Docaos: A nova música brasileira (entrevista)
Por Vicente Reckziegel
Postado em 23 de setembro de 2021
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Gosta de experimentalismo? Músicas que fogem do óbvio, sem medo de inovar, mesmo que nem sempre tenham o resultado esperado, mas sem pestanejar em fazer algo diferente. Uma boa pedida, se for essa sua praia, é a banda Docaos, que faz um interessantíssimo som que mistura o rock com outras sonoridades brasileiras. E igualmente interessante ficou essa entrevista, mostrando que a banda tem muito a contar para seu público.
Vicente – Logo do cara o nome da banda chama atenção. Qual o motivo para batizarem de Docaos?
Por incrível que pareça o nome nem chegou a partir da banda (risos)
Em uma ocasião, estávamos todos na casa de um grande amigo da banda chamado Renan Samam que é um músico/produtor muito relevante no Hip-hop e nos ajudou muito na primeira música demo da banda.
Quando o Renan ouviu o nosso som e trocou uma ideia para entender as nossas referências e ideias a primeira reação dele foi soltar "Vocês são das ruas, o som de vocês é DO CAOS", e isso soou muito forte e impactante, até pelo fato da pronúncia em português "do caos" como algo que surgiu de um caos ou em Inglês a pronúncia "Do Chaos" que também soava legal e tinha muita conexão com tudo que estávamos vivendo durante a pandemia.
Vicente – Após um longo período de incertezas durante a pandemia, agora parece haver uma sinalização de retomada, ainda que lenta, das apresentações com público. Como acreditam que vai ser esse futuro próximo para as bandas em geral?
O nosso maior anseio era por este momento, das coisas começarem a dar um sinal de retomada, desde o início a nossa maior esperança era mostrar nossas composições ao vivo pra criar conexão com o público que acompanhou nossa trajetória. Eu (Thiago Augusto) particularmente acredito que a maior conexão que pode existir, entre o autor da arte e quem a consome, é ali no ao vivo. Então acredito que as bandas que conseguiram suportar todo esse período difícil vão ir com força total quando tudo melhorar.
Vicente – Vocês acabam de lançar "Escolha: Keywords". Conte-nos um pouco sobre o processo de composição e gravação do mesmo.
Apesar de ser o primeiro lançamento da banda, nos empenhamos em extrair tudo que conseguimos das nossas ideias, foi de quase 1 ano o intervalo entre o início das primeiras composições e a gravação do EP Escolha:Keywords. Todo o processo de composição foi realizado em conjunto, tanto letra quanto estrutura musical.
A pré-produção foi realizada no meu Home Studio aqui em SP, então gravamos as demos e guias de todas as músicas que foram enviadas ao produtor Heber Geburt, que acompanhou muito toda composição das músicas. Após finalizarmos as composições decidimos, junto ao produtor que, para evitar maiores problemas relacionados a pandemia, dividir a gravação em duas viagens, Então em outubro de 2020 realizamos a primeira viagem para gravação no estúdio Orbita ST no Rio de Janeiro, somente eu e o Roby para gravação das linhas de bateria.
A segunda e última etapa da gravação aconteceu em Novembro de 2020 e novamente fomos para o Rio, dessa vez revezando os dias de gravações para evitar a aglomeração dentro do estúdio.
Todo o processo de gravação foi absurdamente criativo e fora do comum. Gravamos trechos de Foley usando uma máquina de escrever dos anos 50 na música "The Key Is...", trechos de viola caipira na música "Enredo de Fabiano em Ré Menor" e usamos pedais de guitarra com Whammy em trechos de bateria da música "Carregue Pedras ou Construa Catedrais" e até a respiração do próprio Heber na música "O Tamanho do Vazio", que foi captada para dar um ar dramático devido a música ter sido composta para a trilha sonora do curta metragem brasileiro "Anóxia", do diretor Léo Grecco .
Outro ponto alto da gravação foi a participação mais que especial do renomado guitarrista Ed Garcia, da banda de Djent Vitalism, que aconteceu na música "Samba de um Cadeado Só".
Vicente – Seja nas letras ou na música em si, o Docaos não caminha pelo óbvio. Essa foi a ideia desde o início, fazer algo diferente do que o esperado?
Sim, a maioria das letras foram escritas pelo Lucas Donato e desde o início a ideia de sair do óbvio sempre foi um ponto de partida das composições. As letras e a forma com que elas conversam com a música foi tudo muito pensado e discutido durante horas. O nosso maior desafio sem dúvida foi a música "Enredo de Fabiano em Ré Menor" que partiu de uma ideia que eu tinha de compor uma música como uma sinfonia, ou seja, com várias sessões e momentos diferentes. O Lucas escreveu um conto que narra a história do personagem Fabiano e sua esposa Antônia, e toda sua trajetória de imigração do Nordeste para a "cidade grande" e eu tive a missão de tentar transformar o conto em canção. Levamos mais tempo para concluir essa música entre a composição e as sessões em conjunto para conectar as partes da música, mas no final o resultado foi bem surpreendente para todos nós.
Vicente – Apesar de relativamente nova, formada em 2019, como avaliam a trajetória da banda até o momento?
Eu avalio que o resultado que conseguimos nesse lançamento foi muito maior do que esperávamos. Participamos de alguns Podcasts recentemente, como o PodPax, onde tocamos ao vivo e o "Falando em disco", o que foi bem legal, pois conseguimos assim contar com detalhes todo o processo de criação e gravação do trabalho da banda.
Também vimos nossas músicas atingindo o público fora do Brasil, como foi o caso do canal americano "The Wolf HunterZ", que fez um vídeo react da música "The Key Is..." e um músico australiano conhecido como SpiderHands, que fez um detalhado vídeo React/Review da música "Enredo de Fabiano em Ré Menor".
Vicente – E vocês já planejam um futuro lançamento?
Sim, temos em mente algumas novidades relacionadas ainda ao EP "Escolha:Keywords", que planejamos lançar nos próximos meses.
Vicente – Quais são as suas maiores influências na música?
Apesar de serem inúmeras influências diferentes para a composição do EP, mantivemos bastante o pé no chão. Nossas influências vão de clássicos como Sepultura, Tool, Angra, P.O.D até sons modernos como Idles, Beartooth, BMTH, Supercombo, e passeia também por outros gêneros, como o caso do músico Baden Powell, que foi uma grande influência brasileira.
Vicente – Para finalizar, deixem um recado para quem curte, ou quer saber mais sobre o Docaos.
Bom, primeiramente quero agradecer nossos amigos e essa galera nova que nos conheceu pelo som e acabou se tornando amigo também, por nos acompanhar em toda essa trajetória. Para a galera meu recado: dê valor a arte de uma forma geral, não somente a música. A nossa esperança é que, em breve, possamos desfrutar da arte mais próximos um do outro, ao vivo, e esperamos que, assim que a situação for realmente tranquila para shows e eventos, vocês apoiem a cena local para fortalecer os artistas. Sobre nós, quem quiser conhecer um pouco mais estamos ativos no nosso instagram @docaosbr e o nosso EP Escolha:Keywords está disponível em todas plataformas digitais. Muito obrigado Vicente e para o Whiplash também!
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