Lefay
Postado em 06 de abril de 2006
Por Lisandre Camila de Oliveira
O grupo originalmente conhecido como Morgana Lefay emprestou seu nome da misteriosa bruxa que habitava as lendas do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. O título assume o interesse da banda tanto pelo mundo real quanto pelo imaginário, algo que pode ser facilmente verificado nas suas temáticas líricas. É por intermédio dessa tentativa de definir o inexplicável que se criam pensamentos e perguntas e o Lefay combina esse ideal à música pesada, dando origem a um trabalho único e perturbador.
Foi na noite de Ano Novo de 1986, na Suécia, que Jonas Soderlind, Joakim Lundberg, Tony Eriksson e Stefan Jonsson decidiram montar uma banda, plantando as sementes do que um dia seria o Morgana Lefay. Contudo, naquele momento, eles ainda eram o Damage. Na primavera de 1988, Tony deu uma demo da banda ao amigo Charles Rytkönen, persuadindo-o a assumir o posto de vocalista no já rebatizado Morgana Lefay, ainda que na época ele estivesse tocando em outro conjunto local, o Sepher Jezirah, ao lado de Tommi Karppanen (que logo iria também juntar-se ao Morgana Lefay) e Christer Andersson (futuro Tad Morose). Em 1989, Stefan Jonsson deixou o grupo, de modo que o recém-citad Karppanen assumiu o posto de guitarrista. Pouco depois, o quinteto estaria gravando seu primeiro álbum, uma obra totalmente autofinanciada chamada "Symphony Of The Damned", que teve uma tiragem limitada de 537 cópias.
Dois anos mais tarde, outra mudança na formação acometeria o conjunto. Enquanto gravava versões demo das novas músicas a serem incluídas num próximo disco, o baixista Joakim Lundberg abandonou o barco e foi substituído por Joakim Heder. Isso não impediu que as faixas fossem completadas e distribuídas para vários selos europeus. A Black Mark se mostrou muito interessada e assinou com o grupo. A demo que lhe valeu o contrato era tão boa que foi utilizada inteira no segundo trabalho. Apenas uma faixa, "Knowing Just As I", foi gravada somente para o CD, tornando-se inclusive a faixa título. O álbum saiu em 1993 e foi recebido com excelentes críticas.
Para aproveitar o bom momento, a banda voltou ao estúdio no mesmo ano para registrar seu próximo disco, "The Secret Doctrine". Antecedendo seu lançamento, deu-se uma extensa tour pela Alemanha e Suíça, ao lado do Invocator e do Cemetary. Em dezembro de 93, o trabalho foi oficialmente editado e, como o anterior, aclamado pela imprensa especializada no mundo todo. Em 1994, a banda tocou em muitos festivais e ao lado de bandas importantes, como Paradise Lost e Clawfinger. No mesmo ano, o primeiro videoclip foi filmado – para a faixa "Rooms Of Sleep" – e Karppanen deixou o conjunto. Precisando de um guitarrista, PeterGrehn, do Fantasmagoria, assumiu o posto interinamente, apenas para cumprir datas de shows já marcadas na Finlândia, Suécia e Alemanha. Ainda em meados de 94, Daniel Persson assumiu definitivamente as seis cordas.
Com a formação novamente estabilizada, era hora de gravar mais um álbum. Em 1995, saiu "Sanctified", que teve uma de suas faixas, "To Isengard", motivo do segundo videoclip do grupo. Em maio do mesmo ano, o Morgana Lefay participou de uma grande turnê européia ao lado do Cemetary, Memento Mori e Tad Morose e em julho mais um clip foi lançado, "In The Court Of The Crimson King".
Em setembro de 95, a banda gravou quatro novas composições, que seriam lançadas como faixas inéditas em uma coletânea, "Past Present Future". Para coincidir com sua turnê ao lado do Gamma Ray, a banda adiou o lançamento do CD até outubro de 96. Imediatamente após o fim desta excursão, os cinco começaram a trabalhar em cima das músicas que fariam parte de seu próximo álbum de fato, "Maleficium". Gravado em julho e agosto de 1996, foi lançado em novembro e teve sua faixa título agraciada com um videoclip.
No começo de 97, a banda foi headliner de uma turnê pela Alemanha e Suíça ao lado do Solitude Aeturnus e do Brainstorm. Mas as coisas ficariam menos encorajadoras daí pra frente. Em setembro do mesmo ano, Joakim, Jonas e Daniel resolveram se mudar de cidade e tiveram que se retirar do grupo. Porém, Tony e Charles, decididos a manter a banda, foram atrás de novos integrantes, por fim recrutando três exímios instrumentistas, incluindo-se aí o já mencionado Peter Grehn. A line-up agora era a seguinte: Charles Rytkönen (V), Tony Eriksson (G), Peter Grehn (G), Mikael Asentorp (B) e Robin Engström(D). O quinteto recém-formado passou a trabalhar em material inédito imediatamente, mas teve problemas legais com sua gravadora, a Black Mark, que levaram não só à sua saída do selo, mas também à mudança de nome: de Morgana Lefay para apenas Lefay.
Enquanto todos esses problemas não se resolviam, a banda se viu impedida de aparecer para o público durante dois anos inteiros. Contudo, "The Seventh Seal", seu petardo seguinte, veio provar que esse tempo todo não foi desperdiçado, uma vez que se tratou do mais maduro, inovador e bem acabado álbum do conjunto até então: uma obra que mescla power metal, metal tradicional e prog rock em doses perfeitas e irresistíveis. Em suma, um trabalho que apenas uma banda com mais de uma década de estrada poderia conceber sem soar pretensiosa ou arrogante. Para aproveitar a excelente repercussão que este álbum obteve mundo afora, o grupo resolveu não apenas relançar, mas regravar totalmente o seu debut (lembra-se? Aquele que teve uma tiragem de pouco mais de 500 cópias), adicionando a ele quatro faixas bônus. Na verdade, são cinco covers irresistíveis – Crazy (Nazareth), Strange Way (Kiss), Captain Howdy (Twisted Sister)e Cocaine (J.J. Cale) –, que tornam o CD um item mais essencial ainda.
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