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Candlemass: As curiosidades de Epicus Doomicus Metallicus

Por Alcides S. Maia Júnior
Postado em 19 de setembro de 2019

Se hoje o heavy metal produzido na Suécia é reconhecido como um dos mais influentes em todo mundo, no final dos anos 70 e começo dos anos 80 a cena ainda engatinhava. No final dos anos 70 a maioria da bandas suecas tocavam punk rock e rock progressivo. Com o advento da New Wave Of British Heavy Metal se viu um aumento no interesse das bandas locais no som de bandas como Iron Maiden e Saxon. Entre elas surgia uma das bandas pioneiras do metal sueco o Heavy Load que lançava seu álbum de estreia Full Speed at High Level em 78 (mais voltado ao hard rock), e que foi desenvolvendo seu som à moda da NWOBHM. Com o desenvolvimento da cena, começaram a surgir diversos selos locais e muitas bandas, como Gotham City, Torch, Mercy, Overdrive, Axewitch e outras, que começaram a deixar suas garagens e salas de ensaio para começarem a gravar demos, singles, eps e álbuns.

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Uma dessas bandas era o "Nemesis", banda formada por Leif Edling no começo dos anos 80, junto com Christian Weberyd e Anders Wallin na guitarra e Anders Walterson na bateria. Em 84 lançam o mini álbum "The Day Of Retribution" pelo pequeno e recém-criado selo sueco Fingerprint. Logo em seguida Anders Wallin deixou a banda junto com o baterista.

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Matz Ekstrom, um baterista com quem Leif já havia tocado em outras bandas e compartilhavam dos mesmos gostos musicais foi o candidato ideal para se juntar ao Nemesis. O trio seguiu até serem obrigados a mudar de nome quando uma rede de lojas de eletrodomésticos chamada Nemesis ameaçou processá-los.

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Resolveram mudar o nome da banda para Candlemass e começaram a ensaiar no velho vestiário de uma quadra de tênis em Upplands Väsby. No começo de 1985, ainda como um trio, gravam uma fita demo em um pequeno estúdio em Estocolmo. A demo continha "Crystal Ball", "Into the Unfathomed Tower", "A Sorcerers Pledge" e "War Child" que foi enviada para diversas revistas de metal nos Estados Unidos e Inglaterra. Tendo recebido boas avaliações, começaram a enviar cópias para diversas gravadoras européias buscando fechar um acordo para gravar um álbum. Uma dessas cópias chegou até a gravadora francesa Black Dragon Records.

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Os franceses gostaram do material mas pediram mais músicas. Então eles gravam mais uma demo com duas músicas, "Demon's Gate" e "Black Stone Wielder". Ainda com dúvidas em assinar com os suecos, pediram a opinião de Mark Shelton do Manilla Road (uma das bandas do selo). Mark tinha ouvido o mini-álbum do Nemesis e ao ouvir a demo recomendou, "Vocês são loucos se não assinarem com eles".

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Com um modesto orçamento de cerca de U$$ 2.000 dólares começaram a buscar um estúdio com um bom custo-benefício. Leif já havia ensaiado em um pequeno estúdio que ficava na estação de metro da Universidade de Estocolmo e o fato de Yngwie Malmsteen ter gravado uma demo nele foi a credencial para escolherem o Thunderload Studios.

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As gravações se seguiram como se tivessem que montar um quebra cabeça. Com poucas músicas no repertório, parte do material gravado nas demos naturalmente serviu de base para o álbum, músicas como Solitude foram criadas durante as sessões e outras como Samarithan seriam usadas nos álbuns seguintes.

Com as gravações em estado avançado a banda teria que enfrentar um problema que os atormentavam a um bom tempo. Eles ainda eram um trio e precisavam de um vocalista e um guitarrista solo, postos que desde os tempos do Nemesis eram a pedra no seu sapato. Embora a cena sueca possuísse bons guitarristas poucos se interessavam em se juntar ao Candlemass. O Doom Metal que a banda adotou não parecia interessar a maioria dos músicos, que preferiam bandas mais alinhadas ao metal tradicional, ao speed metal e às bandas da então recém surgida New Wave Of British Heavy Metal .

