Symbols - Entrevista exclusiva com o vocalista Eduardo Falaschi
Postado em 12 de julho de 2000
À beira de tantos boatos envolvendo a banda paulistana Symbols, a equipe Whiplash! resolveu procurar o vocalista Eduardo Falaschi a fim de esclarecer tudo aos fãs e também conversar sobre o novo disco recém lançado, ‘Call To The End’, que está mais metal do que nunca! Nesta entrevista Eduardo fala sobre a falta de respeito no meio metal da parte dos produtores, da falta de profissionalismo em geral, do relacionamento com os fãs, com outras bandas de metal e dos planos para o futuro.
Entrevista concedida à Talita Capella
Whiplash! / Como está a repercussão do novo CD?
Eduardo Falaschi / Está boa, quando você lança o primeiro CD é mais difícil porque você ainda não é conhecido, tem que fazer o seu nome e a gente graças a Deus já está bastante conhecido e lançamos esse segundo CD com bastante cópias vendidas. Inclusive já tem licenciamento na Espanha para o segundo CD, para o primeiro ainda está em estudo. Mas quanto ao público, tem poucas pessoas que eu conheço que compraram, porque lançou semana passada. Já recebi e-mails de pessoas que ouviram o CD, de Presidente Prudente...
Whiplash! / Vocês estão tendo mais planos de lançar CD no exterior agora? No CD anterior vocês trabalharam com o Michael Vescera e depois aconteceram alguns problemas...
Edu / (interrompendo) A gente trabalhava com o Michael Vescera, só que ele e a mulher dele não se mostraram muito interessados em trabalhar. Aí acabou o contrato e a gente não quis renovar e os planos de lançar o CD lá fora por eles tiveram que parar. Então a gente acertou aqui em São Paulo com a Megahard pois chegamos à conclusão de que não precisamos fechar com gravadoras grandes pra trabalhar com heavy metal no Brasil, porque muitas vezes os caras não trabalham, não fazem nada por você. A Megahard se mostrou muito profissional. Mas a repercussão eu ainda não sei com certeza, tem muita gente gostando... vendemos mais o primeiro disco quando colocamos as bônus que eram mais pesadas, e como esse novo disco todo está mais pesado, com uma balada só, o pessoal está gostando mais.
Whiplash! / E os shows? Vocês já tem algum marcado?
Edu / A gente vai fazer um show aqui em São Paulo, de lançamento, que a Megahard está querendo. Agora estamos vendo onde fazer, porque não tem muito lugar pra tocar, não podemos sonhar em tocar em um lugar como o Olympia, que é muito grande. Estamos pensando em fazer um coquetel em algum lugar tipo a Woodstock, pois é legal e já ouvimos falar de várias bandas que tocaram lá. Parece que vai ser lá e por volta de agosto.
Whiplash! / E vocês tinham idéia de colocar uma faixa multimídia no novo CD, foi colocada?
Edu / Não, não foi colocado nesse segundo CD pois estamos pensando em fazer isso só nos discos oficiais mesmo e esse CD é mais um EP. Porque de novo tem as duas bônus tracks para o público que já havia comprado o disco anterior sem as bônus. Muitos me pediram pra incluir no novo disco. Então tem quatro versões demo (apesar de estar super bem gravado porque somos muito exigentes).
Whiplash! / Então são composições antigas?
Edu / É, são músicas antigas, apesar de que não tinham sido lançadas, então para o público são composições novas. Conhecidas mesmo só tem as duas bônus Eyes in Flames e The Traveller aí tem essas quatro versões demo e uma música que tínhamos colocado uma parte na faixa multimídia do CD anterior e o público pediu ela inteira. Agora no próximo disco que será lançado no fim do ano colocaremos uma faixa multimídia.
Whiplash! / Qual vai ser o estilo desse novo disco?
Edu / Metal. Sem tantos teclados, um estilo mais metal tradicional mesmo, sem tanto bumbo duplo característico do metal melódico já que tantos acham que somos melódico por causa disso. Será provavelmente lançado em novembro ou dezembro, mas isso a gente não pode dar certeza nem nada.
