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Penélope Nova: Entrevista exclusiva com a VJ da MTV Brasil

Postado em 04 de setembro de 2003

Por Anderson Guimarães

O espaço do som pesado na mídia, principalmente na TV sempre foi muito escasso. Poucas pessoas fazem, de fato, alguma coisa em prol de um estilo, quem dirá de vários. Por isso,nada melhor do que uma entrevista reveladora com a VJ da MTv Penélope Nova. Ela fala de tudo um pouco e esclarece diversos fatos obscuros, entre eles as críticas, o namoro com André Matos, o fim do Fúria e a verdadeira batalha que ela travou para a volta do Riff à programação. Confira!

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Whiplash! - Penélope, primeiro de tudo queria que você falasse de como você começou a curtir música em geral e o que você ouvia no início?

Penélope / Putz, sei lá... quando eu nasci? (risos). Mas foi por aí mesmo, meu pai nunca fez nada sem ouvir música e eu apareci no meio disso... muitas das minhas memórias de infância têm a ver com música. Na sala de som da minha casa tinha uma poltrona branca, que pra mim, na época, era uma espécie de monte Everest, com uma vantagem: bem em cima dela tinha uma das quatro potentes caixas de som instaladas no recinto. Virava e mexia eu tava lá, cantando "Viena" do Ultravox, que eu amava. Outra coisa é que o momento do rompimento do lacre de um LP importado era muito reverenciado pelo meu velho, numa verdadeira metáfora da perda da virgindade (risos). A verdade é que aquilo tinha um cheiro diferente, especial; nosso nariz se alimentava desses registros e eu adorava. O encarte do "Rocket to Russia" foi um dos meus primeiros gibis, e eu lia várias letras em inglês, mesmo sem saber ler direito português ainda. Meu apelido é Penny, e meu primeiro disco foi um compacto dos Beatles, com "Strawberry Fields" de um lado e "Penny Lane" do outro... Então eu ouvi de tudo desde bem cedo, mas acho que, quando criança, meus favoritos eram Clash, Sex Pistols e Ramones, Thin Lizzy, Kiss, Plasmatics e AC/DC. Mas tinha mais coisa...

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Whiplash! - Impossível não perguntar sobre seu pai... Você curte o trabalho dele? Como foi crescer sendo filha do Marcelo Nova?

Penélope / Olha, quando o Camisa começou eu tinha o quê? Oito, nove anos? Foi sensacional. Usar couro preto, tachas e pregos num calor de quarenta graus, gritando "bota pra fuder!", fazendo o que a minha irmã menor chamava de "dedo em i" pra todo mundo, cortar o cabelo beeeem curto no barbeiro... ninguém entendia absolutamente nada (risos)! Eu assisti aquilo com olhos de criança, mas o questionamento e o rompimento com o tradicionalmente imposto definitivamente me inspiraram para os anos futuros. Era tudo muito cru e verdadeiro - e deliciosamente chocante. Depois, quando o "rock nacional" foi sendo assimilado e vendido como mais um produto, eu vi o velho continuar o mesmo, com a mesma ou maior coerência... Dizer NÃO pra dinheiro é coisa rara (e louvável!) e foi ele quem me ensinou que isso não só é possível, como extremamente válido, por ser digno de respeito e provedor de consciência tranqüila - duas das poucas coisas que não tem preço. Se bem que hoje em dia, se compra respeito sim... Bom, posso dizer que crescer sendo filha do homem foi muito didático e divertido. O trabalho dele é o reflexo do seu próprio amadurecimento, veículo das suas experiências e conclusões. Qualquer trabalho resultante disso já merece apreço. O de alguém com a inteligência, o caráter e o sarcasmo dele merece bem mais.

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Whiplash! - Seu pai influenciou a sua preferência pelo rock? O que você curte além de rock?

Penélope / Sim, sem dúvida, Não tinha como não, né? Tá, eu podia ir de encontro a isso, e ser mpbmaníaca. Graças a Deus, isso não aconteceu (risos). Mas... ainda na infância, passava na tv aquele programa, "Concertos para Juventude", lembra? Eu adorava. Via todos com o meu avô, pai do meu pai - nós morávamos todos juntos. Daí teve uma época que eu quis estudar cello, mas... não sei, acho que meu pai não me levou a sério. Foi no tradicionalmente conturbado período da adolescência, fase em que mais conflitamos (eu e ele). Ao invés disso, comprei todas as sinfonias de Beethoven, com a filarmônica de Berlim regida pelo Karajan. E alguns quartetos de cordas de Mozart, umas sinfonias de Haydn... Gostaria de ter tido alguém com uma cultura clássica equivalente a de rock do meu pai na família, ou ao longo da vida. Demorou mas veio...

