Anvil: "Temos agora a chance de fazer o que quisermos!"
Por Petri da Costa
Postado em 16 de abril de 2010
O ANVIL, formado no fim dos anos 70 no Canadá pelo vocalista/guitarrista Steve 'Lips' Kudlow e pelo baterista Robb Reiner, teve um início promissor lançando clássicos como "Hard 'N' Heavy", "Metal On Metal" e "Forged in Fire" no começo dos anos 80. Para muitos fãs de metal, esses são seus álbuns essenciais e infelizmente esses foram os únicos que muitos também deram atenção.
A banda continuou lançando pela década de 80 e 90 mais e mais álbuns, e por mais que alguns desses álbuns fossem ótimos, sua popularidade não era mais tão grande e alguns até esqueceram que o a banda ainda existia. O grupo passou por mudança de gravadoras e também na formação, mas Lips e Robb nunca desistiram dos seus sonhos.
A grande virada foi com o lançamento do documentário "Anvil! The Story of Anvil". Ao contrário do documentário do METALLICA ("Some Kind of Monster"), o foco do filme estava na amizade e "irmandade" entre Lips e Robb, algo que sempre manteve a banda junta, mesmo quando seus integrantes encararam dificuldades como a falta de dinheiro para gravar um novo álbum ("This is Thirteen") ou uma turnê pela Europa que foi mais um fiasco do que um sucesso. O documentário foi um grande sucesso, atraindo uma certa atenção que a banda nunca experienciou antes, aparecendo em festivais de filmes, shows de televisão e obtendo um reconhecimento de crítica e público que os trouxe de volta no foco da cena metal.
O ANVIL, que continua divulgando o décimo terceiro álbum da carreira, "This is Thirteen", respondeu algumas perguntas sobre sua situação atual, como tem sido a vida depois do sucesso do documentário e alguns planos para esse ano e o futuro.
Eu li numa entrevista que vocês já têm 20 músicas para o novo álbum. Vocês já chegaram a gravar alguma dessas músicas ou quando isso vai acontecer? Quem vai ser encarregado pela produção, vocês vão contar com Chris Tsangarides outra vez?
LIPS: Nós não gravamos nada ainda, mas planejamos ir para o estúdio em agosto ou setembro. Tenho certeza que Chris vai estar envolvido.
ROBB: Bem, o novo álbum está escrito, os planos para gravar são para entre setembro e outubro desse ano. Chris vai produzir de novo!
Vocês estão planejando lançar o novo álbum por vocês mesmos, como aconteceu com "This Is Thirteen"? Ou existe agora, depois de todo o sucesso do documentário sobre a banda, alguma grande gravadora interessada em lançar o novo álbum?
LIPS: Nós temos agora a chance de fazer o que quisermos... Nós não temos sidos bobos e assinado algo que possa mudar isso. Nós preferimos fazer coisas do nosso jeito e eu sou hesitante de trazer outros elementos como gravadoras para estragar o aspecto da arte. Quando terminarmos a gravação, decidiremos o nosso caminho.
ROBB: Hmm... não sabemos ainda nesse momento, mas existem gravadoras que querem lançar trabalhos futuros!
A canção "Thumb Hang", primeira canção que vocês escreveram juntos quando eram adolescentes, foi finalmente gravada mas ela só saiu na versão do "This Is Thirteen" lançada pela VH1 Classic Records. Há chance de ainda existir alguma canção que vocês escreveram mas nunca foi gravada?
LIPS: Nenhuma que alguém saiba! Entretanto eu tenho escrito músicas minha vida inteira e tem centenas que nunca foram gravadas e que nunca serão.
ROBB: Tudo é possível!
Existem planos para relançar os álbuns antigos da banda? Tenho reparado que é difícil de achar muito deles.
LIPS: Se existir interesse suficiente poderemos relançar alguns dos álbuns antigos no futuro.
ROBB: Sim, mas em algum momento... talvez lançaremos antes um CD duplo de 'best of'!
A banda está sem um segundo guitarrista, vocês pensam em procurar um segundo guitarrista ou vocês vão continuar como um trio?
LIPS: Temos sido um trio desde 2007 e não temos planos de mudar isso.
Ano passado a banda teve a chance de abrir para o AC/DC duas vezes nos Estados Unidos. Como foi essa experiência, de tocar com um grupo que teve influência? Como os fãs do AC/DC reagiram a vocês?