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Para a guitarra solo recorreram a Klas Bergwal guitarrista da cena musical de Upplands Väsby. Ele já havia se juntado à banda para gravar os solos da segunda demo que o Candlemass enviou para a gravadora Black Dragon. Klas recebeu as fitas com as canções de "Epicus" duas semanas antes de entrar no estúdio e com a orientação de Leif começou a trabalhar nos solos. Sem nem mesmo ter ensaiado com a banda, Klas foi ao estúdio e gravou suas partes em dois dias.

Ao mesmo tempo a banda começava a encaixar a última peça do quebra-cabeça. Leif Edling havia gravado os vocais das demos que enviaram para a Black Dragon, o que fez com que os franceses insistissem para que ele gravasse os vocais no álbum, mas o baixista não se sentia confortável na função e estava convencido de que precisavam de um vocalista.

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Com o prazo para o fim das gravações se aproximando não havia tempo para testar vocalistas, eles só tinham uma escolha e ela tinha que ser certeira. Matz Ekström era amigo de Johan Längquist que cantava na banda Jonah Quizz. Johan aceitou o convite para gravar os vocais com a condição de que deixaria o grupo logo após as sessões. Johan recebeu as fitas com as demos duas a três semanas antes de entrar no estúdio para se habituar ao repertório. Ao chegar ao estúdio começaram a gravar os vocais de "Crystal Ball" deixando todos impressionados. As canções não só ganharam uma cara nova com os vocais de Längquist como se encaixaram perfeitamente ao estilo e à atmosfera sombria do álbum, foi como achar uma garrafa de água no deserto.

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O pior já havia passado mas ainda faltava um último obstáculo, a mixagem. O álbum foi produzido pela própria banda com Ragne Wahlquist (guitarra e vocal) do Heavy Load atuando como engenheiro de som e co-produtor. Depois de muito trabalho parecia que tudo estava pronto mas ainda havia uma membro que não estava satisfeito com o resultado. A bateria em "Epicus" ficou bem destacada na mixagem mas ela não agradou à Matz Ekström, ele insistia que ela precisava de um som mais encorpado. Para provar que o baterista estava enganado a banda tocou uma cópia do álbum no carro de Kjelle Svensson, guitarrista do Nattsvart (banda local) e amigo da banda. Ele possuía um carro com um excelente sistema estéreo que serviu como parâmetro de como o álbum soaria fora do estúdio. Cada vez que alteravam a mixagem eles recorriam ao carro de Svensson para verificar o resultado. Matz sempre reclamava da bateria, então cansados com sua obsessão, resolveram enganá-lo. Eles voltaram ao estúdio para fazer algumas alterações mas antes pediram que Svensson aumentasse os níveis dos sons graves no equalizador do som de seu carro para que o baterista achasse que eles haviam aumentado o som na mixagem, Matz acabou então concordando com o resultado.

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Lançado em 10 de junho de 1986 ele foi um fracasso nas vendas. A gravadora não possuía uma grande rede de distribuição e divulgação, o que fez com que o álbum não recebesse muita atenção. Na Suécia ele sequer foi resenhado. No exterior acabou chamando a atenção de algumas publicações, notadamente a revista Kerrang que o avaliou positivamente.

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Com as baixas vendas, o Candlemass acabou sendo dispensado pela gravadora francesa. Tocando um estilo que andava na contramão das tendências da época a banda parecia condenada ao ostracismo. Sem gravadora, sem turnês agendadas, tudo parecia se encaminhar para o fim até que o álbum começou a chamar a atenção no underground e inesperadamente as vendas começaram a crescer. Ironicamente após a dispensa da banda, "Epicus" se tornou um dos álbuns mais vendidos da Black Dragon e suas vendas ajudaram a manter o selo vivo até os anos 90.

Mesmo com as crescentes vendas no meio underground ainda não havia perspectiva de gravar um segundo álbum até que Dave Constable um jovem inglês prestes a abrir um novo selo, visse "Epicus" em uma loja de discos em Londres. Dave adorou o álbum e achou que a banda seria perfeita para o seu novo selo Axis (Active). O resto é história.

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Com o passar dos anos o álbum acabaria recebendo o devido crédito, cultuado como um dos mais influentes do heavy metal e definindo todo um novo gênero.

