Dave Lombardo: falando de sua relação com Cuba
Por Bruce William
Fonte: Brave Words
Postado em 27 de dezembro de 2014
Como é sabido, após décadas de rompimento, em dezembro foram reatadas as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba. E um dos mais famosos músicos cubanos é o baterista Dave Lombardo (Slayer, Philm), que falou com a BraveWords sobre o assunto, veja abaixo alguns trechos traduzidos:
Sobre a reação ao saber do início do diálogo entre EUA e Cuba
"Foi uma surpresa que ao menos alguns passos tenham sido dados para normalizar as relações. É horrível, deixei Cuba quando tinha dois anos de idade e nunca vi muitas mudanças por lá. Ouvir estas novidades é realmente empolgante pra mim".
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Em seguida, Dave explica que seus pais são cubanos, e que foram para os EUA quando ele tinha um ou dois anos de idade, e quando perguntado sobre o motivo pelo qual os pais decidiram mudar para os EUA ele responde:
"Foi obviamente o comunismo. Veja como eram as coisas nos anos sessenta, em plena revolução, você podia mandar pela igreja católica seus filhos para os EUA. Tenho dois irmãos e uma irmã mais velha, e meus irmãos, com 10 e 13 anos de idade foram enviados para os EUA, sendo que meus pais se encontrariam com eles em 5 ou 6 meses. Mas a crise dos mísseis em Cuba atingiu seu ápice, e todos os voos e comunicações entre os países foram interrompidos. Assim meus irmãos ficaram basicamente abandonados nos EUA, sem saber se voltariam a ver os pais novamente. Quatro anos e meio se passaram para eles conseguirem visto e autorização para deixar o país, e eu nasci neste meio tempo. E foi assim que acabamos nos EUA. Meu pai tinha três açougues em Havana, e quando o governo descobriu que ele tinha pedido para ir pros EUA eles se apoderaram dos açougues. E ele passou a trabalhar pro governo, não mais para si. Eles eram ansiosos, e isto criou muita tensão na minha família. Foi muito intenso, pelo que ouvi falar. Aqueles quatro anos e meio foram difíceis. Daí minha mãe engravidou, e aqui estou eu. É uma história interessante. E então quando chegamos aqui nos EUA, naturalmente nos reunimos com meus dois irmãos mais velhos e foi conhecer seus pais adotivos, que moravam em Long Beach. Foi assim que acabei indo pra Califórnia. Poderia ter ido para Nova Iorque, Detroit. Pelo que sei muitas destas crianças acabam em lugares diferentes nos EUA. É interessante pois descobri recentemente que meus dois irmãos tinham feito parte da migração histórica para os Estados Unidos. Eles mandavam as crianças primeiro e depois os pais podiam ir. Mas não foi assim tão fácil para meus pais, a crise dos mísseis de Cuba atrapalhou as coisas. Sem problemas, pois todos estamos juntos e tudo está em ordem, agora".
Deve ter sido uma decisão difícil para seus pais, enviar dois de seus filhos numa viagem.
"Sim, mas era como comprar seu bilhete de liberdade. Era algo que você tinha que fazer, pois não havia outro jeito - a não ser que você roubasse um avião. Mas eles resistiram, e eles notaram que a troca de governo não tinha sido positiva. E eles não queriam que meus irmãos, próximos da adolescência, se tornassem militares. E a lavagem cerebral que acontecia na escola e em todos lugares naquele tempo, eles não queriam fazer parte daquilo".
Você voltou alguma vez para visitar Cuba?
"Não, nunca".
Você ainda tem família por lá?
"Tenho primos distantes. Mas nunca os vi. Toda minha família está aqui nos Estados Unidos. Meu sobrenome é Lombardo, e isto vem do norte da Itália. Descobri recentemente que meu tataravô desembarcou em Cuba no final de 1800, e fez sua vida lá".
Tem interesse em voltar em Cuba, para visitar?
"Sempre tive interesse em retornar e visitar a ilha onde nasci, as praias, a cultura e tudo mais. Mas tenho uma boa ideia da cultura cubana aqui, pois meu pai, assim que chegou aqui, não falava uma palavra em inglês, e trabalhou um tempo e se aposentou. Ele comprou sua casa e viveu o sonho americano. Não está mais entre nós, mas ele viveu muito bem, e mamãe também. Todos finais de semana - e mesmo durante a semana - sempre tinha música e comida cubana em casa. Temos vários amigos cubanos que se juntavam a nós e faziam o que os cubanos fazem, ouvindo e tocando música, dançando, comendo, bebendo e curtindo a vida".
A matéria completa (em inglês) está no link abaixo:
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