LIPS: Eu não tenho certeza se o AC/DC teve uma grande influência em mim, já que nós somos da mesma época... Angus tinha a mesma idade que eu. Eu amo eles, mas influência é uma coisa diferente. Eu cresci com bandas mais velhas como Cream, Black Sabbath, Deep Purple, Cactus, Grand Funk, Jimi Hendrix, Led Zeppelin. Foi uma grande experiência e foi muito bom para a banda.
ROBB: Foi como viver um sonho... dividindo o mesmo palco com o AC/DC foi fantástico, e ainda por cima como convidado especial a pedido de Angus! Conseguimos milhares de fãs!
Depois do lançamento do documentário, o grupo tem estado em destaque frequentemente, aparecendo em shows de TV, festivais de filmes, tocando mais e mais shows, conseguindo novos fãs. Vocês sentem que o reconhecimento que a banda merece finalmente chegou?
LIPS: Nós sentimos que ganhamos o nosso reconhecimento, merece soar como se a gente esperasse por isso... estamos gratos pela situação em que estamos porque trabalhamos duro e por muito tempo para ganharmos essa atenção. Todos que trabalham duro merecem algo, mas trabalhar duro não significa necessariamente ter o direito. Quando você passa pelos anos você ganha, não merece.
Falando sobre essa atenção da imprensa e do público que a banda tem tido depois do sucesso do documentário, como a vida pessoal de vocês mudou por causa disso? Vocês ainda têm seus trabalhos fora ou agora é só a banda?
LIPS: Minha vida pessoal mudou, eu não faço mais entregas para ganhar dinheiro! Eu sou um músico em tempo integral e estou vivendo da minha arte.
ROBB: Continuamos sendo as mesmas pessoas, mas tudo ao nosso redor mudou... Sim, os trabalhos diários já estão no passado e agora a banda está fazendo dinheiro para nós!
Eu li que o ANVIL vai aparecer no filme "The Green Hornet" (N.E.: versão cinematográfica do seriado de televisão "O Besouro Verde", que vai contar com os atores Seth Rogen e Cameron Diaz) tocando num clube. Como esse convite chegou até vocês? Isso partiu do diretor do filme, Michel Gondry?
ROBB: Michel Gondry pediu o Anvil depois que ele viu o documentário. Ele não conseguia pensar numa banda mais perfeita para participar!
No próximo mês, abril, (N.E: a entrevista foi conduzida em março), a banda vai tocar 4 datas no Japão, um país onde tem tocado em anos passados para um grande público. Vocês sentem que no Japão há um número maior de fãs se comparado por exemplo ao país natal, Canadá?
LIPS: Talvez tenhamos mais fãs no Japão, mas recentemente temos ido extremamente bem no nosso país... melhor que antes. O maior público que já tocamos foi ano passado no verão (N.E: Hemisfério Norte) com o AC/DC em Moncton, New Brunswick, para 72.000 pessoas. O apoio inacreditável do público é algo que eu nunca vou esquecer.
ROBB: SIM, não há segredo sobre isso e isso tem sido durante a carreira da banda por um longo tempo. O Japão detona, o Canadá ainda está acordando!
Durante esse verão (N.E.: Hemisfério Norte), o ANVIL vai tocar em festivais prestigiosos como o Sweden Rock Fest, Sauna Open Air, HellFest, Bang Your Head, provavelmente para fãs que nunca viram a banda ao vivo. Como vai ser o set list para esses shows?
LIPS: Vai ser nossas músicas mais conhecidas, e mais algumas novas do "This Is Thirteen".
Existem planos para tocar em países em que nunca tocaram? Tem algum lugar em particular que sempre quiseram tocar, mas nunca tiveram a chance?
LIPS: Tem tantos lugares que nunca tocamos e isso é o que mais me anima. Eu quero tocar na América do Sul algum dia...
ROBB: Nesse momento, qualquer lugar novo é bom!
Depois de 30 anos com a banda, passando por bons e maus momentos, vocês sentem que ainda existe algo que está faltando? Algo que o Anvil não conseguiu ainda?
LIPS: Nós ainda não fizemos muito dinheiro com a banda... mas viver dela é um grande passo na direcão certa.
ROBB: Sim... mais e mais anos de turnê e gravando... curtindo o fato de estar agitando as pessoas!
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