Thunderload Studios

O Thunderload Studios ficava na estação de metrô da Universidade de Estocolmo. De propriedade dos irmãos Ragne (guitarra e vocal) e Styrbjörn Wahlquist (bateria) do Heavy Load uma das bandas precursoras do Heavy Metal sueco.

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O estúdio tinha vários problemas em suas instalações, não havia banheiro, não havia sistema de aquecimento (exceto na sala de controle) e algumas salas tinham problemas com o isolamento de som.

O intuito dos irmãos Wahlquist era usar o estúdio para ensaiar e gravar demos para sua própria banda. Em 85 o Heavy Load entrou em um hiato o que fez os irmãos se dedicarem cada vez mais ao estúdio e passaram também a receber pedidos de outras bandas querendo usar suas instalações. Contando com poucos recursos eles não podiam se dar a luxos. A prioridade era investir na melhoria dos equipamentos e ir melhorando a estrutura aos poucos.

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A entrada para o estúdio era uma pesada porta de metal que ficava numa montanha junto à plataforma do metrô, entre os trilhos, se alguém chegasse atrasado acabava sendo obrigado a esperar alguém abrir a porta, era comum os passageiros entrarem e saírem dos trens e ver um monte de cabeludos transportando equipamentos e se perguntarem o que acontecia naquele local.

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Um dos principais problemas durante as gravações de "Epicus" foi o inverno rigoroso. Era comum os instrumentos perderem a afinação e os músicos terem que vestir luvas quando não estavam tocando. As partes acústicas de Solitude e A Sorcerers Pledge foram gravadas com o violão microfonado o que fez com que qualquer barulho, como o trem passando ou até mesmo alguma conversa na sala ao lado vazasse na gravação, forçando o guitarrista a regravar o trecho.

Doom Metal Épico

Não é muito comum as bandas nomearem seus álbuns com o estilo em que tocam. Não consigo lembrar de nenhuma banda que o tenha feito, e em latim? Leif a princípio achou que seria um nome bobo para se dar ao álbum mas acabou sendo convencido simplesmente porque ninguém conseguia pensar em algo melhor.

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A ideia veio do baterista Matz Ekstrom que tinha em mente a música "Hand Of Doom" do Black Sabbath. Se a música do Candlemass soava como a trilha sonora para o "Juízo Final", era grandiosa e pesada, nada mais justo rotulá-la desse modo, além disso o título era uma boa maneira de explicar aos ouvintes o tipo de música que estavam tocando. E porque em latim? Segundo o baterista é porque soava mais velho e genuíno.

Capa

A famosa caveira da capa surgiu antes mesmo de terem um contrato para gravar seu primeiro álbum. A ideia surgiu a partir de uma caveira que Leif Edling viu na capa de um livro e a desenhou para um concurso de um fã clube do Motorhead. O pai de Matz Ekstrom era um bom desenhista e a pedido do filho começou a desenhar a caveira, mas ela nãodeveria ser uma caveira comum. Matz veio com uma instrução específica, a caveira deveria representar o demônio sendo crucificado, com uma cruz atravessando o crânio.

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Matz e seu pai trabalhavam em uma gráfica e aproveitaram a oportunidade para imprimir vários pôsteres e adesivos da ilustração chegando a imprimir diversas cópias que eles espalharam por toda Estocolmo. A ilustração também acabou virando camiseta.

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Ao gravarem seu primeiro álbum a escolha para a capa era óbvia e a caveira acabou se associando totalmente à imagem do Candlemass, mas um problema acabou enfurecendo a banda. Quando a capa foi impressa a caveira saiu com as cores invertidas. O que era para ser branco saiu preto e o que era preto ficou branco. Como o primeiro lote já havia sido impresso não havia como voltar atrás e o álbum chegou às lojas com a capa errada. O problema só pôde ser corrigido em relançamentos posteriores. O curioso é que muitos fãs se perguntavam o motivo da banda alterar as capas nesses relançamentos quando na verdade se tratava da capa verdadeira.

