EsterilTipo: Os melhores álbuns internacionais de 2019
Por Ricardo Cunha
Fonte: esteriltipo
Postado em 24 de dezembro de 2019
10) SISTERS OF SUFFOCATION - HUMANS ARE BROKEN
Banda Death Metal 80% feminina. Original de Eindhoven (Holanda), o grupo é formado por Els Prins (vocal), Simone van Straten (guitarra principal), Emmelie Herwegh (guitarra base), Puck Wildschut (baixo) e Kevin van den Heiligenberg (bateria). Fundado em 2014, dois anos depois lançou Brutal Queen (EP, 2016) e o Anthology of Curiosities – A Tribute to Bidi (2017). Humans Are Broken é o segundo álbum desta jovem banda holandesa e, certamente, o mais forte. Fazendo um som absolutamente esmagador, as meninas conseguem preencher os espaços mais propensos à brutalidade com boa técnica musical e, claro, boa produção.
9) BURNING GLOOM – AMYGDALA
Banda formada em 2018 na cidade de Milano/Itália que se chamava MY HOME ON TREES até 2018, mas ao reorientar sua música, se deparou com a necessidade de mudar também de nome. Atualmente, formado por Laura Mancini (vocal), Marco Bertucci (guitarra), Giovanni Mastrapasqua (baixo) e Marcello Modica (bateria), o grupo acaba de lançar o primeiro álbum sob a nova alcunha. Amygdala é um trabalho orientado para o peso e a distorção, portanto, não espere encontrar aqui, nada que não seja rejeição e desgraça. A banda está criativamente instigada e, neste disco, conseguiu produzir uma música hipnótica que – guardadas as proporções – só encontrei paralelo com os brasileiros do Black Witch. O som é uma junção de Stoner, Sludge e Doom, tudo misturado e embrulhado para presente.
8) WALKING STONE GIANTS – SOME HELL IN MY HEAVEN
Banda da Grécia fundada por Janis Aslanidis em meados de 2013. A música do grupo é influenciada por sonoridades que vão do Blues ao hard rock, e do rock dos anos 70 aos 90. A escolha de uma afinação mais grave ajudou a banda a descobrir um som que une a velha nostalgia do passado com a energia dos dias atuais. Em Some Hell in my Heaven (2019) a banda conseguiu fazer um disco no qual todos elementos do bom Rock 'N' Roll estão perfeitamente calibrados. Nota-se um grande senso de medida e de bom gosto na escolha das afinações e dos timbres. Bom, pelo menos do ponto de vista deste que vos escreve, o disco é merecedor dos melhores elogios. O som, que é orientado pela guitarra é agradável na maior parte do tempo e, nesse sentido, uma das coisas que mais chamou minha atenção foi a semelhança dos solos de guitarra com o estilo do bluesman Eric Johnson, de quem também sou fã.
7) KING GIZZARD & THE LIZARD WIZARD – 'INFEST THE RATS' NEST'
KG&TLW ficou conhecida por fazer álbuns completamente diferentes entre si. Fundada em 2010 em Melbourne, pode-se falar da banda como uma metamorfose psicodélica ambulante. Sua sonoridade extrapola o esquisito, mas suas performances ao vivo são famosas por serem altamente empolgantes. 'Infest the Rats 'Nest é o décimo quinto álbum de estúdio e mostra mais uma das facetas da banda: Desta vez da banda flerta fortemente com o metal além de conceber uma mensagem ambiental que tem tudo a ver com as discussões sobre as mudanças climáticas em pauta. Ao longo dos anos o grupo mudou seu som com mais frequência do que a maioria de nós muda de roupa. Mas dessa vez, os caras fizeram um disco que pode muito bem se enquadrar na categoria "metal". Como inspiração, ancoraram as composições, ora em nomes dos anos 70, como Sabbath e Motörhead; ora em nomes mais modernos como Anvil e Exodus. Assim, neste disco, mais do que em qualquer outro, o KL&TLW se assume como um monstro de sete cabeças, não apensas pela capacidade de transitar entre os diversos domínios da música, mas também por fazê-lo com extrema facilidade.
6) GREEN LUNG – WOODLAND RITES
Green Lung se define como uma banda de "heavy psych". Natural de Londres, o grupo é formado pelo vocalista Tom Templar, o guitarrista Scott Black, o baixista Andrew Cave, o baterista Matt Wiseman e o tecladista John Wright. Seu primeiro registro de estúdio foi o EP Free the Witch (2018), desde então, rapidamente chamou a atenção da gravadora Kozmik Artifactz, que lançou seu novo álbum este ano (2019). Woodland Rites é um disco cheio de músicas marcantes e tem tudo pra ganhar o grande público. O som, apensar de ser similar ao de outras bandas londrinas dos anos 90, encontra compensação através de uma proposta mais ousada nos riffs, que pendem mais para o peso, e nas letras, que em geral, são sarcásticas e brincam com a forma como as pessoas se dedicam à uma religião e aos seus símbolos. Alguns sites especializados estão definindo o som da banda como Doom Metal, o que discordo frontalmente. A despeito do apelo para o lado mais "malvado" creio que Woodland Rites" realizará melhor o seu potencial junto de um público mais qualificado para o "melódico/acessível".
