Kiss: Os músicos que quase entraram na banda
Por Marco Pala
Postado em 27 de junho de 2016
Durante seus mais de 40 anos de existência, o KISS trocou de formação exatamente onze vezes, tendo passado por seu ‘line up’, além dos onipresentes Gene Simmons (baixo / voz) e Paul Stanley (guitarra / voz), mais cinco guitarristas e três bateristas. Algumas das trocas de integrantes foram "automáticas", como a entrada de Bruce Kulick em 1984, a volta da formação original em 1996, a substituição de Peter Criss por Eric Singer no ano 2000, a entrada de Tommy Thayer em 2002 e o ‘troca-troca’ protagonizado por Eric Singer e Peter Criss entre 2002 e 2004. Porém, em algumas ocasiões, o KISS se valeu de testes e audições para escolha de seus integrantes, sendo que alguns músicos que já eram ou que viriam a se tornar notórios acabaram tentando a vaga na banda, participando dessas lendárias sessões. Entre fatos e rumores, ou convites recusados, vejamos alguns deles.
JAY JAY FRENCH (guitarrista) – Jay Jay, então com 20 anos, tentou a vaga de guitarrista solo para a banda que viria a se tornar o KISS no final de 1972, enquanto Gene, Paul e Peter Criss (que ainda usavam o nome Wicked Lester) testavam pessoas para a nova função. Porém, ele não ficou com a vaga. Poucos anos depois, fundou a banda Twisted Sister, que atingiu enorme sucesso nos anos 80.
BOB KULICK (guitarrista) – Bob foi outro a participar dos testes para o que viria a se tornar o KISS, entre dezembro de 1972 e janeiro de 1973, e quase foi admitido. Todos adoraram seu estilo de tocar, mas ele não tinha o visual adequado (ele estava ficando careca), e acabaram optando em contratar um maluco chamado Ace Frehley. Bob seguiu sua carreira como conceituado músico de estúdio, guitarrista de turnês (trabalhou, entre outros, com Meat Lof e Alice Cooper) e produtor de heavy metal. Mantém desde então grande amizade com Gene e Paul, gravou com o KISS em algumas ocasiões (em faixas nos álbuns "Alive II", "Unmasked", "KISS Killers" e "Creatures Of The Night"). Foi também o guitarrista do disco solo de Paul Stanley em 1978 e da turnê solo deste em 1989, e é dono de um prêmio Grammy.
ANTON FIG (baterista) – Anton gravou bateria no disco solo de Ace Frehley em 1978, por indicação de Eddie Kramer, e eles ficaram muito próximos. Meses depois, ele se tornaria uma espécie de baterista não oficial do KISS, gravando 8 das 9 faixas do disco "Dynasty" e todo álbum "Unmasked", sem ter sido creditado, uma vez que Peter Criss ainda estava oficialmente na banda. Ace fez muito lobby para que Anton fosse admitido oficialmente no KISS, e ele até acabou sendo aceito, num primeiro momento. Porém, Gene e Paul preferiram testar outros músicos através de audições, e Eric Carr acabou sendo escolhido. Anton continuou trabalhando como requisitado músico de estúdio, integrou o Frehley´s Comet (banda que Ace formou em 1985), gravou vários discos solo com Ace (além de muitos outros renomados músicos), e por décadas integrou a "house band" do programa Late Show, até o encerramento do programa em 2015. Atualmente ele toca com Joe Bonamassa.
RICHIE FONTANA (baterista) – Richie foi um dos bateristas que gravou com Paul Stanley seu disco solo de 1978, e se tornou próximo dos músicos da banda. Na época, ele já havia trabalhado com Billy Squire (e na banda de Billy, Piper) e era um requisitado baterista de estúdio. Depois do álbum solo de Paul, Richie também participou das gravações de "Dynasty", porém, seus takes não foram utilizados. Automaticamente, ele foi mais um dos bateristas cogitados à vaga deixada por Peter Criss, mas, assim como Anton, não participou de audições e acabou não sendo escolhido para a vaga. Depois disso, ele viria a formar uma banda com Sean Delaney (que era namorado do empresário do KISS, Bill Aucoin, e trabalhou de perto com a banda nos seus anos de glória), e continuou como um renomado baterista de estúdio.