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A contracapa original trazia uma ilustração de Eric Larnoy, artista francês responsável por muitas capas da gravadora Black Dragon. Elas ficaram famosas pelo tom épico e Lovecraftiano de suas ilustrações e se tornaram objeto de fetiche entre os colecionadores de discos de vinil. As capas de "Open The Gates" e "The Deluge" do Manilla Road, entre outras, estão entre seus trabalhos mais conhecidos. Leif conhecia o trabalho de Larnoy com o Manilla Road e queria usar uma ilustração dele em "Epicus", na época que o álbum foi lançado ele não gostou muito porque o desenho era muito rosa mas com o tempo ele acabou mudando de ideia. Quando "Epicus" foi relançado, a ilustração original da contra capa foi substituída por uma foto da banda, fazendo com que a primeira edição se tornasse um item muito procurado por colecionadores.

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Leif Edling

Leif Edling começou a tocar em 1979 aos 16 anos na banda Toxic, eles acabaram mudando de nome para Trilogy que contava com Ian Haughland, que viria a se tornar conhecido como baterista do Europe. Tendo tocado em diversas bandas da região, Leif acabou se transformando numa figura carimbada na cena musical de Uppländs Väsby.

Enquanto a maioria dos músicos locais eram influenciados por bandas e artistas do mainstream. Leif que estava a par da cena underground desenvolveu um gosto peculiar por bandas obscuras que conhecia através da troca de fitas, a maneira mais eficaz de se conhecer novas bandas na época. Angel Witch, Venom, Witchfynde e Manilla Road faziam parte do cardápio, junto a bandas clássicas como o Black Sabbath, Uriah Heep, Motorhead e Accept.

Em 1982 formou o Nemesis e a dificuldade em encontrar músicos que partilhassem dos mesmo gostos fez a banda sofrer com a constante troca de membros.

Em 83 uma coletânea da Metal Massacre deu ao Candlemass a referência que precisavam para forjar o Doom Metal que estavam desenvolvendo. Ao ouvirem a faixa "The Last Judgment" do Trouble o peso da banda deixou a todos impressionados.

Desde os tempos de Nemesis, Leif sempre foi o responsável pelas letras e músicas se colocando em um papel de liderança desde o começo, se tornando o único membro da banda a tocar em todos os álbuns do Candlemass.

Mats Björkman

Mats Björkman começou a tocar guitarra em meados dos anos 70, tendo como principais influências guitarristas como Ted Nugent e Rudolf Schenker do Scorpions, nunca se interessou no papel de guitar hero, comum na maioria daqueles que começavam a tocar guitarra e decidiu que queria mesmo era tocar guitarra base.

Sua primeira banda foi o ATC que tocava hard/pop rock. Logo depois a banda se dissolveu. Com a saída de Christian Weberyd do Candlemass ele recebe um convite de Matz Ekström que o conhecia através de um amigo da escola. A princípio eles achavam que ele era meio poser mas Matz Ekström já havia ensaiado com o guitarrista e conhecia o seu potencial.

Björkman tinha como principais influências quando se juntou ao Candlemass bandas como Ufo e o Saxon, embora conhecesse o Black Sabbath e o Uriah Heep ele não conhecia nada sobre o estilo que o Candlemass estava tocando na época. Após alguns ensaios Leif e Ekström tocaram algumas músicas do Trouble e o guitarrista entendeu o que eles procuravam.

Na época Björkamn estava desiludido com o meio musical e antes de se juntar à banda ele pensou em desistir da música. Ao ensaiar com eles, voltou a se empolgar com a carreira musical ao sentir que estavam criando algo realmente original.

Membros Desconhecidos

Matz Ekstrom

O baterista Matz Ekstrom foi um dos membros fundadores do Candlemass junto com Leif Edling e sua contribuição foi fundamental na criação da imagem e do som da banda.

No começo dos anos 80 Matz e Leif tocaram juntos em várias bandas até que o serviço militar fez com que seus caminhos se separassem. Após ser dispensado do exército, Matz começou a tocar em uma banda que ensaiava no mesmo estúdio que o "Nemesis", e quando eles ficaram sem baterista Matz se apresentou como o substituto ideal.

Ficou no Candlemass por pouco tempo após a chegada de Messiah Marcolin. Muito se especulou sobre o motivo de sua saída. Quando se preparavam para gravar Nightfall a banda começou a fazer planos para o futuro e um deles era sair em turnê após o lançamento do álbum, o que fez surgirem boatos de que o baterista tivesse medo do palco.