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Whiplash! - Como surgiu a oportunidade de entrar para a MTV? O que você fazia antes de ser apresentadora?

Penélope / Eu era divulgadora de rádio, primeiro na Sony, depois na WEA. Lá eu atendia a MTV, levava os clipes... Daí me chamaram pra trabalhar no departamento com o qual eu lidava, o artístico. Entrei na MTV em 1997, como assistente do TAR (Talent and Artist Relations). Quando me chamaram pra fazer o Riff (2001) eu coordenava o departamento e não deixei o cargo, acumulei as funções.

Whiplash! - O Riff antes não tinha apresentador. A audiência com certeza aumentou bastante após sua entrada. Cogitaram Vitão Bonesso e João Gordo, mas no fim, você entrou. Você já recebeu alguma crítica negativa que te deixou chateada?

Penélope / Bom, vamos por partes. O Riff antes de mim não era Riff, era Fúria - e já tinha deixado de ser somente metal, até no nome. Essas diretrizes são da MTV, e cabe ao diretor e apresentador (se tiver um) do programa fazerem o melhor dentro delas. Aproveito pra declarar oficialmente que eu não acabei com o Fúria, como alguns órfãos extremistas gostam de afirmar. Aliás, não teria nenhum prazer em fazer isso. O departamento no qual trabalhava é um dos responsáveis pelo encaminhamento dos clipes na emissora, sugere os programas onde os mesmos devem passar. Sempre houve e espero, haverá pessoas representantes dos mais variados segmentos musicais na MTV (inclusive fora do vídeo), e elas defendem a existência de um espaço voltado pra esses segmentos. Por outro lado, também há os que questionam o "potencial econômico" desses segmentos, às vezes mais de um do que de outro, por diversas razões. Eu fui e sou uma das ativas defensoras não só do metal e do rock, digamos assim, mais pesado, como também do mais alternativo. Acho obrigatória a presença desses estilos, e mais, o respeito por eles. Mesmo dentro da chamada "visão comercial", acho imprescindível ao menos um momento da programação voltada para isso. Sim, porque sem nem entrar na questão do lucro que isso pode (ou não) trazer, no mínimo dá à MTV "conceito", "respaldo", "autoridade musical". O resto paga as contas, o que, convenhamos, é fundamental para uma empresa que pretenda lucrar e se manter ativa. Onde parei? Ah, no fim do Fúria, quando o Gastão saiu. E depois da saída dele, a ordem foi "ampliar os horizontes", saca? Ou seja, se tinha algum peso, era pro Fúria. Metal e suas derivações, hardcore, industrial, tudo no mesmo programa. Até aí eu acho que dá pra entender, por mais que também dê pra lamentar. Claro que é um saco ter que dividir aquilo que era só seu com outros, que supostamente têm a ver com você (e você nem acha que têm tanto assim) mas... a vida não é justa, muito menos perfeita, certo? Só que, era fato, o Fúria a essa altura não existia mais, tinha virado outra coisa. O problema é que, quando isso foi percebido, foi cogitada a hipótese não só de acabar com o programa, mas também a de não substituí-lo por outro, equivalente a ele de alguma maneira. E alguém então sugeriu a criação de um novo programa, que desde o início alcançasse um espectro mais amplo dentro do universo da música pesada, procurando assim satisfazer o maior número possível de gregos e troianos. Esse programa era o Riff, que dessa maneira, nasceu pra ser um programa abrangente de ROCK pesado. Quanto a me chamarem, foi meio por brincadeira. Fizemos o teste eu e mais dois funcionários (que gostavam bastante de rock) da tv e no final, me escolheram. Acho que as entrevistas que eu costumava encaminhar nos bastidores dos festivais (tipo o Monsters) cobertos pela MTV e a facilidade com que eu as conseguia (quero agradecer aos meus inseparáveis cabelão e costumeiro decote) foram determinantes (risos)... E de fato a audiência aumentou. Vitória, né? Lógico que fico contente, mas não acho que a minha entrada é a única responsável por isso; a imposta e polêmica "ampliação de limites" acabou contribuindo muito. A galera que curte hardcore, alterna e new metal era bastante carente - além de menos radical - e hoje é deveras agradecida. Quanto a mim, garanto que mesmo não sendo a maior autoridade no assunto, faço o melhor dentro das verdadeiras limitações existentes: a solicitação, o recebimento e a liberação de clipes que todos queríamos muito assistir é um exemplo válido. Esse é um processo burocrático, obrigatório, bastante trabalhoso, e que ninguém pensa que existe ! Nessas, não dá pra passar tanta coisa foda... Daí às vezes demora, só que a gente insiste e um dia acaba rolando - e isso é o que importa. No mais, leio todos os e-mails, e respondo os que consigo. Procuro esclarecer as dúvidas, de qualquer tipo, atender pedidos sempre que possível. Vale lembrar que não faço essas coisas sozinha. O Riff tem diretor e produtor, que ralam tanto ou mais que eu. E claro, uma hora por semana é pouco - e olha que eu falo na velocidade do limite de compreensão (risos).

