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Soilwork: entrevista com o baterista Bastian Thusgaard

Por Mateus Ribeiro
Fonte: Soilwork
Postado em 11 de setembro de 2017

Eu sempre fui um fã de Heavy Metal. Desde adolescente, ouvia bandas como Metallica, Slayer, Ramones e Black Sabbath. Além de ouvir muita música, eu lia muitas revistas, livros e publicações em geral.

Um certo dia, creio eu que em 2003, lendo uma dessas revistas, me deparei com uma banda que até então era uma novidade pra mim, o Soilwork. Na época, a Internet era um sonho distante, e tive que me virar para tentar conseguir ouvir o trabalho da banda, que me interessou pela capa. Consegui com um amigo uma cópia do disco "Figure Number Five". Confesso que a primeira música, "Rejection Role" me agradou, mas não foi nada de especial. Já a segunda, "Overload", me deixou espantado desde seus primeiros segundos. Fiquei hipnotizado com os riffs, a melodia, os vocais e a letra. Ouvi a música dezenas de vezes seguidas até ela entrar na minha cabeça. Ali, eu me tornei um fã do Soilwork.

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Até hoje continuo aficionado pelo trabalho da banda. De lá pra cá, lançaram grandes discos, evoluíram de maneira assustadora, e tiveram algumas mudanças na formação, mas sempre mantendo a essência e a qualidade de seu som. Dentre essas mudanças, a mais recente foi a entrada do excelente baterista Bastian Thusgaard. Bastian é um jovem músico Dinamarquês, que tocou na banda Blood Label (que já não existe mais), e atualmente toca nas bandas Dawn Of Demise e The Arcane Order, além, é claro, de ser membro permanete do Soilwork. Assim que Bastian foi nomeado membro do Soilwork, procurei seus vídeos no Youtube, e fiquei impressionado com o seu potencial. A banda fez a escolha perfeita!!!

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Além de ser um excelente baterista, Bastian se mostrou muito solícito, simpático e bem humorado. Conversamos sobre música, sua técnica, sobre a loucura que é viver viajando o planeta, e sobre muitos outros assuntos. Confira abaixo a entrevista que Bastian, de maneira muito gentil, me concedeu.

1- Bastian, para começar, vamos falar um pouco sobre o seu início. Quando você começou a tocar?

Bastian Thusgaard: Bem, eu tive meu primeiro kit de bateria aos 10 anos. Experimentei diferentes instrumentos alguns anos antes disso, mas acho que nada pareceu tão bom quanto tocar a bateria. Basicamente, eu cresci com música ao meu redor o tempo todo. Meu pai é um professor de guitarra, minha mãe costumava tocar também, e ambas as minhas irmãs também tocam muito bem. Dito isto, tocar música era uma escolha natural e algo que eu realmente queria seguir dali pra frente.

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2 — Como você chegou ao Soilwork? E como você se sente tocando em uma das maiores bandas de uma geração?

Bastian Thusgaard: Conheci o ex-baterista Dirk Verbeuren há alguns anos quando o Soilwork tocou na Dinamarca, onde vivo. Na época, ele estava oferecendo aulas durante a turnê, então fiz uma dessas aulas, e nós meio que ficamos em contato depois disso. Ele é uma das pessoas mais gentis que já conheci, então ele praticamente se tornou meu incentivo, fonte de aconselhamento, dicas e truques, e ele realmente me ajudou muito. Além das minhas lições de bateria, eu lancei alguns covers do Soilwork para o meu canal do Youtube, por sinal, haha!

Então, em maio do ano passado, Dirk me enviou um e-mail para o substituir devido a reservas duplas e seus compromissos com Megadeth. Eu pulei com os dois pés, ensaiando feito um louco) e, algumas semanas depois, acabei na Suécia para ensaios com uma das minhas bandas favoritas.

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3 — Países como Suécia, Dinamarca, são pequenos, mas com um gigantesco número de músicos. Como você pode explicar esse "fenômeno"?

