Jan Dumée: dividindo seu tempo entre a Holanda e o Brasil
Por Rodrigo Werneck
Postado em 03 de novembro de 2008
Sempre dividindo seu tempo entre a Holanda, seu país natal e de residência, com o Brasil, declaradamente o seu país preferido, o guitarrista Jan Dumée já se tornou conhecido dos apreciadores brasileiros de rock por suas visitas ao país junto à lendária banda holandesa de rock progressivo Focus, em anos recentes. Após ter deixado o grupo, em 2006, montou nova banda junto ao vocalista inglês John Lawton (ex-Uriah Heep) e a três músicos brasileiros: o OTR. Destrinchamos, nesta entrevista exclusiva para o Whiplash, todos os detalhes acerca de seu período pré, durante e pós-Focus, bem como sobre o OTR e outros projetos paralelos de Jan.
Como foi seu contato inicial com a guitarra? Qual foi o seu primeiro instrumento?
Bem, essa é uma estória engraçada. Nós tínhamos uma antiga guitarra de um tio meu em casa, meu querido e engraçado tio Jaap. Eu comecei a tentar tocar algumas coisas nela, só que usando do jeito invertido! Acontece que o meu irmão mais velho, Peter, conhecido como um "blockie" por alguns fãs do Focus (alguém que ficaria o dia todo tocando "The House Of The Rising Sun", do The Animals, ou "Apache", do The Shadows, dentro de seu quarto), decidiu me ensinar os primeiros acordes. Na verdade, um pouco antes disso ocorrer eu já me arriscava um pouco no órgão que nós também tínhamos em casa: uma versão de "Smoke On The Water" em arranjo inusitado para idiotas (risos) e algumas músicas holandesas folclóricas, para crianças.
Quais foram as suas influências iniciais na música (artistas e guitarristas favoritos)?
Um monte, e de várias praias. O que ocorre é que eu nunca fui um "guitar freak", como a maioria dos guitarristas é. Eu fui mais um ouvinte de música em geral quando garoto e, mesmo depois, mais um compositor do que um guitarrista propriamente dito. Bem, de qualquer forma, para dar alguns nomes... Embora, em tempos remotos, eu não tivesse a noção de que eles seriam uma grande inspiração, pois eu apenas ouvia seus discos no quarto do meu irmão mais velho. Mas vamos lá: Jimmy Page e Jan Akkerman, por conta do Led Zeppelin e do Focus, respectivamente. Eu creio que a obra-prima de Andrew Lloyd-Weber, "Jesus Christ Superstar", com todos aqueles cantores fantásticos, como Carl Anderson, Yvonne Elliman e Ted Neeley (assim como o "cast" da trilha sonora de 1973, desconhecidos e nunca mencionados!), foi a minha primeira "lavagem cerebral" do rock (e um bocado musical, no sentido de composição e de energia). Nessa época, eu ainda não tocava instrumento algum. Estou falando num período em torno de 1969 até 1977. Eu ouvi um bocado de música pop naquela época, no rádio. Uau, que época, que música...
Você poderia citar alguns dos seus projetos iniciais, antes de se juntar ao Focus em 2002?
Eu estava sempre fazendo as minhas coisas. Um dos projetos se chamou O Septeto. Eu me especializei aqui na Holanda em música e cultura brasileiras, e viajei um bocado pelo Brasil, um país muito bonito, para aprender, saber, estudar, sentir, experimentar o folclore brasileiro, a MPB e um pouco da música erudita. Isso tudo entre 1990 e 2001, quando eu era mais um músico de jazz e world music do que um "rocker". Eu estava envolvido em uma série de projetos de world music, e com O Septeto eu gravei "A Rodinha", música baseada na brasileira, com conexões com Índia, África, música clássica, jazz e fusion.
Como você se envolveu com Thijs van Leer (líder, organista e flautista do Focus)? E como foi convidado a se juntar ao Focus no retorno da banda?
