Metal nacional bate pop em votação dos melhores de 2002
Fonte: Folha Online
Postado em 14 de janeiro de 2003
FERNANDA MENA
da Folha de S. Paulo
O disco da banda brasileira de metal místico Shaman e o da cantora de pop latino Thalia foram eleitos os melhores de 2002 pelos leitores do Folhateen em votação feita pela internet de 14 de dezembro até a última segunda-feira (6/1).
A lista dos dez melhores discos nacionais escolhidos deixou de fora o pop fabricado para adolescentes. O resultado colocou como representação do gosto dos jovens leitores do caderno o metal do Sepultura, o rock do Capital Inicial e do Charlie Brown Jr. e o rap dos Racionais MCs à frente de artistas antes consagrados pelo público adolescente como Sandy e Júnior, KLB e Twister.
Já, na lista dos dez melhores discos internacionais, o pop marcou presença com as queridinhas Mariah Carey, Alanis Morissette e Avril Lavigne. O rock insosso do The Calling e o rock baba do Bon Jovi também surgiram do além. E os veteranos do Red Hot Chili Peppers e do Pearl Jam ganharam destaque.
E o Oscar vai para...
"Estou muito contente. Imaginei que os leitores fossem eleger o KLB ou algum grupo assim como o melhor", surpreendeu-se André Matos, 31, vocalista do Shaman, que estreou no ano passado com o CD "Ritual" e levou o primeiro lugar na votação. "Na verdade, o público de rock pesado é muito fiel. Eles não são alienados, não curtem som por causa de alguma moda e fazem questão de participar da nossa carreira."
Matos acredita que o tipo de rock mais pesado retomou o fôlego em 2002. "Estamos encabeçando um retorno do metal", disse. "Esse resultado é importante. Sempre tive o sonho de trabalhar no meu país sem ter de pensar só em carreira no exterior", comemorou o vocalista.
Marcão, 32, guitarrista do Charlie Brown Jr., que ficou em quinto lugar com o seu "Bocas Ordinárias", disco lançado no início de dezembro de 2002, também celebrou o fato de as bandas de rock terem batido artistas pop _cheios de recursos e jogadas de marketing. "As pessoas estão abrindo os ouvidos. O rock é um gênero de energia jovem e boa parte do nosso público é adolescente. Mas música é democracia, e cada um escolhe a sua preferida."
Animado mesmo ficou Nego Léo, 25, baterista da banda capixaba Zémaria, que lançou seu primeiro disco em 2002, recheado de fusões espertas da eletrônica com o rock. "Que coisa linda! Não imaginava que estaríamos entre os dez mais. Que maravilha!", empolgou-se. "Fazemos um tipo de música que não é comum. Somos uma banda de rock com elementos da música eletrônica e com uma pitada de congo, que é um ritmo do Espírito Santo."
Léo explica que, por causa do nome, muita gente pensa que o Zémaria é uma banda de forró. "Por isso tivemos de caprichar na capa do disco e em todo o trabalho. Foi uma luta para lançar esse CD. Arriscamos tudo e sabemos que o resultado é inovador."
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