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Dr. Sin: Eis o retorno da banda após 4 anos desativada

Resenha - Back Home Again - Dr. Sin

Por Ricardo Pagliaro Thomaz
Postado em 19 de janeiro de 2020

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

O disco novo do Dr. Sin saiu agora faz pouco tempo, dia 19 de Dezembro do ano passado, mas eu estava preocupado em fechar as contas no meu blog antigo, então deixei pra falar dele agora. Bom, pra quem não acompanha, vamos explicar a situação...

Senta, que lá vem a história!
(Pode tocar a corneta e lança a fumacinha de flashback!)

Em Março de 2015, saiu o disco Intactus, que a gente não tinha a mínima ideia em que condições a banda tinha feito. Digo isso, porque na minha resenha de 2015, você vai me ver falando espontaneamente, sem saber que a banda pretendia fechar as portas! Para nós, meros mortais, era apenas mais um disco na coleção do trio brasileiro de Hard Rock. E na minha resenha do disco Brutal, disco de 1995 que eu resenhei em 2017, você vai me ver falando sobre a banda majoritariamente no passado. Só pra contextualizar.

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Pois bem, depois de um tempinho, ainda em 2015, os irmãos Busic vieram à público, e disseram que a banda... acabou! Isso, desse jeito aí, do nada. "Cabô a brincadeira, pessoal, no more Sin! Queremos perseguir projetos diferentes, a gente tá se separando de boa, na amizade, o Edu é nosso brother, e é isso aí, vamos fazer os últimos shows, e boa, já era." Bem, não falaram exatamente assim, mas você entendeu a ideia! Disseram que foi uma separação amigável. Çêi! Depois de algum tempo e fofoca aqui, e fofoca ali, a gente meio que sacou que pode ter tido treta lá dentro mesmo, e já-já vocês vão ver quando a gente estiver falando das músicas. Não estou afirmando nada, posso estar / espero estar totalmente enganado, mas eu sinto que não estou.

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Enfim, a banda "acabou" no começo de 2016, os Busic formaram um novo grupo de Rock em português chamado Banda Busic, e o Ardanuy foi pro grupo Sinistra, um grupo novo de Metal em português que só lançou duas músicas pelo canal do Youtube até o presente momento mas que promete e muito, e que conta com o baixista Luís Mariutti (ex-Shaman, ex-Angra, ex-André Matos) e o vocalista Nando Fernandes, que eu chamo de "o Dio brasileiro", porque ele tem uma voz que lembra muito do saudoso Ronnie James Dio!

Bom, em 2017 o Busic lançou o seu primeiro (e único) CD, e... vamos admitir, pessoal... não deu muito certo não, vai! Não deu, é melhor ser sincero. Eu escutei as músicas do disco e não quis nem saber da coisa depois, não estava interessado. Botei uma fezinha no começo, fui lá, dei uma chance, mas não rolou, as músicas são muito palha demais! E lá no fundo, eu sinto que os irmãos Busic também sentiram que não rolou! Tanto é, que de repente, ao invés de você ver os caras partirem pra shows, você vê os Busic com crise de consciência, começando a achar que fechar o Dr. Sin não foi uma ideia muito inteligente! Resultado... "volta o cão arrependido", como diria o Chespirito! Já estamos terminando o flashback...

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Em 2018 é lançado um "teaser", um vídeo com trecho de uma música nova envolvendo os irmãos Busic, e eu e um monte de gente ficou em polvorosa! "Será que o Dr. Sin voltou?", foi a pergunta naquele momento! A resposta veio um tempo depois, mas não do jeito que a gente queria. Sim, para felicidade de todos, o Dr. Sin iria ressurgir... mas sem o Ardanuy! O guitarrista já estava, e ainda se encontra, bem acomodado lá no Sinistra, e não quis retornar, segundo um dos irmãos Busic, que diz ter chamado ele para voltar. Então, para o lugar dele, foi escolhido o guitarrista Thiago Melo, que tocou com os dois irmãos na banda Busic como guitarrista substituto, e segundo eles, aos poucos, eles foram percebendo que eles três eram o novo Dr. Sin. Palavras do Ivan Busic. Então abandonaram o projeto da nova banda e começaram a escrever música nova para o Dr. Sin.

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Fim do flashback! (Pode tirar a fumacinha!)

Dezembro agora, saiu o disco de retorno do grupo, Back Home Again; nome sugestivo para uma volta. O som é ótimo, bem semelhante ao Dr. Sin versão 1.0, com alguma coisinha diferente aqui e ali. Thiago Melo é um guitarrista competentíssimo, consegue navegar na guitarra com a mesma tranquilidade que Ardanuy navegava, e creio que seja plenamente capaz de executar as músicas antigas também. Muito bom para nós, mas ao mesmo tempo vai dar aquela tristeza de transição que a gente, como fãs, vai sentir em não ver o Ardanuy junto com os dois irmãos como era antes, e que o Melo vai ter que encarar, mas se ele fizer um trabalho de excelência, vai passar. Desculpa aí, Melo, mas foram duas décadas de banda "intactus", sem mudança nenhuma, pra gente se habituar, leva um tempinho.

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Mas vamos às músicas novas. Em Intactus, eu tinha comentado que a banda não estava mais arriscando tanto, e parece que aqui eles resolveram voltar àquela atmosfera do começo da banda. Podemos descrever este disco aqui como algo próximo ao Brutal em termos de som.

"Breakout" abre o disco na porrada, com riffs rápidos, e a gente já sente aquele Dr. Sin vintage escorrendo nas notas. Quando os caras disseram que sentiram aquela atmosfera de início de banda de novo, não estavam brincando pelo visto!