Em depoimento à biografia da banda "Behind The Wall Of Doom", Ekström explica porque saiu da banda. "Eu nunca gostei de tocar ao vivo. Eu toquei algumas vezes mas nunca foi uma boa experiência. Eu adorava estar no estúdio. Eu li em algumas entrevistas que eu tinha medo do palco mas isso não é verdade. Eu só não gosto de tocar ao vivo, isso é tudo". Outro motivo para sua saída é que ele havia mudado de emprego e comprado um apartamento, o que o obrigou a tomar uma decisão muito comum entre músicos que estão iniciando a carreira. Arriscar tudo para viver de música ou pagar as contas.

Contudo Ekström não abandonou a carreira de músico de imediato. Após sair do Candlemass ele se juntou por um tempo à banda de doom "Count Raven". Mas saiu antes que eles gravassem o álbum "Storm Warning". Com dificuldades em encontrar uma banda que tocasse o estilo de música que gostava, Matz acabou tocando em algumas bandas covers e hoje só toca bateria em casa por diversão.

Johan Längquist

Fã do Judas Priest e do vocalista Rob Halford, Johan Langquist acabou se tornando vocalista ao acaso. Ao formar sua primeira banda o Jonah Quizz em 1979, ele acabou assumindo os vocais porque não sabia tocar nenhum instrumento. Quando começou a compor músicas aprendeu a tocar um pouco de guitarra.

Começaram muito jovens aos 16 e 17 anos tocando em diversos clubes, até conseguirem gravar duas demos, uma em 80 e outra em 82. Uma das principais características da banda é que as músicas eram cantadas em sueco. As demos acabaram sendo lançadas na coletânea Anthology 1980 -1982 em 2009 pelo selo Stormspell Records. A banda sueca Enforcer tocou um cover da faixa Attack em algumas apresentações ao vivo.

Em 82 participaram de um torneio de bandas de rock vencido pelo Europe. Chegaram a recusar alguns pequenos contratos para gravar um álbum esperando uma oferta melhor. A oferta nunca chegou e em 1986 seduzido pelo sonho de gravar um álbum de verdade acabou aceitando o convite feito pelo baterista Matz Ekström.

Antes mesmo de começarem as gravações de "Epicus" Johan deixou claro que só participaria das sessões no estúdio e deixaria a banda logo em seguida. Mesmo sendo persuadido a ficar o vocalista queria seguir seus próprios projetos. Teve um grande peso na sua decisão o fato de Johan ser compositor e estar interessado em cantar as próprias canções, o que estava fora de questão no Candlemass.

Após deixar o Candlemass o nome de Johan acabou envolvido em uma série de mitos, especulações e boatos. Entre essas especulações estava a de que ele havia se tornado vocalista de uma banda Pop. Mas após sua saída do Candlemass ele se juntou à banda Paravision que chegou a fazer alguns shows em Estocolmo mas acabou se separando. Na época Johan tinha uma rotina atribulada com dois filhos para criar, o que o obrigava a conciliar a vida de músico com a do cidadão comum que tem pagar suas contas. Ele trabalhava dirigindo um táxi, chegando até mesmo a fazer uma viagem com Leif Edling quando ele saia de um clube em Estocolmo.

Em 1992 gravou algumas demos para o Candlemass. Com a saída de Messiah Marcolin a banda procurava um vocalista para seu futuro álbum "Chapter VI". Como buscavam uma mudança na sonoridade acabaram escolhendo Thomas Vikström para gravar o álbum.

Em 2006 após Messiah deixar novamente a banda, Johan gravou mais uma demo com "Black Dwarf", "At The Gallows End" e "Solitude". O Candlemass se preparava para gravar "King Of The Grey Islands" e Leif queria saber se o vocalista estava em forma. Johan foi um dos três vocalistas escandinavos cogitados para gravar o álbum, mas eles acabaram escolhendo Robert Lowe do Solitude Aeturnus. Essas demos acabaram sendo lançadas em 2010 no box Doomology.

No ano seguinte subiu ao palco pela primeira vez com o Candlemass no show de aniversário de 20 anos de "Epicus" (o álbum foi lançado em 86 mas a banda só comemorou os 20 anos em 2007), dividindo o palco com os outros vocalistas da banda com exceção de Messiah Marcolin. O show foi lançado em DVD.

