D'Virgilio, Morse & Jennings: combinação dos três funciona, mas merecia músicas melhores
Resenha - Troika - D'Virgilio, Morse & Jennings
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 03 de março de 2022
Nota: 7
O tédio da quarentena tem encorajado músicos ao redor do mundo a apostarem nas coisas mais loucas. Agora o vocalista/tecladista/violonista estadunidense Neal Morse (NMB, Tansatlantic, Flying Colors, ex-Spock's Beard) resolveu chamar seu ex-colega de Spock's Beard, o vocalista/baterista Nick D'Virgilio (também do Big Big Train) e a lenda em ascensão Ross Jennings (Haken, Novena) para criar um álbum de canções acústicas com harmonizações vocais.
Ainda bem que o trio tratou de jogar água no chopp de quem achava que teríamos uma espécie de "Spock's Beard vs. Haken". Não, não, este disco de estreia deles (batizado de forma um tanto megalomaníaca como Troika) tem bem pouco de progressivo.
Sim, os teclados e guitarras marcam presença e os três não resistem em mandar uns momentos mais sofisticados (por exemplo, a versão completa de "Julia" vem como faixa bônus e supera os 8 minutos). Mas o grande "quê" aqui é a harmonização vocal dos três, sustentada principalmente por violões e percussão simples. Tinha tudo para ser um saco, mas até que deu certo.
Quer dizer, a combinação das três vozes realmente agrada, e os caras souberam tirar proveito disso até o limite que o projeto admitia. As composições em si, entretanto, poderiam ter sido mais memoráveis. Mesmo após algumas ouvidas, eu continuava sem gravar praticamente nenhum momento de Troika na memória.
Exceções são "If I Could", com a providencial participação do lendário baixista Tony Levin; as surpreendentes "Second Hand Sons" e "My Guardian", que jogam a lógica "folk acústico" pela janela e vêm com um rock que nossos ouvidos já não estavam mais esperando a esta altura do trabalho (elas estão na reta final); e o emocionante encerramento "What You Leave Behind", provavelmente a única melodia que você se pegará cantarolando após um play na obra.
Talvez a proposta do trio funcione um pouco melhor ao vivo, quando a entrega pode ser mais intimista e livre, mas em se tratando de três lendas vivas que conquistaram aclamação de público e crítica em suas carreiras pregressas, não é difícil imaginar que um segundo lançamento venha com mais força que este.
Abaixo, o clipe de "Everything I Am".
FONTE: Sinfonia de Ideias
https://sinfoniadeideias.wordpress.com/2022/03/02/resenha-troika-dvirgilio-morse-jennings/
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