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Tanatron: Comemorando 20 anos com novo álbum e documentário

Por Pedro Tennax
Fonte: Pedro Tennax
Postado em 15 de março de 2016

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Completar 20 anos de estrada tocando heavy metal no Brasil não é uma tarefa fácil. Surgindo em 1998, o Tanatron vem representando o Death Metal maranhense com competência ao longo de duas décadas, superando adversidades e acumulando conquistas. Nyelson Weber (voz e baixo), Nynrod Weber (guitarra) Wesleem Lima (Bateria) seguiram firmes como um Power Trio até que em 2015 Daniel Azevedo (guitarra) entrou para o time, reforçando o peso da banda.

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Com os EP’s "Primitive Behavior" (2002) e "Trivial Chaos" (2007) logo conquistaram uma fiel base de fãs no Maranhão e permitiram que os maranhenses dividissem o palco com grandes nomes como Destruction (ALE), Annihilator (CAN), Krisiun, Korzus, Ratos de Porão, Incantation (EUA), Torture Squad, Subtera, Jackdevil, Brutallian, Ânsia de Vômito, Obskure, Claustrofobia, Disgrace And Terror, Valhalla, Funeratus, The Order, entre tantas outras do cenário nacional.

Agora o Tanatron a luta para a gravação do primeiro full length e de um documentário em comemoração aos 20 anos dessa jornada no metal, apostando no "crowdfunding" (serviço onde os fãs ajudam a banda com doações). Conversei com o guitarrista Nynrod Weber, que nos contou um pouco do segredo para a banda durar tanto tempo e se mantendo fiel ao estilo.

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Você pode ajudar a banda através do link que se encontra no fim da entrevista.

O Tanatron completa 20 anos na estrada. Quando começaram a banda, vocês imaginaram que ela continuaria por tanto tempo assim?

Nunca imaginamos chegar tão longe, nem ficar tanto tempo em atividade. Nós queríamos tocar, tentar seguir a trilha das grandes bandas, mas sempre com os pés no chão. Chegar a 20 anos e ter gravado músicas, clipe, tocado em festivais e com bandas nacionais e internacionais com certeza é mais do que imaginávamos.

Você e o Nyelson são irmãos. Você acha que esse foi um fator importante que fez a banda durar estes 20 anos? É fácil lidar com uma banda com um membro da família?

Acho que sim. O Weeslem, nosso baterista é quase um irmão também, o conhecemos desde antes de fundarmos a banda. A ideia de tocar Death Metal partiu dele e do Nyelson. Somos quase uma família dentro de outra, e o Daniel que entrou há pouco tempo também se encaixou muito bem, e foi convidado para entrar porque trabalhamos juntos na mesma loja de rock e a afinidade veio antes do convite para tocar. Acho que as relações em família são sempre mais intensas, as discussões são sempre calorosas, mas ao longo desses anos, instintivamente criamos códigos, e na hora de decidir os caminhos do Tanatron, o que a maioria decidir, está feito. Além disso já sabemos como cada um pensa e respeitamos isso. Assim como uma família, discutimos e nos acertamos rapidamente. Mas acho que o que realmente fez durar tanto, no que diz respeito às relações internas, foi respeitar as dificuldades que cada um já passou na vida pessoal, dando suporte necessário.

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Em 2015 vocês anunciaram a entrada de Daniel Azevedo na segunda guitarra. Qual o motivo da decisão de mudar o formato de trio?

Apesar da grande parte da nossa carreira ter sido com a formação em trio, por dois momentos distintos tivemos um segundo guitarrista. Entre 2000 e 2002 tivemos dois guitarristas diferentes e achamos que um a mais era importante para a composição das músicas e para as apresentações ao vivo. Depois de 2002 ainda fizemos alguns testes mas acabamos nos fechando como um trio por muitos anos, mas a ideia continuava entre nós. Quando começamos a trabalhar com o Daniel, descobrimos que ele era um ótimo guitarrista e um grande cara, com a personalidade e a vontade de tocar que precisávamos para a banda. A gente começou a dizer que ele ia tocar na banda e ele achava que era brincadeira, até que um dia o convidamos para uma viagem e ele foi nosso roadie e acabou tocando um cover do Slayer com a gente. Depois disso, oficializamos o convite e ele topou de cara. Só aconteceu.

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São Luís por muito tempo teve uma cena do Metal bem pequena, vindo a crescer mais nos últimos cinco anos e muitas das bandas que surgiram na mesma época que o Tanatron encerraram suas atividades, mas vocês seguem fortes. Qual a motivação para vocês não desistirem da banda ao longo do tempo?

Pode parecer até um jargão de músico, mas para nós é real. Gostamos muito disso, de compor, ensaiar, tocar viajar. Quando começamos havia aquele sonho do sucesso nacional e talvez até internacional, mas o sucesso pode ser interpretado de diferentes formas, e para nós é continuar tocando, viajando, estar no palco e sentindo aquilo que só um headbanger sabe o que é. A energia canalizada nos shows, entre nós e o público é o nosso maior combustível. Queremos ir o mais longe possível, fazendo aquilo que nos mantém vivos de verdade.

