UFO: bom lançamento na já extensa discografia
Resenha - Monkey Puzzle - UFO
Por Rodrigo Werneck
Postado em 07 de maio de 2008
Nota: 8
Um dos campeões do que poderíamos denominar de "segunda divisão do hard rock inglês" (em termos de popularidade e não de qualidade, friso!), o UFO tem uma carreira consistente, com grandes trabalhos nos anos 70 e outros nem tanto em anos subseqüentes, mas sempre com bons resultados e lançamentos e turnês constantes. Com a saída (pelo jeito, definitiva) de Michael Schenker há alguns anos, e a entrada do virtuose Vinnie Moore, o grupo se estabilizou e vem adicionando bons lançamentos à sua já extensa discografia.
Esse novo disco marcou o retorno do baterista Andy Parker à formação do UFO (no lugar de Jason Bonham, que se juntou ao Foreigner e, sempre que for convocado, ao Led Zeppelin), que agora conta com 4/5 de sua formação mais clássica. Além de Parker, estão no conjunto o vocalista Phil Mogg (e não "Moog", como muitos confundem aqui no Brasil), o baixista Pete Way e o tecladista/guitarrista Paul Raymond. Da formação que gravou discos clássicos como "Lights Out" e "Obsession", apenas o guitarrista Michael Schenker está fora. Para o seu lugar, conforme mencionado acima quem se juntou foi Vinnie Moore, que exerce um papel meio parecido com o de Steve Morse no Deep Purple, sendo responsável por uma certa renovação no som da banda. No caso de Morse tal transformação foi maior, já que Moore se manteve fiel ao "estilo UFO" nas suas composições e riffs de guitarra, restringindo as novidades aos solos, e mesmo assim sem descaracterizar o som clássico do conjunto (afinal, ele não é um Malmsteen da vida, para achar que o mundo gira ao redor do seu umbigo).
Melhor que seu antecessor ("You Are Here"), "The Monkey Puzzle" mostra uma boa consistência em todo o seu decorrer, com momentos pesados, calmos, rápidos e lentos se alternando de forma perfeita, e uma boa qualidade sonora obtida pela banda e pelo produtor Tommy Newton. Abrindo o disco, "Hard Being Me" é um hardão clássico, mostrando a batida pesada de Andy Parker, assim como o também pesado riff de guitarra e um bom trabalho na slide guitar, e refrão cativante ("it’s hard being me, I’m dizzy like a monkey on a tree", com conotações aparentemente de caráter erótico subliminar). Um verdadeiro trabalho em equipe, com composição de Way e Moore, e letras de Mogg. Seguem-se outras duas de Moore, que mostra portanto sua força: "Heavenly Body" e "Some Other Guy", esta última com um bom trabalho de guitarra, gaita (do convidado Michael Roth) e teclado (Raymond tem muita classe e bom gosto, conseguindo adicionar um piano bem colocado a uma música pesada, onde a princípio não se imaginaria um).
A balada pesada "Who’s Fooling Who", outra da dupla Way/Moore, oferece um bom momento de relaxamento ao disco, com sua introdução no órgão Hammond e violão. As coisas pesam a seguir, com destaque ao solo de Moore, que se sai muito bom em situações como essa (solos de guitarra pungentes e mantendo um certo "clima de tensão", sem notas a mais, nem a menos). "Black And Blue", de Raymond, é um típico arrasa-quarteirão do UFO, e certamente uma das melhores da bolacha. Riff e refrão cativantes, no melhor estilo do passado brilhante do grupo. Ponto para Raymond.
"Drink Too Much" é outra balada, bem no estilão UFO, e é mais uma de Moore, que logo de cara mostra sua assinatura com uma contagiante melodia de guitarra, que retorna em diversos momentos durante sua execução. O refrão é daqueles que "grudam" e que vez por outra vêm à sua cabeça, após a audição do disco. A levada blues de "World Cruise" é outro ponto forte do álbum (mais uma da safra de Moore). Não sei se o problema é apenas na minha cópia ou uma cochilada da produção, mas há uma súbita falha no volume do canal direito aos 2 minutos e pouco desta faixa, que abaixa e retorna a subir. Nada que comprometa a audição, de qualquer forma.
Mais 3 de Moore vêm a seguir: o hardão "Down By The River", outra boa balada na forma de "Good Bye You", e "Rolling Man" (com introdução de Parker na bateria devidamente anunciada por Mogg, provavelmente uma homenagem ao seu returno ao grupo). Fechando o disco com chave de ouro, mais uma de Paul Raymond, a ótima "Kingston Town" e mais um bom trabalho nos teclados, além da interessante letra escrita por Mogg.
Resumindo, uma boa mostra do UFO, num trabalho condizente com seu legado. Moore se sentido mais "em casa", e cada vez mais incorporado ao grupo, sendo inclusive responsável pela maior parte das composições. O resto do grupo mais afiado que nunca, com bons e potentes vocais de Mogg. É de esperar um novo lançamento em breve, que se mantiver essa linha será muito bem recebido pelos fãs do UFO espalhados pelo mundo.
Somente a título de curiosidade: para quem se pergunta qual a origem do título do disco, há algumas possibilidades, embora não haja uma explicação oficial (a arte da capa tampouco ajuda). "Monkey Puzzle" é um termo usado para apelidar uma espécie de árvore conífera (pinheiro do tipo araucária) existente na Inglaterra, originário na realidade do Chile, onde a configuração de troncos emaranhados em seu topo a torna difícil para um macaco pular de galho em galho (daí o "quebra-cabeças de macaco"). O mesmo termo também se aplica a uma espécie de borboleta com desenhos em suas asas que confundem os predadores. Como nenhum desses usos do termo se aplicaria a uma banda como o UFO, vamos esticar um pouco a corda. Em Londres, há um pub bastante conhecido de mesmo nome, localizado em Sussex Gardens. Dada a fama da banda em relação a excessos etílicos, tal homenagem não seria despropositada. Por fim, talvez o título seja apenas uma singela e "pueril" referência erótica, conforme a letra da primeira música pode nos induzir a concluir...
Tracklist:
1. Hard Being Me
2. Heavenly Body
3. Some Other Guy
4. Who’s Fooling Who
5. Black And Blue
6. Drink Too Much
7. World Cruise
8. Down By The River
9. Good Bye You
10. Rolling Man
11. Kingston Town
Site: www.ufo-music.info
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