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South Cry: do anonimato a uma real chance de sucesso?

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 21 de agosto de 2011

Por motivos óbvios, aquela vertente do rock´n´roll que segue uma linha mais acessível sempre irá gerar uma relação de amor e ódio entre o público. Mas fatalmente sempre aparecerão bandas que conseguem transmitir algo especial, como é o caso do SOUTH CRY, do interior do Rio de Janeiro e que está agora lançando um terceiro álbum extremamente caprichado. O Whiplash! conversou com o pessoal, que contou sua história e todos os detalhes – interessantíssimos! – que envolveram a concepção de "Blue Moon". Confiram a seguir:

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Whiplash!: Olá pessoal! Ainda que esteja na ativa há quase uma década, o nome South Cry não é devidamente conhecido em território nacional. Que tal começarmos com uma breve biografia da banda?

South Cry: Nós somos uma banda brasileira de Rock formada em 2000, na cidade de Cordeiro (RJ), que compõe em inglês e possui três álbuns. A banda surgiu quando Daltri Barros (vocal/guitarra base), Guill Erthal (guitarra solo), Patrick Siliany (baixo) e Victor Cunha (bateria) decidiram apostar suas fichas numa proposta ousada: levar uma banda de Rock do anonimato evidente em uma pacata cidade do interior para uma real chance de sucesso.

South Cry: "Beyond Metaphor" foi o primeiro álbum, lançado em 2003 e gravado com instrumentos emprestados e com uma produção precária, mas que rendeu elogios de revistas especializadas como a "Rock Brigade". Em 2008 um empresário do Rio de Janeiro se juntou à banda e o segundo álbum, "Keep An Eye On Me", foi lançado no mesmo ano, com uma melhor estrutura, instrumentos e um estúdio profissional a sua disposição. O álbum teve excelente recepção do público e mídia, chegando a ter duas canções executadas na rádio Transamérica-RJ e na Station Ten da Dinamarca.

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South Cry: Em 2010 fomos às Bahamas gravar o terceiro álbum no lendário "Compass Point Studios", que teve como produtora Sylvia Massy, que já ganhou o Grammy Awards. O "Blue Moon" conta com músicas inéditas e também com uma versão de "Help" dos Beatles; e algumas canções já se destacam em college radios e sites especializados em rock nos EUA. No Brasil a repercussão do álbum também é excelente, com a revista Guitar Player Brasil, os sites Whiplash!, Schypher e Galeria Musical fazendo resenhas muito positivas do álbum.

South Cry: O nome ‘South Cry’ tem a intenção de transmitir a idéia de que a banda acha que merece ser ouvida e de ter a atenção das pessoas, pois faz um Rock honesto, sincero, com ‘verdade artística’; e por estarmos acreditando no Rock and Roll, mesmo vivendo no hemisfério sul, na América do Sul, em um local onde o Rock não tem tanta notoriedade.

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Whiplash!: Em 2009 vocês contrataram o norte-americano Jeremiah Thompson como empresário. Como chegaram até ele e quais os benefícios de estar ao lado de uma pessoa cuja cultura é distinta, e com uma visão tão diferente em relação aos negócios?

Daltri Barros: Conheci o Jeremiah no verão de 2008 através da minha irmã. Ele estava promovendo um calendário com modelos de Florianópolis e eu nem imaginei que ele poderia ter algum papel na banda. Ele só foi tomar conhecimento do South Cry alguns meses depois, quando já estava de volta aos EUA. Ele ficou positivamente impressionado com o grupo e mostrou o trabalho para alguns profissionais da música nos EUA.

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Daltri Barros: Ele obteve um ótimo feedback e, pouco tempo depois, expressou o desejo de ser nosso empresário. Acabamos fechando uma parceria com ele que dura até hoje. O fato de termos um empresário americano tem nos ajudado muito a divulgar nosso trabalho fora do Brasil, principalmente nos EUA. A banda deu um salto tremendo em termos de profissionalismo. Hoje temos uma visão muito mais clara sobre como as coisas funcionam e como podemos usar o nosso potencial a favor da banda.