Bem, desde que eu era um garoto de 15 anos de idade eu já freqüentava a casa do Thijs, porque o Bobby Jacobs (atual baixista do Focus) era o seu enteado, e era também meu colega de escola. Bobby e eu nos conhecemos numa escola secundária aqui na Holanda, para músicos e dançarinos jovens e talentosos. Naquela época eu já conhecia o nome "Thijs van Leer", mas somente então eu compreendi que ele era um dos criadores de hits como "Hocus Pocus", "House of the King", "Focus III" e "Sylvia". Até então eu não sabia que aquele cara era o responsável pela música que eu ouvia no quarto do meu irmão quando eu era apenas um garoto (risos). Nessa época, com 15 anos, Thijs e o Focus se tornaram uma inspiração musical e espiritual logo de cara para mim. Somente muitos anos mais tarde, o Thijs me chamou a participar de sua banda, Conxi, onde nós tocamos com vários cantores africanos e percussionistas do Senegal. Com essa banda, nós costumávamos tocar algumas músicas do Focus. Quando a banda deu uma parada, o baterista dela, Ruben van Roon, e eu, sugerimos ao Thijs que continuasse com um quarteto, incluindo o Bobby Jacobs no baixo, tocando o repertório do Focus em teatros na Holanda. Nós inventamos o nome "Hocus Pocus remembering Focus". Thijs gostou da idéia, e portanto nós todos estudamos o repertório (o Thijs não muito, pois parecia saber todo o seu trabalho antigo como sabia no passado!). Quem escolheu as músicas fomos Ruben e eu. Haha, isso mesmo, nós dois decidimos quais as músicas legais que queríamos tocar. Bem, além disso eu conhecia um manager que poderia cuidar de arrumar shows, etc.: Willem Hubers, que esteve por trás de vários grandes nomes que no passado excursionaram pela Holanda, como Antonio Carlos Jobim (meu maior herói musical de todos os tempos), Astrud Gilberto, Chick Corea, Dave Brubeck, John Patitucci, e outros. Willem disse: "OK, parece bom, mas eu somente serei o empresário de vocês sob duas condições: 1) Que vocês usem o nome ‘Focus’; e 2) Que a partir de amanhã vocês comecem a gravar o novo disco do Focus". Bem, com isso o Focus e seu álbum "Focus 8" surgiram. Por causa do jeito "romântico" de Thijs explicar os episódios para a imprensa, muitas besteiras foram escritas na mídia nesse recomeço do grupo. Besteiras como, por exemplo, que uma banda cover/tributo do Focus, coisa que nós nunca fomos, teria convidado Thijs a se juntar, e que aí teríamos mudado o nome para Focus. Nunca foi assim que ocorreu, e provavelmente eu nunca irei tocar numa banda cover, pois eu tenho muito no que basear na minha própria criatividade.
Você compôs metade das músicas do disco "Focus 8", a maioria delas incluindo os tradicionais elementos da música do Focus, mas também adicionando uma assinatura própria. Você poderia nos dar alguns detalhes sobre como aquele disco foi composto e gravado?
Bem, como eu mencionei anteriormente, eu estava o tempo todo com o Bobby (Jacobs), assim como com seus irmãos mais velhos Roeland e Jeroen, uma espécie de nova geração de criadores da música no estilo do Focus, pois crescemos sempre em grande contato com Thijs van Leer, Jan Akkerman, e música clássica. Logo, compor dentro da tradição do Focus nunca foi um problema para mim ou para o Bob. Nós conhecemos aquela música muito bem, inclusive sabemos de onde o próprio Thijs tirou sua inspiração, e como criou sua música. E nós ouvimos desde cedo todas as estórias engraçadas sobre Akkerman, Thijs e o Focus. Além disso, eu sou altamente influenciado por todos os tipos de música do mundo, e como falei antes, em especial pela brasileira, com seu grande senso melódico, harmônico, rítmico, espiritual, etc. No "Focus 8", você pode por exemplo ouvir influências do grande Toninho Horta, harmonicamente, em uma das músicas. O bacana é que eu e o Toninho temos agora planos para fazer um projeto juntos no futuro próximo!
Como foi a turnê do Focus, em suporte ao "Focus 8"? Onde o Focus teve melhores públicos assistindo aos shows?
Aquela foi, claro, uma grande experiência. Especialmente para o Bobby e para mim, pois sempre consideramos que fazer parte do Focus era como uma espécie de auge musical na vida de alguém. Por outro lado, eu tive alguns sentimentos dúbios em relação àquilo. Como o grande Jan Akkerman não era mais uma opção para a vaga da guitarra no Focus, eu sabia que eu sempre seria (somente) o seu substituto na banda. Eu ainda acredito que ninguém pode ser melhor para o posto do que o próprio Jan Akkerman. Ele foi o criador, o som, a personalidade. O inventor de um som, ponto. Portanto, na realidade foi legal para mim adicionar um pouco do meu próprio estilo em algumas composições do "Focus 8", embora admito que alguns dos meus solos pudessem ter soado um pouco mais "maduros" lá, como eu consegui agora no disco do OTR. O lado bom do OTR é que eu sou o ponto focal em termos de guitarra lá, apesar da influência positiva que o Focus obviamente tem sobre a banda.
