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Anathema: nos desafiamos constantemente, como Beatles, Floyd e Radiohead

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Fonte: Daniel Tavares
Postado em 02 de setembro de 2015

Para alegria dos fãs, em menos de um ano o ANATHEMA está de volta ao Brasil. E dessa vez para três shows. A banda se apresenta como headliner da primeira noite do Overload Music Fest 2015 (o headliner da segunda noite é o PARADISE LOST) no próximo sábado, em São Paulo. Da capital paulista seguem para Porto Alegre onde apresentam-se na segunda-feira. Na terça, despedem-se do Brasil com um show no Circo Voador, na Cidade Maravilhosa. Conversei com vocalista e guitarrista Vincent Cavanagh (ele me explicou que a pronúncia é algo próximo a Cavaná) por telefone sobre os três shows, as expectativas para conhecer o Rio de Janeiro, a relação com o PARADISE LOST e a necessidade de estar sempre se desafiando musicalmente, como BEATLES, PINK FLOYD e RADIOHEAD. Sobre que palavras ele já fala em português (o tecladista Daniel Cardoso é português) ele é direto: ¨Caralho¨. Você confere a conversa inteira logo abaixo.

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Anathema e Paradise Lost

O ANATHEMA vai voltar ao brasil depois de menos de um ano e vocês vão tocar no Overload Festival e dividir o palco com o Paradise Lost e também vão tocar em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Agora que vocês já tocaram algumas vezes no Brasil, que memórias vocês gostam de lembrar do nosso país, o que vocês mais gostaram e o que gostariam que melhorasse?

Vincent Cavanagh: Bem. O que eu estou mais ansioso é para ir para o Rio de Janeiro. Eu nunca estive no Rio. Nem mesmo para visitar. Eu acho que é uma das mais atraentes e maravilhosas paisagens que eu já vi. Obviamente eu já vi alguns vídeos de voos de helicóptero sobre as montanhas e sobre o oceano. Acho que não há lugar nenhum no mundo como o Rio. É extremamente excitante para mim finalmente ir lá.

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Realmente, montanhas e oceano na mesma cidade é difícil de ver. Da primeira vez que conversamos você me disse que era difícil encontrar o promotor certo. E agora vocês estão de volta um ano após o outro e incluindo mais cidades na sua turnê. Você acha que agora encontraram o cara certo? E já teve oportunidade de conversar sobre ainda mais shows, eu sempre pergunto isso, em cidades com uma crescente cena rock no Brasil como Fortaleza, Recife, Belém e outras no Brasil?

Vincent Cavanagh: Bem, eu desejo a esses caras a melhor das sortes. Eu sei que é difícil manter uma longa carreira nessa indústria, existem muitos custos principalmente se você é um promotor. É por isso que muita gente muda. No momento está tudo legal, está indo tudo bem, temos criado um relacionamento e é por isso que estamos voltando. O Brasil sempre teve uma boa cena, sabe. Sempre teve uma grande cena do metal, sabe, tem o SEPULTURA. E o Brasil é um dos maiores países do mundo. E tem o Rock In Rio. Este é um país com tantos fãs de rock que não pode ser ignorado. Se mais bandas começarem a visitar locais como Porto Alegre, Belo Horizonte, só pode ser uma boa coisa. E o ANATHEMA é uma dessas bandas que realmente amaria tocar no Brasil todo ano, a cada dois anos. Seria sempre legal.

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E tendo um falante de português, vocês já aprenderam alguma coisa na nossa língua?

Vincent Cavanagh: Risos. Caralho (N.T. Aqui ele falou o termo em português mesmo). Sabe. O de sempre. Eu acho que ele precisa nos ensinar mais. Eu vou pedir-lhe para nos ensinar mais antes de ir para o Brasil.

Vamos falar sobre o show. O que os fãs do ANATHEMA podem esperar desses shows no Overload Festival e em Porto Alegre e no Rio de Janeiro?

Vincent Cavanagh: Nós vamos tocar nossas melhores canções, nossas melhores melodias. Estamos em boa forma. Tocamos muito no verão. Este tem sido o ano mais ocupado que desde que começamos a tocar. Estamos em muito boa forma. E eu acho que vai ter muita energia no palco e muito contentamento por tocar no Brasil e tocar para os fãs brasileiros.

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Vocês vão ser os headliners do festival com o PARADISE LOST e eu vou fazer a mesma pergunta pra eles sobre vocês. O que vocês pensam do PARADISE LOST? Vocês gosta da música deles, vocês acha que existe alguma influência mútua no seu som e no som que vocês tem tocado ao longo dos anos, principalmente no começo? O que você mais gosta no PARADISE LOST?

Vincent Cavanagh: Eles tem grandes sons de guitarra. E o Nick Holmes tem muito senso de humor, sabe. Pra começar, nós temos um respeito mútuo muito grande. E nós fomos absolutamente influenciados por eles, principalmente bem lá no começo. Tocamos em shows com eles quando ainda éramos garotos, mas, sabe, são caras bons, muito engraçados... não conheço a música deles muito bem, não os tenho visto muito frequentemente, mas estou querendo me divertir um pouco. Nós não tocamos juntos muito frequentemente, porque, de repente estamos ambos em lados diferentes do planeta, mas estamos juntos agora neste festival, o que não é usual, mas é muito bom. Vai ser ótimo.

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E sobre as outras bandas que vão tocar no festival, incluindo o ANTIMATTER, banda a qual seu irmão, Daniel, se juntou por um breve período de tempo. Que outras bandas você gostaria de ver se tivesse a oportunidade. Eu sei que é complicado porque vocês estão sempre fazendo alguma coisa no backstage.

