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Selvagens à Procura de Lei: entrevista com a banda cearense

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Fonte: Daniel Tavares
Postado em 23 de agosto de 2013

Os SELVAGENS À PROCURA DE LEI são uma banda relativamente nova, formada em 2009 por Rafael Martins (vocais, guitarra), Gabriel Aragão (vocais, guitarra), Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria), mas já desponta como uma das bandas de maior sucesso no Ceará, chegando a ser chamados de "renovação do rock nacional". Tamanho sucesso obrigou os quatro rapazes a se mudar para São Paulo, onde tem feito shows sempre lotados. Recentemente a banda lançou o segundo full-length, auto-intitulado, em um show especial em Fortaleza e foi anunciada como uma das atrações do Festival Porão do Rock em Brasília. Tive a oportunidade de conversar com Rafael Martins sobre estes e outros assuntos e a conversa você confere abaixo.

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Fotos: Rafael Kent e Light Panic

Começaremos com a pergunta que vocês já devem ter respondido um milhão de vezes. Por favor, pela milionésima primeira vez, por que "Selvagens a Procura de Lei"?

Rafael Martins: Essa pergunta tem o tipo de resposta que a gente vem ensaiando desde a primeira vez que perguntaram! Hehe, cara, o Gabriel vinha com o nome SELVAGENS na cabeça, mas achava meio que incompleto... Daí na faculdade ele tava numa aula de sociologia quando o professor disse: "aqui na faculdade todos nós somos selvagens procurando por uma lei". Aí depois dessa, rolou o batismo.

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Soube que você e Caio tocavam em bandas cover antes do SAPDL e isso, provavelmente, influenciou no som que a SAPDL adotou. O que vocês tocavam? E quais foram as outras bandas que tiverem influência sobre vocês, sobre o Gabriel e o Nicholas, enfim, sobre o som da SAPDL?

Rafael Martins: Eu tocava com o Caio desde que nos conhecemos. Pra ser mais claro, a gente estudava junto no ensino fundamental e depois de alguns anos, rolou um concurso de bandas no meu colégio e a dele era rival da minha. O Caio e a banda tocaram "Dani California" e a minha tocou "Vital e Sua Moto". Inclusive, nessa banda eu era baterista. Depois deles terem vencido, o premio seria tocar numa boate muito legal da época, onde teria a festa do meu colégio de encerramento da semana de jogos, essas coisas... Eu já tinha notado o jeito dele de tocar e tinha me chamado muita atenção, pois foi o primeiro baixista que eu vi e realmente fazia a função do baixista em uma banda. Eu tinha 15 anos na época. Desde então, eu fiz um convite a ele pra tocarmos juntos e é assim até hoje. Sempre tocamos juntos. Meio que aprendemos juntos a tocar em uma banda. Passeamos por umas 3 ou 4 bandas antes de nos juntarmos ao Nicholas e o Gabriel. Praticamente estávamos vidrados no BRock, RED HOT, BEATLES, PINK FLOYD, LED, STONES, POLICE, tudo isso a gente tocava. Acredito que o Gabriel e o Nicholas gostavam das mesmas coisas e as influencias eram muitas, mas eles não chegaram a tocar em bandas cover. Aprenderam a tocar sozinhos naquela de "ligar e tirar um som". O melhor de tudo isso é que somos 4 caras com musicalidades diferentes, cada um tem a sua particularidade, mas ao mesmo tempo tem algo que dá muito certo com os outros. Isso vem muito do que a gente gosta e sempre gostou de escutar. Muita música brasileira e muito rock clássico.

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Vocês estão com disco novo, um projeto novo, mais maduro, em uma gravadora nova e até com "cabelos novos". Falem um pouco sobre essa fase completamente nova dos Selvagens a Procura de Lei.

