Dinho Ouro Preto: ele se arrepende de ter criticado bandas emo no passado
Por Igor Miranda
Postado em 24 de novembro de 2020
O vocalista Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, revelou em seu canal de YouTube, com falas transcritas pelo Whiplash.Net. que se arrepende de ter feito críticas às bandas brasileiras dos movimentos emo e happy rock. Anos atrás, entre o fim dos anos 2000 e o início da década de 2010, o cantor dizia em entrevistas que não gostava desses grupos e por vezes até debochava do trabalho deles.
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Durante o vídeo, foi resgatado um trecho de uma entrevista que Dinho Ouro Preto concedeu a Lobão, na finada MTV Brasil. Na ocasião, Dinho declarou que sentia certo desdém pelas bandas dos movimentos emo e happy rock. O cantor ainda disse que a comparação deveria ser feita entre elas e boybands como Menudo, e não com outros nomes do rock.
De início, o frontman do Capital Inicial comentou que Lobão "é um cara que se caracterizou por ser uma metralhadora giratória de se pautar por esculhambar a obra dos outros". "Por muito tempo, acho que eu fazia algo parecido", completou.
Dinho refletiu que, na década de 1980, os músicos de rock criticavam bastante os artistas da geração anterior, especialmente da MPB, que traziam proposta musical mais abstrata, enquanto as bandas de rock eram mais diretas. "No começo, a gente pegava muito no pé da geração que nos precedeu, do Caetano Veloso e do Gilberto Gil", disse.
Porém, com o tempo, o vocalista disse ter entendido que não é necessário "pisar em ninguém" ao tentar provar um ponto ou reforçar uma opinião. "Dá a impressão de que você está torcendo mais pelo fracasso alheio do que pelo seu próprio sucesso, ou que para gostar da gente, precisa odiar outro tipo de música. Não acho que funcione desse jeito. [...] Posso fazer minha música e buscar minha expressão sem precisar do massacre de outra pessoa", afirmou.
O contexto da crítica - e a mudança
Em seguida, também foi explicado o contexto da crítica feita não só nessa entrevista a Lobão, como, também, em outras aparições públicas naquele período. "Eu estava vendo o caminho para o qual o rock brasileiro seguia. Via as gerações se sucedendo. Tinha Raul, Rita, Mutantes. Depois a nossa geração. Depois tem Charlie Brown, Planet Hemp, Raimundos, CPM. Todas se seguiram. A impressão que tive é que em algum momento o rock havia tropeçado em qualidade. Acredito que a queda estava visível em artistas como o Restart", disse.
Apesar disso, a mentalidade de Dinho mudou com o passar do tempo, não só por ter adotado um posicionamento mais positivo, como, também, por ter enxergado virtudes em bandas como Fresno e NX Zero. "A verdade é que há muito talento nessa geração. Talvez eu estivesse olhando no lugar errado. O correto talvez seria eu fazer algo mais afirmativo: procurar os artistas talentosos e dar visibilidade a eles, falar do que eu aprovo. Não me pautar por bad vibes", afirmou.
O vocalista, inclusive, entrou em contato com os músicos do Restart para se desculpar. "Não gosto da música deles, acho que outros artistas se saíam melhor, mas eu os procurei e disse que não queria pautar minha carreira assim. Não queria ser conhecido como alguém que você iria procurar para saber do que ele desgosta, ou sobre o que ele vai falar mal agora.
Por fim, Dinho reforçou que Lucas Silveira, vocalista e guitarrista da Fresno, foi o produtor do álbum mais recente do Capital Inicial, "Sonora". "A grande ironia do destino: uma das grandes coisas positivas que está acontecendo no rock brasileiro é, justamente, o Fresno. O Lucas Silveira é um exímio músico, um artista full-time e grande compositor. Hoje em dia, na cena do rock brasileiro, há vários outros grandes nomes, de rock independente, de metal, de punk, de rock corporativo/comercial. Há grandes nomes em todas essas direções", disse ele, que revelou ter se desculpado também com Silveira.
Assista ao vídeo, na íntegra, no player a seguir:
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