Whiplash! / E porque vocês resolveram mudar de gravadora?
Edu / Por causa da total falta de respeito por parte da antiga gravadora, tínhamos planos de gravar o CD ao vivo durante o festival The End Of Century Metal Fest, mas o festival foi muito mal organizado chegando ao cúmulo de não nos deixarem entrar no camarim que era só para os gringos. Tínhamos contratado toda a equipe de gravação, mas tivemos que passar o som muito rápido e depois pelo fato dos shows estarem atrasados, o Primal Fear estar cansado e querer ir embora mais cedo, nos colocaram pra fechar o festival. Ainda ficaram falando "ah, mas vai ser bom pra vocês fecharem o festival.." . Bom nada! Nós sabíamos que a maior parte do público ali era do Primal Fear, não somos idiotas, e muita gente acabou indo embora, tinha gente do interior de São Paulo que tinha ido pra ver o Symbols e tinha horário do ônibus marcado pra ir, que acabaram nem vendo o Symbols. Além de tudo, o que mais nos fez desistir de gravar o CD foi que o Arjonas desmaiou de nervoso, eu mesmo já estava sem voz de tanto gritar. Vocês sabem como os caras gravam CD ao vivo por aí? Os caras passam o dia dormindo, passam o som direito, equalizam tudo, descansam bem... não dava pra ser feito daquela forma! Entramos pra tocar eram 4 da manhã, não tínhamos mais nem pique pra tocar e tocamos todos desanimados. E o absurdo é que não deram nada pra gente, nem comida, não tínhamos onde ficar. Nos desrespeitaram como ser humano mesmo.
Whiplash! / Vocês pensaram em desistir de tocar?
Edu / Pensamos, porém sabíamos que tinha muita gente ali para ver o nosso show e nem que tivesse só duas pessoas esperando para nos ver nós íamos tocar para elas. Uma coisa que é um absurdo aqui no Brasil é que as bandas nacionais tem que PAGAR pra abrir shows dos gringos. Isso é proibido por lei e todo mundo paga! Tem uma lei proibindo isso, proposta pelo Turco Louco que diz que toda banda internacional que vier tocar no país tem que ter a participação de uma banda nacional sem que ela tenha que pagar pra isso. Se alguém chegar pra mim agora, me pedir pra pagar e eu estiver gravando isso eu processo o cara. As bandas acham que abrir pra banda gringa vai trazer sucesso, vão ficar conhecidos... isso não acontece! Eles vão tocar 20 minutos, com um som horrível, porque eles sacaneiam mesmo, e os fãs vão achar o som uma droga. Saem falando mal ainda por cima.
Whiplash! Vocês pagaram pra abrir pro Gamma Ray?
Edu / Todo mundo paga! Pro Blind Guardian, pro Gamma Ray, todo mundo paga... e o pior é que os caras sempre vem te cobrando na última hora depois de já ter sido feita toda a divulgação com o nome da banda. É uma sacanagem porque eles chegam 10 dias antes e falam "po, mas sabe o que é? Tá faltando dinheiro, então vocês vão ter que dar uma ajuda aí.." E cobram mesmo, de dois mil pra cima e a gente acaba pagando porque tem medo de queimar o filme da banda. Só que isso é proibido! E o que eu quero deixar bem claro aqui é que o Symbols não vai mais fazer nada de graça pra ninguém! Só vai fazer as coisas com cachê, contrato assinado.. tudo direitinho, porque a gente não quer entrar mais em roubada. Mesmo com contrato assinado tem como cair em roubada, mas aí tem como eu ir atrás do cara, processar, etc. O pessoal do metal vive falando que não se deve fazer por dinheiro, tem que fazer por amor ao metal, aquele negócio de metal na veia... Só que o que acontece é que a maioria desse pessoal é sustentado pelos pais, não tem que se preocupar com contas, com dinheiro... Eu tenho 28 anos, daqui a pouco vou casar e aí como eu faço? O metal tem que ser mais profissionalizado... agora tudo é "Records"! Você abre a Brigade e tem lá "Banana Records". O povo acha que com 10 mil reais ele abre uma empresa, pega qualquer banda, grava de qualquer jeito, coloca um demônio na capa (risos). É! Porque os caras mesmo subestimam o fã de metal. Acham que vende por causa de um demônio na capa! Eu gosto de ouvir um CD do Iron, do Dio porque é bem feito! Eu não compro por causa da capa!
