Protejam o saco!: Aqui vão os Sex Pistols!
Por Renato Araujo
Fonte: Impaciente e Indeciso.
Postado em 20 de fevereiro de 2015
Não tem jeito. A história do rock não se divide em antes e depois do LED ZEPPELIN, por mais importante que o grupo de PLANT e PAGE tenha sido. Muito menos em antes e depois de THE CURE, THE CLASH, "The isso" ou "The aquilo". O rock nunca mais foi o mesmo depois de 1977. E não adianta argumentar, com alguma razão, que os eles eram uma pálida imitação dos HEARTBREAKERS de JOHNNY THUNDERS ou dos NEW YORK DOLLS do mesmo THUNDERS e de DAVID JOHANSEN. É isso aí mesmo. Os SEX PISTOLS não devem ser julgados pela competência musical e sim pela revolução que os cinco delinquentes londrinos fizeram no cenário do rock inglês ou de qualquer outra parte do mundo.
Mas vamos baixar um pouco a bola dos ingleses. O punk, ao contrário do que muita gente pensa, não começou com eles. A palavra "punk", designando um estilo musical, surgiu quando um cara chamado HANDSOME DICK MANITOBA, guitarrista da banda nova-iorquina THE DICTATORS, declarou que aquele som tosco que seu grupo fazia era nada menos que..."punk rock", algo como "rock de maricas". Há outras versões para o surgimento do termo, mas esta é a minha preferida. Ainda era 1975, quando os DICTATORS soltaram o álbum "Girls Go Crazy" e, mesmo assim, não poderiam ser considerados inventores do estilo. Cinco anos antes, quatro maluquetes de Detroit, fissurados por THE TROGGS, uma banda do meio dos anos 60, geralmente citada como "avós do punk", soltaram um disco barulhento, pouco melodioso e muitíssimo mal gravado. A banda, THE STOOGES, (os patetas), entraria para a história como o berço do "pai do punk", Mr. IGGY POP.
Entre 75 e 76, o inglês MALCOM MCLAREN estava morando em Nova Iorque, à procura da "next big thing", a banda que iria pôr o mundo de cabeça pra baixo e ainda faturar alguns bons trocados, deixando rico quem tivesse a sorte de ser seu agente. MALCOM enxergou a sua oportunidade de ouro quando o grupo NEW YORK DOLLS tentou se reformular após dois discos, um de relativo sucesso e outro que, apesar de bem melhor, não havia acontecido. MCLAREN pegou os cinco rapazes que gostavam de se vestir de mulher e enfiou-lhes modelitos vermelhos, com direito à apologia ao comunismo e tudo o mais. Os DOLLS, que já vinham mais pra lá do que pra cá, afundaram de vez com a pequena ajuda do amigo inglês.
MALCOM retorna para Londres, frustrado mas não derrotado. Quem sabe lá ele encontraria a banda que lhe daria seu tão sonhado milhão de libras? Lá o empresário, que era casado com a estilista VIVIEN WESTWOOD, abriu a loja "Sex", onde vendia basicamente roupas de couro preto e artigos de sadomasoquismo. Seu funcionário, GLEN MATLOCK, frequentemente recebia a visita de dois amigos, PAUL COOK e STEVE JONES, que, além de atrapalhar o trabalho do balconista, ocasionalmente levavam algumas peças pra casa sem pagar. MALCOM enxergou neles a banda que procurava. Só havia um pequeno problema: nenhum dos três sabia tocar absolutamente nada.
Este irrelevante impedimento seria solucionado com a entrada em cena de CHRIS SPEDDING, talentosíssimo guitarrista inglês que aceitou a incumbência de fazer com que os três projetos de punks aprendessem algum instrumento. PAUL COOK logo tomou conta da bateria enquanto STEVE JONES e GLEN MATLOCK, que, verdade seja dita, tinham alguma noção de violão e guitarra, se dIgladiavam pelo posto de contra-baixista. JONES acabaria assumindo a guitarra. Duas semanas depois, os agora batizados SEX PISTOLS já estavam ensaiando no estúdio de SPEDDING. Faltava apenas um vocalista. O posto foi preenchido por um garoto corcunda de voz esganiçada e dentes podres. MALCOM o batizaria de JOHNNY ROTTEN.