Rafael Martins: O disco foi gravado e mixado pelo David Corcos e a gente gravou no ano passado aqui em SP. Foi fantástica a gravação e temos tudo filmado e fotografado. Um dia ainda pretendemos lançar esse material como talvez um documentário, porque foi filmado por nós em momentos marcantes. É amigo filmando amigo. O repertório do disco veio simbolizando uma nova fase da banda em vários sentidos: sair de casa, começo da carreira no mercado fonográfico, estilo de gravação, composições de uma fase pós 1º álbum, etc. Frequentemente eu tenho lido que nosso disco está "mais maduro" e não sei o que isso significa. Talvez porque soubemos passar a mensagem de cada música com o som e a letra. Eu acho que fizemos isso bem. A Universal ta nos ajudando bastante, são nossos parceiros e acreditamos que teremos uma carreira sólida com eles. Sobre os cabelos, veio no pacote!

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Por que um álbum auto-intitulado?

Rafael Martins: Foi uma forma de revelar a banda pro Brasil inteiro e não só pra um mercado independente do qual fazíamos parte.

A exemplo de muitos outros artistas nordestinos, vocês optaram por mudar para São Paulo. Isso se mostrou um bom negócio? Vocês tem conseguido voltar com frequência ao Ceará? Veem a mudança como cada vez mais definitiva ou acham que, em algum tempo, com as possibilidades que a Internet abre, poderão se dividir entre Fortaleza, São Paulo e, talvez, outras cidades?

Rafael Martins: Foi, com certeza, uma ótima decisão ter mudado pra SP. Hoje em dia existem facilidades como as tarifas aéreas, que não são tão em conta, mas amenizam a saudade e facilitam toda a logística. Pra você ter uma ideia, viemos pra SP em abril e com menos de 1 mês, já estávamos recebendo e-mails pra tocar em Fortaleza. Foi bom pra provar que somos queridos na nossa terra e que sempre vão existir as oportunidades de shows. O bom em SP é que as coisas acontecem mesmo. A posição geográfica favorece os deslocamentos pra outras cidades e estados e os meios de comunicação estão do nosso lado. Então, SP é uma etapa precisa para a nossa carreira; apesar de que pensamos sim em chegar um ponto onde cada qual vai morar aonde quiser, mas até lá ainda vamos tocar muito "Brasileiro" por aí.

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"Sr. Coronel" é, em minha opinião, a melhor faixa do disco novo. Há muito de Beatles nela (até mesmo o fato de retratar uma espécie de versão masculina da Eleanor Rigby). Contem um pouco mais sobre a estória desta música.

Rafael Martins: Sr. Coronel marca a mudança na formação da banda. Foi a primeira música que tocamos com o Gabriel ao piano e a partir dela fomos para outras direções musicais. A música conta sobre o personagem que realmente existiu: um coronel já idoso que não estava muito aí para o mundo. A música foi feita pelo Gabriel a partir da visão dele sobre o modo de vida desse coronel, já que não houve um contato mais aproximado a não ser o que alguém lhe dizia sobre ele. Tentamos construir os arranjos baseados na letra. Quando você escuta "e se a vida é uma noiva, então a sua está sem véu..." nota-se uma agressividade no instrumental que não está presente em outras partes, quando a preocupação é apenas deixar que a letra se sobressaia. Fizemos um belo trabalho com ela e acredito ser uma das melhores do álbum. Algumas ideias de gravações saíram dentro do estúdio com o REC apertado, como: os bacinkg vocals na volta do meu solo e a marcha no final da música. Foi um momento de psicodelia que nunca tínhamos imaginado em nossas músicas.

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"Crescer Dói" é também outra faixa que merece que sua estória seja contada.

Rafael Martins: Essa marca uma fase da banda que passávamos por algumas angustias, dentre elas posso citar o nosso medo de entrar de cabeça na música e abandonar nossa vida dupla de faculdade, trabalho, etc. A mensagem da música é muito bonita e foi escrita pelo Gabriel. Foi uma música que não imaginávamos também que gravaríamos, mas o David Corcos pirou nela e não foi nenhum problema construir um arranjo pra ela. Sempre que a escutei, me vinha na cabeça alguma música do Queen. Talvez por isso fiz aquele solo meio "I Want to Break Free". Também rolaram ideias no momento da gravação, como: eu imaginava muito ela cantada por crianças e ainda imagino. Tentei então fazer algum tipo de som na guitarra que remetesse a isso e ao final da música você pode notar aquele acorde feito bem agudo e dedilhado, como se fosse um brinquedo de um bebê num berço. Ainda pedi pro David colocar alguns sons de bebês, mas não rolou! Hehe

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E o que é o sucesso pra vocês? Crescer e receber adjetivos como "renovação do rock", "banda de Fortaleza bem sucedida", entre outros, dói?

