Rock of Ages: filme decepciona em quase todos os aspectos
Por Guto Heyerdahl
Postado em 26 de junho de 2012
No cartaz o filme Rock of Ages (EUA, 2012) estampa a seguinte frase: "Nada além um bom momento" (Nothin’ But a Good Time). É decepcionante constatar que nem mesmo isso o filme proporciona.
Diego Boneta e Julianne Hough convencem tanto como protagonistas quanto um bule de chá, tamanha a falta de carisma e talento dos dois. Catherine Zeta-Jones atua como se pensasse, a cada segundo, no cachê que receberia por mais aquele trabalho e Paul Giamatti simplesmente está chato como um empresário inescrupuloso.
Claro que todo o elenco poderia ser ajudado por um roteiro competente, que criasse conflitos e aproveitasse todo o potencial daquela época, local e das músicas, clássicos absolutos do Hard Rock / Glam Metal oitentista. A história contada pelo filme é trivial ao extremo e tudo acontece rápido demais, sem dar tempo ao espectador para se acostumar com os personagens ou assimilar os mal resolvidos conflitos propostos.
As coreografias, outro grande atrativo de musicais, são fracas, a ponto deste que vos escreve ter quase dormido durante "Jukebox Hero / I Love Rock N’Roll", um momento que deveria, teoricamente, ser empolgante.
Outro defeito do longa é a caracterização. Por mais que se entenda que o filme é uma (tentativa de) homenagem, algumas roupas e maquiagens simplesmente são modernas demais, especialmente quando se tratando de Sherrie Christian e Drew Boley, casal principal da história.
Mas como nem tudo é terrível, em alguns momentos o filme subitamente fica divertido, sexy e empolgante. E todos estes momentos tem um fator em comum: Stacee Jaxx (Tom Cruise). É de Cruise a coreografia mais divertida do filme ("I Wanna Know What Love Is", ao lado de Malin Akerman, subaproveitada) e dele também as falas mais inspiradas. O ator nova-iorquino é um dos únicos no elenco que interpreta com vontade e aparenta se divertir ao fazê-lo.
Um dos únicos por que ao seu lado temos Russel Brand, artista britânico que de fato é rockeiro e, portanto, entende aquele ambiente. Uma das poucas cenas realmente divertidas no filme (com exceção das protagonistas por Stacee Jaxx) conta com Brand e Alec Baldwin, mas contar esta cena estragaria uma das (poucas) surpresas do filme.
Como cantores, absolutamente ninguém no elenco se destaca, mas ninguém também deixa a desejar. Se quiser uma diversão a mais durante o filme, para ajudar a não enjoar, procure por participações especiais de músicos (Nuno Bettencourt, do Extreme e Sebastian Bach estão entre elas).
Triste que um filme que deveria homenagear e exaltar o rock termine como uma aula de como não-contar-uma-história. O Rock pode ser eterno, mas a ganância e estupidez hollywoodiana, aparentemente, não.
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