A segunda faixa, "Face to Face" é totalmente estilo Van Halen, até mesmo na intro, quem se recorda do Van Halen vai sentir bem isso; aí na letra já começa a aparecer os primeiros possíveis indícios de treta, quando você ouve frases do tipo "we used to be like brothers, so sad to see this change"; espero que eu esteja enganado, mas tudo leva a crer nisso daí, e os caras estão externando esse sentimento.

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Ia eu pensando nisso, mas meus pensamentos esfumaçaram-se no vento quando a balada "27" começou a rolar, e todo aquele climão de Dr. Sin dos primórdios veio, e eu me senti... engolfado por esse espírito. É como voltar no tempo! Tem que ser muito doido pra repreender isso!

Enfim, vamos fazer mais alguns destaques aqui: outra faixa que me agradou muito e que eu posso classificar como Dr. Sin da gema, é "Mayday", outro momento que parece que eu estou ouvindo o disco Brutal. A acelerada "Run for Your Life" dá a impressão da gente ter voltado nos tempos do Insinity, outro disco clássico do Dr. Sin, quem já ouviu, sabe.

Na pesada "The Reflection of a Conflicting Mind" não só temos a atmosfera de Brutal, mas também algo mais novo. Podemos notar nas horas em que o Thiago Melo se destaca na guitarra, em seus solos, o diferencial dele para o Ardanuy, que era um guitarrista bem mais puxado às escalas frígias do Malmsteen, enquanto o Thiago Melo já tem mais o perfil bluesístico que os irmãos Busic procuram. Não me entendam mal, o Ardanuy transmitia esse perfil mais bluesístico na banda de forma fenomenalmente impressionante, se adaptando muito bem ao som, e navegando entre as próprias influências dele e as de Blues que os Busic tinham; mas o Thiago Melo se aproxima bem mais da guitarra bluesística que o Hard Rock do Dr. Sin requer, e a próxima faixa, a balada "What's Wrong" mostra isso muito bem, assim como a pesada "Fear", que soa como algo mais diferenciado se comparado a outros sons da banda.

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Agora, verdade seja dita, que o Thiago Melo consegue também emular o estilo do Ardanuy, isso é visível, como podemos notar na pesada "You Had It Coming", que parece algo vindo do primeiro disco da banda, só a introdução já faz aquele link com "Emotional Catastrophe" que é difícil de ignorar. O mesmo pode-se dizer do single do disco, "Lost in Space", que fecha o disco como uma faixa extra (sei lá porquê), e foi a primeira coisa que eles mostraram do material novo, que deixou todos nós eriçados de novo, prontos para mais Dr. Sin, com uma letra que fala sobre estar perdido e tentar achar o caminho para casa; creio que expressa muito bem o que os caras estavam sentindo nesses últimos anos longe de seu habitat natural.

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Bem pessoal, eis o retorno do Dr. Sin após 4 anos desativado. É um retorno que realmente nos traz uma banda verdadeiramente revigorada, destilando todo aquela atmosfera dos primórdios do grupo que a gente sentia falta em discos mais recentes como Bravo e Animal, mas que também traz o frescor sonoro do guitarrista Thiago Melo para a banda. Vamos ver como vai ser daqui pra frente e o que farão a seguir. Tenho boas vibrações, e espero muito sucesso para este Dr. Sin renascido. Espero que eles e o Sinistra se encontrem em algum momento, numa turnê ou algo assim, seria muito bacana vê-los juntos. Também espero que os irmãos Busic, apesar de estarem vivendo um novo e bom momento de volta em sua casa, não esqueçam os velhos amigos que os trouxeram até o presente momento. No mais, eu sugiro que todo fã de Rock e da banda em si vá atrás deste ótimo lançamento!

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Back Home Again (2019)
(Dr. Sin)

Tracklist:
01. Breakout
02. Face to Face
03. 27
04. Shout
05. Mayday
06. Best Friends
07. Run For Your Life
08. See Me Now
09. The Reflection of a Conflicting Mind
10. What's Wrong
11. You Had it Coming
12. Fear
13. Lost in Space (bonus track)

Selo: Sound City Records

Dr. Sin é:
Andria Busic: baixo e voz
Thiago Melo: guitarra
Ivan Busic: bateria e voz

Discografia anterior:
- Intactus (2015) (via A Ciência da Opinião)
- Animal (2011)
- Original Sin (2009)
- Bravo (2007)
- Listen to the Doctors (2005)
- Dr. Sin II (2000)
- Insinity (1997)
- Brutal (1995) (via A Ciência da Opinião)
- Dr. Sin (1993)

Site oficial:
http://www.drsinofficial.com.br/

Para mais resenhas musicais, acesse meu blog Opinião Sonante:
http://www.opiniaosonante.blogspot.com

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Ou visite meu blog antigo sobre cultura pop:
http://www.acienciadaopiniao.blogspot.com

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Sobre Ricardo Pagliaro Thomaz

Roqueiro e apreciador da boa música desde os 9 anos de idade, quando mamãe me dizia para "parar de miar que nem gato" quando tentava cantarolar "Sweet Child O'Mine" ou "Paradise City". Primeiro disco de rock que ganhei: RPM - Rádio Pirata ao Vivo, e por mais que isso possa soar galhofa hoje em dia, escolhi o disco justamente por causa da caveira da capa e sim, hoje me envergonho disso! Sou também grande apreciador do hardão dos anos 70 e de rock progressivo, com algumas incursões na música pop de qualidade. Também aprecio o bom metal, embora minhas raízes roqueiras sejam mais calcadas no blues. Considero Freddie Mercury o cantor supremo que habita o cosmos do universo e não acredito que há a mínima possibilidade de alguém superá-lo um dia, pelo menos até o dia em que o Planeta Terra derreter e virar uma massa cinzenta sem vida.
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