Rafael Martins: Dói nada! É um prazer representar os nossos fãs no Brasil inteiro como uma banda de rock jovem com muito gás pra construir uma carreira sólida ao ponto deles mostrarem orgulhosos pros filhos e lembrarem de como foram bons os nossos shows. Sabemos que ainda estamos no início, mas que as coisas vão acontecer num piscar de olhos; então, não paramos nunca de compor para que nossas inspirações nunca estejam fora dos nossos álbuns. Talvez pela ansiedade, não sei, mas sempre trabalhamos com um olhar para o futuro. Isso quer dizer muito planejamento e ideias pra fazer tudo bem feito e da forma mais divertida possível.

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O Clube da Esquina foi um dos melhores movimentos da música popular brasileira. E dá pra perceber a influência deste movimento na música de vocês, o que é mais que confirmado na cover que vocês fizeram para "Travessia" - de MILTON NASCIMENTO e Fernando Brant, que não está no track list do disco novo. Contem mais sobre a influência que a MPB tem na música de vocês e como vocês e como vocês vêem a música brasileira que é feita atualmente.

Rafael Martins: Durante a fase de composição desse disco novo, caímos de cabeça no "Transa", "Acabou Chorare", "Alucinação", "Refazenda", "Ave Noturna", "Racional I e II", "Fruto Proibido", "Clube da Esquina", etc... Foram discos decisivos nos arranjos e letras. Adoramos a música popular brasileira, assim como a bossa nova, samba, forró antigo, o rock e tudo o mais que há de bom na nossa cultura. Temos a noção de que fazemos música para o nosso povo e, por isso, é muito bom mergulhar na música brasileira e se identificar ao ponto de escrever as suas próprias músicas. Acredito que os anos 70 foram decisivos na cultura brasileira. Surgiram inúmeros artistas não só na música como na poesia, dança, artes cênicas, cinema, etc. Não sei bem o que é MPB hoje em dia... tou meio por fora. Curto o FILIPE CATTO, CÉU, MARIANA AYDAR, mas como disse; não conheço muitos representantes atuais. Ah... sobre a nossa versão de "Travessia", quem sabe um dia não gravamos ela melhor e mostramos ao MILTON NASCIMENTO e o Fernando Brant?!

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Clipe: Mucambo Cafundó

O primeiro sucesso de vocês, a música que os apresentou ao resto do Brasil foi "Mucambo Cafundó". Acredito que esta tenha sido a razão para ter sido incluída novamente no disco novo. Falem mais sobre essa música. E falem sobre a "mucambada".

Rafael Martins: Mucambo foi composta para o "Aprendendo a Mentir" (2011) e desde que entrou no nosso repertório, nunca mais saiu em nenhum show. Ela tem uma relação forte com nossos fãs de Fortaleza, talvez pelas citações da cidade na letra; mas eu e o Gabriel escrevemos ela pensando em uma amplitude nacional mesmo. Lembro que em determinado momento da nossa carreira eu sentia que uma galera vinha acompanhando nossos shows e eram sempre as mesmas pessoas. Daí vinha na minha cabeça o nome Mucambada, que no começo nós da banda falávamos como uma brincadeira pela internet. O "movimento" tomou força e se espalhou pelo país. Hoje nós temos fã clubes em vários estados (RJ, SP, PR, AM, CE, PE, RS, RN, BSB, etc) tudo movido pelo espírito da Mucambada de Fortaleza, que tomaram frente e mobilizaram e mobilizam nossos fãs pelo Brasil. Foi meio louco regravá-la, mas ao mesmo tempo, a música é muito boa e define bem o estilo da banda. Ela se mantém meio discreta no disco novo, mas ainda assim tem a sua força.

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Vocês são uma das atrações do Porão do Rock ("as velas do Mucuripe vão bater no Planalto Central") e dividir o palco com o CAPITAL INICIAL de novo (a primeira vez foi no VMB). Qual a expectativa para este festival?

