Tori Amos
Postado em 06 de abril de 2006
Fonte: www.littlelucifercafe.tk
Myra Ellen Amos, mais conhecida como Tori Amos, nasceu na cidade de Newton, no estado americano da Carolina do Norte. A mãe de Myra é de descendência indígena, e seu pai é um pastor metodista. Sua mãe, antes de se casar, trabalhou numa loja de discos, dos quais guardou muitos e Myra, assim, começou a formar seu gosto musical. Quem também a ajudou a ouvir algo diferente do que hinos religiosos advindos da ocupação do sue pai foi seu irmão Mike, dez anos mais velho. Como tocava guitarra ele trazia para casa os discos daquilo que tocava para ensaiar. Myra, ouvia tudo.
Logo cedo ela começou a tocar piano — aos dois anos de idade — e sua eficiência lhe garantiu, aos cinco anos de idade , uma bolsa de estudos para estudar piano clássico no Peabody Conservatory, que faz parte da Universidade John Hopkins de Baltimore. Myra estudou lá até os onze anos de idade, quando foi expulsa pela "heresia" de tocar improvisando e se guiando pela audição. Com treze anos Myra voltou a tentar entrar novamente no Peabody Conservatory, mas não foi aceita.
Foi então que Myra, que já tinha canções compostas de próprio punho, começou a tocar acompanhada do pai em bares gays e salões de hotel no arredores da capital Washington. Myra manteve seus estudos durante o dia e apresentava-se nestes locais a noite. Aos 21 anos, Myra Ellen Amos mudou-se para Los Angeles a fim de tentar o sucesso. Reza a lenda que nesta cidade, uma bela noite em que apresentava-se ao piano, o namorado de origem oriental de uma amiga que a assistia disse que ela parecia uma "tori". Myra achou a declaração interessante e adotou-o como pseudônimo artístico. Mais tarde ela descobriu que esta é a palavra que designa "galinha" em japonês.
Foi residindo em Los Angeles que, em 1988, Tori Amos gravou o seu primeiro álbum pela Atlantic Records, Y Kant Tori Read , um completo fracasso de vendas. Foi nesta época que Tori sofreu um estupro, o que a levou a meses de profunda depressão. Quando conseguiu se recuperar, Tori resolveu expor todo o sofrimento pelo qual passou em músicas que ela compôs. Foi com cara e coragem apresentar o material para os executivos da Atlantic Records, para que estes lhe concedessem uma segunda chance. Os tais executivos gostaram do que ouviram, apesar do receio e de garantirem que a estória piano no rock/pop já estava ultrapassada, estabelecendo a condição de que ela deveria compor outras canções para contrabalançar o disco. Todas estas músicas viriam a formar, em 1991, o fantástico álbum Little Earthquakes, que tornou-se logo um sucesso de crítica e público, angariando um séquito de fãs ardorosos e surpresos com a lufada de ar que a música passional, confessional, elétrica e poderosa de Tori garantiu na cena musical, repleta de bandas baseadas no barulho distorcido de guitarras.
Little Earthquakes concedeu a Tori o merecido prestígio que lhe deu muita liberdade para a sua produção musical, seguindo-se logo, em 1994, o álbum Under The Pink. Neste disco Tori aprimorou seu estilo sofisticado, versando sobre temas como religião, sexo e relações humanas — particularmente relações entre mulheres — com refinada irionia, sarcasmo e lirismo. "Cornflake Girl", canção do álbum, transformou-se logo em um dos mais poderosos hinos dos toriphiles, ou Ears with Feet, como prefere a compositora/cantora/pianista.
Após o lançamento deste álbum, Tori Amos encerrou o relacionamento afetivo de muitos anos com Eric Rosse, co-produtor de seus dois primeiros álbuns. A inevitável sensação de perda lhe garantiu a inspiração para Boys for Pele, primeiro álbum totalmente produzido por Tori e lançado em 1996, considerado o mais conceitual e experimental de seus trabalhos. Isso não é à toa: rock baseado no Cravo, instrumento muito utilizado na música erudita barroca, letras extremamente instropectivas e pessoais, melodias hipersofisticadas são o tom do disco. Os fãs enlouqueceram e confirmaram ainda mais a impressão de que Tori era uma das mais geniais personalidades da música mundial.
