Moonspell: Entrevista exclusiva com o baixista Sérgio Crestana
Postado em 15 de janeiro de 2002
O baixista brasileiro Sergio Crestana do português Moonspell está de férias no Brasil e aproveitou para conversar com os fãs. Em entrevista exclusiva concedida ao Whiplash! na sede brasileira da Century Media, Sergio fala dos planos, dos shows e comenta o cenário do metal mundial.
Perguntas por Paulo Finatto Jr.
Entrevista e Fotos por
Fernanda Zorzetto
Whiplash! - Nenhum álbum do Moonspell é igual ao outro. Em que aspectos "Darkness and Hope" é influenciado por trabalhos anteriores e em que outros aspectos é totalmente diferente?
Sérgio Crestana / Eu acho que, como você falou, ele é influenciado por todos os outros anteriores. O que aconteceu na composição desse álbum foi uma releitura da própria banda, dos trabalhos antigos. E a diferença entre todos os outros é que esse álbum também veio com uma característica mais moderna, ou seja, é uma releitura atualizada da carreira da banda até agora.
Whiplash! - O que mudou na banda depois da sua entrada e o que você acha dos 3 álbuns da banda que antecederam a sua entrada?
Sérgio Crestana / Na verdade eu só vim trazer mais um background diferente dos outros músicos. Talvez porque o meu caminho como músico tenha sido um pouco diferente dos outros músicos da banda. Eu vim trazer algumas influências que talvez faltavam pra eles, e eles pra mim. A gente meio que se completou.
Whiplash! - Você diz formação diferente por sua influência brasileira...
Sérgio Crestana / Eu como profissional tive que tocar quase todos os estilos de música e não posso dizer que só toquei rock, que eu só me especializei nisso, tocar vários estilos de música e eu acho que isso também me ajudou.
Whiplash! - Como anda a cena metal em Portugal? Após esse sucesso do Moonpell, muitas bandas vêm se destacando por lá?
Sérgio Crestana / É um pouco difícil porque o próprio Moonspell, em Portugal, também teve que batalhar bastante pra ser reconhecido. Nesse últimos dois anos, é que nós começamos a conquistar o próprio mercado português, fora do underground. Porque antigamente, em Portugal, quem conhecia o Moonspell era o underground, apesar da banda ser conhecida internacionalmente e tocar e levar a música para vários continentes. A cena do rock em Portugal infelizmente ainda tá devagar. As bandas ainda têm que suar, como nós suamos. E deveria ser ao contrário, como já existe o Moonspell, acho que as próprias gravadoras deveriam ter aberto seus olhos e investido um pouquinho mais nesse estilo de música. O que não acontece e o pessoal acaba tendo que batalhar mais ainda.
Whiplash! - Comparando, você acha que então o Brasil está crescendo mais...?
Sérgio Crestana / Eu acho que sim. A diferença é muito grande no tamanho e na produção. O Brasil tem um mercado de música muito grande. A gente tem o rock brasileiro, tem as influências de todo o mundo que a gente traduz pra nossa língua. E existe uma indústria muito grande de música. Em Portugal não é uma coisa que acontece. As gravadoras de lá investem muito no que eles têm certeza que vai vender.
Whiplash! - Após o lançamento de "Darkness and Hope" existem alguns países onde o Moonpell vem fazendo muito sucesso, por onde vocês nunca haviam passado? Você se lembra de algum lugar interessante?
Sérgio Crestana / A gente teve umas surpresas por aí. A gente tocou em Istambul, na Turquia, e tivemos um show muito bom, umas 2 mil pessoas, a gente até ficou surpreso. Também quando fomos ao Chile, ao México... Tivemos agora na Hungria. É como era no Brasil, a gente não tinha muito show naquela época, então quando acontecia, todo mundo ia. Mesmo que não fosse seu estilo, mas se fosse rock, ia todo mundo.
Whiplash! – Falando em shows, como foi sua experiência no Dynamo Open Air, logo no seu terceiro show junto com a banda?
Sérgio Crestana / Pra mim foi uma experiência inusitada. Foi o primeiro festival grande que participei e quando você sobe no palco e vê aquele público enorme. Nossa, foi uma experiência muito boa!
Whiplash! – Você ainda apresenta alguma ligação musical com o Brasil? Quais são as suas bandas e músicos brasileiros preferidos?