BOBBY RONDINELLI (baterista) – Bobby foi um dos muitos bateristas testados pelo KISS em 1980, ocasião em que escolheram Eric Carr. Na época ele já estava sendo sondado por Richie Blackmore, que deixou claro que, se ele não fosse contratado pelo KISS, iria integrar sua banda. Quando Bobby recebeu uma carta da Aucoin Management informando que ele não havia sido escolhido, ele logo se tornou integrante do Rainbow, permanecendo no grupo entre 1980 e 1983, tendo depois criado sua própria banda solo. Nos anos 90, ele integrou o Black Sabbath.
CARMINE APPICE (baterista) – Carmine era um baterista influente em 1980, quando participou das audições para a vaga deixada por Peter Criss. Durante muito tempo, seus testes não passavam de rumores, porém, muita gente confirmou que ele tentou a vaga, incluindo Charlie Benante (Anthrax), adolescente na época, que acompanhou as audições de fora do estúdio, como fã. Carmine havia tocado com o Vanilla Fudge, com Jeff Beck e na banda de Rod Stewart, além de ter participado em uma faixa no disco solo de Paul Stanley (1978). Foi Paul quem o convidou, mas o fato de ele já ser famoso na época complicou as coisas, e ele acabou não sendo escolhido. Depois disso, Carmine tocou com Ted Nugent, Ozzy Osbourne, King Cobra, entre outros, sendo até hoje considerado um dos grandes bateristas da história.
TICO TORRES (baterista) – Tico Torres entra nesta lista por conta velhos rumores. Até hoje não há consenso se ele efetivamente foi testado para a vaga deixada por Peter Criss, mas por muitos anos se cogitou que ele tenha sido um dos bateristas que tentaram o posto. Verdade ou não, poucos anos depois, Tico integraria o Bon Jovi, estando até hoje na banda.
STEVE FARRIS (guitarrista) – Foi testado para a vaga deixada por Ace Frehley em 1982, por indicação de ninguém menos que Eddie Van Halen. Acabou tocando guitarra solo na faixa "Creatures Of The Night", do álbum homônimo, mas não ficou com a vaga, que acabou sendo preenchida por Vinnie Vincent, outro músico que participou destas gravações. Na época, Steve já tocava na banda Mr. Mister, que acabou fazendo breve sucesso nos anos 80.
ROBBEN FORD (guitarrista) – Robben era um elogiado guitarrista de circuitos de blues, jazz e fusion em 1982 (hoje em dia é considerado um dos 200 melhores guitarristas da história), já tendo em seu currículo discos solo e gravações com gente do quilate de George Harrison. Ele foi um dos vários guitarristas testados pelo KISS para a possível vaga de Ace Frehley, e um dos vários que tocaram no álbum "Creatures Of The Night", mas não ficou com a vaga. Em entrevistas, Robben disse que foi surreal estar num palco fazendo uma jam com Gene Simmons, Paul Stanley e Eric Carr sem as maquiagens.
RICHIE SAMBORA (guitarrista) – Mais um que foi testado em 1982 (sem ter tocado no álbum), e não foi escolhido. Richie, em entrevistas, diz que não sabe bem porque participou das audições, uma vez que ele queria, na época, tocar algo mais ligado ao blues. Paul Stanley retrucou, dizendo que talvez ele tenha participado porque gostava de viajar de avião à toa. Dois anos depois ele passaria a integrar o Bon Jovi, onde se tornou um astro do rock, tendo deixado o grupo em 2013.
DOUG ALDRICH (guitarrista) – O então desconhecido Doug foi mais um dos guitarristas testados em 1982 que não ficou com a vaga. Ele foi convidado para as audições por ninguém menos que Eric Carr, que o apresentou a Gene e Paul depois de vê-lo tocar em um bar. Doug passou os anos seguintes tocando em bandas pouco expressivas (Lion nos anos 80 e Bad Moon Rising nos anos 90), até entrar para a banda de Ronnie James Dio em 2002, ficando quatro anos e ganhando mais fama ao integrar o Whitesnake de 2006 a 2014.