Whiplash!: Creio que ir até as Bahamas para gravar seu terceiro álbum, no "Compass Point Studios", tenha sido uma experiência pra lá de gratificante. Como foi trabalhar com Sylvia Massy (Johnny Cash, Tool, System Of A Down) e Terry Manning (Led Zeppelin)? O que esse pessoal acrescentou às novas composições?

Guill Erthal: Gravar no "Compass Point" em Bahamas e ter uma equipe top à nossa disposição foi algo surreal para nós. Cada membro da banda aprendeu muito e tirou o melhor proveito disso, e foi realmente um privilégio enorme ter essa chance. A Sylvia acrescentou muito com idéias de arranjos e em como direcionar cada música para extrair o melhor delas, desde novas levadas de bateria até mudanças na estrutura da composição de algumas canções. Outro cara que somou bastante foi o nosso talentoso engenheiro de som Jared Scott, um australiano meio doido e muito gente boa. Chegamos até a escrever uma canção juntos (L.i.A.r).

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Guill Erthal: Já o Terry Manning cuidou para que nos sentíssemos em casa, nos deu toda a estrutura possível para trabalhar no álbum, deixando a nossa disposição toda a parafernália do estúdio. Ele gentilmente emprestou um bandolin que foi do Led Zeppelin, que o Daltri acabou usando nas músicas "Mayfly" e "Autumn". Foi sensacional isso! O Terry é um cara fenomenal, sempre alto astral, mesmo quando, por acidente, o Patrick de gula comeu a comida dele que estava no freezer do estúdio junto com as nossas coisas (risos).

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Whiplash!: Além de ser o principal compositor, Daltri Barros oferece linhas vocais emocionais e de extremo bom gosto. Quais são suas maiores influências?

Daltri Barros: Obrigado pelas palavras. Desde que eu comecei a cantar eu sempre busquei extrair o melhor de cada cantor que eu admiro. O primeiro que realmente me ajudou a evoluir como cantor foi Bruce Dickinson. Aprendi que cantar tem que ser um desafio, pois rock´n´roll é isso: é você dar o seu melhor e buscar sempre uma evolução. Também admiro muito Chris Cornell e Eddie Vedder. Me espelho bastante na técnica e interpretação desses dois. Outros dois cantores que me influenciam são David Byron e Ted Nelley, acho incrível a forma com que eles aliam a técnica com uma alta dosagem de emoção.

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Whiplash!: "Blue Moon" é um disco de Rock´n´Roll acessível e repleto de bons sentimentos. Considerando que sua abordagem não seja convencional aqui no Brasil, quais os prós e contras em divulgar este tipo de trabalho em seu próprio país?

Guill Erthal: Acho que o que pesa a favor é o fato de não soarmos como muitas bandas no nosso país. Porém, isso não significa necessariamente estar fora do eixo. Creio que, a partir do momento em que mais pessoas conhecerem o nosso trabalho, as chances do South Cry ‘bombar’ vão ser muito maiores do que se fossemos iguais à grande maioria. Ao mesmo tempo, essa coisa de ‘abordagem não convencional’ dificulta um pouco na hora de encontrar espaço para mostrar o nosso som.

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Whiplash!: E no exterior, como a coisa está indo?

Daltri Barros: Fizemos uma campanha de rádio nos EUA logo após o lançamento do álbum (21 de novembro 2010). Divulgamos o "Blue Moon" em praticamente todas as College Radios americanas e conseguimos ficar no top 5, top 10 e top 30 em várias delas. Foi algo realmente sensacional, tendo em vista que somos uma banda estrangeira. Creio que somos a única banda do Brasil batendo de frente com várias bandas consagradas da atualidade. A ideia seria combinar essa campanha de rádio com shows pelas cidades onde a banda figurava entre os Top 30. Infelizmente não conseguimos o visto a tempo de fazer esses shows. Também tivemos o álbum resenhado por vários sites especializados em música e ainda estamos entre as bandas nas posições mais altas do ranking desses sites.

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Whiplash!: Pois é... O mercado dos EUA sempre foi importante para qualquer banda que almeje o sucesso comercial. Considerando a dificuldade em conseguir visto para entrar nos EUA, quais seriam as medidas para contornar esse problema?