Whiplash! / Mas como se deu a troca de gravadora?
Edu / Depois do show, eu principalmente fiquei pensando se era isso que eu queria da vida, fiquei desesperado porque a gente corre atrás de tudo e na hora de realmente tocar não dá certo, te desrespeitam. Então fizemos uma reunião com a banda, a Megahard acabou entrando em contato com o Arjonas e resolvemos lançar esse CD que é o material que a gente já tinha gravado de estúdio. Também parece que Deus pensou "coitados dos caras, vou dar uma ajuda" e nos mandou a Rock Union que está sendo super profissional, super honesta, nos ajudando pra caramba, marcando shows no interior e tudo mais.
Whiplash! / E sobre esses boatos de que vocês mudaram de estilo, que viraram banda do estilo do Jota Quest, assinaram com uma grande gravadora...
Edu / (interrompendo) Ah, quem me dera! (risos). Isso é mentira! O Symbols sempre será metal! O que acontece é que o Symbols não puxa o saco de ninguém, a gente admira quem é honesto e trabalhador, então inventam muita coisa sobre a gente. Realmente depois do show nós pensamos em desistir, talvez eu tenha deixado escapar isso pra algum aluno, não sei, e espalharam por aí. Mas o Symbols nunca acabou e o nome "Symbols" sempre será metal. Se um dia eu gravar algo de outro estilo não será mais Symbols. O que acontece é que eu sou vocalista, eu vivo disso, faço participação em diversos discos, inclusive de estilos diferentes quando sou pago para isso. Alguém pode ter me visto entrando em algum estúdio e aí inventaram toda essa coisa de pop... Jota Quest.. isso não tem nada a ver. Eu não sou um cara radical, eu gosto de várias coisas, vários estilos, gosto de Supertramp, amo Tears for Fears, assim como eu amo Dio. Agora não posso fazer metal porque ouço Tears for Fears? O mundo metal tem que deixar de ser tão radical. Se eu só ouvir metal, metal, metal vou acabar produzindo uma coisa muito limitada. Tem cara que acha que porque uma banda inseriu uma bateria eletrônica, virou uma merda pop, mesmo que tenha guitarras super pesadas e que seja metal.
Whiplash! / Mas vocês não se preocupam em como estes boatos podem afetar os fãs de vocês?
Edu / Eu acho que os nossos fãs tem que comprar o nosso CD! Tem que ouvir o som que fazemos antes de dar ouvidos aos que andam falando por aí. Recebemos muitos e-mails de fãs perguntando se é verdade ou não e eu sempre respondo que é mentira, que não tem nada a ver... Mas sabe como é, notícia ruim sempre dá mais Ibope! Às vezes o cara que escreve a notícia nem para pra pensar se é verdade e já sai logo publicando. O Symbols sempre foi uma banda honesta, nunca falamos mal nem pisamos em cima de ninguém pra subir...
Whiplash! / A proposta do Symbols hoje em dia é viver de metal ou ter a banda como um hobby?
[an error occurred while processing this directive]Edu / Eu vou viver de metal enquanto eu achar que está valendo à pena. Se eu chegar com 40 anos, tiver um emprego e conseguir fazer metal eu vou estar fazendo! O Symbols já passou por tanta coisa que, se a gente não perder, a gente continua com a banda. Eu nunca fui do meio metal, eu vivi em Santos e no Rio de Janeiro por muito tempo, sempre fui surfista. Se me oferecerem um emprego de gerente de uma rede mundial de cosméticos que me pague bem eu topo! (risos). Sabe o que eu não entendo? É que as revistas existem por causa das bandas, os produtores, os sites existem por causa das bandas... Mas as bandas mesmo, os músicos, os caras que colocam a alma no trabalho não ganham nada!
