Resenha - Live at the Joint - December, 15, 1996 - Black Crowes
Por Thiago Bernardi
Postado em 20 de janeiro de 2001
Nota: 10
Que os Black Crowes são considerados doidos de pedra por fazerem um som cheio de referências aos anos 60 e 70 em plena era dos DJ's e seus barulhinhos eletrônicos todo mundo já sabe. Agora, o que não se sabe é o que Chris Robinson & cia. tinham na cabeça neste dia. O CD em questão, na verdade um bootleg encontrado nas mãos de colecionadores em sites de troca na internet, é nada menos que o registro de um show dos "Corvos Negros" na famosa casa de espetáculos "The Joint" em Las Vegas, numa noite em que a banda premiou os presentes com 11 versões de clássicos do rock'n roll e somente 5 músicas próprias.
Bom, chega de bla-bla-bla e vamos ao que interessa: o som. A trupe de Atlanta, Georgia, começa a peleja sem dó e com muito veneno, já destilando uma versão de "Jailhouse Rock" mais próxima àquela do Jeff Beck Group do que à de Elvis Presley. E o ritmo não cai, com a maravilhosa "Feeling Alright", que ficou famosa na voz de Joe Cocker, uma das maiores influências dos irmãos Robinson. Falando em influências, quase todos os artistas que formaram as raízes sonoras dos Black Crowes foram homenageados no show: de Little Feat, com a belíssima "Willin'" até Bob Dylan, com a emocionante "Girl From the North Country", passando também por releituras de sons do mago do soul Otis Redding e da Allman Brothers Band. Como se não bastasse, dois membros da banda de Gregg e Duane ainda participaram como convidados: o guitarrista Warren Haynes e o falecido baixista Allen Woody, ambos também fundadores da visceral Gov't Mule.
Já que tocamos no assunto banda, fica impossível deixar passar em branco o talento individual dos componentes: Chris Robinson, excepcional vocalista, com seu timbre a la Rod Stewart (nos bons tempos, é claro) mostrou mais uma vez porque é um dos melhores frontman da década de 90. A dupla de guitarristas Rich Robinson, sempre seguro nas bases e nas intervenções de slide guitar e Mark Ford, que é conhecido por solar demais (uma das razões pela qual foi expulso da banda alguns anos depois), mostrou estar entrosadíssima. O tecladista Ed Harsch foi provavelmente o maior destaque da banda, com frases de piano e texturas de órgão Hammond que levantavam o público quando o sujeito solava (também pudera, quem já tocou com um "tal de Albert King" não pode ser pouca coisa). E a base desta construção também não fica atrás: o baixista Jonny Colt e o baterista Steve Gorman seguram muito bem as coisas na cozinha.
Um dos momentos mais inspirados da noite foi quando, comandados por Harsch, eles soltaram uma versão quase literal da balada "The Night They Drove Ol'Dixie Down", dos vovôs da The Band, que com os seus "na-na-nas" no refrão levou o povo à loucura. E, como todo show que se preza, o encerramento foi com chave de ouro: uma sequência matadora de standards dos Rolling Stones, que se iniciou com "Thorn and Frayed", passou por "The Silver Train" e terminou com a agitada "Happy" para não deixar pedra sobre pedra.
Depois desta data, ocorreram grandes mudanças na formação da banda e constantes brigas entre Chris e Rich, que culminaram com o lançamento do meia-boca "Three Snakes And One Charm". Mas parece que de 99 para cá, a banda encontrou novamente o seu caminho, com o ótimo By Your Side e a parceria com Mr. Jimmy Page. Sorte dos fãs.
Nota: 11 (10 é pouco!)
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