EDDIE VAN HALEN (guitarrista) – Um dos grandes gênios da história da guitarra dispensa apresentações. É outro que está na lista na base de rumores. Ele teria sido cogitado para o KISS em 1982, porém, até hoje isto é motivo de discórdia. Eddie diz que simplesmente não aconteceu; já Gene Simmons diz que Eddie o procurou querendo entrar para o KISS, porque não agüentava mais David Lee Roth. Segundo Gene, ele teria aconselhado Eddie a permanecer no Van Halen. De fato, Eddie (que já tinha gravado com Gene em 1977 a demo da música "Christine Sixteen", que saiu no álbum Love Gun) chegou a fazer uma jam com o KISS em estúdio na época.
YNGWIE MALMSTEEN (guitarrista) – Outro que dispensa apresentação. E, antes de mais nada, Malmsteen NÃO chegou a participar dos testes para entrar no KISS. Porém, ele foi cogitado para a vaga de Ace Frehley e também convidado para as audições ocorridas nos estúdios de ensaio do SIR Studios (Los Angeles) em 1982. Gene e Paul entraram em contato com um sujeito chamado Mike Varney, então executivo de uma gravadora chamada Shrapnel Records, que era bom para indicar músicos. Ele logo citou o guitarrista sueco, mostrando algumas demos. Gene e Paul ficaram entusiasmados, e, segundo Malmsteen, alguém do staff do KISS lhe contatou, perguntando, inclusive, se ele tinha pelo menos 1,80m de altura, o que ele achou estranho (uma das exigências, que, por alguma razão, foi ignorada quando escolheram Vinnie Vincent, que tem 1,75m). No caso, Yngwie acabou não viajando até os EUA para as audições.
MICHAEL ANGELO BATIO (guitarrista) – Outro guitarrista virtuose que foi indicado por Mike Varney, para a vaga deixada por Ace Frehley. Michael voou de Chicago para as audições em Los Angeles, e ensaiou com Gene, Paul e Eric, mas acabou não sendo aceito. Alguns anos depois, ele se tornou um guitarrista famoso por suas "acrobacias" na guitarra, tendo tocado na banda Nitro, e também feito uma carreira solo bastante prolífica.
SLASH (guitarrista) – Slash também dispensa apresentações. De fato, ele nunca chegou a participar de audições com o KISS, mas tentou concorrer à vaga em 1982. Segundo o guitarrista, ele chegou a receber um telefonema de Paul Stanley, convidando para os testes. Segundo Paul, Slash teria entrado em contato, informando, inclusive, que sua mãe tinha sido costureira de David Bowie. Mas Slash tinha 17 anos na época, e nem sequer foi cogitado.
BRUCE KULICK (guitarrista) – Mais um da longa lista de candidatos à vaga deixada por Ace Frehley em 1982. No caso, Bob Kulick era o guitarrista que todos queriam no KISS, se não fosse a calvície. Na época, Bob indicou seu irmão Bruce para as audições, e ele realmente foi testado. Em entrevista recente, Bruce disse que ele usava um enorme bigode, e levou aos ensaios um amplificador Mesa/Boogie pequeno, que impediu que ele sequer se ouvisse. Ele não foi cogitado na ocasião, e mal podia imaginar que em dois anos estaria excursionando com o KISS pela Europa e se tornaria o titular na posição por doze anos ininterruptos.
DEEN CASTRONOVO (baterista) – Em 1991, Eric Carr veio a sucumbir ao câncer, e, um mês depois, Eric Singer foi anunciado como novo baterista do KISS. Parecia que tinha sido uma escolha automática, já que Singer vinha trabalhando informalmente com o KISS desde que tocou na turnê solo de Paul Stanley em 1989. De fato ele foi a 1ª opção, mas Gene e Paul chegaram a testar alguns outros nomes para a vaga, entre eles, Deen Castronovo. Ele já tinha um bom currículo na época, tendo tocado com Tony McAlpine e Cacophony. Alguns anos depois dos testes, ele tocou com Ozzy Osbourne, Steve Vai, GZR, Social Distortion e há tempos é baterista do Journey (quando não está preso por problemas relacionados a drogas ou bater na mulher).
JIMMY DEGRASSO (baterista) – Jimmy teria sido mais um dos testados para a vaga deixada por Eric Carr, em 1991. Ele já possuía bom currículo, tendo tocado com Y&T, além de trabalhos de estúdio. Depois disso, Jimmy viria a tocar com muita gente, como White Lion, Suicidal Tendencies, Alice Cooper, Megadeth, entre outros.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps