Bar João: o templo dos headbangers gaúchos
Por Maicon Leite
Fonte: Tá no Sangue!
Postado em 21 de março de 2015
Dando continuidade aos textos especiais sobre o Rock Pesado Gaúcho, presentes na trilogia "Tá no Sangue! – A História do Rock Pesado Gaúcho – Parte 1", agora relembraremos um pouco da história do famoso e inesquecível Bar João, que por muitos anos deu vida à Avenida Osvaldo Aranha em Porto Alegre, reunindo várias tribos e servindo de palco para diversos shows marcantes do underground gaúcho. Fundado em 1946, em outro local, foi somente em 1979 que o saudoso Júlio Leite comprou o bar, que ficou aberto até 2003, fechando assim um ciclo na vida dos porto-alegrenses, hoje órfãos deste importante local de convergência cultural de grande importância para o Heavy Metal. Afinal, foi de lá que surgiram várias bandas e muitas amizades.
Um dos vários frequentadores assíduos era Edu K, do DeFalla, que relembrou em entrevista para o livro, das famosas cachaças que o bar servia: "Era a época da cachaça do João, do leite de onça, da cachaça dos Teletubbies, a gente estava sempre muito bêbado, muito louco. Tinha uma união legal da galera, mesmo que não se gostasse muito, se encontrava, saía junto, bebia junto, assistia shows junto. Rolou muita coisa, muita diversão, muita "chinelagem". Tinha que fazer um livro sobre a Osvaldo, o problema é fazer os caras lembrar as coisas. Mas não era só o lugar… Teve uma certa magia mesmo, uma cena que acontecia, era uma certa ingenuidade que conspirava pra aquilo acontecer, e eu sinto falta disso, as coisas eram mais importantes, as coisas pequenas".
Diego Kasper, ex-guitarrista do Hibria, falou da importância de Júlio Leite para a banda, quando ainda davam seus primeiros passos: "O Júlio foi um cara que nos ajudou pra caramba desde o início. O cara que primeiro abriu as portas, ele participava, apoiava até financeiramente os cartazes que a gente fazia, até num bar que não era dele, mas ele ia lá e entrava como apoiador, nós colocávamos o logo dele, do bar. Era um cara pra quem a gente deve um grande agradecimento".
Depois que o Bar João fechou as portas, Porto Alegre perdeu uma parte de sua história, e com a morte de Júlio em 2011, as esperanças de que o bar reabrisse ficaram apenas no sonho de quem lá vivia. Neste período, o local chegou a ser comitê de partido eleitoral, até ser demolido recentemente. Em "Tá no Sangue! – A História do Rock Pesado Gaúcho – Parte 1", há um capítulo especial sobre os Points de Rock de Porto Alegre, como o Bar Ocidente, Lola, Rolla Rock, as divergências entre as tribos (as famosas brigas entre Punks e Bangers), etc.
Para ler mais depoimentos e outros textos e relembrar alguns acontecimentos, acesse o site oficial www.tanosangue.net, e para quem quiser adquirir o livro e conferir tudo o que se passou na cena gaúcha até 1989, basta conferir os locais de venda em
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A primeira parte de "Tá no Sangue! – A História do Rock Pesado Gaúcho" foi lançada na 60º Feira do Livro de Porto Alegre no ano passado, e aborda os primórdios do Rock Pesado Gaúcho, desde os anos 60 e 70 até o final de 1989. No próximo mês de novembro será lançada a segunda parte, destacando somente a década de 1990, e é claro, dando continuidade nos fantásticos depoimentos de quem sobreviveu às inúmeras cachaçadas neste verdadeiro patrimônio histórico gaúcho.
Créditos da foto: Alexandre Azambuja Guterres – Júlio Leite é o primeiro à direita
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