Jay Buchanan, do Rival Sons, diz que mundo não precisa de novo Led Zeppelin
Por Gustavo Maiato
Postado em 29 de outubro de 2023
Em entrevista a Marcelo Vieira, o vocalista e letrista do Rival Sons, Jay Buchanan, falou sobre as visitas da banda ao Brasil e comentou sobre algumas músicas de sua carreira. Confira alguns trechos abaixo.
Marcelo Vieira: A pandemia veio e o Rival Sons se trancou em estúdio para compor e gravar. Não ter perspectiva de turnês ajudou vocês a manter o foco nas músicas somente?
Jay Buchanan: A resposta curta é ‘sim’. Mas também acho que havia tanta coisa acontecendo que compor se tornou vital. Ter uma música pela qual você pudesse se comunicar nos momentos difíceis se tornou muito vital. De primeira importância. Sou grato por ter música na minha vida diariamente. Não sei como poderia ter conseguido passar por tudo que passei sem música.
MV: Há alguma música em particular do "Darkfighter" que seja especialmente significativa para você?
JB: Acho que há três. A principal delas é "Rapture", porque significa uma reviravolta para mim no processo de composição desses discos. Significa um reconhecimento da minha busca e um reconhecimento do meu progresso. Em seguida, "Horses Breath", que é definitivamente sobre a perseverança. Não importa o quão difíceis as coisas possam ser, você não pode voltar ao ponto de partida nem pode voltar no tempo. Você só pode lidar com o que tem agora e se preparar para o que está por vir, e acho que esse é um dos fios condutores do "Darkfighter".
Por último, tem uma música chamada "Darkside", que é sobre o luto, sobre a perda de alguém que você ama devido ao vício em drogas, sobre perder alguém para o vício. As drogas são uma fera faminta e trabalham para devorar lentamente seu hospedeiro. Acho que todos sabem como é ver alguém que você ama muito se entregar à dependência. Então assistir a isso é muito difícil porque quando você ama um viciado, você lamenta a perda dessa pessoa muito antes de ela morrer.
É uma situação complicada de passar. "Darkside" é sobre isso. Eu queria escrever uma música assim porque sei que outras pessoas passam por essa situação dolorosa que eu estava passando, então queria me solidarizar a essas pessoas. Eu me senti muito sozinho quando estava passando por isso e não tinha certeza exatamente de como lidar, mas talvez uma música sobre possa ajudar alguém.
MV: O Rival Sons teve a oportunidade de visitar o Brasil em duas ocasiões, em 2015 e 2016. Como foram essas experiências para você e para a banda?
JB: Nós adoramos! Na primeira vez em que fomos ao Brasil, tocamos no Monsters of Rock a convite do Ozzy [Osbourne], porque ele e a Sharon [Osbourne] nos viram em uma premiação em Los Angeles e gostaram. Acredito que eles queriam ver como nos sairíamos com um público tão grande, porque tinham planos de nos levar [como banda de abertura] para a turnê final do Black Sabbath, The End. Acho que nos puseram lá para ver o que éramos capazes de fazer, e nos saímos bem. Foi um show incrível em São Paulo.
Depois, voltamos com o Black Sabbath e, sabe de uma coisa, tocar no Brasil foi diferente de tocar para qualquer outra plateia para que tínhamos tocado antes. Mesmo naquela primeira vez em que fomos a São Paulo, a plateia conhecia nossas músicas e isso foi muito louco para nós. As pessoas sabiam, estavam cantando junto, e foi uma experiência muito legal para nós.
Quando voltamos com o Sabbath, foi igualmente emocionante, e estamos tentando voltar desde então. Hoje de manhã mesmo, tivemos uma reunião para descobrir como tornar financeiramente viável para nós essa ida. Seja tocando num festival ou fazendo shows solo, adoraríamos voltar aí. O Brasil foi especialmente legal conosco e estamos cientes de que vocês querem que a gente volte. Só precisamos fazer isso funcionar.
MV: Para encerrarmos, o que o Jay de 2023 diria para aquele, que vi abrindo para o Black Sabbath no Rio de Janeiro, em 2016?
JB: Eu provavelmente diria a ele para continuar fazendo o que está fazendo. Foque na arte. Concentre-se na autenticidade. Não ligue para o que os outros dizem. Faça as coisas como você acha que precisam ser feitas. Não importa se é a gravadora ou o empresário ou qualquer um na indústria fonográfica; você não precisa soar como o Foo Fighters ou a p#rra do The Black Keys. Deixe-os fazer a música deles, nós faremos a nossa. Faremos a nossa do nosso jeito, e essa tem que ser a nossa única preocupação.
Artisticamente, seria o meu conselho para todo e qualquer artista: faça a arte que só você pode fazer. Não faça algo que outra pessoa já está fazendo. Faça algo especial, único. Imprima sua marca. Seja autêntico e não se preocupe com mais nada. O mundo não precisa de outro Rolling Stones, de outro Beatles, de outro Foo Fighters, de outro Led Zeppelin. Precisamos de coisas novas. Sei que no começo você tende a imitar seus heróis. Mas se tiver a sorte de permanecer em campo tempo suficiente, logo encontrará algo único sobre si mesmo para tentar amplificar, e que se dane o resto. Faça a música que você precisa fazer.
Confira a entrevista completa aqui.
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