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Jimmy London: O que o Matanza Ritual fizer agora terá sabores diferentes

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 17 de abril de 2022

O homem é grandão, mas seu apelido vem da expressão "De Menor". O carioca Bruno Munk London é um dos roqueiros mais reconhecidos no Brasil, até mesmo por quem não aprecia o estilo. Ator, entrevistador, comentarista e, principalmente, cantor, JIMMY LONDON é membro fundador do MATANZA em 1996 e está em turnê com Felipe Andreoli (Angra) no baixo, Antônio Araújo (Korzus) na guitarra e Amilcar Christofáro (Torture Squad), revivendo, em suas palavras, a diversão de tocar os clássicos do MATANZA ("Vem pra cá suar sangue", convida ele. Conversamos, por email, sobre uma grande quantidade de assuntos, a nova banda, a turnê, o Brasil atual e várias outras coisas. Matamos a curiosidade sobre que astros ele mais curtiu entrevistar, mas ficamos sem saber quais ele não gostou "pra que eu vou lembrar de algum Zé Mané que pode ter sido vacilão?". Confira aqui a entrevista completa.

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Publicado originalmente no Headbangers Brasil

Headbangers Brasil: Começando com o Matanza Ritual. Como é reviver os sucessos da banda? Por que criar uma banda ao invés de retomar o próprio Matanza?

Jimmy London: Eu não quis recomeçar a carreira do Matanza, é importante deixar isso claro. Eu quis começar uma outra coisa que tinha a ver com o fiz a vida toda. O show do Matanza sempre foi um ritual, e eu retomei esses shows porque estava sentindo falta disso na minha vida, mas é algo diferente, e as coisas que o Ritual vier a compor e a fazer agora terão sabores diferentes, por isso é importante deixar claro que se trata de outra coisa.

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HB: O nome Matanza Ritual me lembra a clássica Creedence Clearwater Revival e, depois, sua meio que continuação Creedence Clearwater Revisited. Não tem nada a ver, mas queria mencionar isso. Aproveito para perguntar se você tem a mesma lembrança, se o novo nome foi cunhado da mesma forma e se gostaria que o Matanza Ritual, um dia, fosse tão ou mais lembrado que o próprio Matanza.

JL: O revisited não tem meu ídolo maior, o John Fogerty, então eu dispenso a comparação, hehe

A real é que bandas são organismos vivos, porque são feitas por pessoas. E esses organismos precisam morrer e renascer, às vezes. É normal, e o que seria trágico seria viver preso a algo que não existe mais somente pela casca. Melhor mudar de corpo.

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HB: O que podemos esperar do álbum do Matanza Ritual? Vai haver alguma mudança de direcionamento (talvez algo de Angra ou Korzus, por influência do Felipe ou do Antônio) ou teremos aquela mesma mistura gostosa de country/hardcore/metal?

JL: Em relação às novas composições, não temos barreiras. O que vier e for bom pra gente, vai rolar. Sem tentar mimetizar coisas que nem fui eu que fiz antes.

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Em relação aos shows, eu digo que o próprio público nos leva para um lugar que eles mesmo querem: porradaria sem fim, músicas emendadas e todo mundo suando sangue até não aguentar nem mais um passo.

HB: E dos shows? O que vai rolar nos shows? Teremos canções novas na turnê? Teremos canções de outras bandas? Mais uma vez, teremos algo do Angra ou Korzus ou de algum outro medalhão do metal?

JL: Ainda estamos descobrindo o que pode rolar nessa tour. Temos uma música nova, a "Sujeito Amargo", e a cada show pinta mais uma brincadeira. O lance é ser divertido para todo mundo.

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HB: Em que cidade você está mais ansioso para voltar a tocar/visitar?

JL: São Paulo sempre teve uma importância muito grande na minha carreira, mas não dá para deixar de lado Rio, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Goiânia...

Ou seja, eu passei minha vida rodando o Brasil inteiro, e agora quero voltar a cada cantinho.