5) GIN LADY – TALL SUN CROOKED MOON
Banda fundada no início de 2011 pelos músicos Joakim Karlsson, Magnus Kärnebro, Anthon Johansson, Fredrik Normark e Klas Holmgren. O grupo é influenciado por artistas como The Faces, Alice Cooper, Master's Apprentices, Cream e Blue Oyster Cult. O som é direto e baseado nas raízes do bom e velho rock n' roll. Os músicos se juntaram após o fim de suas bandas anteriores Black Bonzo e The All Janet. Com estas, já demonstravam gosto pelos detalhes e pelo ideal de simplicidade e perfeição, mas, depois de 4 álbuns lançados sob o nome Gin Lady, vemos que os melhores aspectos dessa trajetória permanecem inalterados. Tall Sun Crooked Moon é um disco para quem está cansado de virtuosismo gratuito e deseja viajar através de melodias que transcendem inversamente a exacerbação de um cenário no qual os artistas almejam mais estar sob os holofotes do que fazer música boa de verdade. Os caras não se importam com o rumo para o qual sua música se dirige. Como uma banda cujo apelo é notoriamente comercial, abriu mão de um som pop moderno para algo orientado para o rock dos anos 60/70, e tudo indica que a opção foi acertada.
4) MONKEY3 – SPHERE
Para uma banda com mais de 15 anos de atividade, eles continuam sendo um belo segredo restrito ao underground europeu – bom, pelo menos para quem está fora dele. Nativo de Lausanne/SWI. O Monkey3 teve sua origem em 2001 quando amigos se reuniam para jams. Em 2003, oficializaram a banda com a seguinte formação: Picasso (baixo), Walter (bateria), Boris (guitarra) e DB (teclados). Em Sphere, eles extrapolaram essa classificação. Aqui, a banda conseguiu fixar um eixo sólido em torno do qual gira uma infinidade de atmosferas heterogêneas que induzem a uma viagem insólita pelo espaço sideral que poderia muito bem significar o universo interior de cada um de nós. A "Esfera" do qual trata o conceito pode ser um conjunto de reminiscências intermitentes inseridas propositalmente para que o que está sendo dito através das harmonias possa ser preenchido pelo ouvinte com sua própria imaginação.
3) SOEN – LOTUS
Soen é um supergrupo de metal progressivo da Suécia, composto por músicos que ganharam fama em bandas de metal extremo. A formação original era composta pelo ex-baterista do Opeth, Martin Lopez, o ex-baixista do Death, Testament e Sadus, Steve Di Giorgio, o vocalista do Willowtree, Joel Ekelöf e o guitarrista Kim Platbarzdis. A sua musicalidade é inquestionável. Tudo se encaixa naturalmente e músicas como Opponent, Martyrs e Covenant mostram como Soen está comprometido com tal fórmula. Lotus quase atinge a marca de uma hora de duração, como de costume. Contudo, diferentemente da maioria dos discos que já ouvi esse ano, não me senti cansado ou aborrecido ao longo das 9 faixas em seus 54 minutos. À propósito, penso que se trata de verdadeira fruição quando o sentimento mais presente numa audição é o prazer de ouvir as músicas até o fim e, mais do que isto, sentir-se curioso quanto ao que viria nos próximos segundos.
2) TOOL – FEAR INOCULUM
Tool foi fundado em 1990 na cidade de Los Angeles/Califórnia. A formação atual conta com o baterista Danny Carey, o guitarrista Adam Jones, o vocalista Maynard James Keenan e o baixista Justin Chancellor. Depois de muitas reviravoltas e do consequente tempo perdido, como restabelecer o elo entre o que a banda significou e o que ela pretende ser? Bom, a idade chega para todos e, nesse caso, certamente influenciou positivamente. Depois de tantas intempéries Keenan amadureceu com dignidade e as transformações ocorridas na sua vida pessoal estão refletidas no seu modo de compor. Nesse contexto, "Fear" é pode ser entendido como o disco em ele [James] mais confiou nos próprios instintos e no coração. Assim, a principal conseqüência disto para este trabalho, é que as pessoas irão amá-lo ou odiá-lo pelos mesmos motivos. Mas, no fundo, nada disso importa. O lançamento é uma boa oportunidade para reaprender a ouvir música, buscando identificar detalhes e nuances.
1) OPETH – IN CAUDA VENENUM
Fundada em 1990 na cidade de Estocolmo/SWE, O Opeth tem o death metal em seu DNA. Mas por um capricho puramente humano rompeu com esta cadeia genética mudando sua música radicalmente. Em poucos anos a banda mudou sua música como da água para o vinho, saindo de uma música radical e para algo progressivo e melódico. Entre as várias formações o vocalista, guitarrista e compositor, Mikael Åkerfeldt tem sido a única constante na banda. E, tal como Chuck Schudnder (Death), é a mente criativa a frente do grupo. In Cauda Venenum é um álbum conceitual e foi originalmente escrito na língua materna da banda durante um ano "sabático" para Åkerfeldt. Mas acabou sendo em duas versões, uma no idioma original (sueco) e outra no inglês. A expressão "In Cauda Venenum" tem orígem no latim e traduz-se por "cauda venenosa", que significa algo como "surpresa indesejada no final". Todas as canções giram em torno desse conceito que conta um drama do ponto de vista de alguém que presencia ou tem consciência dos fatos, mas sem neles interferir.
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