Bastian Thusgaard: Pessoalmente, acho que o gênero de metal realmente inspira as pessoas a tocar. Fui influenciado depois de assistir ao meu primeiro show de metal e acho que é uma experiência que compartilho com muitos. Na verdade, eu conheço poucas pessoas que são apenas consumidores da música. A maioria das pessoas que conheço definitivamente está em uma banda.

4 — Uma característica marcante do seu trabalho é a sua tranquilidade. Como você pode tocar um som tão complexo de uma forma tão calma???

Bastian Thusgaard: Eu coloquei muito esforço nisso e eu ensaio MUITO. A música que toco costuma exigir muito algumas vezes. Especialmente para as músicas mais rápidas, você não pode fazê-lo se não estiver relaxado. É mais uma questão de usar a técnica adequada do que forçar você a tocar o mais rápido possível. Eu recebo alguns comentários de vez em quando, que pareço entediado quando toco, mas realmente gosto de tocar. Eu apenas "estou na vibe", eu acho. Eu gosto de "agitar" mais ao vivo e às vezes vou à loucura para o bem do próprio show. Haha!

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5 — Existe alguma música que você mais goste de tocar? E qual é a música mais intrincada da banda para se tocar?

Bastian Thusgaard: "Nerve" e "Stabbing the Drama" são sempre divertidas para tocar ao vivo, porque o público sempre interage bastante nessas músicas, mas pessoalmente, eu adoro tocar músicas como "Bastard Chain", "Late for the Kill, Early for the Slaughter" e "Tongue". São músicas divertidas e muito enérgicas!

Eu diria que existem muitas músicas exigentes do Soilwork. Dirk linhas estabeleceu um nível alto de exigência por causa das suas habilidades insanas atrás da bateria. Especialmente, aquelas mais rápidas são as que eu dedico uma atenção especial.

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6 — É Claro que pelo fato de você tocar em uma banda de heavy metal, você deve ser um fã do estilo. Que outros gêneros de música você costuma ouvir?

Bastian Thusgaard: Eu também gosto de rock, pop e alguns artistas do país, mas tenho uma mente muito aberta. Alguns artistas fora do Metal que escuto são Of Monsters and Men, CHVRCHES, The Weekend, Chris Stapleton e Emilie Nicolas.

7 — Onde você mais gostou de tocar nesse tempo como baterista? E o que você lembra sobre o Brasil?

Bastian Thusgaard: Em geral, a América do Sul tem algo a mais. O público é muito enérgico, e você sempre se sente bem-vindo. O público de lá (daqui, no caso) deve ter sido o mais alto que já ouvi. Lembro-me de ouvir a multidão cantando através do meu fone de ouvido, mesmo com todo o barulho no palco, então, eles estavam cantando MUITO ALTO.

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Lembro-me do nosso show no Clash Club em São Paulo. Esse foi um local realmente legal e com uma audiência realmente barulhenta. No Rio de Janeiro, fomos até Copacabana e tivemos tempo para algumas outras atrações. País muito bonito.

8 — Se você não fosse um músico, que outra profissão gostaria de seguir?

Bastian Thusgaard: Honestamente, eu não sei. A música é minha escolha.

9 — Quais bandas você chamaria para um festival?

Bastian Thusgaard: Se eu pudesse escolher qualquer coisa, eu gostaria que fosse um conceito de festival super estranho, então este será o meu top quinze para um festival de metal, sem uma ordem particular: Gojira, Decapitated, Aborted, Behemoth, Misery Index, Slipknot, Machine Head, Hatesphere, Cattle Decapitation, Scorpions, Kvelertak, Devin Townsend Project, VOLA, Baest & Architects.

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10 — Qual é o melhor momento que você passou até hoje como baterista? E o pior ???