Rafael Martins: Na verdade a primeira vez que dividimos o palco com o CAPITAL foi no Premio Multishow. Bom, eles são muito gente fina com a gente e sempre será um prazer dividir o palco com eles. Nos demos bem com eles desde o primeiro ensaio para o premio e somos muito gratos particularmente ao Dinho pela força. Uma curiosidade é que durante nossas gravações ele emprestou duas guitarras e um baixo, que foram usados à exaustão. Voltando para a sua pergunta, não sei como vai funcionar no Porão do Rock, mas da nossa parte, estamos preparando um show sem abrir mão de piano e violão. Queremos mostrar a nova cara da banda e ao mesmo tempo, tocar músicas que nos ajudaram a chegar onde chegamos e tem uma energia diferente e que funcionam bastante ao vivo.

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Vocês receberam depoimentos de artistas importantes do rock nacional, Dinho (CAPITAL INICIAL), Marcelo D2 e Dado Villa-Lobos (LEGIÃO URBANA). O que representa para vocês ter conseguido esse reconhecimento tanto do público quanto de artistas que vocês admiravam antes mesmo da SAPL existir?

Rafael Martins: Crescemos escutando esses caras, então foi meio surreal receber um email do Dado Villa-Lobos elogiando o seu trabalho e depois de uma semana, receber um do Marcelo D2! O Dinho já tínhamos um contato, então foi mais a confirmação do que ele realmente acha de nós. Reconhecemos que fizemos um bom trabalho, mas não imaginávamos feedbacks tão honrados como esses. É ótimo ser uma banda com fãs cantando tudo no seu show e ao mesmo tempo, poder trocar uma ideia com caras como esses.

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Vocês lançaram o clipe de "Brasileiro", num momento de plena efervescência nacional, caracterizada, de um lado, pelas manifestações que exigiam, entre outras coisas, mais éticas na política, e a Copa das Confederações, um ensaio para a Copa do Mundo (evento que, de quatro em quatro anos, faz com que a maioria dos brasileiros se sintam mais brasileiros do que em todos os outros momentos). Como foi esse momento para vocês?

Rafael Martins: Foi muito intenso! Já estávamos morando em SP quando as manifestações tomaram conta do país inteiro. Fomos às ruas protestar e ao mesmo tempo sentir na pele o que é ser um cidadão com direitos e deveres. São nesses momentos que você se enxerga "Brasileiro" e para nós, foi uma recompensa a música estar sendo lançada no mesmo momento. Recebíamos várias fotos de fãs pelo Brasil segurando cartazes com trechos da música. Tudo nos levou a crer que temos uma importante função dentro do que fazemos: sermos porta-vozes da nossa geração não só pelas músicas, mas também em qualquer oportunidade de podermos falar a nossa visão da condição do Brasil. Sempre nos preocupamos com o nosso país e acreditamos que o rock seja um bom meio para desabafar esse tipo de mensagem.

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Clipe: Brasileiro

Viaduto ou cocó? Vocês estão a par dessa polêmica? A Prefeitura de Fortaleza planeja construir um viaduto para desafogar o trânsito na região da Av. Washington Soares, mas, para isso mandou derrubar 94 árvores do Parque do Cocó e prometeu plantar um número maior em outro lugar. Há manifestações contra e a favor da obra, entre relatos de abusos da guarda municipal ao remover os manifestantes, denúncias de que empreiteiras estejam sendo favorecidas, denúncias por outro lado de que alguns manifestantes teriam motivações políticas ao invés de ecológicas e a extrema urgência em fazer alguma coisa naquele local, enfim, o assunto se estende. Desejam expressar alguma opinião ou tomar alguma posição?

Rafael Martins: A cidade é dos moradores, é do povo que paga impostos, transita, paga por um sistema de saúde, segurança, etc. Qualquer tipo de manifestação deve ser respeitada, muito bem analisada e acima de tudo, pacífica. Passamos bastante tempo sem manifestações ou qualquer tipo de protesto em prol de alguma grande causa. Devemos aproveitar este momento para valorizar essas efervescência e buscar soluções sempre inteligentes e criativas.

