Time Machine

Por Haggen Kennedy

Em outubro de 1992, os amigos italianos Lorenzo Deho’ e Ivan Oggioni tiveram uma idéia: fazer um projeto e lançar um pequeno EP para celebrar o final de uma longa atividade underground. Daí, seria formado o Time Machine.

Para a formação do projeto vieram se juntar o produtor Bob Gramm e o vocalista Andrea Ruggeri, da banda italiana Moon of Steel. É até legal lembrar da grande familiaridade entre bandas. JJ Angel, guitarrista da Moon Of Steel, mais tarde viria dar uma ajuda ao grupo Power Symphony, outra banda italiana, na gravação de seu primeiro CD intitulado "Evillot".

De qualquer modo, o Time Machine chamou alguns amigos como músicos convidados. Foram eles Tony Priolo (guitarra), Fabio Pagani (vocal) e Roberto Besana (bateria).

Pouco depois, durante as sessões de gravação, infelizmente algo terrível aconteceu: Roberto Besana sofreu um sério acidente de carro e banda teve que completar o trabalho com baterias computadorizadas em função de dar a Besana o tempo necessário para se recuperar propriamente.

As gravações de "Project: Time Scanning" duraram cerca de um ano. Durante este período, o grupo dá as boas-vindas a outro músico vindo da Moon Of Steel: o guitarrista Joe Taccone, que substituiria Priolo, quando a banda finalmente teria uma combinação estável.

Enquanto isso, o EP chegava ao estágio final, sendo lançado pela banda sob o nome Time Machine, o nome ideal para combinar com uma jornada imaginária através do tempo como "Project: Time Scanning" fora concebido.

Em Novembro de 1993, o EP chega as lojas e imediatamente chama a atenção da imprensa especializada, público e demais operadores de campo. Um dos primeiros admiradores do debute foi o empresário alemão Limb Schnoor (da LMP), que incluiria o Time Machine no seu portfolio, ao lado de bandas como Rhapsody, Angra, Avalon, Heavens Gate, Eldritch e outras que logo se tornariam líderes da cena heavy metal atual.

Sem dúvida foi com seu EP debute que a banda atravessa fronteiras que outras bandas italianas ultrapassariam cerca de apenas 4 ou 5 anos depois. Certamente foi o Time Machine que abriu as portas para grupos de peso como Eldritch, Black Jester, Labyrinth, Rhapsody, Macbeth, Athena e outras que sacudiram o movimento metálico italiano, europeu e até mundial nos anos que se seguiriam.

Em Dezembro de 1994, devido à crescente demanda por parte do público japonês, a banda lança um pequeno single de três faixas intitulado "Dungeons Of The Vatican" como edição limitada. Imediatamente, o lançamento é esgotado, o que confirma as expectativas dos fãs em torno do Time Machine. Aliás, foi por causa destes mesmos fãs que "Dungeons Of The Vatican" é hoje um item muito raro de colecionador.

Após alguns shows ao vivo, a banda entra novamente em estúdio em Maio de 1995 para gravar seu novo álbum. Como o "Act II: Galileo" foi um marco na história da banda, é necessário um novo parágrafo para discuti-lo.

Durante os seis meses que separaram o lançamento do single "Dungeons Of The Vatican" do novo álbum que logo sairia, a banda pesquisou intensamente toda a vida do mais famoso cientista italiano e um dos mais famosos do mundo que marcou história até hoje, Galileu Galilei, que no século XVII, virou o mundo de cabeça pra baixo com suas revolucionárias teorias científicas. Como a banda tivesse atingido um nível de maturidade pouco visto em meio a outras bandas italianas, o Time Machine se sentia na obrigação da fazer algo superior aos demais lançamentos. Entretanto, a line-up do novo disco seria diferente da do single anterior: dessa vez seria Folco Orlandini quem assumiria o posto de ‘frontman’ e o músico de estúdio Antonio Rotta (bat.) seria substituído pelo talentoso Nick Rossetti. Já os teclados foram inteiramente tocados e programados pelo próprio Lorenzo Deho’ e pelo produtor Bob Gramm, que deu uma grande ajuda na escrita de algumas músicas. Mais tarde, tendo letras e composições prontas e devidamente ensaiadas, a banda vai a estúdio e em cerca de um mês gravam "Act II: Galileo" com o que há de mais progressivo no som do grupo, tendo participação especial do super Steve Della Giustina, que foi responsável pelas charmosas partes de saxofone na balada melacólica "Prisioner of Dreams".

