"A banda estava mal, ninguém queria pagar o cachê", relembra empresário do Angra
Por Emanuel Seagal
Postado em 30 de setembro de 2021
Paulo Baron, empresário da Top Link Music, produtora que já trabalhou com shows e turnês de bandas como Anthrax, Bon Jovi, Bruce Dickinson, Dio, Megadeth, Motörhead, Scorpions, Twisted Sister, e muitos outros em mais de 30 anos de atividade, participou de uma entrevista ao canal de Thales Queiroz no YouTube. No trecho abaixo, transcrito pelo Whiplash.Net, o empresário fala sobre seu trabalho com o Angra.
"Quando o Angra me procurou para empresariar eles, eu por três vezes falei pro Kiko Loureiro que eu não queria, porque eu tenho uma personalidade muito forte. Minha personalidade é exatamente como comentei pra você. Eu não sou um cara para estar atrás, eu sou um cara líder. Este é meu temperamento, e quando você tem esse temperamento, é difícil. É como se você guardasse um leão dentro de uma jaula, dentro da tua casa. Se ele sente cheiro de carne em algum momento ele vai quebrar essa jaula. Então para que isso não aconteça eu sempre deixei bem claro para todas bandas que eu empresario, que eu sou líder. Eu tenho meu jeito de agir, e meu jeito de levar as coisas. Aí cabe a banda decidir se quer ou não quer.
"No caso do Angra eu acredito que isso caiu muito bem porque realmente, a banda quando eu entrei estava muito mal, ninguém estava querendo nem pagar 5 mil reais pra banda. Foi pouco tempo depois que eles fizeram aquela apresentação lá no Rock in Rio, que foi desastrosa.
"Quando eu entrei na banda eu mudei muitas coisas. Eu acredito que os fãs do Angra são muito emotivos, existe muita emoção, muito calor, e de repente começaram a ver-me, que eu aparecia em todos os momentos com a banda, no canal. O Angra também foi a primeira banda a ter um canal, e nós íamos mostrar todas as coisas que estavam acontecendo. Então as pessoas começaram a me ver muito dentro deste mundo. Então acredito que o fã, ele me via mesmo como um membro, independente que tenham pessoas que gostassem da influência que tive na banda, ou pessoas que talvez não gostem, inclusive, não tenham empatia com meu jeito de falar, ou meu jeito de ser, mas os resultados são a importância de tudo. Afinal de contas o Angra fez uma turnê com mais de 100 shows, uma turnê enorme por todos os continentes. O Angra se levantou, se ergueu, várias vezes nesse processo, estive sete anos com a banda. Primeiro ao ter se levantado daquele assunto triste que aconteceu no Rock In Rio, depois ter de novo, se reerguer com o novo vocalista, e ir construindo, e depois perder o Kiko Loureiro no meio desse processo, que era um dos líderes da banda, que era a cara da banda. Aí reerguer-se de novo, e mesmo assim, depois de não termos o Kiko Loureiro, lançar um super álbum, como foi o 'Ømni', e sair em turnê, nessa turnê gigante que tivemos no mundo todo, eu acredito que são os fatos o que importam na situação.
[...]
"Os fãs do Angra, como os do Iron Maiden, que são bem similares, são muito emotivos, muito passionais, então eles querem criar fantasmas. 'Ah, o Baron saiu do Angra porque estava puto, porque brigou com o Rafael'. Não, Rafael e eu continuamos sendo amigos, inclusive eu tenho um apartamento em São Paulo e outro em Balneário Camboriu. Então eu passo normalmente nesses três lugares e o Rafael esteve lá para tomar um vinho. Me levou um vinho, me levou de presente o 'Ømni', o novo DVD deles, esteve lá, conversamos um tempão, me pedindo conselhos. Eu falo com todos eles naturalmente por mensagem, por telefone. Existe um amor, um carinho, e o respeito pelo que construí dentro dessa banda. O que é importante? Eu acredito que são os fatos, pois isso aconteceu.
"Eu acredito que hoje sou o único cara do show business que está por trás das cortinas que não está por trás das cortinas. Estou sempre na frente, falando em uma entrevista, as pessoas gostam de fazer entrevista comigo, pois sabem que eu falo as coisas. Eu não tenho nenhum problema em falar. Então por que eu teria medo de falar? O que mais importa é que minhas contas estão zeradas, e as bandas todas que participei, além de ter tido sucesso, não encontraram nenhum tipo de irregularidade, nunca, porque é assim que tem que ser o trabalho. O meu trabalho não é sair e me divertir, simplesmente. Eu me divirto, sim, mas o meu trabalho é fazer com que a banda tenha sucesso e que essa banda ganhe dinheiro."
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