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Whiplash! - Muita gente te critica, inclusive gente famosa... O que você acha dessas pessoas?

Penélope / Você tá falando desse novo vocalista do Angra? É, me falaram de uma entrevista que ele deu pra vocês... Ah, sinceramente... acho graça. Tudo que não for construtivo tem mais é que ser desprezado. Especificamente nesse caso, eu sou o bode expiatório (risos). Mas o mais engraçado ali é a tentativa de disfarçar o motivo real da crítica, que é, inegavelmente, despeito. Só se deve tomar cuidado, porque isso não tem nada a ver comigo, é a velha treta da separação do Angra, a substituição dos que saíram, nesse caso mais o André... As pessoas parecem não aceitar o fato que, depois de um rompimento, os envolvidos podem não querer nunca mais se ver, falar, etc. E ficam alimentando essa fantasia do "os caras são gente fina, não tem nada a ver, quem sabe eles tocam juntos de novo, ao menos dividem o mesmo palco, numa grande comunhão..." Eu não sou amiga de todos os meus ex-namorados, sabe como é? Mas nesses casos não tem um monte de gente que espera que seja diferente, eu não tenho que corresponder às expectativas de ninguém; já no caso das bandas... E isso é só uma fatia do bolo que, como eu já disse, nem é a minha. Tem outra, aquela onde a insegurança é latente e só consegue apoio na auto afirmação - mas não na direta, que não engana ninguém (ao contrário, até ofende) e sim na indireta, baseada na covardia. Curiosamente um dos meus melhores amigos é santista, e conheceu esse cara na época em que ele apenas vendia discos numa loja e era, assumidamente, fã (acredita?) do André. Tudo isso pra agora, ao invés de ser cordial e respeitoso, ficar por aí, perdendo tempo em espezinhar aquele que, no mínimo, deu lugar a ele. É como o Blaze ter entrado no Iron e sair falando mal do Bruce... Quer dizer, falando mal mesmo, não, né? Que aí pega muito mal e acaba saindo pela culatra... Mas apenas sugerindo que "o cara diz que é o tal, mas cuidado, só porque ele fala não é verdade, presta atenção, isso é marketing, não se deixe enganar"... Ainda bem que o trabalho do André fala por si mesmo. A não ser que talento e estudo tenham virado "estratégia" (risos). A propósito, o tom populista do discurso dele é o quê? Parece até campanha política, arrecadação de votos... E isso só agora, porque ao que consta essa humildade toda é novidade. Mas é necessário ganhar a simpatia dos fãs, eu entendo (risos). É a velha estória do lobo em pele de cordeiro. O cara acusa o outro de fazer o que, na verdade, ele faz - muito esperto. Promove-se como o revelador do "mal" para assim ser automaticamente visto como representante do "bem", contando com os que caem nessa. Bem intencionado, né? (risos) Fazer o quê? Quem tem cú tem medo. E, num país difícil como o Brasil, os recalcados proliferam... Tudo isso misturado a um falso moralismo, em defesa de um suposto "profissionalismo"... Ora, faça-me o favor... Há dez anos eu trabalho nesse meio, um meio onde fazer média é objetivo máximo, e o maior interesse é "manter as relações"... Onde não se assume nada, não se critica nada, nada é uma merda, ao menos por "respeito ao trabalho dos caras"... Ou porque, mais sinceramente, vai saber o que isso pode te proporcionar algum dia - ou pior, o quanto pode te prejudicar, né? Como eu disse, quem tem cú tem medo, de perder alguma vantagem por assumir uma opinião, falar o que pensa e entende por verdade. Se isso for prova cabal de profissionalismo eu faço questão de não ser profissional. A Penélope apresentadora é a mesma fora do ar. Em tempo: É hipócrita esse discurso que sugere a dissociação das relações pessoais das profissionais e, sejamos realistas, vivê-lo plenamente é utópico. Até porque, enquanto uns namoram uma vj da MTV, outros são parentes de produtores do Jô Soares... Cada um luta com as armas que tem, não sei porque tanto estardalhaço (risos).

