Rage: Tão essencial quanto no lançamento, há quase vinte anos
Resenha - End Of All Days - Rage
Por Giales Pontes
Postado em 21 de novembro de 2014
Nota: 9
1995 e 1996. Foi nesse período que o Rage lançou o também estupendo ‘Black In Mind’(1995) e o surpreendente ‘Lingua Mortis’(1996), este último um EP com cerca de 43 minutos de duração contendo versões de músicas do próprio Rage em roupagem orquestrada, com a contribuição da fenomenal Orquestra Sinfônica de Praga, mais tarde batizada como ‘Lingua Mortis Orchestra’ especialmente para outras participações nos álbuns do Rage.
O paralelo que tracei entre ‘End Of All Days’ e seu antecessor ‘Black In Mind’ não é mero capricho, e sim pela notável similaridade que existe entre ambos quanto a sonoridade. Tudo bem que ‘End Of All Days’ soa bem mais melódico e instrumentalmente mais simples que ‘Black In Mind’, mas a atmosfera de ambos é idêntica. Um feito que o Rage só viria a repetir com os irretocáveis ‘Unity’ (2002) e ‘Soundchaser’ (2003).
A faixa de abertura ‘Under Control’ soa como um "pé na porta". Entra "quebrando tudo", rápida, distorcida e pesada. Os versos cantados/declamados por Peavey se sucedem de forma nervosa. O refrão injeta um pouco mais de melodia em cima da agressividade que permeia toda a música. O solo da guitarra de Spiros já mostra um dos cartões de visita desta que considero uma das melhores formações dentre as inúmeras que passaram pela banda. De ‘Higher Than The Sky’ não há muito o que dizer: com uma melodia fantástica e um refrão que fica para sempre na mente, é clássico obrigatório nos shows do Rage até hoje.
‘Deep In The Blackest Hole’ ganhou até um videoclipe na época, chegando a ser veiculado na MTV Brasil, o que ajudou a trazer a banda pra cá em uma turnê conjunta com outro medalhão do heavy metal alemão underground, o Grave Digger. Tendo algo de Metallica em seus riffs, essa música também traz um refrão que conquista o ouvinte pela sua mistura bem dosada de melodia e agressividade. Aliás os refrãos fortes sempre foram uma marca registrada do Rage. A faixa título é impressionante, não só pelos riffs que a introduzem, mas também pela combinação praticamente perfeita de melodia e velocidade, e mais ainda pela letra, que fala sobre escolhas malfeitas e o arrependimento/tristeza que essas más escolhas trazem.
‘Visions’, a exemplo de ‘Under Control’, também é direta e já entra atropelando com riffs alucinantes, para em seguida desembocar em uma passagem calma quando Peavy começa a cantar os primeiros versos. A calmaria logo é substituída pelo ritmo frenético imposto pela bateria de Chris Efthimiadis, para mais uma vez nos depararmos com um ótimo refrão. As guitarras dobradas na metade da música são maravilhosas. Logo em seguida são os acordes melódicos da guitarra de Sven Fischer que invadem os alto- falantes na belíssima ‘Desperation’. Os primeiros versos são cantados em cima desses acordes suaves, que posteriormente explodem em riffs pesados com uma levada arrastada, mais uma vez trazendo um "background" de Metallica, influência muito forte para Peavy. Nem vou falar sobre o refrão, pois isto é sempre um show a parte no trabalho dessa banda. Os solos de guitarra, primeiro com Spiros na metade e depois com Sven no fechamento, também são grandes atrativos em ‘Desperation’. Excelente.
Assim como a faixa anterior, ‘Voice From The Vault’ começa com suaves dedilhados de Sven, para cair em uma avalanche de riffs pesados. É interessante notar a linearidade comum a todas as faixas, todas elas contribuindo para uma identidade sonora homogênea desse grande álbum, tal qual como aconteceu em seu antecessor de 1995. Com exceção da linda balada pesada ‘Fortress’ e da mezzo sinfônica ‘Fading Hours’, que tem boa parte de seus seis minutos e meio sendo regidos por um piano clássico, as demais faixas ‘Let The Night Begin’, ‘Face Behind The Mask’, ‘Frozen Fire’, ‘Talkin To The Dead’ e ‘Silent Victory’ mantem de forma assombrosa aquela linha com muitas variações de andamento, de peso e de melodia que permeia todo o álbum. O texto ficaria mais extenso do que já está caso eu resolvesse apontar as qualidades e pormenores de cada uma das 16 faixas, incluindo as bônus ‘The Sleep’ e o cover para ‘The Trooper’ do Maiden (trata-se da versão alemã do álbum). Adquiri esse álbum para minha coleção pessoal no ano de seu lançamento, e hoje, quase 20 anos depois, ele soa tão essencial quanto antes. Recomendo fortemente.
Line-up:
Peter "Peavy" Wagner (Vocal/Baixo)
Spiros Efthimiadis (Guitarras)
Sven Fischer (Guitarras)
Chris Efthimiadis (Bateria)
Track-list
1 . Under Control
2 . Higher Than The Sky
3 . Deep In The Blackest Hole
4 . End Of All Days
5 . Visions
6 . Desperation
7 . Voice From The Vault
8 . Let The Night Begin
9 . Fortress
10. Frozen Fire
11. Talking To The Dead
12. Face Behind The Mask
13. Silent Victory
14. Fading Hours
Bônus Tracks (German Version)
15. The Sleep
16. The Trooper (Iron Maiden Cover)
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