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Scars: Conquistando espaço com lançamento independente

Por Ben Ami Scopinho
Postado em 18 de abril de 2006

Thrash com muita técnica e distorção. Isso é "The Nether Hell", o EP que marcou o retorno da banda paulistana Scars e que vem conseguindo grande aceitação entre os amantes do gênero, e não só em terras verde-amarelas. Graças à internet, a banda está conquistando aos poucos, mas de maneira consistente, a mídia especializada e os headbangers de vários outros países. E detalhe: com um registro independente!

Faltando alguns dias para o Scars tocar com o grande Destruction em várias cidades brasileiras, o Whiplash! achou interessante trocar algumas idéias com a dupla de guitarristas responsáveis pelos riffs e solos precisos e definidos de "The Nether Hell", Alex e Edu, que falam sobre a atual fase da banda, planos para o futuro e por aí vai.

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Fica aqui também meu agradecimento pela camaradagem do companheiro Rafael Carnovale, que deu uma força em algumas das questões aqui apresentadas. Valeu, bicho!

Whiplash!: Na segunda metade da década de 90 o Scars acabou perdendo seu foco musical, o thrash metal, tanto que encerrou suas atividades em 98. O que os fez retornar à ativa depois de sete anos?

Alex: Eu e o Edu nos encontramos num show do Destruction no Blackmore, em Moema, SP. Lá estando, quando o pescoço já tava trincado com "Bestial Invasion", "Eternal Ban", "Nailed To The Cross"; pensamos: "vamos voltar o Scars". No dia seguinte achamos o Régis, que me ligou e batemos martelo. Em seguida o Fabrício e por último o André, que foi o primeiríssimo baixista do Scars. Em menos de uma semana eu e o Edu já estávamos relembrando as bases da "World Decay" e "Drugs Kill", fazendo novas e em duas semanas já estávamos ensaiando e compondo músicas novas. A primeira da volta foi "Legions (Forgotten By The Gods)". Mas acima de tudo o que realmente nos motivou à volta foi a paixão pelo Metal, pois mesmo sem a banda, de uma forma ou de outra estávamos sempre conectados com o universo metálico, a sede de fazer e criar músicas, fazer shows, estavam sempre presentes conosco. E daí, por esse conjunto de fatores o Scars está de volta ao cenário.

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Whiplash!: Em termos de underground, quais são as características mais marcantes para vocês nestas duas fases, os anos 90 e a década atual?

Alex: No começo dos anos 90 o metal do Brasil passou por sua Bay Era. Metal era o que pegava. Tínhamos em SP o Dama Xok, o Aeroanta, o Black Jack, o Bixiga, fervilhando com shows de várias bandas do cenário metálico brasileiro. Tínhamos o Korzus, o Necromancia, o Viper, o MX, o Acid Storm, o Overdose, o Witch Hammer, o Proposital Noise, o Genocídio, o Full Range, etc... Algo que me marcou muito da década de 90 foi ver o nascimento do Krisiun lá no Bixiga, quando os irmãos chegaram de Porto Alegre e foram morar na Bela Vista pra "trampar na night" e já se engatilhar nos contatos. Hoje eles tão aí, um puta orgulho nacional, e meu pessoal. Quer dizer, aquela época, nosso cenário gerou frutos. Hoje ainda não vejo nada. Da década de hoje, é difícil pegar algo que tenha me marcado no cenário, mas digamos que, ao meu ver, o retorno do metal está só no seu começo. Muito ainda vai se consolidar.

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Whiplash!: "The Nether Hell" foi gravado com Fabrício Ravelli, um baterista convidado realmente incrível, e posteriormente o posto foi ocupado por Alex Nasser. Por que este decidiu deixar o Scars numa fase tão promissora para a banda? E como foi a entrada de Patrick Leung?

Edu: Na verdade o Fabricio (atual batera do Hirax-LA) não era um batera convidado e sim um membro da banda. Ele gravou todas suas partes antes de fecharmos toda a divulgação para o "The Nether Hell", por isso creio que as pessoas estranhem ele não estar na divulgação do CD. Já o Nasser veio no início de 2005 para os primeiros shows do Scars e para a abertura do Anthrax, permanecendo até o começo do segundo semestre de 2005, porém como ele é um baterista profissional e estava com sua agenda muito lotada, acabamos entrando em um consenso onde sua saída seria questão de tempo. O Patrick já tinha tocado no Scars em 98 (junto com o Kreator). Sua entrada na banda acrescentou muito em criatividade e pegada ao Scars. As músicas hoje em dia tem mais energia e isso vem contribuindo em nosso processo de composição para o próximo álbum.