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Whiplash! - No início você não demonstrava curtir heavy metal, sendo que a maior parte do público do Riff é meio heavy. Você só passou a curtir mais o estilo após o começo do namoro com o André Matos ou continua não gostando?

Penélope / Na real eu encananei com a perspectiva de ter que cumprir com o estereótipo de metaleiro, por apresentar o programa. Tenho a impressão que, enquanto procurava negar isso, alguns entenderam uma completa rejeição do estilo. Eu ouço inúmeras coisas que não são nada pesadas, mas isso não significa que eu não ouça (e goste!) de várias que são. Minha maior bronca é com fórmulas, repetições de experiências que já deram certo. Sou contra a banalização. E acho que o metal, especialmente o melódico, é um dos estilos que mais sofre esse tipo de coisa. O melódico ainda é um dos que mais valoriza a virtuose, coisa que por si só pra mim não é sinônimo de qualidade, ainda mais exacerbada. Pronto, eleito meu alvo favorito (risos). Mas sempre ouvi AC/DC e muito Motorhead. Deep Purple, Sabbath... mesmo o Iron... o metal trouxe algo do fantástico pra música, era a representação do mal, algo muito divertido. Gostava do começo do Motley Crue, a evolução do hard rock pro metal, e de várias bandas dessa época, como o Queensryche. Anthrax, Pantera. Adoro Paradise Lost. Tudo antes de conhecer o André... Ele me mostrou Rammstein, que é absurdamente imponente e de quem eu virei entusiasticamente fã. E tem até coisas que ele não gosta que eu acho legais, tipo In Flames e Soilwork. A questão é que eu gosto de bandas por mais razões além do tipo de som que elas fazem - não é assim com todo mundo? Mas eu sei bem que há bandas rotuladas como melódico que são arrebatadoras. O Shaman por exemplo (risos).

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Whiplash! - O fato de o André ser muito assediado pelo público feminino não te incomoda?

Penélope / Eu é que incomodo elas (risos)! Impressionante o quanto, aliás... E tá aí uma coisa que eu não entendo: como é que, ao invés de acharem legal pelo simples fato de eu não ser uma modelo anoréxica ou a gostosa da cerveja e sim uma mulher independente, que fala o que pensa e que ainda por cima tem projeção num meio ultra machista, criticam a mim e até a ele, e exatamente por isso... Esperneiam um monte de ofensas infantis, tipo "ela é gorda, dentuça, porca..." Porra, porca? Eu sou tão cheirosinha (risos). Quando o André me falou que o porca era por causa das tatuagens (que, aparentemente são muitas pra alguns), morri de rir. Que é que vou falar? Que o André pensa exatamente o contrário? Meio óbvio, né? Agora me diz: O que mais se espera de um homem culto, talentoso, inteligente e bem sucedido é que a mulher dele seja só esteticamente perfeita? Se ele ainda fosse jogador de futebol, tudo bem... Mas aí eu é que não estaria com ele (risos). Além do que, o contrário também acontece, pensa que não? Quantos e-mails eu não recebo de caras, falando "linda, larga aquele André e casa comigo !" ou "que Fernanda Lima e Daniela Cicarelli que nada, a gostosa da MTV é você"! Eu sei, parece absurdo, mas... não são nem poucos! O legal é que também tem muita menina que é louca pelo André e nem por isso quer me ver morta - ao contrário, perguntam por mim quando eu não estou com ele, mandam até beijo (!) e desejam boa sorte... As outras são só mal comidas, tadinhas... Não ligo não, lamento por elas - inveja não ajuda a ninguém.

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Whiplash! - Depois de um tempo fora do ar, o Riff voltou melhor ainda. Você teve que brigar muito para esse retorno? Por que o programa saiu do ar?