Você veio 3 vezes com o Focus para tocar no Brasil, em 2002, 2003 e 2005. Poderia compartilhar conosco algumas lembranças?
Bem, o que mais poderia eu pedir a Deus do que tocar no meu país favorito em todo o Universo? Eu me recordo especialmente do Canecão, no Rio, pois antes mesmo do meu tempo com o Focus eu já tinha ido a vários shows lá: Ivan Lins, Chico Buarque, Aquarela Carioca com Ney Matogrosso, entre outros grandes nomes da MPB dos anos 70 (sim, mais uma vez a melhor época, até mesmo para música brasileira, foi durante os anos 70). E, de uma hora para a outra, eu era a sensação (no Canecão) como guitarrista solo do Focus. Na caverna do leão... A casa do Rei! (risos) (NR: trocadilho com a música "House of the King", do Focus). O que me impressionou, mais ainda do que eu já imaginava, foi como os brasileiros são envolvidos com música. Eles se mesclam à energia musical de dentro do palco. Mas, os nossos melhores shows foram provavelmente em São Paulo e em Belo Horizonte. Que público, uau, mais roqueiros em São Paulo e mais apreciadores de "Clube da Esquina" em (claro) BH... Cidade de bons compositores e músicos eruditos...
Você já estava escrevendo material para o próximo disco do Focus, "Focus 9", quando foi subitamente retirado da banda. O que ocorreu?
Sim, eu compus alguma coisa e nós já havíamos inclusive gravado cerca de 4 ou 5 peças minhas para o "Focus 9". Bem, eu creio que as minhas contribuições estavam grandes demais para Mr. Van Leer e, de repente, do nada, nós tínhamos "um desentendimento artístico" (se você entende o que eu digo), o que gerou o meu afastamento da banda. Isso fora o típico problema de egos à la Spinal Tap (risos), e o da namorada do "tecladista" se metendo nos negócios do grupo (mais risos). Hoje em dia eu posso analisar isso tudo à distância, e me parece bastante engraçado. E bem "rock’n’roll" (risos). Como o mundo pode ser tão pequeno às vezes... Bem, eu pude perceber que o novo guitarrista do Focus (NR: Niels van der Steenhoven) usou partes das minhas "interpretações" no álbum "Focus 9", porque posso notar ("ouvir") que os outros deram as nossas gravações prévias para ele escutar. Mas, afinal, eu encaro isso como um elogio...
Em 2005, você também gravou um disco solo no Brasil chamado "Rio On The Rocks", incluindo alguns músicos brasileiros renomados. Como esse projeto aconteceu?
Foi uma coisa lógica para mim. Eu estava pensando em fazer um disco de rock/pop com meus amigos músicos brasileiros, que eu encontrei de novo nas turnês do Focus por aí. Mas eu não pude controlar o caminho que o trabalho foi tomando, e o estilo acabou se tornando algo como jazz / fusion / música brasileira / rock / dance, em vez de pop rock. Parte da música eu decidi gravar espontaneamente, e algumas composições foram mais ou menos criadas no próprio estúdio.
Realmente, as músicas claramente tinham influências bastante ecléticas, indo do rock à música latina, do jazz à bossa nova. Quer dizer que você não programou assim desde o início da concepção, aquilo foi se desenvolvendo no estúdio?
Eu queria traduzir minhas experiências brasileiras, e fazer isso apenas no terreno do rock/pop não seria uma tradução decente desses sentimentos. Portanto, o som acabou se tornando algo distinto, e eu necessitava ainda de uma tradução musical dos meus sentimentos dedicados à minha namorada brasileira na época, Lilia.
Em 2006, você resolveu formar uma nova banda de rock, e convidou o John Lawton (ex-Uriah Heep e Lucifer's Friend) para se juntar. Como isso ocorreu?
Simples, eu queria manter a minha carreira no rock após minha saída do Focus. Eu adoro o mundo do rock e a música roqueira em si. Além disso, eu acho que posso compartilhar essa parte da minha música com um público maior, o que certamente é um ponto a favor.
Primeiramente o projeto iria se chamar On The Rocks, depois foi abreviado para OTR. Como o nome foi escolhido?
John e eu inicialmente pensamos que poderia se chamar "Rio On The Rocks" (como uma continuação do meu projeto de mesmo nome), mas como não queríamos passar a impressão de que seria uma banda de "rock latino", mas algo mais na tradição de um Led Zeppelin ou Aerosmith da vida, decidimos encurtar para "On The Rocks". Entretanto, começamos a notar que algumas bandas estavam utilizando o mesmo nome (definitivamente, originalidade não é o nosso forte – risos), então finalmente nos decidimos por "OTR", que afinal de contas quer dizer "On The Rocks"... ou "Off The Rocks"... ou "Ocean To Rotterdam" (estou apenas brincando, claro!).