Bastian Thusgaard: Eu acho que a melhor, ou a experiência mais emotiva que tive como baterista foi quando tocamos em Bogotá, Colômbia. Pelo que eu lembro, foi nosso penúltimo show da turnê sul-americana, então eu estava muito exausto. No entanto, era um cansaço bom. Voávamos para o nosso show quase todos os dias, então não tivemos muito tempo para dormir ou comer. Então, quando andava pelo palco, senti como se estivesse prestes a desmaiar. Enfim, eu passei por aquilo e a energia era tão esmagadora, era insano! É um sentimento muito poderoso quando você duvida seriamente se você pode passar pelo show ou não. Quando você ainda consegue continuar com isso, realmente confirma que o que você faz está certo. Naquela noite, depois do show, eu simplesmente explodi em lágrimas porque de repente eu percebi que eu estava do outro lado do globo tocando com minha banda favorita. Cercado por pessoas que sempre admirei. Foi irreal.

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Já o pior momento, eu realmente não lembro onde e quando, mas isso realmente aconteceu duas vezes na mesma música. Quando tocamos a música "The Chainheart Machine" ao vivo, sempre tocamos mais rápido do que a versão do álbum. Tem muitas batidas rápidas, e partes rápidas de pedal duplo. É uma música muito rápida. De alguma forma, consegui quebrar a minha mola do pedal direito imediatamente após a contagem, e uma vez que você não pára uma música no palco, eu precisava completar a música apenas com meu pé esquerdo. Isso foi muito interessante nas duas ocasiões. A música deve ser amaldiçoada de alguma forma. Haha!

11- Existe algum lugar em que você ainda não tocou, e você realmente gostaria de tocar?

Bastian Thusgaard: Ah, há muitos lugares que ainda quero ir e os lugares que já estive e quero voltar. Enquanto estiver viajando com foco em música, estou feliz.

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12 — Como você consegue tocar tantos projetos ao mesmo tempo?

Bastian Thusgaard: Bem, é preciso alguma estrutura com certeza. Felizmente, meus outros projetos são muito compreensivos em relação aos meus compromissos com o Soilwork, então trabalhamos em um tempo mais lento . Atualmente estamos escrevendo novos álbuns com o Dawn of Demise e The Arcane Order, então basicamente estou sempre trabalhando em algo. Passo muito tempo na estrada pensando em idéias para a bateria. Hoje em dia, é tão fácil gravar material de demonstração, então todos os meus projetos são bastante divulgados online. Dessa forma eu posso trabalhar onde quer que eu vá.

13 — Os membros do Soilwork parecem muito divertidos. Como é a sua relação com esses caras?

Bastian Thusgaard: Eles são, divertidos, com certeza! Nós nos divertimos muito! Especialmente esse encontro de Suécia e Dinamarca é engraçado. Vivemos em países vizinhos,e nossos idiomas são bastante semelhantes, mas sempre há novas palavras divertidas e expressões que nos fazem rir. Neste ponto, desenvolvemos nossa própria linguagem como uma combinação de sueco, dinamarquês e francês. "Soilworkish" eu acho que é o nome do idioma, haha!

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14 — Para concluir, eu gostaria que você deixasse uma mensagem para seus fãs brasileiros!

Bastian Thusgaard: Eu só quero agradecer a todos pelo grande apoio. Fico muito agradecido. Eu me senti realmente bem-vindo na América do Sul e espero voltar em breve para a segunda rodada. Cheers!

Essa foi a conversa que tive com Bastian, que como vocês puderam perceber, foi muito solícito, gentil e simpático. Com todo o merecimento, toca em uma das maiores bandas de toda uma geração.
Foi um prazer imenso poder conversar com um dos membros de uma banda que sou fanático. O melhor de tudo é ver que apesar de viver nessa loucura, Bastian é gente como a gente!

Para finalizar, agradeço imensamente aos amigos Amanda Fabris e Murilo Hilário Mazza. Sem a colaboração de vocês, o trabalho não seria possível.

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Caso você não conheça o excelente trabalho de Bastian, basta clicar nos links abaixo para conferir:

http://www.youtube.com/bastianthusgaard1
http://www.facebook.com/BastianThusgaard
http://www.instagram.com/bastianthusgaard

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Sobre Mateus Ribeiro

Fã de Ramones, In Flames e Soilwork. Ouve (quase) tudo, desde rock clássico até black metal.
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