Penélope / A MTV tem uma "programação de verão" e muitos programas saem da grade nesse período, que, se não me engano, vai de dezembro a março. E em março o programa voltou, só que sem mim. Acho que houve uma preocupação com o fato de eu agora estar a frente de um programa diário, o que supostamente me exigiria muito. Só que o Riff é meu maior prazer ali, sabe? Eu brinco que ele é meu biscrock, (risos). Tipo o agrado que você faz no seu cãozinho quando ele te dá a patinha na frente dos outros. Enchi muito alguns sacos e fiquei super feliz quando consegui voltar - mais feliz ainda com a reprise que, finalmente, nos foi concedida. E assim vamos indo...

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Whiplash! - Quais os prós e contras de namorar uma pessoa famosa? Você já se estressou com algum boato que tenha ouvido? A propósito, o que você achou daquele que diz que você estaria namorando o Edu Falaschi, do Angra?

Penélope / Os contras são óbvios: A fama parece despertar um interesse extra na vida do famoso, e no nosso caso, esse interesse é duas vezes maior. Ô coisa besta... Mas sempre tem um babaca que, buscando ele algum "destaque", inventa alguma coisa, põe palavras na sua boca, sai falando que tá tudo acabado - e do outro lado, claro, tem os incautos pra ouvir, opinar, até discutir (!), dando, infelizmente, continuidade e visibilidade ás mentiras mal intencionadas. Nesse contexto a internet é a pior merda... Muitas vezes serve apenas como um painel controlado por uma panelinha de meia dúzia de frustrados pretensiosos que se esconde atrás de uma falsa intimidade com seus ídolos e que, sob ela, se dá o direito de conduzir e influenciar negativamente em prol dos seus anseios medíocres... O problema é que essa intimidade muitas vezes é a verdadeira mentira, que apenas é providencialmente alimentada por alguns desses ídolos, uma vez que é muito útil pra eles ter ecos daquilo que não podem afirmar publicamente: mentiras. É um negócio muito justo: troca-se um certo nível de status pelo trabalho sujo da difamação dos vistos como ameaça. Lamentavelmente, os outros fãs que compartilham desse desejo em "pertencer" dão, ingenuamente, continuidade a algo sobre o qual desconhecem a veracidade. Triste, né? Vazio... Mas tá incluso no pacote. Boatos como esses são freqüentes e a pior coisa a fazer é dar ouvidos... Melhor dar risada. E no caso desse último, isso é bem fácil: é a piada do ano, fala sério! Quem falou isso deve me achar muito feia e sugeriu um par à altura (risos). Prós? Depois dessa, tá provado que não tem nenhum !

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Whiplash! - Alguns outros apresentadores de sucesso da MTV, como Cazé e Marcos Mion, estavam no auge, mudaram de emissora e seus programas não decolaram. Você já recebeu alguma proposta para deixar a MTV? Se já, por que não aceitou?

Penélope / A MTV não é mais um simples canal de tv. A importância do ibope, o target, é tudo muito diferenciado - e pra mim, um prazeroso local de trabalho exatamente por isso. A crítica, o questionamento e a liberdade interessam à poucos e são automaticamente descartados da grade de programação do monstro do monopólio da (falta de) cultura brasileira - os outros, em sua maioria, se degladiam desesperadamente apenas para mamar em alguma das suas tetas, antes do leite acabar. A televisão é a imagem da Besta (risos). Acho que por essas razões o Cazé não coube na Globo, e tendo que deixar de ser ele, certo não ia dar. Quanto a mim, ser vj nunca foi meu sonho, e eu não tenho a mínima vontade de encarar isso como "o começo da minha carreira". Quando acabar, quero ser dona de casa (risos)...

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Whiplash! - Você é uma pessoa muito agradável e engraçada. Mas é daquele tipo que ou se ama ou se odeia (embora eu não entenda como alguém consegue isso). Você acha que a sua personalidade forte, sua sinceridade, doa a quem doer, são alguns dos motivos pelos quais os telespectadores gostam tanto de você?

Penélope / Pros que gostam, sem dúvida - e melhor, pros que detestam também. A seleção natural me interessa, ao contrário da unanimidade, que é burra. Sumariamente não procuro ser de alguma maneira na expectativa de agradar ninguém, não é numérico (e/ou comercial) no meu critério. Quem me detesta pode me acusar de qualquer coisa, menos de burrice e hipocrisia - e isso é o que eu mais prezo. Quem gosta, com certeza percebe e - mais importante - valoriza isso. Fico com eles.