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Abordei esse assunto por que uma das músicas de vocês foi usada em um dos vídeos (que já chegou a alguns milhares de visualizações). O que acharam deste tipo de "publicidade". Foi benéfica?

Rafael Martins: Foi uma surpresa receber de um amigo o vídeo-protesto com "Massarrara" tocando. Legal ter gente que associa nossas músicas à uma causa. Valorizamos isso.

Além de toda a perceptível influência dos BEATLES que vocês trazem nas músicas, o "Ringo" de vocês, Nicholas Magalhães, canta na música "despedida" (além de uma participação breve em "O amor existe..." e backing vocais em outras faixas). Mas, o vozeirão do rapaz faz com que a música vá por outros caminhos, chegando a quase um soul digno de TIM MAIA. Já pensando em um terceiro disco, isso é algo que vai ser mais explorado no futuro, o som da SAPDL pode ficar mais soul?

Rafael Martins: Nossas composições mais recentes apontam para um classic rock brasileiro. Existem os momentos de soul, que "Despedida" puxou, mas também as músicas que vão mais uma vez, levar o som dos Selvagens para outros caminhos. Talvez seja muito cedo pra falar isso, mas que estão diferentes do que já fizemos, estão!

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E o escafandro? Como surgiu e pra onde vai? É o primeiro disco de vocês (entre EPs e full-lengthes) em que ele não aparece. Será uma ideia que será abandonada nesta nova fase da banda ou continuará presente?

Rafael Martins: Se você tiver o encarte do disco, sabe que o verso dele é na verdade um mini pôster do escafandro. Só que desta vez, ele em forma de caveira. Quisemos aproveitar a nova fase da banda pra mostrar nossos rostos e deixar o pouco de lado a figura do escafandro. Ele não morreu, continua muito vivo; mas é só que foi bastante usado nos shows e clipes da fase "Aprendendo a Mentir". Inclusive, a Universal até preparou camisas com a arte desse mini-poster. Fazem parte da nossa loja e já vendemos algumas delas em nossos shows.

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Pra terminar, o que vocês aconselhariam a outras bandas de Fortaleza, ou de outras capitais longe do eixo Rio-SP? O que devem fazer para seguir o mesmo caminho que vocês já trilharam? Vocês já vivem da sua música, mas, muitas bandas não conseguem fazer isso. Conheço muitas bandas muito boas de Fortaleza, que trabalham seriamente, que fazem música de qualidade, que tem um diferencial, mas cujos membros precisam ter um "emprego oficial" para pagar o "leite das crianças". O que vocês acham que está faltando?

Rafael Martins: Acho que entre ser músico profissional e amador existem diferenças. Uma dela é até que ponto você leva a sério o que você está fazendo. Nós sempre temos os objetivos e os meios de chegar até eles. É importante que o músico que quer viver disso, primeiramente, acredite o bastante que vá dar certo! Também tenho amigos muito bons musicalmente, letristas legais, mas ao mesmo tempo não estão dispostos a encarar os desafios. Quando vejo a galera do Ceará que veio pro eixo SP/RJ e abriu alas pro mercado fonográfico, sei que estamos no caminho certo. Você sabe que FAGNER, BELCHIOR, EDNARDO e todo o "Pessoal do Ceará" fizeram o mesmo caminho que o nosso e alguns deram muito certo e outros não. Tudo envolve uma série de fatores, mas nada disso importa se você não estiver afim de seguir em frente. Agora se você tem outras prioridades em sua vida, como ter de pagar o "leite das crianças", é melhor pensar bem se o seu lance não é realmente só tocar ali com os amigos e tudo certo!

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Como consegui viver de Rock e Heavy Metal

O espaço é seu agora. O que gostariam de dizer para os leitores do Whiplash em geral?

Rafael Martins: Sempre acompanho o Whiplash desde que tinha uns 15, 16 anos e ficava procurando informações sobre o mundo rock. Os Selvagens à Procura de Lei estão a todo vapor e dispostos a voltar o rock nacional com tudo! Viva o rock n roll!!! Valeu Daniel!

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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