Completando a formação, 3 músicos brasileiros foram convidados. Como eles foram escolhidos? Você poderia nos falar um pouco sobre cada um deles?
O ponto central foi que eu conheci o baterista (e amigo) Xande Figueiredo em 1990, em Rotterdam. Ele estava excursionando com uma banda, tocando MPB lá. Ele já era um baterista bastante especial naquele tempo. Algum tempo depois, eu o encontrei novamente no Brasil, quando estava tocando com um grupo estilo Weather Report, junto a ótimos músicos. Por exemplo, o pianista Raphael Vernet, excelente instrumentista. Esses caras eram garotos que freqüentavam a casa do Hermeto Pascoal, logo você pode imaginar o que acontece a partir daí. Eles se transformaram em monstros, num sentido musical. O Xande é um músico muito versátil, nunca "quadrado", com um "groove" poderoso, pesado e ao mesmo tempo sutil, meu tipo de músico... Uau! Eu tive boas experiências com ele já na gravação do "Rio On The Rocks". Eu creio que o som de bateria do Xande seja tão importante para o OTR quanto era o do Keith Moon para o The Who, e o do Pierre van der Linden para o Focus. Bonham para o Zeppelin... Ou o Marcio Bahia para o Hermeto! Já o Marvio Ciribelli (NR: tecladista) eu conheci depois, nas turnês do Focus, e fizemos algumas apresentações juntos. Grande energia e musicalidade ao vivo! Por fim, o Ney Conceição (NR: baixista) eu conheci quando o meu manager no Rio arranjou um substituto no baixo para o lugar do meu amigo, e o maior "grooveiro", Arthur Maia, que não pôde participar de um show do projeto "Rio On The Rocks". De repente apareceu na área aquele monstro no baixo, o Ney... Grande músico!
Como o álbum de estréia foi composto? Basicamente você escreveu a maior parte das músicas, e o John veio com as letras, certo?
Sim, eu escrevi a maior parte da música, e o John compôs a melodia principal em "Ghetto" e em "Woman", além de ser responsável por todas as letras.
As gravações aconteceram no Rio e em Rotterdam (Holanda), certo? Quão difícil foi de se organizar tudo isso, em termos logísticos?
Foi bem difícil, mas conseguimos... Eu vou te privar dos detalhes todos! (risos)
Quais instrumentos você utilizou nas gravações do CD?
Eu toquei com uma guitarra Gibson Les Paul Custom, e uma Telecaster feita pelo Beto Guedes (sim, o grande Beto Guedes, também grande na arte de construção artesanal de instrumentos), mais um violão de cordas de nylon Giannini feito à mão, um violão de cordas de aço Gibson modelo ASB, e uma guitarra D’Alegria Dimension, que serviu de modelo para a minha própria signature. Incrível instrumento, uau! Além disso, eu toquei tamborim, kalimba, e gravei alguns poucos backing vocals em "Face To Face" e em "Shine".
O CD foi finalmente mixado e masterizado em São Paulo, nos Estúdios Mosh. Por que o Mosh foi escolhido? Você ficou plenamente satisfeito com o resultado final?
Eu visitei os Estúdios Mosh numa de minhas idas ao Brasil com o Focus. Nosso promotor no Brasil e América do Sul, Marcelo Francis, nos levou lá. Ele é quem nos arranjou o acerto com o Mosh (para o OTR). Eu adoro o estúdio e o recomendo a qualquer músico sério, de rock ou qualquer outro estilo, a trabalhar com eles. Eu estou muito satisfeito com o resultado, graças ao trabalho de mixagem do engenheiro de som Adriano "Ted", e o de masterização, feito pelo Walter Lima. Eu gostaria ainda de frisar o trabalho dos outros engenheiros que cuidaram das gravações em si: Bob Nagy do Estúdio Criação (RJ) e Frits van der Veen do Studio Bolinha (Rotterdam, Holanda). Um grande time!
Poderia nos falar um pouco sobre as músicas novas e seus estilos?
