Resenha - Feel Euphoria - Spock's Beard
Por Sílvio Costa
Postado em 21 de setembro de 2004
Nota: 8
Com mais de dez anos de carreira, o Spock´s Beard é uma das maiores referências do rock progressivo na atualidade. Este é o seu sétimo álbum de estúdio e o primeiro sem o vocalista Neal Morse. Depois da ousadia de Snow (2002) a banda retorna com um disco menos pretensioso, mas igualmente instigante.
Sem se limitar ao progressivo, o Spock’s Beard realizou um disco bastante diversificado, que vai do hard rock guiado por teclados bem sacados ao prog metal cheio de quebradeiras. Ao longo das treze faixas de Feel Euphoria (15 na versão digipack) se ouve um pouco de diversos estilos. O grande destaque é, sem nenhuma sombra de dúvida, o incrível trabalho de Alan Morse nas guitarras. São timbres bem escolhidos e solos muito bem executados. Embora a banda se perca algumas vezes em meio a um amontoado de experimentalismos que podem soar desconexos à primeira vista, as guitarras de Morse e os teclados de Ryo Okumoto não permitem que Feel Euphoria seja chato ou complexo demais para ouvidos pouco habituados às viagens do progressivo.
"Onomatopoeia" abre o disco e é perfeita para isso. A mais direta das treze faixas do disco, ela tem uma atmosfera instigante e uma das levadas mais legais do disco todo. É a mais Dream Theater do disco, embora isso não queira dizer que faltou personalidade ao Spock’s Beard na hora de compor. Ao contrário. Os vocais de Nick D’Virgilio são muito versáteis e a levada de guitarra é genial. Na seqüência, "The Bottom Line" e "Feel Euphoria" são músicas mais típicas do grupo. A primeira tem riffs maravilhosos e linhas de teclado lindíssimas. A segunda tem um clima meio Pain of Salvation, cheia de experimentalismos e quebradeiras. A baladinha pop "Shining Star" é bem fraquinha, mas não chega a comprometer a qualidade do trabalho. "East of Éden, West of Memphis" (título genial!) é bem estranha, lembrando um pouco AC/DC (!) em alguns momentos, mas sem perder a cadência progressiva em nenhum momento. Talvez seja a música mais setentisa do disco. O grande destaque é a suíte denominada "A Guy Named Sid". São seis faixas que alternam momentos melódicos lindíssimos e passagens mais pesadas para contar uma "velha história" (só ouvindo para saber). Encerrando Feel Euphoria, temos a linda balada (agora sim, uma digna de ostentar essa denominação) "Carry On", cuja letra "pra cima" e o arranjo belíssimo, envolvendo uma sessão de instrumentos de sopro e cordas dão o desfecho perfeito para a nova empreitada deste quarteto norte-americano.
A produção limpa e competente – responsabilidade da própria banda – contribui para transformar Feel Euphoria num dos melhores trabalhos da banda até o momento. Nesta época em que tão pouca gente está fazendo progressivo de verdade, sem apelar para a auto-indulgência ou para as armadilhas sedutoras do mainstream, o Spock’s Beard conseguiu produzir um disco agradável não apenas aos fãs do estilo, mas a todos os apreciadores de música feita com qualidade e sem maiores preocupações comerciais.
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