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Vocês atualmente estão em destaque no Maranhão ao lado de bandas novas como Jack Devil, que também cresceu bastante. Quais principais diferenças vocês percebem entre essa galera nova e o pessoal da época em que a banda surgiu?

É bem difícil responder isso, porque sempre tivemos esse ciclo, sempre tem uma galera nova chegando na cena. Talvez a facilidade de acesso que se tem hoje seja a grande diferença. Antes era bem difícil conhecer novas bandas, divulgar seu trabalho, era a época do vinil e da fita cassete, sem internet e todas as facilidades que ela proporciona. Era preciso mais trabalho pra conseguir um som e organizar um show, e talvez isso seja um ponto positivo pra quem vem de mais tempo, pois sempre tende-se a valorizar o que é mais difícil. Já a galera que vem da geração dos últimos 10 anos conseguiu facilidades de acesso e tem aproveitado isso pra conhecer mais sons, interagir com as bandas, ter voz nas redes sociais. E o público da galera mais nova, independente da geração, é sempre mais disposto a apoiar as bandas e comprar material, vestir a camiseta da banda no sentido literal e figurado.

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Na sua opinião, é mais fácil crescer com uma banda de metal hoje em dia ou no início dos anos 2000?

É como falei antes, nos últimos anos alguns canais surgiram pra divulgação das bandas com a internet e as redes sociais, isso ajuda muito mas não acho que deixe as coisas mais fáceis. Assim como você pode chegar mais rápido e em mais locais hoje, todos os outros também podem. Então a "facilidade" é pra todos. Ai entra o talento, a qualidade do trabalho e a dedicação de cada banda em fazer um som bem feito e divulgar isso. Hoje, em apenas dois cliques, você pode ouvir uma banda daqui ou da Finlândia. Você é quem escolhe. Então a dificuldade hoje é fazer você ser notado e ouvido entre tantas opções disponíveis na internet.

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Você acredita que ainda é possível viver de música no Brasil, principalmente vindo do Maranhão?

Acho que viver de música é sempre possível, mas sabendo das possibilidades de cada estilo, claro. É fato que vários músicos que tocam metal não vivem disso e acabam tocando também outros estilos e ganhando sua grana. Faz parte. O metal, infelizmente, é um mercado limitado no Brasil mas quem trabalha bem e tem talento sempre terá seu reconhecimento e vai se destacar por isso. O importante é acreditar no seu som e, se conseguir viver disso, melhor ainda.

Como surgiu a ideia do documentário em comemoração aos 20 anos da banda?

É algo que a gente já vem pensando em fazer há dois anos, justamente para marcar essas duas décadas, para ter um registro oficial das lutas, das situações engraçadas, das conquistas, viagens, amigos e pessoas que foram importantes pra nós, já que mais da metade das nossas vidas tem sido dedicadas ao Tanatron.

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A banda apostou em uma plataforma de "crowdfunding" para a gravação do novo álbum e do documentário, uma prática que tem se tornado bastante comum no mundo da música. Além da ajuda financeira, você acha que existe uma sensação de participação na história da banda por parte dos fãs?

Com certeza. Pra nós, que somos independentes, o financiamento da gravação do novo álbum e do documentário seria algo bem difícil de realizar sem uma base de apoio como essa que o crowdfunding proporciona. As relações na música independente são assim, público e bandas, e o público cada vez mais percebe a sua própria importância, que é ele que faz a coisa toda acontecer, indo aos shows, comprando material das bandas, divulgando os trabalhos, e é por isso que apostamos nisso, nessa força que o público tem em fazer acontecer. Tanto que nas recompensas que pensamos pra quem apoiar a campanha, estão interações diretas com a banda, como a possibilidade de assistir as gravações do álbum, participar do documentário e até dar uns berros em algumas das músicas com a gente, e deixar sua voz gravada ali. Nós também já financiamos projetos de outros artistas locais por essa ferramenta, e dá pra sentir o orgulho de ver o resultado, em saber que aquela nossa contribuição fez uma obra acontecer.

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O que podemos esperar do novo álbum do Tanatron? Podemos dizer que é o início de uma nova fase da banda?

O novo álbum vem com faixas inéditas e uma pegada interessante com esse novo ar do Daniel Azevedo, mas não diria que é uma nova fase. Depois de alguns anos você acaba percebendo que todo processo de mudança se inicia bem antes de se pensar em um álbum novo ou não. Acaba sendo algo natural, uma evolução, mais um passo na caminhada... A banda vem mudando a cada ano, a cada nova composição. A questão é que nunca deixamos de nos manter com os pés naquilo que nos uniu como uma banda, o Death Metal, e isso faz com que nós possamos continuar essa evolução sem nos distanciarmos do que somos

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