a caricatura e a sátira sempre tiveram lugar no universo da música pesada. Seja de forma intencional ou involuntária, várias bandas transformaram o metal em motivo de riso — algumas abraçando a zoeira, outras tentando escapar dela.

Massacration
No Brasil, o exemplo mais famoso é o Massacration, criação dos humoristas do Hermes & Renato. O grupo surgiu como paródia dos clichês mais caricatos do heavy metal e rapidamente ganhou vida própria. Em entrevista ao jornalista Marcelo Vieira para o site Igor Miranda, Bruno Sutter (o eterno Detonator) explicou que a ideia sempre foi "uma sátira/homenagem".
Segundo ele, o alvo nunca foi o metal em si, mas a postura dos radicais que defendem frases como "quanto mais agudo, melhor o cantor" ou "somente o metal importa, o resto é lixo". As críticas, para Sutter, são sinal de sucesso: "É como diz o ditado chinês: prego que se destaca toma martelada. Eu procuro ver com naturalidade, pois se até Jesus foi crucificado... É bom que haja críticas, até mesmo as destrutivas, pois mostra que o Massacration é um produto de bastante sucesso", disse o vocalista.

Tenacious D e Jack Black
Do outro lado do mapa, em Los Angeles, nasceu o Tenacious D, liderado pelo ator e comediante Jack Black ao lado de Kyle Gass. A dupla começou como número de stand-up musical e logo virou fenômeno cultural, com direito a série na HBO, turnês pelo mundo e até um filme, "The Pick of Destiny" (2006).
Canções como "Tribute" e "The Metal" mostram que o humor pode caminhar junto de riffs pesados. Embora paródico, o Tenacious D conseguiu conquistar tanto fãs de rock quanto de comédia, provando que a galhofa também pode render respeito dentro da cena.

Spinal Tap
Talvez o maior exemplo internacional seja o Spinal Tap, nascido no falso documentário "This Is Spinal Tap" (1984). O filme satirizava as extravagâncias das bandas de hard rock e heavy metal da época, mas fez tanto sucesso que os músicos-atores passaram a se apresentar como um grupo real.
O guitarrista Jeff Beck chegou a negar que o personagem Nigel Tufnel fosse inspirado nele, mas admitiu que o cabelo lembrava sua fase glam. Em entrevista publicada pela Clash Music, Beck confessou ter gargalhado durante a primeira exibição: "Eu estava rindo tão alto que as pessoas me mandavam calar a boca. Aquilo era a coisa mais engraçada", disse.

Décadas depois, os atores ainda encarnam os personagens, como quando Christopher Guest (Nigel) contou à Music Radar, em 2022, uma anedota sobre ganhar uma guitarra de Beck: "Eu disse: ‘Jeff, quem vai conseguir tocar nisso?’. Ele respondeu: ‘Nige, você é uma mulherzinha?’". A piada, nesse caso, nunca envelhece.
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