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Whiplash!: O EP "The Nether Hell" foi um dos grandes trabalhos nacionais de 2005. Vocês esperavam esta repercussão obtida, considerando que é um disco independente?

Alex: Não posso dizer que eu, particularmente, não esperava. Trabalhamos para isso e o mais gratificante seria que surtisse resultados similares. Porém, não assim como você diz, - uns dos grandes nacionais de 2005 -, isso é um grande elogio e uma grande referência para que eu diga que valeu o esforço. Obrigado.

Whiplash!: O Scars conseguiu em menos de dois meses mais de 5000 "The Nether Hell" baixados pela internet em sites gringos. É um número bastante expressivo. Em quais países vocês vêm conseguindo maior aceitação? Há alguma negociação para uma excursão por estes locais?

Alex: Eu diria que ainda é muito cedo para mensurarmos. Mas um dado inicial apontaria para Chile, Holanda, Itália, Alemanha e EUA. O que mais me surpreende são as rádios – principalmente do México, EUA e Canadá – nós estamos constantemente nos playlists. E na rádio a escolha é do DJ e por seqüência, do público. E como não temos uma gravadora por trás bancando essas inserções, dando o famoso "jabá" para as rádios, o Scars está nas programações por seus atributos, sejam eles lá quais forem. Quanto a shows em outros países, vamos esperar quando a gasolina estiver toda esparramada, ou seja, o som do Scars conhecido nesses países, que aí metemos fogo. Ir fazer show pela América do Sul sai, em alguns casos, até mais barato do que excursionar internamente no Brasil. Mas ir ao exterior só pra falar que foi não é com a gente. Quando fizermos isso será muito sólido.

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Whiplash!: Agora em abril o Scars estará liberando a terceira prensagem de "The Nether Hell", que será distribuído pela Encore Records, tendo ainda como bônus a inclusão do primeiro EP "Ultimate Encore" (94), totalmente remasterizado. Quais as diferenças entre as antigas e novas faixas?

Alex: Simplesmente pegamos o material e o remasterizamos, trazendo todos os níveis para cima, aumentando Dbs e realçando graves e agudos. A tecnologia da época (fins de 93) era predominantemente analógica, e masterizar propriamente era uma fortuna e tinha que ser fora do país. Hoje está tudo muito mais acessível. E pudemos, com a ajuda de nosso amigo Paulo, atualizar o "Ultimate Encore" sem ter de regravá-lo.

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Whiplash!: Muito se falou que a banda gravaria algo dos shows do Anthax em 2005 para incluir em futuros lançamentos. Isso não chegou a acontecer?

Alex: Bem notado. Não, não aconteceu. O material registrado ali vai servir para futura footage para algum DVD de backstage, mas não para o primeiro DVD oficial.

Whiplash!: Voltando ao começo de 2005, os primeiros shows da volta do Scars foram com o Korzus em Osasco e as aberturas para o Anthrax. Como foi para a banda tocar com um nome forte do metal numa ocasião que se mostraria especial, já que a formação do Anthrax mudaria logo após o show do Rio de Janeiro?

Alex: Incrível, né? Acabou virando um show histórico. O Scars foi para lá com o Korzus pela "broderagem" do Fabrício Nickel, que é o gerente do Arena. Ele havia prometido que se a banda voltasse, ele ia arrumar o primeiro show e ia ser 10. Afinal de contas, foi duka! Um retorno em estilo, com o Korzus, pra umas 400 pessoas. Já os do Antrax foi uma questão de contatos e boa negociação; como diria um grande amigo meu: "Quem chega na frente bebe água limpa."

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Whiplash!: Como estão sendo os shows? Soube que a galera de Resende (RJ) ficou doida com vocês e o Korzus recentemente.

Edu: Estamos agendando diversos shows até o final do primeiro semestre, e a tendência é a agenda ficar entupida mesmo. Só daremos um tempo pra nos dedicarmos às composições novas, mas do resto, vamos cair na estrada mesmo. Realmente, o show em Resende foi muito bom, a molecada pirou nas bandas e curtiram os shows prá caramba. A iniciativa do Fernando e Daniel Meandro para realização de shows na região é algo que realmente vem fazendo a diferença, além dos caras serem muito "gente fina". Nós voltaremos lá em 11/06.

Alex: Resende foi animal! O público de lá é muito metal! A cidade é um dos centros de metal desse país, sem dúvida.

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Whiplash!: Scars e Destruction, isso promete! Quem deve estar contente é Alex, grande admirador do Destruction... Qual é a expectativa de vocês tocando com um dos ícones do thrash metal europeu? Que datas já estão confirmadas?

