Tuatha de Danann: Bruno Maia fala do retorno dos duendes mineiros
Por Écio Souza Diniz
Fonte: Pólvora zine
Postado em 07 de setembro de 2013
A TUATHA DE DANANN, uma das bandas mais criativas já surgidas no cenário do Metal nacional, ao longo de sua carreira conquistou um público fiel, especialmente em sua região de origem, no Sul de Minas Gerais e ainda estendeu sua arte ao renomado festival Wacken Open Air em 2007. A característica que fez a banda conhecida foi a prática de um Heavy metal mesclado ao contexto e instrumentos típicos da cultura celta. Após uma pausa indeterminada em suas atividades que se iniciou em 2010, a banda recentemente tem empreendido seu retorno efetivo, e é exatamente para nos falar a sobre este e outros fatos que tivemos essa conversa exclusiva com o vocalista/guitarrista Bruno Maia.
Tuatha de Danann - Mais Novidades
Pólvora zine: Primeiramente, qual foi a maior motivação para o retorno definitivo da banda? De quem partiu a iniciativa?
Bruno: Na verdade, por mais que tenhamos passado um tempo meio estranho, nunca brigamos feio na banda. Eu saí numa época que eu não via tanto sentido mais pra eu continuar ali. Saí e deixei a banda que eu criei para os caras seguirem e eu poder me concentrar nas minhas coisas, no meu tempo e tudo mais. Acabou que a banda não continuou, dois tuathas (Berne e Giovani) montaram uma banda, o TRAY OF GIFT, e eu, Abreu e o Edgard montamos o KERNUNNA. Não foi nada feio nem muito sério, tanto que tocamos nuns Roça´n´Roll depois etc... O que houve foi que vimos que qualquer problema que podemos ter tido era muito menor que tudo que passamos, criamos e enfrentamos juntos. A gente se conhece desde moleque, a amizade e nossa história juntos é muito mais legal e maior que qualquer desavença antiga.
P.Z: O diferencial da TUATHA DE DANANN foi a proposta de letras interessantes e divertidas sobre duendes, natureza e tudo de mágico que cerca este mundo. Como você enxerga a carreira da banda, desde sua fundação em 1994?
Bruno: Acho que o diferencial maior é a parte musical: as flautas, bandolins, as diferentes vocalizações e mesmo a atmosfera das músicas. Claro que as letras destoam um pouco do habitual, mas acho que o forte é o tipo de composição da banda. Enxergo nossa história com muito orgulho e satisfação. É muito difícil uma banda do interior de Minas Gerais, sem empresário forte, sem dinheiro pra pagar por tudo e sem noção como éramos chegar onde chegamos. Tocamos em tudo o que é buraco, em situações adversas e até cômicas, mas sempre levando na boa, sem muito stress e funcionou. Acho nossa história foda!
P.Z: Dentre os vários shows de vocês que assisti, um dos que mais me lembro foi o da edição de 2011 do festival Roça and Roll, no qual um grande público cantou quase todas às músicas inteiramente. Quais são suas melhores lembranças em termos de shows e o que acham da figura da banda no referido festival?
Bruno: Realmente esse show foi demais, pois eu tinha acabado de sair da banda, e o povo começou um coro altíssimo "Hey Bruno, volta pro Tuatha!" ....foi emocionante ver o quanto tínhamos valor pra galera. O Tuatha e o Roça têm uma história parecida: os dois nasceram e se mantiveram por muito tempo movido à paixão e vontade. Tudo muito na unha mesmo. E quando o Roça começou, a única banda de mais nome que tocava no evento era o Tuatha, isso, com certeza deu uma força a mais pro Roça e ajudou- o a se destacar na cena em seus primórdios. E, na contramão, posso dizer que nessa época, como o Tuatha já tinha um nome mais bem estabelecido e aqui na região não tínhamos ainda tantos festivais legais como hoje, o Roça ajudou o Tuatha a sedimentar seu nome em nossa área, pois era a única forma da banda se apresentar aqui pra tanta gente, já que sempre foi meio inviável fazermos shows em cidades pequenas do Sul de Minas. E o louco é que hoje em dia, depois de tanto tempo, mesmo o Roça sendo o que é, uma referência, com atrações internacionais e tudo mais, posso dizer que o Tuatha é sempre uma das bandas mais esperadas. É muito louco isso!!!
P.Z: Sim, me lembro bem disso. Foi bacana ver a galera falando pra você voltar, valorizando a banda. Houve uma energia muito legal naquele show. Ao mesmo tempo foi engraçado, porque falaram isso várias vezes (Risos).
P.Z: O primeiro destaque para a banda foi alcançado com o segundo álbum, "Tingaralatingadum", e mais adiante vocês ainda surpreenderam com o ultimo álbum, "Trova di Danú". Você acha que estes trabalhos tem superado a prova do tempo?
Bruno: Realmente estes são os nossos discos mais mais, sabe? No "Tingaralatingadum" a gente conseguiu deixar de lado uma carga extrema e até meio Dark e abraçar mais o que nossa música se tornaria depois: um lance mais alegre, festivo etc... e com o "Trova di Danú" a gente deu uma 'progressivada' a mais e conseguimos a produção e qualidade que sempre quisemos. O Trova é meu favorito!