Daltri Barros: A melhor solução é não parar e tocar o máximo possível seja aonde for, pois estando na ativa tudo conspira a favor. Nós não somos um caso isolado de uma banda que precisa transpor obstáculos para vencer na vida. Viver de música é um privilégio e você precisa conquistar isso se quiser ter um lugar ao sol.

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Whiplash!: Vocês tiveram contato com equipamentos que, futuramente, poderão se tornar itens de museus... Que histórias bacanas vocês teriam para contar sobre as sessões de gravação de "Blue Moon"?

Guill Erthal: Verdade. Acredito que esses equipamentos já são itens dignos de museu. É realmente muito gratificante ouvir o disco e escutar o som do bandolin do Led Zeppelin. De alguma forma aquele instrumento nos liga aos nossos ídolos. Usamos também as palhetas do Iron Maiden da turnê "The Final Frontier" (o Terry até nos presenteou com algumas). Na verdade as histórias mais legais foram contadas pelo Terry Manning. Sempre alto astral e solícito, nos contava com paciência sobre ‘o perfeccionismo do Roger Waters’ (que está há anos gravando um disco no Compass Point), contou também sobre ‘o grande senso de humor e das brincadeiras do baterista do Iron Maiden’. Além dessas histórias, nos mostrava com paciência e felicidade outros equipamentos dignos de museu, como um mini moog antigo usado por Emerson, Lake and Palmer, uma guitarra usada e autografada por Jimmy Vaughan, uma outra guitarra Fender Telecaster do ano de 1961, etc.

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Whiplash!: O vídeo de ‘This Could Be’ é muito bonito, e parece que tem como ponto central o ‘movimento’. Afinal, qual a ideia por trás de sua concepção?

Daltri Barros: Eu escrevi essa música para uma ex-namorada quando o nosso romance terminou. No começo era uma canção nostálgica e melancólica, mas bastou o dedo da Sylvia Massy para nos direcionar e essa música ganhou uma perspectiva bem mais dinâmica e com uma gama maior de interpretação. Eu simplesmente ‘catei’ uns vídeos de slow motion na internet e tentei usar as imagens que melhor pudessem expressar a emoção da música, que basicamente é: viva e aproveite cada momento, porque nunca se sabe quando será o último!

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Whiplash!: Suponho que trabalhar com a equipe e estrutura envolvidas na produção de "Blue Moon" tenha reforçado ou modificado suas impressões sobre a atual indústria musical. Ainda assim, há algo que você considera como um passo errado durante o processo, algo que mudariam se pudessem?

Guill Erthal: Não consigo pensar em nada que tenha sido um passo errado durante o processo. A única coisa que eu mudaria seria prolongar o tempo que ficamos por lá. Ficamos um mês gravando, e se tivéssemos dois meses teríamos mais tempo para testar outras coisas no estúdio. Felizmente tínhamos a Sylvia Massy como produtora. Ela já sabia 100% o que fazer, então não perdemos tempo algum!

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Whiplash!: Ok, pessoal, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte ao South Cry. O espaço é de vocês para os comentários finais...

South Cry: Em primeiro lugar nós do South Cry gostaríamos de agradecer a você, Ben, e ao Whiplash! pelo espaço que abriram para a gente e dizer que foi um grande prazer fazer essa entrevista. É de sites e pessoas com esse tipo de iniciativa que o cenário musical precisa para se tornar melhor e mais democrático. Gostaríamos de agradecer também ao nosso empresário Jeremiah Thompson, ao nosso amigo Paulo Sérgio Velloso, às nossas famílias e amigos, aos nossos fãs e a todos que nos apóiam. Gostaríamos de deixar nossos contatos:

Site Oficial:
http://www.southcry.com
Facebook:
http://www.facebook.com/southcry
Myspace:
http://www.southcry.com/myspace
E-mails: [email protected] - [email protected][email protected]

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Desejamos muita sorte e sucesso a você, Ben, e ao Whiplash! Um abraço do SOUTH CRY!

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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