Edu: Estamos contando os dias para estas apresentações. Nós todos somos fanáticos pelo Destruction, o Alex com certeza é mais ainda. Temos motivos de sobra para comemorar a participação neste show, pois não sei se todos sabem, mas nós voltamos o Scars após uma apresentação do Destruction no Blackmore, além disso, estaremos tocando para o público do Destruction que é insano. Tocaremos no dia 20/04 em Curitiba no bar Opera 1 e em 21/04 aqui em São Paulo no Via Funchal. Os headbangers tem que chegar cedão pra acompanhar o nosso show.

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Alex: Sem dúvida! Eu estou pirando a cabeça. Comprei o "Sentence Of Death" com 11 anos (21anos atrás), e no fim do mês, vou dividir backstage com eles. F-Ó-D-A-H! Muy fueda!!!

Whiplash!: Como já disse, vocês estão numa fase excelente, e isto com certeza influi na criação de novas músicas. Vocês já poderiam adiantar algo sobre as mesmas, enfim, sobre o lançamento do novo CD?

Edu: A fase pelo qual o Scars vem passando sem dúvidas está muito boa mesmo e isso está fazendo a diferença na composição das novas músicas para o nosso próximo trabalho. Já temos umas 7 músicas prontas. Posso adiantar que o novo material será ainda mais brutal e porrada que o "The Nether Hell". Nossa intenção é a de lançar o novo álbum no início de 2007, para isso, teremos ainda um ano bem corrido com vários shows e ensaios.

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Whiplash!: "The Nether Hell" é um trabalho independente que está atingindo novos territórios. Com sua experiência, que conselhos vocês dariam às outras bandas, que tem um bom trabalho em mãos, mas que infelizmente é falho em sua divulgação?

Alex: Meu conselho é pra arranjarem jeitos de atingir o público com seu trampo. Hoje a internet é o melhor por sua abrangência, e o mais barato, pelo custo-benefício. Basta cavocar a net, mandar e-mails, passar release e mp3 por e-mail e ir atrás, nunca desistir.

Whiplash!: Falando do tema de "The Nether Hell", o Sepultura está lançando "Dante XXI", que enfoca a Divina Comédia sob outro espectro. Como os fãs podem assimilar essa variedade (e abrangência) do tema Divina Comédia sem achar que uma banda copia outra?

Alex: Acho que todos deveriam vê-lo como riqueza de fontes de conhecimento. Independente de ser cópia, coincidência, consciente comum, ou seja lá o que for, esta obra esteve aí por quase 700 anos e realmente no metal havia sido pouco abordada. Calhou que de repente duas bandas de metal lançaram quase simultaneamente trabalhos sobre o mesmo tema. Isso para o público é muito rico no quesito conhecimento, e isso é muito positivo, pois a obra de Dante merece a atenção. Já ouvi o Dante XXI e gostei de sua abordagem ao tema. Sou fã de Sepultura e com o Dante XXI fiquei mais fã.

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Whiplash!: E passados quase dois anos do retorno do Scars, ainda aparece alguma figura dizendo "vocês não são aquela banda da Globo?" (RISOS)

Edu: Sim, o pior é que aparece. E pra enfatizar ainda mais esse lance com a Globo, há um mês e meio atrás, o Walcir da Woodstock participou de uma entrevista ao Jornal da Globo. Adivinha que CD ele estava segurando durante a entrevista ? (rsrs)

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Alex: Puts, é mesmo?!? Grande Walcir!!

Whiplash!: Alex e Edu, lhes agradeço pela entrevista e, como de praxe, o espaço é de vocês...

Edu: Gostaria de agradecer à todos do Whiplash pelo apoio dado ao Scars desde o início, aos nossos fãs que sempre estão conosco e queria pedir à todos HEADBANGERS que irão ao Via Fuchal dia 21/04 que cheguem mais cedo para conferir o Thrash Metal do Scars. Não tem desculpa, é feriadão. (rs) Valeu!

Alex: Obrigado pela oportunidade desta entrevista e por todo o suporte da Whiplash ao Scars desde seu retorno. Nos vemos dia 21 pra trincar o pescoço! KEEP EVIL!

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Sobre Ben Ami Scopinho

Ben Ami é paulistano, porém reside em Florianópolis (SC) desde o início dos anos 1990, onde passou a trabalhar como técnico gráfico e ilustrador. Desde a década anterior, adolescente ainda, já vinha acompanhando o desenvolvimento do Heavy Metal e Hard Rock, e sua paixão pelos discos permitiu que passasse a colaborar com o Whiplash! a partir de 2004 com resenhas, entrevistas e na coluna "Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás".
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