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Noturnall: a posição desprivilegiada (ou não) do teclado no rock

Por Eliton Tomasi
Fonte: SOM DO DARMA
Postado em 26 de junho de 2014

O tecladista Junior Carelli é o mais novo entre os cinco consagrados músicos que formam o supergrupo Noturnall. Mas não o menos experiente.

Juninho, como é chamado pelos mais próximos, começou a estudar música aos nove anos de idade e já possui passagens por grupos de sucesso, como a banda Viva a Noite do programa Pânico, onde tocou por vários anos.

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Apesar da sua paixão pelo rock e metal, Junior Carelli reúne influências de vários segmentos musicais como o jazz e a música gospel. Ele frequentemente lança trabalhos solos voltados para esses segmentos.

Conversamos com o tecladista para saber um pouco mais sobre sua carreira musical e seus trabalhos paralelos no campo do audiovisual através de sua produtora, a Foggy Filmes. Não obstante, discutimos um pouco mais sobre a posição desprivilegiada (ou não) que o teclado ocupa no rock.

Juninho, dos quatro membros do Shaman que hoje formam o Noturnall, você foi quem entrou para a banda por último. Também não conhecemos muito sobre sua carreira como músico de metal antes do Noturnall e do Shaman. Por favor, para começar essa entrevista, nos conte um pouco mais sobre sua trajetória musical até aqui.

Junior Carelli - Eu comecei muito cedo. Desde os cinco anos de idade já tinha contato recorrente com música por causa da minha igreja. Aos nove comecei a estudar e aos 12 já estava no Conservatório Fundação das Artes. Desde então segui firme até o final! Fiz várias aulas particulares de aprimoramento com o Emílio Mendonça da EMT e workshops sensacionais com Nelson Ayres. Nesse meio tempo já tocava em banda de baile, tinha uma banda cover do Dream Theater (Rock, Prog, Metal e Jazz sempre foram os estilos que mais focava nos meus estudos musicais), tocava na igreja e comecei a acompanhar alguns artistas até finalmente aos 18 anos entrar na banda Viva a Noite do Pânico na TV, onde fiquei por mais de seis anos. Durante esse tempo na banda mantive minhas produções, carreira solo, tinha uma banda de pop, acompanho até hoje uma cantora de salsa, a Kelly Moore, que participava do Raul Gil. Foi então que fui convidado a entrar para o Shaman e não consegui mais segurar as duas agendas, optando assim em deixar o Pânico na TV e focar no Shaman. Hoje também tenho minha própria produtora, a Foggy Filmes (sou formado em Rádio e TV além de Técnico em Publicidade e ADM) e agora o Noturnall.

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O heavy metal é sempre lembrado por seus grandes vocalistas e guitarristas, especialmente. Bateristas também são referencia, enquanto que baixistas tem o seu lugar. Entretanto, os tecladistas de heavy metal quase nunca são lembrados e raramente são referencia em seus instrumentos, com exceção de alguns músicos. Como é então para um tecladista tocar heavy metal sem ter grandes referencias?

Junior - Sempre fui um nerd estudioso de merda. Então tenho grandes inspirações em nomes do fusion e do classic rock como Deep Purple, The Doors, Chick Corea, Kevin Moore (que tive a honra de dividir uma faixa de um trabalho muito legal com ele - novidades em breve), Derek Sherinian, Jordan Rudess, Thelonious Monk, etc. Sempre procurei sugar desses caras o que preciso para as composições, aplicando a minha técnica e estilo. Também gosto de carregar tralha e tocar com um teclado pendurado num balanço, inclinado, de pé, usando também pedestais que a ASK me ajuda a desenvolver pra ser bem particular. Espero que eu possa ajudar a divulgar o teclado no rock/metal, pois por mais que não seja um instrumento tão popular e quase nunca a primeira opção do roqueiro que quer estudar música, o teclado é essencial em praticamente todos os estilos de música.

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Dentro do rock, o rock progressivo é o segmento onde o teclado é, na maior parte do tempo, o carro chefe. Rick Wakeman, Tony Banks, Keith Emerson, Thijs Van Leer, entre tantos outros são frequentemente citados por tecladistas de metal como referencias. O que falta então para que no metal o teclado seja um instrumento mais explorado? Quando poderemos ouvir no heavy metal toda essa riqueza de timbres com moogs, mellotrons, hammonds, rhodes, etc, que os tecladistas de rock progressivo dos anos 70 tanto nos presenteavam?