Sérgio Crestana / Eu gosto muito mesmo de música brasileira, de todos os estilos. Eu ouço muito MPB também, de vez em quando toco lá em Portugal. Eu acompanho, mesmo de longe, o que está acontecendo no Brasil. Gosto desde João Bosco até Ratos de Porão. Como músico tento ouvir de tudo e aprender.
Whiplash! – A escolha de um cover do MadreDeus, a música "Os Senhores da Guerra", fez com essa antiga banda portuguesa fosse novamente ressaltada em Portugal?
Sérgio Crestana / Eu acho que o MadreDeus tem um mérito muito grande e próprio porque eles conseguiram levar a música deles, de Portugal, pra todo lugar do mundo. Talvez nunca tenham precisado que alguém ajudasse, acho que até aconteceu um pouco o contrário. Essa cover é uma vontade que a gente já tinha há um tempo de fazer. Eu e a banda toda somos muito apreciadores da música deles. Por incrível que pareça, até em Portugal ajudou mais a nós do que a eles. O que é possível é que um público diferente tenha começado a ouvir o MadreDeus lá fora. A gente pode Ter levado o nome deles a um público diferente.
Whiplash! – Muitas bandas do chamado metal gótico que fazem sucesso hoje, possuem uma voz feminina. Vocês já pensaram em incluir uma voz feminina fixa?
Sérgio Crestana / Eu acho que isso não tem muito a ver com o Moonspell. A gente até chega a usar samplers de voz na nossa música, mas isso não teria muito a ver com a própria essência da banda. Tanto que já foi sugerido pra gente fazer músicas em castelhano para o mercado latino e acho que não é por aí. O Moonspell tem uma característica e o Fernando já em uma voz peculiar e carismática. Acho que esse fenômeno da voz feminina está vindo mais como uma moda atual mesmo. Surgindo outros estilos, é uma tentativa também de explorar esse lado que nunca foi explorado.
Whiplash! – O clipe da música "Nocturna" estreou aqui no Brasil há pouco tempo atrás e é considerado muito bonito. Como foram as gravações desse clipe?
Sérgio Crestana / Foi uma experiência muito boa, a primeira vez que gravamos um clipe em Portugal, com um diretor português... apesar do frio que tava (risos). Foi gravado num ferro-velho e a gente não imaginava o que ia acontecer. No começo a banda tinha uma idéia de roteiro e uns dias antes o diretor disse "olha, tenho uma idéia completamente diferente, gostaria que vocês confiassem em mim...". E ficou com um resultado muito bom. Antes a gente gravava na Alemanha e dessa vez a gente pode acompanhar mais a produção, dar mais inputs, mais influencia também na criação.
Whiplash! – Olhando a capa de "Darkness and Hope", parece que agora o Moonpell encontrou seu logo tipo, o que aquele símbolo amarelo representa?
Sérgio Crestana / Foi nossa primeira tentativa de ter uma marca fixa. A gente tinha a característica de todo álbum estar com uma marca diferente, mas agora nós resolvemos encontrar um símbolo que unificasse e que estivesse sempre presente. Foi uma criação de um fã polonês da banda que entrou em contato através da nossa página e que mostrou o trabalho dele. O significado é mesmo um Moonspell.
Whiplash! – Quais são os planos do Moonspell além dessa tournê pela Europa que deve começar em março? Vocês pretendem passar pela América Latina, mais especificamente pelo Brasil, com essa nova tour?
Sérgio Crestana / Antes da tour temos um concerto em Moscou, na Rússia. Provavelmente no verão faremos a tournê de festivais na Europa. Estivemos agora em dezembro nos EUA fazendo uma pequena tournê de 20 datas. Temos a intenção de voltar aos EUA no segundo semestre desse ano. E com certeza a gente pretende vir para a América Latina, mas ainda não há nada marcado. A Century Media tem muito interesse em trazer a gente pra tocar aqui e a gente mais ainda em vir (risos).
Whiplash! – Obrigada pela entrevista. E agora deixe seu recado para os fãs brasileiros do Moonspell e visitantes do Whiplash!
Sérgio Crestana / Queria primeiro agradecer a oportunidade de estar divulgando o nosso trabalho, queria que os fãs tomassem um tempinho e fossem à página Whiplash! e eu também vou (risos). Vou também convidar as pessoas para ouvir o trabalho novo da banda e que fossem à nossa página também (www.moonspell.com). Obrigado!
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