Alice in Chains: William Duvall lista seus TOP 3 Guitar Heroes
Por Ana Elisa Lilix
Fonte: Alice in Chains - Brasil
Postado em 02 de abril de 2015
"Heróis da guitarra que acenderam o pavio".
Por William Duvall em coluna especial da Revista Cuepoint:
"Sou fascinado por guitarras há quase 40 anos. Elas tiveram um impacto em simplesmente cada grande acontecimento da minha vida; cada celebração, decepção ou coração partido da infância à adolescência, até a atual fase adulta, onde o jogo só se torna mais duro e as apostas maiores. Por tudo isso, a guitarra tem sido minha constante companheira.
Muito antes de ser um vocalista, eu era um guitarrista. Até hoje, quando as coisas vão mal, minha habilidade de 'fazer acontecer' através desse instrumento é muitas vezes a única coisa que me faz seguir em frente. Os maravilhosos álbuns com guitarras que ouvi enquanto criança construíram a única vida que eu gostaria de conhecer. Então, com sincera gratidão, aqui vai o meu top 3 daqueles que acenderam meu pavio:
- JIMI HENDRIX - 'Who Knows' da BAND OF GYPSYS (1970)
Se eu tivesse que escolher um único ponto crucial para a minha ampla necessidade de me tornar um guitarrista, seria esse álbum. Eu comecei a tocar guitarra em 1976. Tinha 8 anos de idade e vivia com a minha mãe em um apartamento de 2 quartos no 10º andar, na capital Washington. Meu primo Donald veio morar conosco para escapar da sua própria vida problemática em família. Donald tinha 18 anos então a diferença dos dez anos entre nós fez dele o modelo de irmão mais velho ideal que me faltava.
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Ele era um tecladista aspirante e um fanático por música, e quando se mudou, trouxe sua pequena e esfarrapada coleção de discos junto. Entre os mais ou menos 12 vinis estava o da Band Of Gypsys. A capa do álbum já tinha sumido então Donald mantinha o vinil em uma folha de papel que ele tinha decorado com lindos desenhos psicodélicos feitos com caneta marca-texto. O vinil estava repleto de riscos, resultado de anos de audições em uma estufa, e estava tão deformado que, quando tocava no meu pequeno toca-discos, parecia uma dançarina fazendo "uma onda".
Mas o som... eu ainda fico arrepiado ao escrever isso, quatro décadas depois - o estalo da agulha, que era mantida em posição com a ajuda de uma colher, o groove denso e pesado do Buddy Miles e Billy Cox; e Hendrix injetando cada êxtase e horror da existência humana diretamente na minha pequena alma. De alguma forma, não era intimidador. Era convidativo. Seu ritmo e fraseado eram uma grande conversação. Ele fez eu me sentir como se eu também fosse capaz daquilo.
Obviamente, como um garoto de 8 anos com um violão acústico de cordas de nylon, barato e sem marca, eu tinha muito para escalar. Então memorizei os solos de 'Who Knows' na base do 'na-na-na'. É uma prova para o Hendrix que os versos que ele improvisou eram tão musicalmente profundos e ainda tão memoráveis que um pirralho como eu poderia sair cantando-os. Aquelas frases estão incorporadas na minha memória. Sou capaz de cantá-las e tocá-las agora nota por nota. Esse é talvez o maior elogio que eu poderia fazer ao Jimi e a lição mais fundamental que aprendi dele: Ter uma narrativa.
A próxima música nesse álbum, 'Machine Gun', na qual Hendrix recria a Guerra do Vietnã através de seu solo, é provavelmente seu melhor momento no disco. Mas o 'Who Knows' é o álbum onde tudo começou pra mim. Me sinto abençoado por ter o primeiro guitarrista que me colocou no meu caminho ainda como o melhor que já ouvi.
- FUNKADELIC - 'Cosmic Slop (Live)' do Hardcore Jollies (1976)
Após a morte de JIMI HENDRIX em 1970, um monte de nobres coroinhas surgiram para preencher o enorme vazio. Entre os mais proeminentes estava a banda dos fodões intergaláticos do GEORGE CLINTON, o FUNKADELIC - liderados pela guitarra principal do poderoso Eddie Hazel. Contudo, por volta de 1976, Hazel saiu de campo e então seu pupilo de 19 anos, Michael Hampton, entrou de forma espetacular nesse disco. A presença de Hampton é profundamente sentida nesse ensaio ao vivo do clássico 'Cosmic Slop', famoso anos antes por Hazel.
Hampton aumenta o poder dos solos de seu predecessor com a deixa juvenil que só um adolescente com o dom poderia reunir. Embora eu colecionasse todas as gravações com o Hazel, foi essa versão do 'Cosmic Slop' que me arrebatou quando ouvi no rádio. Tudo sobre o modo de tocar do Hampton é uma aula de tom, ritmo, melodia, fraseado e (de novo) narrativa. E, diferente de Hendrix, Michael Hampton estava florescendo em seu auge exatamente na minha época. Era um garoto como meu primo, Donald, ou como eu. Na verdade, Clinton até apelidou Michael de Kidd Funkadelic. O Kidd instantaneamente se tornou meu ídolo.
- TELEVISION - 'Little Johnny Jewel' (Live) do The Blow Up (1982)
Esse é narrativa em seu melhor. Tom Verlaine parece possuído por demônios, ainda que exista uma certa pureza e inocência. Ele soa como uma criança que acabou de aprender a andar; parte impressionado, parte assustado pelo que pode fazer e as implicações de sua descoberta sobre o mundo todo. Alguém ouve claramente a influência dos ícones do jazz ALBERT AYLER, ORNETTE COLEMAN e JOHN COLTRANE. A honestidade corajosa de Verlaine mais que compensa o que lhe falta em abundantes ganchos melódicos.
Comprei esse álbum em 1982 quando estava somente disponível em cassete. Mais tarde naquele ano, aos 15, eu formei minha primeira banda. No nosso primeiro ensaio, embora meus dois colegas de banda nunca tivessem ouvido TELEVISION, acabamos em uma improvisação a partir de um riff de baixo bastante simples e um ritmo de bateria surpreendentemente similar ao de 'Little Johnny Jewel'.
Era uma questão de seleção natural. Muito como o TELEVISION quando eles começaram em 1973, éramos todos músicos novatos com variados níves de competência. Nosso baixista, como o Richard Hell na formação original do TELEVISOIN, nunca tinha tocado um instrumentos, por isso, eu o-entreguei um baixo: poucas cordas, menos para tocar. Nosso baterista estava na banda de fanfarra do ensino médio então seu estilo era mais direto e marcial, como o Billy Ficca do TELEVISION, do que performático como, digamos, o Keith Moon. E como o Tom Verlaine, eu era um garoto aficcionado, aplicado, com uma guitarra Fender barata, pouca proficiência e muita intensidade.
Eu também tinha uma mente aberta ao jazz que colidia com um coração rock & roll. Então minha primeira experiência de banda abrangeu muito das mesmas contradições incorporadas nesse disco: nobreza e vulgaridade com resultados edificantes. Mais que 30 anos depois, a história que Verlaine narra tem tanta força que eu ainda ouço coisas novas nela. Ainda tiro ideias e atitude para minhas próprias improvisações. É parte do meu DNA. Novamente, que melhor elogio poderia ser feito?"
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