Vincent Cavanagh: Sim. Sim. Eu não estou bem certo. Eu esqueci o line up completo. Eu soube que o MONO vai tocar, mas não no mesmo dia que nós. Eu vou ver quanto tempo vou ter pra ver algumas bandas.

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Você me disse que gostava de Amon Tobin, um artista brasileiro. Nestas voltas ao Brasil, você já conheceu mais algum artista brasileiro que você tenha gostado?

Vincent Cavanagh: Ah, similar ao Amon Tobin, não. Eu sei que o Brasil tem um grande time na música eletrônica. E eu estou querendo conhecer mais alguma coisa. Eu sei de alguns nomes, mas ainda não pude dar uma checada. Vamos ver

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E sobre sua própria música, seus próprios discos, vocês estão trabalhando em um sucessor do "Distant Satellites"?

Vincent Cavanagh: Sim. Nós estamos sempre trabalhando em músicas. É uma coisa cotidiana. Nós nunca paramos de escrever músicas. Mas eu acho que quando nós nos juntarmos e começarmos a pensar nas ideias para um próximo álbum será provavelmente depois do Brasil. Talvez um pouco antes do fim do ano, eu vou convidar o John à minha casa e vamos tocar tudo o que temos, vamos tomar decisões, como vamos querer que o próximo álbum soe mais, qual o equilíbrio, que ideias vão entrar no novo álbum. É muito excitante. Eu só sei que vai ser um álbum diferente. Vai mudar de novo. Eu sei. É tudo o que eu consigo dizer agora. Eu acho, em minha mente vai soar como um álbum diferente.

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Eu sei que é difícil e depende do estado de espírito no momento, mas, se houvesse uma canção que você escolhesse para mostrar para alguém que nunca tivesse ouvido falar do ANATHEMA antes, se é que existe tal pessoa, qual seria essa canção?

Vincent Cavanagh: Eu escolho "Distant Satellites". Eu escolho a "Distant Satellites" porque, apesar que seja uma canção não usual pra gente, é uma canção desafiadora e esta é uma banda que se desafia. Existem as conexões com as coisas de rock, mas o que fazemos em "Distant Satellites" é desafiar estas ideias de que uma banda tem que se prender a um tipo particular de música, um gênero. Nós gostamos da ideia de que uma banda tem que tentar tudo o que quiser, se quiser. Eu acho isso legal.

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Além da música, quais os seus outros interesses, por exemplo, Futebol. Como inglês, você gosta de futebol?

Vincent Cavanagh: Sim, absolutamente. Eu torço por um time e John e Lee torcem por outro, Anatolians. Nós não brigamos. [risos] Futebol é um hobby divertido para se ter e se seguir. Mas se nós não fazemos algo grande, se nós não ganhamos eu não deixo isso me chatear.

Todos os brasileiros são muito fãs de futebol. Vocês já foram comparados ao PINK FLOYD. E numa entrevista recente, o David Gilmour afirmou que o PINK FLOYD tinha realmente acabado, que não haveria mais nada. Eu acho que nós todos sabemos disso, mas não aceitamos isso. É como um divórcio dos pais. O que você pensa disso? O que pensa da comparação também?

Vincent Cavanagh: Sobre a comparação com o PINK FLOYD, eu acho que eu relaciono isso ao mind set progressivo, ao fato de que eles sempre olharam para frente, nunca se repetiram, sempre mudaram e desafiaram a si próprios. Eu acho que o ANATHEMA compartilha a mesma ideia. Eu não acho que em termos de som ou musicalmente nós tenhamos muito em comum. Eu acho que nós compartilhamos mais desse tipo de mind set, nós compartilhamos um certo nível profundo de humanidade com o PINK FLOYD. Da forma que o PINK FLOYD foi fundo na condição humana, eles escreveram sobre assuntos como elementos psicológicos, família, a morte de pessoas próximas ao indivíduo e coisas assim. Nós compartilhamos muito da matéria-prima. Eu acho que eles são uma grande inspiração, como os BEATLES são uma grande fonte de inspiração, especialmente na segunda parte da carreira deles. E nos últimos anos, também tivemos o RADIOHEAD. Eles também são um exemplo. Sabe, a linha em comum entre BEATLES, PINK FLOYD, RADIOHEAD e ANATHEMA é a evolução, essa necessidade de mudar constantemente. E sempre se desafiar e desafiar seu público e nunca se repetir, apesar do sucesso que tenha atingido anteriormente, sempre seguir para frente. Eu acho que este é um compromisso que você faz se você é um artista desse tipo. Mas você tem uma escolha. Se você está trabalhando com música está bem se você apenas quiser entreter as pessoas, ficar com seu próprio som, continuar nele, tudo bem. Mas isso não funciona com a gente. Eu não quero que o RADIOHEAD faça um "OK Computer Part 2". Eu quero que eles façam algo diferente. Eu quero que eles me desafiem da próxima vez. Existem poucos artistas que são assim. E eu acho que o ANATHEMA é um desses.

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Concordo completamente. Eu acho que chegamos ao final da nossa entrevista, mas eu gostaria que você enviasse uma mensagem aos seus fãs, especialmente aqueles que vão comparecer aos seus shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Vincent Cavanagh: Sim. Minha mensagem é "Oi pra todo mundo. O ANATHEMA gosta de presentes. Pode ser qualquer coisa. Não tem que custar dinheiro. Pode ser algo que você tenha feito. Tem que ser algo brasileiro. Nós gostamos de presentes.

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Eu te desejo uma boa viagem pro Brasil.

Vincent Cavanagh: [Em português] Obrigado. Saúde.

[Em português] De nada. Obrigado.

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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