Junior - Esses caras me influenciaram demais também, mas acho que usar somente o que eles usavam nos anos 70, hoje em dia, vai trazer de volta algo que já foi feito. É algo que amo, mas talvez não seja o caminho que escolhi. Tenho uma tendência pouco saudosista. Apesar de fazer solos bem inspirados em Emerson Lake & Palmer, por exemplo, tento trazer o que esses caras fazem pra linguagem e timbres mais atuais, parafraseando elementos que são menos comum no metal, pra tentar abrir mais o leque.

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Diferentemente do som do Shaman, o Noturnall tem uma sonoridade deveras pesada, muitas vezes com afinação baixa. No Noturnall seus teclados estão constantemente dialogando com riffs de thrash e death metal. Você teve que mudar sua forma de tocar para adaptar-se a essa sonoridade pesada do Noturnall?

Junior - Na verdade no Noturnall eu sou o tecladista que faz as guitarras (risos). Isso valoriza o instrumento, me permite tocar o tempo todo e não cansa quem ouve. Pinta na hora certa, dialoga com a música, permite usar timbres mais agressivos e pesados somando na mix sem abafar ninguém. Acredito que o músico tem que tocar pra música, buscando um som foda. Dessa forma, consequentemente, todos aparecem e se dão bem.

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Juninho, você tem uma carreira paralela na música gospel. Primeiro, gostaria que você comentasse mais sobre ela. Quantos trabalhos você já lançou e qual a freqüência de shows e prioridades considerando o Noturnall e Shaman? Aliás, o que veio primeiro, o rock ou o gospel?

Junior - É... Isso é meio polêmico no metal de vez em quando, apesar de que tem muito metaleiro cristão. Eu toco com o pessoal do Voz da Verdade, vai sair em breve o segundo DVD desse trabalho que faço com muito amor e carinho. São meus amigos de infância e com uma proposta muito legal. Como disse anteriormente, eu sou um cara que ama música, escolado no rock/metal, mas tenho a mente aberta pra aprender a tocar e ouvir de tudo que for bom. Ademais, o gospel vem atrelado ao rock (odeio o termo gospel). Sempre fui um roqueiro com espaço pra tocar na igreja. Influencie muita gente da igreja a gostar de rock.
É um seguimento no Brasil de muitas bandas boas como, por exemplo, o Oficina G3, do meu amigo Jean (tecladista), que é uma grande referência entre os tecladistas nacionais e até internacionais. Pegando o gancho, além do gospel e rock/metal, eu também toco lounge/acid jazz com meu brother Guga Machado num trabalho instrumental. Também faço salsa, toco num trio de jazz e tenho algumas coisas rolando no mundo do eletrônico (progressive house/dubstep/glitch hop). Eu amo música acima de qualquer treta de estilo ou ideologia.

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O ex-vocalista do Raimundos, Rodolfo Abrantes envolveu-se numa grande polêmica há algumas semanas com seus ex-companheiros de banda tendo como raiz a sua orientação religiosa. Para você, como é conviver entre esses dois extremos, o secular e o religioso, ainda mais considerando que o rock é, por livre associação, um segmento musical agnóstico, de contestação?

Junior - Não quero entrar em detalhes religiosos, mas penso de um jeito e levo minha vida assim. Acho que o importante é que isso não prejudique a banda e seus integrantes. No caso do Rodolfo, ele está fazendo o corre dele, mas não sabemos das tretas vendo de fora, só eles mesmo e que seja assim. Ele faz um lance legal no gospel e fazia um mais foda ainda no Raimundos, então bola pra frente.

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Eu soube através de uma outra entrevista que você está trabalhando também num disco de jazz/fusion. Gostaria que você nos desse mais detalhes sobre esse detalhe e falasse o quanto a escola jazzística é importante na sua formação como músico?

