Skinflint: pequena amostra do Heavy Metal de Botsuana
Por José Sinésio Rodrigues
Postado em 27 de abril de 2020
Nota: 8
Betchuana é a nacionalidade do natural ou habitante de Botsuana, um país da região do semiárido, no sul da África, sem saída para o mar, com 85% de seu território no deserto de Kalahari, sujeito a secas que podem durar anos. As raríssimas chuvas, no país, são tão importantes que a moeda nacional se chama pula – que significa chuva, em língua setsuana. Mais de 25% de sua população está contaminada com o vírus da AIDS (sobre tais informações, preciso dizer: obrigado, faculdade de Geografia; obrigado, Wikipédia). E é justamente na capital do país, Gaborone, que foi formado o trio Skinflint, lá em 2006.
O Skinflint se dedica a fazer um som que se situa entre o Heavy Metal e o Blues, molhado com umas gotículas de Stoner Metal e polvilhado com umas passagens que remetem ao Doom Metal. Desta forma, a banda lembra um Black Sabbath mais acelerado, com vocais menos melódicos, mais gritados e mais agressivos. Mas não é só isso: passagens que remetem a Iron Maiden também emergem aqui e ali. O vocal, além disso, tem aquela agressividade que insiste em aparecer mesmo quando está calmo, soando muito semelhante ao Skyclad. Particularmente no álbum "Skinflint" (isso mesmo: o álbum foi batizado com o mesmo nome da banda; este é o nono trabalho lançado pelo grupo, se incluirmos álbuns, EPs e singles), lançado em 2018, o grupo mantém esta fórmula. Soando coerentes do começo ao fim, estes betchuanos, aqui, evitam experimentos que poderiam pulverizar sua coerência sonora. É bem verdade que algumas músicas soam um tanto parecidas, mas, no cômputo geral, isso é um "pecadinho perdoável" (sobretudo se considerar que Botsuana não é exatamente um país com tradição no Heavy Metal). E, devo dizer, a banda consegue, sim, jogar sobre o ouvinte alguns ritmos envolventes. É justamente usando esta fórmula que a faixa "Birds and Milk, Bloody Milk" se apresenta como uma das mais legais do álbum. "Thorns Of Fire" é poderosa, de modo a parecer muito com as músicas mais pesadas de bandas como Black Sabbath, Saint Vitus e Dio. A última faixa do álbum, "Tokoloshe", poderia estar em qualquer álbum do Black Sabbath, começando com aquele clima meio Doom, terminando de forma rítmica e grandiosa. Em algumas faixas, a banda tenta evocar uma atmosfera hipnótica, mas tal tentativa adentra por uns caminhos em que este pessoal parece perdido, como na abertura de "The Prophecy of Nongqawuse", que não precisaria ser tão longa. Felizmente, isto é uma excepcionalidade atípica neste trabalho.
Resumindo: fãs de Hard Rock podem cair de cabeça. As faixas, aqui, possuem ótimos ritmos, capazes de agradar àqueles que querem apreciar alguma novidade de bom nível no Heavy Metal. Uma curiosidade: o álbum "Skinflint" foi gravado tendo Alessandra Sbrana como baterista. Esta moça fizera parte do Skinflint desde sua formação, em 2006, se retirou em 2007 e retornou ao posto, em 2012. Mas se retirou novamente, em 2019, sendo substituída por Cosmos ''Cossy'' Modisaemang, que se mantém como o atual baterista. Não consegui descobrir se ela possui algum parentesco com o vocalista e guitarrista da banda, cujo sobrenome também é Sbrana.
Track List do álbum "Skinflint":
1. Eyes in a Leopards Spots
2. Birds and Milk, Bloody Milk;
3. The Prophecy of Nongqawuse;
4. Chiruwi;
5. The Hyena Sorcerer;
6. Thorns of Fire;
7. The Swallowing Monster;
8. Tuyewera;
9. Mathoa;
10.Tokoloshe
Formação do Skinflint na época do álbum "Skinflint":
*Giuseppe Sbrana – Vocal e guitarra;
* Kebonye Nkoloso – Baixo;
* Alessandra Sbrana – Bateria.
Bandas Similares:
• Iron Maiden, do Reino Unido;
• Black Sabbath, do Reino Unido;
• Cirith Ungol, dos Estados Unidos;
• Skyclad, do Reino Unido.
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