Johan voltou a ter algum destaque no cenário musical ao gravar o álbum "Expression" da banda de hard rock Impulsia.

Na turnê do aniversário de 25 anos de "Epicus" a banda tocou o álbum na íntegra com Johan nos vocais e Robert Lowe cantando o resto do repertório.

Em 2018 Johan se reuniu novamente com o Candlemass dessa vez para gravar o álbum "The Door To Doom" lançado em fevereiro de 2019.

Klas Bergwall

Klas Bergwal tocava na banda "Night Arrow" quando recebeu o convite para tocar os solos de "Epicus". O Night Arrow tocava um hard rock melódico com influências de bandas como UFO, Thin Lizzy e o trabalho solo de Michael Schenker. Para gravar os solos de "Epicus" Klas recebeu como pagamento uma pizza e duas cervejas. Chegou a ser convidado para gravar os solos de "Nightfall" mas ele recusou, indicando o guitarrista Lars Johansson para a banda.

Após as gravações de "Epicus" ele deixou a banda para seguir com o "Night Arrow", mudaram o nome para "Grace" e acabaram se transformando em uma banda Pop. Ao vê-los em um programa de Tv o diretor de filmes Staffan Hildebrand entrou em contato com a banda para gravarem a trilha sonora de seu filme.

Klass escreveu uma das canções da trilha sonora para o filme "Ingen Kan Älska Som Vi"(Nobody Can Love Like Us/Ninguém pode amar como nós), lançado em 1988 e se tornou um grande sucesso na Suécia. A banda durou até o começo dos anos 90 e desde então o guitarrista não tocou mais profissionalmente.

Solitude

A música que virou a "marca registrada" do Candlemass quase não entrou no álbum. A duração do LP estava muito curta e eles precisavam de mais uma canção. Leif estava escrevendo o que viria a se tornar "Samarithan" mas o baterista Matz Ekström não gostou dela. No "último minuto" Leif escreveu Solitude, inspirada em um término de namoro. Para sacanear o baixista o pessoal brincava que iriam arrumar uma garota para ele desde que ela o dispensasse logo em seguida, só para ele escrever mais músicas como esta.

O refrão é inspirado no discurso do padre que aparece na introdução de "Buried Alive" do Venom, Earth to Earth, Ashes to Ashes, Dust to Dust!

Leif queria que a faixa de abertura fosse Demon's Gate mas acabou sendo convencido do contrário pelos outros integrantes.

Demons Gate

Inspirada no filme "The Beyond" (Terror nas Trevas no Brasil) do diretor italiano Lúcio Fulci. Embora tenha dirigido filmes de diversos gêneros como giallo, velho oeste e comédia, ele acabou ficando conhecido mesmo pelos filmes de terror, o que lhe rendeu a alcunha de mestre do horror e do gore europeu por suas cenas cheias de violência extrema incluindo closes em feridas abertas, cortes e mutilações.

O filme conta a história de uma garota que herdou o Hotel Seven Doors (Hotel Sete Portas), ela encontra um livro escrito há 4 mil anos com as profecias de Eibon. Estas profecias falam dos sete portões do inferno que quando abertos espalharão o mal sobre a face da Terra.

A introdução foi gravada com a voz de Leif sendo tocada numa velocidade lenta para dar um ar mais sombrio. Na época eles não gostaram do resultado porque acharam que a voz ficou parecida com aquelas chamadas de telejornais e não com algo que desse medo.

A ilustração da contracapa original com os dois monstros guardando a entrada de um portal, desenhada por Eric Larnoy foi inspirada pelo título da canção.

Crystal Ball

Inspirada no livro o Senhor dos Anéis, mais especificamente sobre Lorde Saruman e os Palantir.

Leif teve muita dificuldade para escrever a letra, ele conta que a escreveu durante longas caminhadas que ele fazia buscando inspiração sem que se distraísse com telefone e televisão.

Black Stone Wielder

A letra reflete uma visão pessoal de Leif Edling sobre a história dos três reis Magos e o que eles estavam procurando.