Vários shows se seguem ao lançamento do novo disco e a banda consegue aumentar ainda mais a sua boa reputação no palco confirmando o valor artístico mostrado no recente álbum de longa duração. O alto nível mantido em suas performances ‘live’ trouxe a chance ao Time Machine de conseguir fazer uma super apresentação ao lado dos nossos brasileiros Angra. Quem tem um certo bootleg do show de 06 de Abril de 96 no The Factory Club de Milão sabe do que estou falando.

Porém, foi em Novembro de 1996, com a entrada de Morby para o vocal, substituindo Folco, que se dá o show, provavelmente, de maior sucesso da banda em uma apresentação mais que bombástica abrindo para os brasileiros Angra novamente e para os franceses do Vanden Plas no Aquatica Park em Milão para uma platéia de mais de 2.000 pessoas totalmente loucas. E quem não foi, perdeu. Sensacional foi pouco. Quem já estava louco só pela idéia de ver um show com tais bandas, saiu achando que tinha passeado pelo Jardim do Édem nas aproximadas 5 horas de show. Como se não bastasse terem visto as apresentações individuais de cada grupo, a platéia teve a oportunidade de assistir aos membros das três bandas juntos em uma jam tocando nada mais nada menos que covers do IRON MAIDEN, METALLICA e o não menos poderoso SLAYER. O que dizer? Pois é, não dá pra comentar.

Poucos meses depois, de qualquer forma, em Maio de 97, a banda lança um EP intitulado "Shades Of Time" e logo depois, tocando na Rolling Stone, a mais prestigiada casa de shows da Itália; em 07 Junho do mesmo ano, o Time Machine abre o super Gods Of Metal Festival, que teve como headliner as bandas Angra e Manowar.

No último trimestre de 97, a banda repentinamente pára sua atividade ‘live’ e decide ‘deletar’ todo o material que tinham composto até o momento para o próximo álbum. Mais de 30 minutos de música e letras foram literalmente jogados no lixo, pois a banda decidira mudar para melhor e se aproximar de uma direção musical diferente. Em Setembro do mesmo ano, novamente a banda tem o vocal perdido e é Nick Fortarezza quem toma as rédeas para – segundo a banda – liderá-las daqui até a eternidade.

A partir de Junho de 98, a banda compõe cerca de 70 minutos de material novo, o qual, depois de acurada seleção, é reduzido para cerca de 50 minutos que eventualmente marcaria presença no novo disco.

Durante os seis meses de período de composição, as influências somadas de todos os membros do grupo colocariam o Time Machine em seu novo estilo: música clássica, power metal melódico tradicional, episódios acústicos e influências relativas à etnia.

A educação clássica de Steve Della Giustina (teclados e sax) como músico de orquestra no Regio teatro Di Parma e sua sólida experiência de jazz e música latina enriquece o som da banda com novas idéias, fazendo com que ganhe mais profundidade e amplitude harmônica.

Ao final de Junho de 98, o Time Machine lança um single intitulado "Secret Oceans Part 1", o primeiro episódio de uma saga intrigante e filosófica representando o conceito global com o qual a banda se propunha a lidar a partir de agora.

"Behind The Cross", a primeira faixa do single mencionado, rapidamente se torna um hit e inesperadamente gera ótimos reviews e uma divulgação maciça por toda a Europa apesar de possuir uma duração de 9 minutos e 37 segundos. Sob, então, vários pedidos insistentes de estações de rádio, o Time Machine lança "Secret Oceans Part 2" com ‘Behind the Cross’ editada. Entretanto, a ‘gema’ de tal single é a incrível versão de "I Believe Again", uma nova música até o momento não lançada, maravilhosamente interpretada pelo nosso conhecido vocalista do Angra, André Matos. Aliás, o próprio André também contribuiu na escrita da música, adicionando um toque especial de classe e – por que não? – charme a ela.

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Logo depois, devido ao grande trabalho e excelente entrosamento profissional e pessoal estabelecido entre André Matos e o pessoal do Time Machine, o mesmo André é convidado a dar uma mãozinha na mixagem do novo disco que se intitularia "Eternity Ends", o que proporciona uma qualidade ainda maior ao novo lançamento que, até agora, é clamado por ser o melhor álbum do Time Machine.

Quanto ao que vem depois ainda está para ser escrito...