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89 A Rádio Rock: Tatola dá a receita para rock não morrer de novo

Por Marcus Vinicius Magalhães
Postado em 13 de janeiro de 2014

Eleito o maior comunicador de São Paulo, em pesquisa feita com jovens entre 15 e 30 anos, João Carlos Godas, o Tatola, foi entrevistado na tarde de sexta-feira, dia 10 de janeiro, nos estúdios da 89fm, na Avenida Paulista. O "baixinho folgado", como é chamado pelos companheiros de trabalho e fãs de rock, foi um dos principais responsáveis pela volta da Rádio Rock, em outubro de 2012.

Sempre carregando os lemas "Ouça o Novo" e "Viva o Rock", Tatola é considerado o principal porta-voz do rock n’ roll no Brasil, principalmente pela sua constante dedicação em "ressuscitar" a integridade do estilo musical, além de incentivar o nascimento de bandas novas no mercado.

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"O rock vai mudar, de fato, quando se inverter a situação. Por que um cara de 20 anos gosta de Led Zeppelin e Pink Floyd? Por causa do pai dele e do irmão mais velho, que apresentaram isso para ele. O mais importante, hoje, é que o filho chegue para o pai e diga: ‘pai, venha ouvir uma banda nova que estou curtindo. Quero te mostrar um negócio novo’. Então ele faz o pai dele ouvir Muse, por exemplo. Essa é a grande sacada. Enquanto isso não acontecer, a gente corre o risco de morrer de novo", disse o apresentador referindo-se ao período de seis anos em que a 89fm esteve "fora do ar" (A 89 ficou entre 2006 a 2012 com uma programação Pop, deixando de ser titulada a Rádio Rock, na ocasião).

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Perguntado sobre o motivo de a juventude preferir o antigo ao invés de conhecer novas músicas, Tatola foi categórico ao dizer que falta interesse por parte das pessoas em se atualizar e sair da mesmice.

"Não acho ruim que o cara ouça coisas antigas, como: Led Zeppelin, Rolling Stones e Iron Maiden, mas ele também deve dar oportunidade para o novo, porém, o novo deve ser ouvido três vezes, pois, de primeira normalmente não gosta. Tem gente que só quer tocar coisa que já passou, o sucesso, mas ninguém quer arriscar, colocar o novo no negócio. É difícil. Com a volta da 89, a gente tentou colocar algumas bandas no ar, como Vespas Mandarinas e Banda Aliados, que não tiveram, antes, oportunidade de apresentar o som deles antes."

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Junto do apresentador Yuri, Tatola comanda o Temos Vagas, programa especialmente dedicado para dar espaço aos novos músicos que vai ao ar todos os domingos, às 21h. Para participar, as bandas devem enviar um material com músicas, release, clipes e fotos do grupo.

"A gente faz um negócio bacana pra caramba. Então, estamos dando essas oportunidades para fazer com que a gente não viva sempre com a mesma coisa. Hoje, temos O Rappa, do Falcão, o Dinho, do Capital, que é meu amigo pessoal, mas não é só isso. Precisamos de coisas novas. Quando eu criei o Nem Liminha Ouviu, foi uma brincadeira em cima disso. Eu busquei um monte de amigos que estavam abandonados para ver se a gente conseguiria resgatá-los e colocá-los no palco de novo, para eles terem vontade de remontarem suas bandas. Me ajuda aí!!! O Nem Liminha Ouviu é um projeto de "me ajuda aí". Estamos em um caminho bom, mas ainda vai melhorar."

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Acostumados a ver, constantemente, estilos como: sertanejo, funk e pagode dominarem as programações das grandes emissoras de TV e rádio, os novos músicos de rock se sentem cada vez mais acuados e desesperançosos quanto às oportunidades de apresentarem seus trabalhos. Apesar disso, Tatola afirma que os maiores culpados para o rock não estar mais em evidência não são os veículos de comunicação, mas sim a sociedade propriamente dita. Ele ainda dá a receita para o surgimento de novos artistas de rock no Brasil.