HB: Há previsão de shows no exterior? Nos países hermanos, por exemplo? Você acha que cantar em português tornou, de certa forma, uma carreira internacional do Matanza e pode influenciar o Matanza Ritual?

JL: Sim, faz parte dos nossos planos. Quem viver, verá!

HB: O Brasil finalmente está voltando a ver turnês, tanto de artistas nacionais quanto gringos, mas passamos (e ainda estamos passando) por momentos difíceis. Como foi começar uma banda em meio a uma pandemia que deixou todo mundo em casa? Como vocês conseguiram conciliarensaios, composições etc.?

JL: Olha, foi difícil pra cacete mesmo. Primeiro que conseguimos compor um disco quase inteiro totalmente a distância, e isso eu nem sei como fizemos.

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Segundo que fomos montando um show inteiro que só ensaiamos quase às portas da tour.

Ainda bem que tô cercado de monstros de competência e dedicação que fizeram esse processo ser fácil.

HB: Qual o comentário que você faz sobre o Brasil de hoje? Sobre esse (esperamos) fim da pandemia, sobre a polarização na política? E sobre a guerra?

JL: Já falamos tanto sobre isso, né? Odiosa natureza humana, o pessimista etc.

A verdade é que tivemos uma abertura de esgoto de extrema direita/neonazi nesses últimos anos que vai ser difícil de conter. Está sendo motivo de orgulho ser um completo idiota, mas eu tenho fé de que essa multidão de idiotas vai ser reconduzida para o ostracismo, que é de onde eles nunca deveriam ter saído. Mas está difícil ler o jornal, muito...

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HB: Vamos voltar a temas mais agradáveis. Como anda a carreira como ator? Algum novo trabalho em vista?

JL: Eu agora tenho a sorte de estar sempre filmando alguma coisa e posso dizer que essa nova atividade surge como um remédio para mim. Depois de coroa, poder aprender um novo ofício é um bálsamo para o cérebro que andava seguro demais de si, achando que já sabia alguma coisa.

Nada como entrar como um calouro em um set para te lembrar que não somos porra nenhuma nessa porra maluca chamada vida, nesse planeta, nessa galáxia e nesse infinito...

HB: Vou ver o show de vocês em Fortaleza. E uma pergunta que sempre faço em minhas entrevistas é sobre influências locais. Existe alguma influência cearense, ou mesmo nordestina, que não tenhamos conseguido notar, mas que tenha sido importante na sua carreira? O que você gosta e ouvir em casa que tenha vindo dos lados de cá?

JL: Sobre o Nordeste, tenho grandes influências sim: Devotos, meu parceiro de tv China, nação zumbi, e mais uma porrada de gente legal que vai surgindo todo dia e eu tento acompanhar.

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HB: Você também entrevistou muita gente. Eu gostaria que você contasse um pouco sobre isso. Qual o artista mais difícil de entrevistar? Qual te deixou mais ansioso? Algum deles te deixou decepcionado?

JL: Eu já tive o prazer de entrevistar James Hetfield, Kerry King, Nicko McBrain e Pete Townshend e todos foram ótimas, pra que eu vou lembrar de algum Zé Mané que pode ter sido vacilão? Prefiro lembrar dos que foram ótimos.

HB: O Matanza terminou, mas existe alguma chance de haver uma reunião da banda, como Matanza mesmo, para uma turnê especial de aniversário (25 anos, 30 anos de banda ou aniversário de algum disco, como as turnês que o ANGRA, da qual faz parte o Felipe Andreoli, costuma fazer)?

JL: Acho difícil. Nunca mais tivemos nenhum tipo de contato.

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HB: Agora o espaço é só seu. Gostaria que você mandasse uma mensagem para os nossos leitores, convidasse para os shows da turnê, escrevesse o que quiser.

JL: Rapaziada, chegou a hora de vomitar os demônios e desopilar o fígado de todas as merdas que somos obrigados a engolir na nossa vida civil. Vem pra cá suar sangue e se acabar de berrar que o Ritual insano chegou!

PUTAQUIUPARIU, Matanza Ritual!!!

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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