Quando a banda excursionou anos mais tarde abrindo os shows do King Diamond os músicos contaram que haviam ouvido o álbum mas queriam saber o que significavam as mensagens gravadas ao contrário no começo da música. Eles achavam que era uma banda americana e ficaram surpresos ao saber que não se tratavam de mensagens gravadas ao contrário, era só a banda contando 1,2,3 e 4 em sueco.

Outra curiosidade remete a um pequeno trecho entre os 3:20 e o solo de guitarra. A banda não conseguia conectar as duas partes de modo que soasse coeso e a solução inusitada veio do baterista Matz Ekström. Ninguém que não fosse sueco notaria, mas eles usaram a melodia da música natalina Betlehems Stjärna (Estrela de Belém) também conhecida como Gläns över sjö och strand (Brilhe sobre o mar e a costa) para conectar as duas partes.

Under the Oak:

É a quarta parte da saga "Tales Of Creation" uma história conceitual sobre a origem da vida que começou a ser escrita em 84 durante a época do Nemesis. Originalmente se chamava "In The Shadow Of The Cross" (Na sombra da Cruz). A música só seria lançada dentro do conceito em que foi concebida quando o Candlemass lançou o álbum "Tales Of Creation", regravada com os vocais de Messiah Marcolin.

A Sorcerer's Pledge

Para a introdução foi usado um teclado que Leif pegou emprestado de um amigo dos tempos de colégio. Esse amigo costumava dizer a todos que era o "Rei dos Teclados" mas quando ele foi ao estúdio ficou claro que ele não sabia o que estava fazendo. Segundo Mats Björkman o co-produtor Ragne Wahlquist tocou todos os teclados do álbum. Leif lembra que a ideia era ter uma grande sinfonia com grandes acordes mas a verdade era que ninguém no estúdio sabia tocar aquele negócio então o que ficou mesmo foi uma breve introdução tocando com só um dedo, seguido pela intro acústica em um violão de 12 cordas.

É uma canção sobre um velho feiticeiro que acha que pode estender sua vida bebendo o sangue de jovens virgens. Leif vê o personagem como um cruzamento entre o Drácula e o mágico Merlin.

Eles planejavam cantar em coro as vocalizações no final da canção. O resultado foi horrível. Ragne Wahlquist sugeriu que eles usassem uma voz feminina, ele conhecia Cille Svensson que cantava em um teatro e a indicou para gravar as vocalizações que se tornaram uma marca registrada da canção.

Referências:

The Candlemass Chronicles nº 02 - John Gaffney, Per-Ola Nilsson and Mattias Reinholdsson.
Candlemass – Behind The Wall Of Doom – A Candlemass Biography por Per-Ola Nilsson.
http://www.candlemass.se/doom/gallery/gallery-epicus-doomicus-metallicus/ (visitado em 02/2019)
https://ruuthsinn.000webhostapp.com/swemetal/swedishtimeline.htm (visitado em 02/2019)
http://www.candlemass.se/doom/30-years/leif-talks-about-epicus/ (visitado em 02/2019)
https://www.metal-archives.com/bands/Jonah_Quizz/66813 (visitado em 02/2019)
htt ps://www.metal-archives.com/bands/Candlemass/34 (visitado em 03/2019)
https://bocadoinferno.com.br/criticas/2014/07/terror-nas-trevas-1981/ (visitado em 02/2019)
http://www.candlemass.se (visitado em 02/2019)
https://www.metal-archives.com (visitado em 02/2019)
https://hardrockaorheaven.blogspot.com/2013/03/GRACE-Sweden-Ingen-Kan-Alska-Som-Vi-The-Complete-Recordings-1988-89.html (visitado em 03/2019)
https://metalsquadron.com/2015/02/24/enforcer-always-be-inspired/ (visitado em 04/2019)
Notas de encarte de Epicus Doomicus Metallicus - Peaceville Records (2002)

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Sobre Alcides S. Maia Júnior

Conheceu o rock ainda moleque através do futebol, ao escutar We Are The Champions do Queen, a partir daí foi conhecendo diversas bandas clássicas como Black Sabbath, Deep Purple, Pink Floyd, Led Zeppelin, Rainbow, Judas Priest, Iron Maiden, Candlemass, entre outras.
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