Viper: um show cheio de problemas em Belo Horizonte
Resenha - Viper (Music Hall, Belo Horizonte, 29/09/2012)
Por Luiz Figueiredo
Postado em 30 de setembro de 2012
Um dos pioneiros do metal nacional tocou em Belo Horizonte pela primeira vez com a formação original, na noite do último dia 29. A apresentação inédita do Viper na capital mineira chamou atenção pelas falhas técnicas e pelo péssimo comportamento de Pit Passarell sobre o palco. Mesmo com a grande demora para começar, os problemas técnicos atrapalharam muito o show. Já o baixista foi extremamente desrespeitoso com pessoas que pagaram para ver uma apresentação séria e, no mínimo, profissional. Foram duas horas de cenas deprimentes protagonizadas por ele.
O Music Hall recebeu um bom número de fãs do Viper, cerca de 550 pessoas estavam lá para a tão aguardada apresentação. A banda de abertura foi o Pleiades. Banda de jovens músicos, mas velhos conhecidos do público mineiro pelos suportes a shows do Sepultura, Deep Purple e outros nomes importantes da música pesada. Cada vez mais empolgada, a vocalista Cintia Mara agitou quem estava na pista com sua performance. No setlist, músicas próprias e clássicos do metal e rock mundial. Assim o Pleiades esquentou a galera para aguardar o Viper.
Aproximadamente 1h30m após o encerramento do Pleiades, o Viper estava pronto para subir ao palco. Após a Intro, Hugo Mariutti e o batera Guilherme Martin chegaram primeiro, seguidos de Pit Passarell e Felipe Machado. Só faltava o homem de frente: Andre Matos. Ele não demorou e enlouqueceu os fãs com sua entrada. O setlist não era surpresa para ninguém. O Viper tocaria na íntegra os discos "Soldiers of Sunrise" e "Theater of Fate". Então 'Knights of Destruction' abriu a noite.
Antes de anunciar a quarta canção, 'Wings of the Evil', Andre Matos reclamou de um "apito" que vinha dos microfones a cada sílaba falada. Problema ajustado pela equipe técnica. Agora sim, André pôde desejar uma boa noite aos belo-horizontinos, pela primeira vez como vocalista do Viper. Apesar dos ajustes, os problemas técnicos afetaram ambas as guitarras, a bateria, o baixo e todos os microfones até o fim do longo show.
Mas, mesmo tão perceptíveis, os problemas de som foram ofuscados por outro problema: a postura do aparentemente embriagado Pit Passarell. Andre Matos também estava visivelmente alterado, o que o atrapalhou em algumas partes do show quando ele saia do palco e não voltava a tempo de entrar na música com seu vocal. Este fato com o André foi prejudicial à execução do show em alguns momentos. Entretanto, André não comprometeu e, considerando os problemas técnicos, a performance vocal dele não foi ruim. Mas Pit Passarell não pode ser isentado de seus atos desastrosos.
Durante as primeiras músicas, o estado do baixista era até um pouco engraçado. Porém, com o passar do tempo, suas atitudes foram atrapalhando o show. Pit Passarell interrompia Andre Matos a todo momento para falar coisas sem nexo no microfone. Além disso, ele reclamava o tempo todo de seu microfone e foi ficando irritado por aparentemente ser ignorado pelo técnico. A instrumental 'Killera', por exemplo, foi muito prejudicada pelo baixista Passarell que sequer tinha condições de tocar.
Mas o show continuava e tinha grandes momentos. 'Soldiers of Sunrise' teve uma execução brilhante dos guitarristas que interagiam muito com o público. Destaque também para a performance vocal de Andre Matos nesta música. Além deles, o baterista Guilherme Martin violentou com precisão sua bateria durante todo o show.