Mas Tori ainda tinha muita bala na sua agulha e, em 1998, surpreendeu mais uma vez seus fãs com from the choirgirl hotel, álbum sonora e visualmente soturno e estranho, com a capa de álbum que pode ser considerada uma das mais geniais de toda a história da música: não há como explicar a emoção e êxtase de um toriphile ao deparar-se pela primeira vez com a imagem do rosto da cantora prensado contra um vidro e cercado por uma escuridão assustadora. E essa é a imagem-síntese de todo o disco, que foi inspirado no aborto espontâneo sofrido por Tori durante a turnê do ano anterior ao lançamento do disco. Sofrimento e dor em doses ensurdecedoras são a tônica do disco que, pela primeira vez, foi concebido pensando-se no trabalho conjunto de uma banda, fato que começou a colocar a sonoridade do famoso piano Bösendorfer de Tori mais parelha com os outros instrumentos. Foi também aqui que Tori começou a experimentar mais explicitamente com a sonoridade eletrônica, como podemos conferir na deliciosa "Raspberry Swirl".
A experiência com músicos fixos trouxe a tona, apenas um ano depois (em 1999, portanto) o disco duplo to venus and back. O álbum é composto de 2 CDs: um sendo feito de músicas novas, gravadas em estúdio, e o outro fruto das canções executadas ao vivo na turnê Plugged'98, que promoveu o disco anterior. O álbum dividiu a opinião dos fãs, mas é garantidamente mais um dos trabalhos muito bem planejados e deliciosos da cantora, onde Tori leva aos extremos os conceitos sonoros sugeridos no disco anterior.
Em 2001, Tori deixou os fãs boquiabertos ao anunciar que seu próximo disco seria composto de regravações. Muitos alardearam que Tori, assim, já não seria a mesma, mas o fato é que o disco, então chamado StrangeLittleGirls, é um dos trabalhos mais maduros da compositora, onde Tori comsegue tranformar canções que não são de sua autoria em músicas essencialmente no seu estilo. Sem falar na genial idéia de construir canções de autoria masculina sob um olhar feminino, fato que criou uma personagem para cada uma das 12 canções — à exceção da sua estupenda versão de "Heart of Gold", que ganhou como personagens irmãs gêmeas —, as famosas "garotas" do álbum.
Após a turnê deste disco Tori Amos e a Atlantic Records anunciaram o fim do contrato da cantora e logo Tori Amos declarou ser a mais nova artista da Sony Music, sob o selo Epic Records. Foi nesta gravadora que Tori lançou em 2002 seu disco mais recente, Scarlet's Walk, projeto ambiciosíssimo concebido como uma novela-sonora em que cada uma das 18 canções compõem um capitulo da estória e um trajeto da personagem Scarlet na sua viagem através dos Estados Unidos. O disco foi parcialmente inspirado nos acontecimentos nova-iorquinos de 11 de Setembro de 2001, mas versa mesmo sobre a crueldade americana sobre seus nativos indígenas, o preconceito e a ambição humanas. Agora, no fim do ano de 2003, a Atlantic Records anuncia o lançamento da coletânea Tales of a Librarian: a Tori Amos collection, disco que celebra a década de trabalho de Tori sob o selo pertencente ao grupo AOL-Time/Warner.
Além de cantora, Tori é fundadora da R.A.I.I.N., uma organização de enorme renome nos Estados Unidos que ajuda pessoas a lidarem com casos de estupro, abuso sexual e incesto.
Hoje, Tori é uma das mais extraordinárias artistas da atualidade. Suas canções são únicas no mundo da música. E quando alguém aparecer com músicas muito parecidas com as de Tori, pode ter certeza, que não vai valer nem a poeira que cobre nossa sagrada Tori.
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