Os PISTOLS foram vendidos pelo que valiam e comprados pelo que se pensava que valiam. À princípio, a banda não deveria passar de um grupo de rock "moderno", com letras políticas e atitudes ultrajantes, pero no mucho. Quando um apresentador da TV Inglesa os incita a dizer palavrões no ar, a parte conservadora da Ilha declara guerra à banda e o que se vê, se por um lado ajuda a construir a lenda dos SEX PISTOLS, por outro fecha todas as portas para o grupo. Tudo na vida dos PISTOLS passa a ser extremamente difícil. Shows são cancelados, contratos com gravadoras, desfeitos, seus integrantes são atacados na rua e presos por perturbação da paz, mesmo que não estejam fazendo nada de errado.
MATLOCK pede o boné e MCLAREN inventa que o baixista teria sido despedido por ter afirmado gostar dos BEATLES. Em seu lugar, coloca o então baterista do grupo SIOUXSIE & THE BANSHEES, um tal de SID VICIOUS. Ter trocado alguém como MATLOCK, que havia se revelado um baixista mais do que regular, por um nerd que mal conseguia empunhar o baixo, não foi, definitivamente, a melhor ideia da vida de MALCOM MCLAREN. Fora ROTTEN, que era amigo pessoal de SID, ninguém na banda concordava com a permanência do novo integrante.
Assim, as gravações do que viria a ser o único Lp dos PISTOLS tiveram que ser realizadas sem a presença de VICIOUS que ainda não dominava o instrumento. Neste período, SID VICIOUS, que tinha este apelido ("depravado", e não "viciado", como muitos pensam) justamente por ser um nerd do qual todos gozavam, conhece NANCY SPUNGEN. NANCY, figura carimbada do underground nova-iorquino, apresenta as drogas pesadas a SID VICIOUS. SID desiste de aprender a tocar baixo e passa os shows se cortando e esmurrando o instrumento.
Um ensandecido MCLAREN resolve enviar sua trupe para uma turnê pelos EUA, por pequenos clubes de pequenas cidades, esperando que, com isso, a banda chame a atenção da imprensa americana. A desorganização, as brigas com a platéia e a crescente tensão entre os integrantes fizeram com que ROTTEN abandonasse tudo e voltasse para Londres. JONES e COOK viajam para o Rio de Janeiro para encontrar RONALD BIGGS enquanto SID e NANCY vão para Nova Iorque, onde VICIOUS tenta, sem sucesso, iniciar uma carreira-solo. Os PISTOLS acabam. A morte de SID, em março de 1979, transforma os SEX PISTOLS definitivamente em lenda. MCLAREN licencia diversos produtos com a marca da banda e finalmente ganha seu milhão de libras. Em 1996, os SEX PISTOLS passam a ser donos da própria marca e se reúnem. Saem em turnê, passando inclusive pelo Brasil e lançam um disco ao vivo. É a vez deles, finalmente, ganharem o seu milhão de libras.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Show do AC/DC no Brasil não terá Pista Premium; confira possíveis preços
Download Festival anuncia mais de 90 atrações para edição 2026
O disco do Metallica que para James Hetfield ainda não foi compreendido; "vai chegar a hora"
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
Os melhores guitarristas da atualidade, segundo Regis Tadeu (inclui brasileiro)
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
A música do Kiss que Paul Stanley sempre vai lamentar; "não tem substância alguma"
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Greyson Nekrutman mostra seu talento em medley de "Chaos A.D.", clássico do Sepultura
"Guitarra Verde" - um olhar sobre a Fender Stratocaster de Edgard Scandurra
Max Cavalera fala sobre emagrecimento e saúde para turnê desafiadora
Wolfgang descarta gravar álbum com ex-membros do Van Halen
Priorizando a saúde, Paul Rodgers não irá ao Rock and Roll Hall of Fame 2025
O artista que Neil Peart se orgulhava de ter inspirado
Como era sugestão de Steve Harris para arte de "Powerslave" e por que foi rejeitada?
O álbum solo de John Lennon que ele considerava ainda melhor que o "Imagine"
Como uma junção de duas palavras de idiomas diferentes gerou o título de um hit dos anos oitenta
A regra velada que havia entre bandas dos anos 1980 que RPM encontrou brecha e quebrou

O rockstar dos anos 1970 que voltará ao Brasil após 34 anos: "Show longo e pesado"
A melhor música da história do punk rock, de acordo com o Heavy Consequence
As 10 maiores estreias do rock na década de 70, de acordo com a Classic Rock
Sex Pistols cancela vinda ao The Town e é substituído pelo Bad Religion
Iron Maiden: a tragédia pessoal do baterista Clive Burr
Lista: 12 músicas que você provavelmente não sabe que são covers