P.Z: Sempre surge para muitas pessoas uma duvida: por que já a um bom tempo são tocadas poucas musicas do primeiro álbum, o autointitulado, "Tuatha de Danann"?
Bruno: Geralmente o tempo de um show não passa de 80 ou 90 minutos. Se for festival é uma hora no máximo, daí temos de tocar as mais conhecidas e esperadas da galera, que em sua maioria estão nos trabalhos seguintes. E é meio como eu disse: até esse primeiro CD, o "Tuatha de Danann", acho que ainda procurávamos o nosso som verdadeiro; você escuta esse álbum e percebe nitidamente como as músicas não tem muito a ver uma com a outra. Isso é até legal, mas mostra que era uma banda ainda a procura de desenvolvimento. Mesmo assim tocamos ‘Us, e às vezes ‘The Bards Of the Infinity’ ou ‘Tuatha de Danann’.
P.Z: Como foi a recepção à banda na edição 2005 do Wacken Open Air, na Alemanha?
Bruno: Foi foda! Não esperávamos nada, de verdade. Só de falar que pisamos no palco do Wacken já era a realização suprema. E o mais legal é que fomos convidados, não fomos por concurso etc... Acabou que lá a gente estava concorrendo sim, sem saber, e acabamos ganhando o prêmio de maior banda internacional. Foi demais!
P.Z: O que os fãs da banda podem esperar deste retorno? Haveria um possível novo álbum sendo planejado?
Bruno: Estamos com muita vontade de fazer um disco pra nos orgulharmos dele, o que acredito ser o mais importante. Estamos fazendo uns shows agora pra desenferrujar e pra sentir de novo a magia que é tocar Tuatha com o Tuatha e com o público tuathero e para o ano que vem vamos ver esse lance do disco.
P.Z: E tal disco pode ser algo além do que já fizeram ou seguiria as sonoridades conhecidas acerca da banda?
Bruno: Com certeza carregará o que é característico no Tuatha, mas deverá trazer um diferencial sim, para o bem ou para o mal.
P.Z: Ademais como estão seus projetos BRAIA e KERNUNNA? Aliás o KERNUNNA lançará o debut agora em setembro. Fale sobre isso.
Bruno: O BRAIA tá meio parado. Sempre foi um grupo muito difícil de fazer virar, muita gente, um som diferente demais que não se encaixa em quase nada (isso pra mim é o must) e isso nos rendeu poucos shows, 11 eu acho e demos um tempinho. O KERNUNNA é um projeto/banda que eu to mega realizado musicalmente com ele. Os músicos da banda são muito feras, talentosos, legais e as músicas eu realmente adoro. Mesmo que quatro delas sejam músicas que estariam no disco do Tuatha que deveríamos ter gravado antes da ruptura, elas já carregam esse teor de novidade, algo mais progressivo e aberto. Acho que é o meu melhor trabalho até hoje.
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
P.Z: O que está pro trás do termo KERNUNNA? A capa do disco ficou excepcional, você passou o conceito ao artista gráfico para que a fizesse?
Bruno: ‘Kernunna’ é uma corruptela do nome de uma entidade presente no imaginário de quase todo o território celta, o deus Cernunnos ou Kernunos e até outras formas. Era uma entidade, deus, que representava o lado masculino, a virilidade, fertilidade, muitas vezes o Sol e é uma das representações mais antigas encontradas entre os antigos celtas. Mas colocamos ‘Kernunna’ pra dificultar encontrar bandas homônimas na net etc. Sim passamos o conceito para o artista e ele debulhou, se chama Diego Moscardini.
Mais informações:
https://www.facebook.com/pages/Tuatha-de-Danann/212833082091117?ref=ts&fref=ts
https://www.facebook.com/bruno.b.maia.73?ref=ts&fref=ts
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
A dificuldade de Canisso no estúdio que acabou virando música dos Raimundos
David Ellefson explica porque perdeu o interesse em Kiss e AC/DC; "Foda-se, estou fora"
A lenda do rock nacional que não gosta de Iron Maiden; "fazem música para criança!"
Iron Maiden bate Linkin Park entre turnês de rock mais lucrativas de 2025; veja o top 10
Os 15 melhores álbuns de metal de 2025 segundo a Rolling Stone
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
Queen oferece presente de Natal aos fãs com a faixa inédita "Polar Bear"
Gene Simmons relembra velório de Ace Frehley e diz que não conseguiu encarar o caixão
Justin Hawkins (The Darkness) considera história do Iron Maiden mais relevante que a do Oasis
A banda de rock nacional que nunca foi gigante: "Se foi grande, cadê meu Honda Civic?"
A cena que Ney Matogrosso viu no quartel que o fez ver que entre homens pode existir amor
Cinco bandas de heavy metal que possuem líderes incontestáveis
Pink Floyd volta ao topo da parada britânica com "Wish You Were Here"
A atual visão de Luciana Gimenez sobre como é ter um filho com Mick Jagger
Sweet Home Alabama: o mito Lynyrd Skynyrd x Neil Young
A grande diferença entre Renato Russo e Lobão, segundo músico que tocou com ambos

Alice in Chains: a triste entrevista final de Layne Staley, ciente de que morreria
Motorhead: Lemmy fala sobre Jimi Hendrix, drogas e mais