Bem... Rock, blues, canções com groove e alma, aqui e ali indo um pouco mais profundo nas estruturas harmônicas. É, meio difícil de se analisar a sua própria música (risos). Outra coisa que eu gostaria de comentar é que fiquei bastante feliz que o John tenha gostado da idéia de chamarmos a versátil vocalista de música contemporânea Sônia Genu (também do Rio de Janeiro) para adicionar seu canto lírico a um coral de ópera feminino em "Hello". Você acredita que ela foi responsável pela gravação de 20 vozes eruditas nessa parte? O "coral" feito por ela funciona muito bem junto à voz quente e poderosa do John. Deu uma espécie de toque religioso/espiritual à música. Outro convidado foi o Julio Pimentel, outro brasileiro que deu um pequeno sabor brasileiro com os seus berimbaus em "Woman".
O que significa o nome do álbum ("Mamonama")?
Existe uma música no disco que é homônima, quase toda composta por um músico e designer gráfico amigo meu chamado Carlos Duba. A base toda foi composta por ele, e eu compus uma "bridge" no estilo do Focus. Carlos inventou a estória de um trem que estaria partindo de um local imaginário, "Mamonama". Logo, o nome é apenas fantasia, sobre uma cidade que não existe. Só existiria uma forma de se chegar lá: de trem. Pessoas querem chegar lá para obter fortuna. O John escreveu a letra baseado nesse tema. Então, o próprio John sugeriu darmos o nome "Mamonama" ao disco, o que nós acabamos fazendo.
A Lion Music foi a gravadora escolhida para lançar o CD na Europa e na América do Norte. Como eles foram eventualmente escolhidos?
A Lion Music tem uma "assinatura rock", e nós achamos esse ponto importante na escolha do selo. Bem, nós conseguimos o contato com eles através de você mesmo, não foi? (risos) Estamos com uma impressão muito boa deles por enquanto, eles são bastante dedicados à música!
O álbum vai ser lançado no dia 10 de outubro. Quais são os planos a partir daí, sair tocando direto?
Nós estamos exatamente neste momento discutindo isso com promotores e agentes nos Estados Unidos, na Europa e na América do Sul.
Há planos do OTR também tocar músicas do Focus e do Uriah Heep nos shows? Talvez até mesmo músicas do Lucifer’s Friend?
Bem, eu não me sentiria confortável, por uma questão moral, em tocar músicas do Focus da época do auge do grupo, os anos 70, porque aquilo não foi criação minha, e não é um legado que eu deva representar. Eu creio que apenas o Jan Akkerman e o próprio Focus têm o direito de fazer isso. Algumas coisas pós-Focus compostas por mim já aparecem no disco em si, logo é lógico que iremos tocar isso. O John gostaria de tocar algumas músicas do Heep e do Lucifer’s Friend também. Eu não sou fã de fazer muito esse tipo de coisa, eu sempre prefiro promover realmente apenas o material do OTR. Mas como o John fala, uma parte dos fãs gosta de ouvir uma pequena referência do passado. Logo, haverá espaço para uma dedicação ao bom e velho passado do Heep e do Lucifer’s Friend.
A banda que tocará ao vivo será a mesma que gravou o CD?
Sim, claro, o OTR é uma banda fixa, não apenas "a banda do Jan e do John". Eu gostaria de ver mais atenção na mídia aos demais integrantes da banda, eles são muito importantes para o grupo! Além disso, deveremos adicionar um guitarrista extra em grandes shows, e eu já encontrei um grande talento no melhor estilo rock/blues em Angra dos Reis (estado do Rio). Seu nome é Cecel Alves. Provavelmente iremos trabalhar com alguns backing vocals femininos também.
Você tem outros planos para o futuro, com ou sem o OTR, que poderia compartilhar conosco no momento?
Meu objetivo principal é obter sucesso com o OTR. À parte disso, eu sou um músico e compositor que gosta de fazer (e irei fazer) coisas diferentes em jazz, música brasileira, rock, world music, composição em geral, etc. Logo, eu certamente irei aparecer aqui e ali com outros músicos em palcos por aí. Agora mesmo estou discutindo com o Toninho Horta como podemos fazer algo legal juntos. Eu tenho também planos para trabalhos na linha do jazz com músicos do Rio, com quem eu já toquei ao vivo algumas vezes. Na Holanda eu tenho um quinteto com material próprio, baseado em música brasileira, cubana e bebop. E recentemente eu voltei a tocar com o Pierre van der Linden e o Bobby Jacobs (NR: que ainda são respectivamente baterista e baixista do Focus), mais o Wim Dijkgraaf na gaita. Não é progressivo, mas sim algo mais jazzístico. Como o mundo dá voltas, não é mesmo? (risos). Mas, frisando novamente, o OTR tem todas as minhas prioridades no momento, ele é o meu "filho".
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