Paul Di'Anno: contra todas as previsões pessimistas, um ótimo show na capital mineira
Resenha - Paul Di'Anno (Belo Horizonte, 05/02/2023)
Por Mário Pescada
Postado em 10 de fevereiro de 2023
Quando foi anunciada a tour de PAUL DI'ANNO pelo Brasil, fiquei bem animado, afinal ele fez parte de dois ótimos discos do IRON MAIDEN, deixando sua marca na história do metal. Quando fui ver a lista das cidades contempladas, quase não acreditei: essa deve ter sido a turnê agendada mais longa de um gringo pelo Brasil, não me lembro de nada perto dos seus trinta e dois shows divulgados quase que sem intervalos cruzando o país de cima a baixo.
A tour de PAUL DI'ANNO começou, como muita gente sabe, aos trancos e barrancos: atrasos homéricos, problemas no som, banda de apoio desentrosada, e claro, PAUL DI'ANNO com poucas condições físicas de dar cabo as músicas.
Mas, numa dessas recuperadas incríveis (pelo menos até aqui, já que, na data em que escrevo essa resenha, faz menos de 24 horas do show de Belo Horizonte, oitavo da longa agenda) as coisas, pelo menos até onde é possível, entraram no eixo e tivemos um ótimo show na capital mineira!
Um bom público compareceu ao Mister Rock na noite de domingo, ainda sob os efeitos de um dia inteiro de calor raio laser para conferir e, porque não, dar aquela moral ao velho Paul. As bandas de abertura se saíram bem, agitando o público presente que derretia aos poucos dentro do local ou mesmo do lado de fora da casa.
Com uns cinquenta minutos de atraso (até bom, se considerarmos que houve cidades com absurdas duas horas), foi feito antes do show um anúncio no palco em agradecimento aos presentes, mesmo sabendo das condições desfavoráveis que Paul tem e que vai carregar consigo para o resto da vida, de como esses shows têm sido importantes para ele, tanto para lhe dar uma ocupação, quanto para ajudar a custear seus tratamentos de saúde.
Por volta das 22:30, banda a postos e entra ele, PAUL DI'ANNO com um aspecto bom até, apesar do inchaço e uma cara meia "aérea", digamos. Paul nunca foi um vocalista do nível de Bruce Dickinson ou mesmo Blaze Bayley, seu estilo é mais bruto, mas seu carisma em cima do palco e conectividade com o público é impressionante.
Já ao final da primeira música, "Wrathchild", ele pediu desculpas pela falta de voz. Essa vai ser uma marca de toda turnê, potencializada pela quantidade de cigarros que ele fuma entre as músicas.
Simpático, mas de poucas palavras, disse "que precisa voltar ao Brasil", sem dúvidas o país que melhor o recebeu todos esses anos, mesmo em condições pouco favoráveis nas vezes passadas.
Contando com (agora sim) uma afiada banda, foram clássicos atrás de clássicos: "Sanctuary", "Purgatory", "Drifter" e "Murders In The Rue Morgue", essa cantada a plenos pulmões pelo público.
Visivelmente cansado e bebendo um copo de água de coco (segundo ele), Paul foi levando o show como pôde. "Remember Tomorrow", por exemplo, não fosse a banda dando aquele suporte, teria sido um fiasco, já que ele não consegue mais fazer seus agudos marcantes.
Houve ainda da sua parte logo no começo do show, a bacana atitude de convidar outro cadeirante que estava na pista para ficar e ver do palco o show. Teve até uma hora que, enquanto a banda fazia sua parte instrumental em "Genghis Khan", ele e o sujeito ficaram ali, no cantinho do palco, batendo um papo - e claro, outro dá-lhe cigarro.
"Killers" e "Charlotte The Harlot" voltaram a contar com o público cantando em massa, enquanto que "Transylvania" e "Phantom Of The Opera" foram bons testes para a banda, sobretudo seus guitarristas, mostrarem que os transtornos dos primeiros shows estavam superados. Grande performance também do baterista que batia nas peles sem dó!
Paul ainda deu um chega pra lá em um fã que chamou sua atenção por contas dos inúmeros cigarros fumados, disparando: "Eu faço o que eu quero fazer", mais PAUL DI'ANNO que isso, impossível.
Caminhando já para o fim, "Running Free" deu a deixa para a ótima "Prowler" (uma das músicas que mais gosto no IRON MAIDEN) encerrar a primeira parte. Depois de uma curta pausa, voltaram e encerraram com "Iron Maiden", fechando a noite com um ótimo show na capital mineira.
Antes de encerrar, alguns pontos: vai ser uma tour muito puxada para Paul, ainda resta uma grande parte a ser feita, tomara que ele consiga. Sua equipe de apoio se mostrou muito atenciosa, sempre de olho no que ele pudesse precisar dentro e fora do palco. E sim, o cara não consegue cantar todas as músicas de ponta a ponta, sabe-se lá o quão limpo está, mas enfim, aceitou o desafio e está lutando, show após show, merece nosso respeito.
De ruim mesmo, ficou minha experiência com a produtora Estética Torta. Foi anunciado que quem adquirisse o ingresso do primeiro lote teria direito a um meet & greet gratuito, em conjunto de 15 pessoas, sem fotos e sem autógrafos. Como não vi divulgação de como seria feito (que horas chegar, se seria antes ou depois do evento, etc.), tentei contato com a produtora por e-mail para saber como que deveria proceder então. Não recebi retorno nenhum, a casa não sabia informar e quem estava ali no atendimento, idem (só aos VIP que deram a devida atenção).
Por fim, lembre-se: "você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências", disse uma vez, com muita sabedoria, o poeta chileno Pablo Neruda.
Fotos cedidas por Luciano Roberto @luciano.roberto27
Setlist
01 Wrathchild
02 Sanctuary
03 Purgatory
04 Drifter
05 Murders In The Rue Morgue
06 Remember Tomorrow
07 Genghis Khan
08 Killers
09 Charlotte The Harlot
10 Transylvania
11 Phantom Of The Opera
12 Running Free
13 Prowler
14 Iron Maiden (bis)
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