Inocentes
Postado em 06 de abril de 2006
Por Kid Vinil (Gravadora Paradox)
Agradecimentos a Glauco Chaves
Este não é um release convencional, por isso não vou começar contando a história do grupo, como todo mundo faz. Prefiro contar fatos peculiares que fazem parte da história do punk no Brasil. Mas tem alguns detalhes que o grande público desconhece, por exemplo. - De onde veio o nome Inocentes? Primórdios do punk inglês, e um cara chamado John Cooper Clarke grava uma música chamada "Innocents", que fez parte da coletânea "Streets" do selo "Beggar's Banquet". Nessa época a gente costumava se reunir lá na Vila Carolina, na casa do "Barão", pra trocar figurinhas. A gente ouvia "Buzzcocks", "Vibrators", "Drones", " Generation" e muitos outros.
 
Os sons de sábado eram no "Construção" onde rolava muito "Stooges", "MC5", "New York Dolls", "The Saints" e, claro muito "Ramones" e "Dead Boys". Essa era a trilha sonora do nosso tempo. Um dia em 79 eu conheci um programa na extinta rádio Excelsior rolando muito punk e new wave. Foi muito engraçado quando voltei para "Carolina", na casa do Barão e ele perguntou: "Quem é aquele cara com voz de viado" que faz um programa de punk na rádio?
Na hora eu fiquei meio constrangido, mas depois confessei todo sem graça para eles, que era eu mesmo. O Clemente era amigo de toda essa galera da Carolina e freqüentava todos os sons. O "QG" era a Punk Rock Discos do Fabião, do "Olho Seco", lá pintavam todos os discos e nasciam as bandas. A primeira coletânea "Grito Suburbano", trazia dois clássicos "Pânico em S.P. e Garotos do Subúrbio"...
 
Um certo dia lá pelos idos de 81, os "Inocentes" e o "Verminose" foram convidados pelo "Brivar", prá se apresentarem no "Gallery", numa festa de Interview em que eu era a May East, posamos para um edital de moda. A experiência foi única e desastrosa. Patricio Bisso abria o espetáculo tocando um cavaquinho e cantando qualquer coisa de um musical antigo da Broadway. Em seguida os "Inocentes" entraram prá tocar. A casa misturava punks da periferia e socialites. Os punks começaram a "pogar" e Vitor Oliva, não entendeu nada. Deu treta na porta, pois os punks queriam socar porradas nos burgueses. Melhor ainda, aquela festa receberia mais tarde a comitiva do Presidente Figueiredo. Fim da festa:.. Quando a comitiva do Presidente chegou, botaram todos os punks prá fora. Foi um acontecimento único, quem presenciou jamais esquecerá...
 
Outra cena inesquecível foi um show no Lira Paulistana, em que eu me apresentava com o Verminose e os punks já me chamavam de traidor do movimento e burguês. A galera punk presente resolveu "zuar" com o show e saiu quebrando tudo. O Clemente completamente embriagado corria atrás de mim o tempo todo, com uma garrafa quebrada ao meio e me ameaçando de morte. Na verdade ele queria mesmo era se divertir, no meio daquela "zoeira". Por algum tempo cheguei a pensar que ele fosse uma pessoa perigosa, vejam só!!! Hoje a gente ri muito quando lembra desse tempo. O primeiro grande show punk foi em 83 no Sesc Pompéia e chamava-se "O começo do fim do mundo".
Nessa mesma época os Inocentes lançavam "Miséria e Fome", o primeiro disco pelo selo Devil. A gente foi muito cobrado e taxado de traidor do movimento, mas, muita gente se esquece ou nem sabe que o punk foi criado por dois estrategistas de primeira: o empresário "Malcom Mclaren" e a estilista, hoje grande dama de moda mundial "Vivienne Westwood". Mas o que um pobre punk da periferia saberia a respeito da moda. O coitadinho usava a jaqueta de napa preta imitando couro, a calça rasgada e cheia de alfinete e mal sabia que tudo aquilo tinha uma grife, chamada "sex", e por trás disso estava a tal "Vivienne Westwood". Até hoje os punks daqui não entenderam que todo aquele estereótipo tem um nome, Ah! se a Vivienne inventasse de cobrar royalties desses neo punks, que dizem que se vestem assim porque são rebeldes e originais. Tudo isso foi um produto do sistema, que eles tanto combatem e ainda ousaram chamar-nos de "traidores". Que loucura !!!!
 
Os Inocentes foram vítimas desse tempo e quando assinaram com a Warner em 86, todos os punks conservadores e mal informados diziam que eles eram "vendidos". Claro que a banda não tava nem ai, mas incomodava. O grupo ignorando toda essa bobagem, passou a fazer um som cada vez mais maduro, mantendo uma visão critica do sistema. Em dados mais precisos, foi uma primeira banda punk a assinar com a multinacional, a Wea. Foram os precursores do movimento punk no Brasil, exerceram influencia declarada a diversas bandas do cenário alternativo. Hoje os "Inocentes" completam 15 anos, "O fim da 'Inocencia'". Neste novo disco o grupo retorna às suas raízes, o punk rock básico que os caracterizou.
Depois de ouvir tudo isso, falar em resgate ou volta às raízes com os "Inocentes" é pura bobagem, pois eles sempre foram os nossos autênticos representantes do punk rock nacional. Parece que voltamos pro início dos anos oitenta, pois todo aquela "punch" do começo permanece no trabalho dos "Inocentes". Quinze anos se passaram, mas ninguém envelheceu, eles continuam em mesma forma, quem engordou "fui eu"...
 
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