Junior - O jazz é uma das fundações da minha musicalidade. Não quero abrir muito sobre esse novo projeto ainda, é algo muito embrionário, mas posso adiantar que é com um time bem pequeno... e bem encrenqueiro! (risos)

Além de ser o tecladista do Noturnall, junto com sua produtra Foggy Filmes você também é responsável por muitos trabalhos da banda em termos de imagens e vídeos. O vocalista Thiago Bianchi também é proprietário do Fusão Studios onde a banda realiza a maior parte de suas gravações. Aliás, ele disse numa entrevista recente que o Noturnall é "uma banda auto-suficiente" em suas produções. Esse seria o segredo para ganhar dinheiro com música hoje no Brasil? No seu caso, o que vem primeiro, o trabalho como diretor de vídeo ou como músico?

Junior – A música na minha vida sempre se misturou com direção e produção de áudio e vídeo. São coisas muito atreladas pra mim. Tanto é que muitas pessoas do meio musical que pedem os serviços de vídeo da Foggy, acabam querendo envolver o meu lado musical também. É o show business em ‘loop’ na minha vida. E eu amo isso! Muitas noites sem dormir com sorriso no rosto editando, escrevendo, tocando, estudando, compondo, dirigindo, dando aulas (na EMT de áudio e vídeo). Sou muito feliz com o que faço! E o Thiago, meu irmão e parceiro, é um idealista, maluco, com um puta estúdio e um puta bom gosto! Não posso deixar de citar o Fernando Quesada e meu sócio braço direito salvador, Rudge Campos, dois gênios e irmãos.

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Já sabemos que o Noturnall está compondo material para um próximo disco e que ele deverá ser ainda mais pesado que o primeiro. Isso significa que teremos menos teclados no álbum?

Junior - Com certeza não! Serão mais elaborados, colocados na hora certa, dobrando e duelando pra caramba com o maldito do Leo Mancini! (risos)

Aliás, quais são os cuidados que se deve ter com seu instrumento em estúdio, no momento da mixagem de um disco, por exemplo, para que os teclados não fiquem tão evidentes e descaracterizem um som, mas que também não sumam, como acontece com a maioria dos discos de metal. E também quais seriam os cuidados para os shows ao vivo?

Junior – Bom, nos shows ao vivo a dica é: puxe o saco e compre cigarros para o técnico de som! (risos). Uma vez me disseram para gravar com os teclados no volume da mix mais ou menos. Se o resultado for o esperado, isso significa que você acertou o timbre. Se não, volta pra síntese da parada e faça acontecer.

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Juninho, obrigado pela atenção. Quero finalizar essa entrevista valorizando mais seu instrumento no heavy metal. É normal discutir-se quais são os melhores riffs de guitarra de todos os tempos, ou os melhores agudos e assim por diante. Gostaria que você citasse pelo menos cinco músicas de metal com as melhores camas ou acordes de teclados.

Junior – Vou citar "Wait For Sleep", "Strange Deja Vu" e "Take The Time", todas do Dream Theater. Também menciono "Spain" do Chick Corea e "Smoke On The Water" do Deep Purple que tem o riff mais "guitarrístico" feito por um organista. Enfim, tem muitos legais, mais ai estão cinco que me influenciaram bastante.

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Queria agradecer e parabenizar o trabalho da Casio com suas linhas novas que me apoiam sempre. Também a ASK Pedestais, pedais Fuhrmann, cabos Tecnforte, fones Xtreme Ears, além da EMT Escola de Música, Foggy e Fusão Studios. Todos me ajudam nessa jornada difícil, porém maravilhosa. Obrigado a todos que apóiam e curtem o meu trabalho. E a nós, tecladistas, nerds excluídos da rodinha "cool" de guitarristas e bateras! (risos). Obrigado pelo espaço e espero que contem comigo mais vezes.

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Sobre Eliton Tomasi

Empresário artístico, gestor e produtor cultural, crítico musical. Foi fundador e editor-chefe da revista Valhalla (Rock Hard Brasil) - uma das mais importantes revistas especializadas em rock já existentes no Brasil - através da qual tornou-se um experiente e respeitado jornalista de rock. Há 20 anos atua como produtor de shows e eventos tendo já realizado desde pequenas gigs até produções internacionais de grande porte. Especializou-se na função de empresário e gestor de bandas e artistas nacionais e internacionais, participando da elaboração de diversos projetos culturais na área da música (rock) e realizando turnês freqüentes por todo Brasil e em mais de 15 países da Europa.
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