O dia que músico expulso dos Beatles desabafou com João Barone: "Ele ficou triste"
Por Gustavo Maiato
Postado em 09 de agosto de 2024
Peter Best foi o primeiro baterista dos Beatles, mas foi substituído por Ringo Starr logo no início da banda. Em entrevista ao No Ar – Japan, João Barone, dos Paralamas do Sucesso, relatou como foi o show com Best no Brasil.
Barone mencionou que, em Vitória, no Espírito Santo, um radialista, agitador cultural e jornalista chamado Edu Henning tinha um projeto e um programa sobre os Beatles chamado "Clube Big Beatles". Henning organizava shows em Vitória, convidando diversas pessoas e contando com uma banda local que tocava Beatles.
Esses shows eventuais se tornaram parte do calendário da cidade, e Henning convidava tanto grandes nomes quanto artistas menos conhecidos da MPB para participar, tocando Beatles. Entre os convidados, estavam Andreas Kisser, do Sepultura, Supla, Ivan Lins e cantoras como Fernanda Takai. Barone também contou que participou de dois shows, cantando algumas músicas do Ringo na bateria, que ele sempre gostou muito.
Ele destacou um show especial, que aconteceu em 2013, embora não lembrasse exatamente da data. Edu Henning levava todo ano sua banda, o Clube Big Beatles, para participar do festival dos Beatles em Liverpool e tocar no Cavern Club. A banda ganhou várias vezes o título de melhor banda do festival, sendo bem votada pela audiência.
Durante uma dessas visitas, Henning conheceu Pete Best e organizou para que ele viesse fazer um show no Brasil, em Vitória. Barone foi convidado para participar. Ele descreveu a experiência de tocar ao lado de Best, cada um em uma bateria, em um show grande na praia, em Vila Velha, para cerca de 20 mil pessoas, como emocionante e incrível.
Na véspera do show, eles se conheceram e fizeram uma apresentação para os sócios do Clube Big Beatles em um local muito bacana. Best tocou várias músicas, e Barone subiu ao palco para tocar uma ou duas com ele. Ele ressaltou que Best é um marco do rock and roll do início, quando a bateria tinha uma pulsação característica e o rock estava nascendo. As bandas inglesas, incluindo os Beatles, estavam misturando música country, R&B, música negra americana e jazz.
Barone e Best conversaram sobre os tempos em que os Beatles tocavam em espeluncas e bares de striptease em Hamburgo. Sobre a saída de Best dos Beatles, Barone comentou que "eles não estavam se entendendo bem, e Ringo entrou para ficar". Best se ressentia porque achava que eram mais amigos, mas, na época, todos eram jovens entre 18 e 20 anos, querendo tudo na hora. Ele talvez esperasse ser mais considerado, mas não foi.
Barone observou que é difícil ter uma noção real da história, mas Best foi preterido e excluído. Com o fenômeno que os Beatles se tornaram, essa escolha ganhou ainda mais peso. Na época, todos estavam arriscando tudo em suas carreiras, e a entrada de Ringo funcionou bem porque ele já era reconhecido como um ótimo baterista. "Essas encruzilhadas loucas, esses encontros e desencontros, acontecem."
O próprio Pete Best contou a Barone que, na época, ficou muito triste, mas que "a vida é o que é". Best teve que se recuperar do alcoolismo e outros problemas, e hoje em dia tenta viver um pouco dessa história e dessa lenda da qual fez parte. Ele precisa viver com essa realidade e fazer o melhor disso. "É difícil termos uma noção certeira do que aconteceu, naquela época tudo era muito intenso, todo mundo queria tudo na hora. Ninguém sabia que os Beatles se tornariam a banda mais popular da história".
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