"A culpa não é da mídia, não. A culpa é do país, pois o rock não significa nada aqui dentro. As grandes gravadoras ou as grandes emissoras de TV dão oportunidade para o popular e sempre foi assim. Não é agora e nem vai ser diferente daqui pra frente. Meu conselho para quem quer montar uma banda é tocar, tocar e tocar muito. Não adianta só escrever bem ou fazer uma coisa bem, tem que tocar. Nem que seja em festa de aniversario, festa de criança, festa de cachorro ou quermesse. Você tem que botar sua banda lá e alguém vai ver uma hora, vai gostar e vai criar um público. Toca na sua escola, no aniversário do seu amigo e crie sua banda, com boas ideias, letras legais e sai tocando. Não tem outro caminho. Primeira coisa: tem que tocar bem, pois, hoje em dia, não dá mais para aparecer com aquela demo, como nos anos atrás, toda ralada. Tem que estar com o negócio bacana para você apresentar. Eu acho que esse é o grande caminho. Tem que ter no digital, na mão, um release bem escrito. O conselho é fazer um trabalho bacana, mas o principal conselho é tocar, mas tem que parar de tocar música dos outros, pois ninguém quer mais ouvir Barão Vermelho, pois a gente já conhece. Faça o seu som."

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Para reforçar a ideia de que o rock precisa se atualizar, o apresentador fez uma comparação com o boxe, que foi deixado de lado pelos fãs do esporte que preferiram acompanhar o fenômeno UFC.

"Eu falei uma bobagem, há dez anos, que teve gente que deu risada na minha cara. Vou dizer isso para você escrever. Há dez anos, eu disse que o boxe iria morrer e, então, nasceram uns negócios chamados UFC e MMA, que eram realizados no Japão. Então eu disse que isso iria acabar com o boxe. As pessoas riram de mim e ironizavam. Resultado: quase morreu o boxe. Vou dizer outra coisa para você não esquecer. O futebol também corre um sério risco de acabar, daqui a quinze anos, pois vai perder força pelo fato de não ter movimento. É sempre zero a zero, é 1 a zero. Esse negócio de NFL (o futebol americano), que tem essa molecada curtindo pra caramba, em todo lugar que você vai, tem um fã de NFL. Isso é um perigo danado, pois esse negócio vai acabar tomando conta do país, em breve. A gente tem que se movimentar e se atualizar. Quem não evolui com o tempo, é punido pela vida. Não fui eu que disse isso, foi um filósofo que disse. Está acontecendo agora com o rock. Então, me ajuda aí e vamos tocar música nova, vamos lançar bandas novas, mas não vamos nos esquecer dos velhinhos não, mas eu preciso reciclar senão eu morro."

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Ao lado de seu inseparável companheiro Roberto Maia, o Homem Enciclopédia da música, e do Rubão "25 de Março", o apresentador comanda o Show do Tatola, pontualmente às 17h, de segunda a sexta na Rádio Rock. De uma maneira bastante descontraída, o trio conta histórias sobre os principais nomes da música, situações inusitadas envolvendo personalidades influentes e informações atualizadas do mundo do rock n roll, além de apresentar uma lista de músicas preparada por quem entende do assunto.

Logo em seguida, Tatola se junta à trupe do imperdível "Quem não faz toma", que conta com Ricardinho Mendonça, Angelo Campos e Dennys Motta. O programa apresenta notícias da rodada do futebol, celebridades, novela, o mundo da música, promoções, convidados e a participação dos ouvintes através do telefone e redes sociais. Esse fenômeno do rádio brasileiro levou a Rádio Rock à liderança de audiência no segmento, 3º geral nos carros e 6º lugar geral em SP no horário, atingindo Share de 0.6, o que significa aproximadamente 100 mil ouvintes por minuto.

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Sobre Marcus Vinicius Magalhães

Marcus Vinicius Magalhães: jornalista formado pela FIAM, com especialização em Políticas Públicas Sociais pela USP, foi redator, repórter e colunista nas redações da Band, Rede Record, Editora Abril, Climatempo Meteorologia, Rede Internacional de Televisão, Portal Terceiro Tempo e Editora Moderna. Pela música, tenta, desde criança, ser guitarrista, violonista e baterista. Além de já ter se apresentado em grandes rock bares de São Paulo com seu cover Symphony Maiden, atua como assessor de imprensa do grupo de rock nacional Marques Geraldo. Atualmente Marcus é o jornalista responsável pela área de comunicação da EMESP Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo).
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