A atitude punk da Legião Urbana que causou irritação e deu trabalho na gravação
Por Bruce William
Postado em 30 de janeiro de 2023
Em trecho do vídeo em que conta várias histórias sobre os bastidores do "Acústico MTV" da Legião Urbana, o jornalista e historiador do rock nacional Júlio Ettore fala sobre algumas das dificuldades técnicas para se fazer o registro, que foi gravado em janeiro de 1992.
Júlio conta que Pena Schmidt era o coordenador de produção do Acústico da Legião. Em seu currículo como produtor e executivo, Pena foi um dos responsáveis pela ascensão de bandas como Titãs, Ira!, Ultraje a Rigor e outras, e é extremamente respeitado no meio musical. E em uma declaração publicada no livro "Discobiografia legionária" da Chris Fuscaldo ele fala sobre as limitações musicais da Legião: "Os meninos da Legião eram legítimos pós-punks que faziam questão de não ter apuro técnico. Eles mal afinavam seus instrumentos, e isso fazia parte do número. Para eles, tocar era uma atividade que requeria esforço".
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Eles ficaram meio irritados com esta coisa de "falta de apuro técnico", e conforme relata Júlio, havia também outro problema: "a Legião estava acostumada a tocar em volume alto, com guitarra, e eles tiveram que fazer uma adaptação e entender que o violão é mais baixo, a bateria tinha que ser mais baixa, o Renato tinha que cantar mais suave, e por causa disso eles repetiram uma série de músicas durante a gravação".
Neste ponto do vídeo, Júlio reproduz mais um trecho do livro da Chris, desta vez com uma fala de Rogério Gallo, que era o diretor da MTV na época: "O Acústico MTV dava trabalho, porque tinha que ensaiar, refazer arranjos, ou seja, sair da zona de conforto. E eles achavam que as músicas deles não iam funcionar acusticamente. Mas lembro que as maiores instabilidades vinham do Renato, pois ele achava que ia se expor muito mudando arranjos".
Outra questão que ainda precisava ser resolvida era os ânimos dos fãs que lá estavam, que se empolgavam e muitas vezes chegavam a cantar mais alto que o próprio Renato: "Para a galera do fã-clube, essa gravação não foi legal. A MTV contratou um monte de modelo e botou lá na frente, e nós ficamos lá atrás. Alguém ainda falou: 'Vocês não podem cantar, não podem bater palma, não podem fazer nada!'", contou um dos fãs, Reginaldo Ferreira, em depoimento ao livro da Chris.
Rogério nega que havia gente contratada ali, mas confirma que era importante que se mantivesse o silêncio para que a gravação pudesse transcorrer sem problemas: "A plateia estava cheia de convidados, mas ninguém ganhando cachê. Eu tive problema na hora, uma super discussão com a plateia, porque precisei parar para explicar o que era um show acústico e que, se os caras começassem a gritar junto, teríamos jogral o tempo inteiro. Eu tinha consciência da emoção de estar ali pertinho, mas a nossa responsabilidade era enorme. Depois de acertado, o clima foi ótimo até o final. É só ver nos vídeos como o Renato está alegre".
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