Jane's Addiction: Para ser ouvido, apreciado, reconhecido
Resenha - Great Escape Artist - Jane's Addiction
Por Marcelo Vieira
Fonte: riorockzone.blogspot.com
Postado em 05 de novembro de 2011
Nota: 8
A história do Jane’s Addiction é pontuada por incontáveis idas e vindas, projetos paralelos envolvendo seus integrantes e todo tipo de escândalo que a combinação ego inflado + abuso de álcool e drogas provoca. Mas nada disso consegue ofuscar o que o grupo fez em matéria de música no decorrer de suas quase três décadas de existência. No próximo dia 18, o lançamento de ‘The Great Escape Artist’, sexto álbum de estúdio, dá início a um novo capítulo que, espero eu, seja mais duradouro. Da formação original, responsável pelo clássico ‘Nothing’s Shocking’ (1988), apenas o baixista Eric Avery não comparece. Em seu lugar, acompanhando Perry Farrell (vocais), Dave Navarro (guitarra) e Stephen Perkins (bateria, percussão), temos Dave Sitek, recrutado de última hora junto ao TV on the Radio.
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Uma vez mantido o núcleo criativo, era de se esperar que ‘The Great Escape Artist’ soasse como um verdadeiro álbum do Jane’s Addiction. O estilo de Perry Farrell segue inconfundível e é a marca registrada que sobrepõe todo resto. A maneira de Navarro tocar ainda se mostra relevante e confirma seu nome entre os melhores da geração Alternative Metal que revelou bandas como Faith No More, Living Colour e Red Hot Chili Peppers. Perkins continua ditando o ritmo com precisão e abusando das quebradas de tempo; o casamento com as quatro cordas de Sitek se deu com brilhantismo. Isso sem contar os ‘efeitos especiais’, que, imagino eu, sejam obra da mente ora doentia ora genial de Farrell.
O álbum começa matador com ‘Underground’, com a distorção da guitarra de Navarro estourando nos alto-falantes. O refrão é uma explosão de graves com vocais vertiginosos, mistura peculiar ideal para uma abertura de alto nível. ‘End to the Lies’ remete ao debut do Porno for Pyros – talvez o projeto paralelo mais famoso de Farrell –, exceto pela qualidade da gravação, infinitamente superior aqui. A atitude é a mesma; o resultado é uma quase-jam. Em seguida, a irregular ‘Curiosity Kills’ só se salva mesmo no refrão que incorpora uma nuance meio gótica, anos 80, difícil de descrever. ‘Irresistible Force’ tem um quê de Linkin Park na base e promete agradar a galerinha chegada num Rap Rock. Só não espere gritos a la Chester Bennington ou rimas frenéticas a la Mike Shinoda.
‘I’ll Hit You Back’ combina vocalizações hipnóticas, uma guitarra ultra-grave e ultra-distorcida, bateria eletrônica e um refrão capaz de derrubar uma parede de tijolos. Em ‘Twisted Tales’ bate novamente a desconfiança de que o quarteto fez uma espécie de ‘laboratório Nu Metal’ antes de entrar em estúdio. ‘Ultimate Reason’ leva a tese ainda mais além e obriga a abaixar o volume sob risco de explosão das caixas de som. A esquisita ‘Splash a Little Water on It’ (imaginem só o que deve dizer a letra...) dá uma quebrada na boa seqüência até então. Não sei que raio de efeito foi usado nesta aqui, mas a impressão é de disco arranhado rodando com cliques. A reta final traz a lenta e sexy (com certeza alguns acharão) ‘Broken People’ e a frenética ‘Words Right Out of My Mouth’; um tíquete de volta para o passado barulhento pré-rompimento em 1991.
Ainda é cedo para dizer qual será a repercussão de ‘The Great Escape Artist’ junto a público e crítica. Na minha opinião, o álbum tem potencial, merece ser ouvido, apreciado, reconhecido. E que o passar do tempo o assinale como um novo começo, mais sóbrio e estável, para o Jane’s Addiction que, aliás, desembarca no País em abril do ano que vem.
Tracklist:
01 – Underground
02 – End to the Lies
03 – Curiosity Kills
04 – Irresistible Force
05 – I’ll Hit You Back
06 – Twisted Tales
07 – Ultimate Reason
08 – Splash a Little Water on It
09 – Broken People
10 – Words Right Out of My Mouth
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