Whiplash! / Você acha que o Symbols até hoje gastou mais do que ganhou?
Edu / Com certeza! Gastamos muito mais! A começar pelo primeiro CD que gastamos 13 mil reais pra gravar, fora o dinheiro pra abrir os shows. Tem coisas que não podemos falar, mas os caras nos deviam, ai falaram "então desconta o dinheiro pra abrir o show daquilo que devemos" . E a gente se quebra por outros lados porque já estávamos contando com o dinheiro que estavam nos devendo pra outras coisas como estúdio, gravação de demos.
Whiplash! / Você se sente reconhecido como músico?
Edu / Na cena metal sim. Mas reconhecido pra mim é eu sair na rua e o porteiro falar "olha lá o cara!". Eu já tenho um bom nome entre o pessoal que ouve metal.. primeiro por causa do concurso para vocalista do Maiden (N.R.: Eduardo foi um dos finalistas do concurso para novo vocal do Iron Maiden o qual Blaze Bayley acabou ganhando) que muita gente ficou sabendo. Depois com o Mitrium e com o Symbols agora que faz mais sucesso que eu tive com o Mitrium. Mas eu sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer.
[an error occurred while processing this directive]Whiplash! / O que você acha da cena metal no Brasil. Que bandas você gosta, que bandas você não gosta..?
Edu / Eu gosto do Angra... hum, deixa eu pensar... Gosto do Dark Avenger, do Fates Prophecy, do Kharma... Posso não achar as melhores bandas do universo, mas os caras tocam bem, tenho que reconhecer que tem potencial. Outro dia eu vi lá fora um programa onde várias bandas grandes como Metallica, Guns ‘N Roses, Skid Row tocavam num bar pequeno e fizeram uma jam, trocando os músicos e tocando músicas uns dos outros. Você sabe quando isso vai acontecer aqui no Brasil entre o Symbols e o Krisiun por exemplo? Nunca! Porque o pessoal encara como concorrência, não vê que música não é empresa, ninguém é concorrente de ninguém! O pessoal devia se ajudar e tudo seria mais fácil. O Brasil ainda é dos poucos países que tem público metal fiel junto com a Argentina. Na Inglaterra não tem mais porra nenhuma, só techno! Ainda existe algo no norte da Europa e no Japão, mas só. Vocês não tem idéia de como a cena está diminuindo. Porque não está se renovando, antigamente o irmão menor começava a ouvir metal porque o irmão mais velho ouvia o dia inteiro, com meu irmão foi assim. Hoje em dia ninguém ouve metal o dia inteiro. Tem cara de banda que você vai cumprimentar numa boa e literalmente vira as costas pra você. E não é nenhum fodão, não chega nem na unha do pé do André Matos, que muitos podem pensar que é arrogante mas quando eu conheci foi super gente boa. Então o que a gente faz com esses caras é dar risada, deixa o cara lá no mundinho pequeno dele.
Whiplash! / Dá pra perceber que vocês tem uma relação muito próxima com o fã clube e com os fãs em geral...
Edu / A gente acha muito importante ter contato com os fãs, sempre respondo os e-mails que recebo. Acho que fã é fã, não importa a cor, raça, condição social. Sempre tentamos ajudar os caras que realmente não tem condições de comprar o CD.. esses dias eu tava ouvindo uma rádio, o cara lá dando uma entrevista e um fã ligou dizendo que tinha uma fita gravada com o disco da banda aí o cara virou e disse "Po, fita?? Vai tomar no cu, compra o nosso CD!", o fã falou que não tinha dinheiro e o cara ainda ficou tirando um monte da cara dele. Eu acho esse tipo de atitude sacanagem. Se um fã me liga ou me escreve dizendo que gostou da minha música já vira brother, amigão mesmo, porque o cara gosta daquilo que eu faço!
Fã-Clube : http://www.symbolsfc.cjb.net
Shows (Rock Union ) : (11) 3746-0736 e (11) 9192-0978
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Compras de Cds : Tel: 3224-0709/3224-8297
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( MEGAHARD RECORDS )
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