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Whiplash! - Quais suas bandas preferidas? O que você tem ouvido ultimamente? Que banda nova você destacaria?

Penélope / Cara, eu acabo de fazer trinta anos, e nunca me senti tão bem. Envelhecer é a melhor coisa da vida e traz, entre outras coisas, tranqüilidade. Eu nunca fui entusiasta da tecnologia, não sou muito chegada a um computador, então as "facilidades da vida moderna" não me são muito indispensáveis. Falo isso porque cada vez mais me sinto menos pressionada a estar ultra-atualizada, a correr pra descobrir as coisas o quanto antes, como se isso provasse alguma coisa. Acaba sendo estressante ou frustrante. Pra quê a pressa? O que é bom dura e se não durar, bom não devia ser... Amo música, mas tenho lido como nunca, coisas que eu sempre soube que leria agora: Dostoievski, Proust. Em resumo, ultimamente meu grande barato é olhar pra trás. As bandas mais "novas" dignas de menção nem são tão novas assim... Dessas, o Hellacopters é a minha favorita. Mas ela soa tão... trinta e poucos anos atrás (risos)! Tenho ouvido muito Led Zeppelin, comprei o How The West Was Won - o DVD é embasbacante. Também posso falar do meu clipe favorito no momento, que é do Johnny Cash - um senhor setuagenário, que a essa altura do campeonato regravou diversas músicas, entre elas, "Hurt", do Nine Inch Nails, e cuja versão ficou fenomenal e o clipe tanto quanto. Isso ilustra bem o que eu acabei de dizer... Prediletas? Putz, são tantas e tão variadas... David Bowie, AC/DC, Thin Lizzy, Hellacopters, Social Distortion, Lou Reed, Stooges, Afghan Whigs, Wildhearts, Teenage Fanclub, The Clash, Bob Dylan, Portishead, Lee Perry, Rammstein, Foo Fighters, Hanoy Rocks, Dinossaur Jr, Motorhead, My Bloody Valentine, Queens of the Stone Age, Roy Orbison, Cocteau Twins, Supersuckers, The Who... e mais um monte (risos).

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Whiplash! - Que banda você não exibiria de jeito nenhum no Riff?

Penélope / Ah, isso seria arbitrariedade... O Riff deve exibir tudo que nele e a ele couber. Se você tivesse perguntado o que eu não ouviria de jeito nenhum na minha casa...

Whiplash! - Mudando um pouco de assunto... Quando você fez sua primeira tattoo? Quantas você tem? Qual foi a última?

P- Fiz minha primeira tatuagem às onze horas da manhã do meu aniversário de dezoito anos - esperei muito por isso. Hoje em dia tenho 21, numa contagem que só eu entendo - muitas estão em meio a outras. A última foi meu presente de dia dos namorados pro André: um lacinho cor de rosa, no cóccix, (risos)... Puta presente, vai!

Whiplash! - Quando você chegou na MTV, algum apresentador foi mais camarada, dando dicas, conselhos, etc? Fale um pouco sobre seu relacionamento com os outros apresentadores.

Penélope / Os caras com quem eu tinha mais afinidade eram o Massari, o Gastão, o Rodrigo - mas eu não era VJ na época deles, a não ser do Massari, mas... a gente falava mais de música. Como quando eu passei a apresentar eu trabalhava na TV a anos, já conhecia e me dava bem com todos os outros - mas nunca tive esse papo com ninguém. O Leo curiosamente virou meu amigo, mas nem é porque trabalhamos juntos todo dia, a gente de fato tem coisas em comum.

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Whiplash! - Quais são seus planos? Algum programa novo?

Penélope / Nunca planejei nada na vida, muito menos profissionalmente. Estou muito feliz com meu trabalho - mais do que nunca, aliás - mas a melhor coisa que ele me trouxe foi o André. Acredito que não haja felicidade sem amor, então essa busca sempre foi meu principal objetivo; o resto é circunstancial. É, pode não parecer mas sou romântica (risos)... Hoje, além do amor dele, conto com o das minhas filhotas caninas e felina e dos meus poucos e suficientes amigos - e posso dizer que estou plena.

Whiplash! - Obrigado pela entrevista. Você quer mandar algum recado pros leitores da Whiplash?

Penélope / Não, acho que não... Isso é meio pretensioso, né não??? Obrigada a vocês.

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