Uma leve alteração da ordem das músicas executadas em comparação com o cd levou a música 'H.R.' para o fim da primeira parte do show. Ela foi precedida por mais vexames de Passarell. Ele falava pela enésima vez, com voz arrastada, característica típica de pessoas muito embriagadas, que amava Belo Horizonte "pela cachaça, comida e pelas mulheres". Aquilo já tirava a paciência de alguns presentes e, nesse momento foi possível ouvir as primeiras vaias. Durante a música, ele simplesmente largou o baixo por um tempo. Encerrada 'H.R.', a banda saiu de palco sob um misto de vaias e aplausos enquanto um telão surgia do teto para exibição de documentário de 20 minutos sobre o surgimento do Viper, curiosidades etc.
O telão demorou alguns minutos para começar a funcionar e ouvir só o audio era agoniante. A idéia de exibir um documentário e cortar o clima do show foi péssima aliada à falta de compromisso do "desligado" Andre Matos e de Pit Passarell que protagonizava suas cenas de amadorismo e desrespeito ao público. Os 20 minutos de vídeo fez mais pessoas irem embora. A banda voltou no final do vídeo, enquanto o telão subia para a execução do disco "Theater of Fate".
Mas já na primeira música, a guitarra de Felipe Machado sofreu uma pane que demorou a ser resolvida pelos técnicos. Enquanto a música rolava sem a guitarra de Felipe, Pit Passarell simplesmente parou de tocar. Ele estava alucinado no palco, não se concentrou em nenhum momento do show. Pelas expressões era possível ver que os aparentemente sóbrios da banda estavam preocupados, mas faziam o possível para tocar da melhor forma. Hugo Mariutti na guitarra e Guilherme na bateria, durante um longo período em "At Least a Chance" seguraram a onda sozinhos. Devido a esses fatos, o Viper fazia um show extremamente confuso.
Os três músicos que comandam os intrumentos de cordas sentaram na frente do palco bem próximo a quem estava na grade para o belo início de 'A Cry From The Edge'. Porém, era de assustar a dificuldade em se levantar e em permanecer imóvel do baixista Pit Passarell. Além de praticamente não tocá-lo, ele usou seu baixo como bengala para conseguir se levantar.
O também alterado Andre Matos anunciou Living For The Night e cantou apenas as primeiras palavras da letra, propositalmente, deixando o público cantar o restante sozinho. Esse foi um momento muito legal, foi quando a música é cantada por todos presentes com muita vibração. Durante o momento instrumental mais agitado da principal música do Viper, Pit Passarell largou seu baixo para tentar tirar a camisa. Era difícil acreditar no que se via.
Após a música 'Prelude', a banda saiu do palco para o bis. A volta foi sem Andre Matos para tocar 'Evolution' na voz de Pit Passarell. Evolution tirou o ânimo até dos mais fanáticos que estavam na grade. Esse momento foi terrível, mas pior ainda foi quando a música acabou e o baixista ouviu vaias e xingamentos pesados contra ele em coro. A atitude, digna de um adolescente embriagado, tomada por Pit Passarell foi pedir a "quem estava gritando aquilo" para subir no palco e encarar ele. Uma vergonha completa. O show chegava ao fim com uma versão confusa de 'We'll Rock You', do Queen. A banda se despediu. O já conhecido por muitos anos de trabalho nos bastidores de shows em BH, Carlão, teve que ajudar o cambaleante Pit Passarell a sair e não cair no palco.
O público de Belo Horizonte enfrentou uma noite fria para assistir uma apresentação decepcionante do Viper. As pessoas ficaram visivelmente divididas ao fim do show. Uns mostravam certa alegria por terem visto o ídolo Andre Matos cantando e outros ficaram decepcionados por esperar quase trinta anos para ver um péssimo show do Viper. A apresentação foi prejudicada por dois integrantes, mas deve também ser lembrada pela garra de três músicos: Guilherme Martin, Felipe Machado e Hugo Mariutti. Apenas eles (os três) respeitaram os espectadores que pagaram pelos seus serviços.
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