Audioslave: por que eles são um dos maiores super grupos da história do rock?
Por Brunelson T.
Fonte: Rock in The Head
Postado em 13 de março de 2017
No início e meados dos anos 2000, parecia haver um novo super grupo surgindo em cada esquina: VELVET REVOLVER, ARMY OF ANYONE - apenas para citar alguns... Mas um super grupo dessa época estava longe e acima do resto: AUDIOSLAVE. Criado a partir da morte (até então) do RAGE AGAINST THE MACHINE e do SOUNDGARDEN, o AUDIOSLAVE explodiu na cena em 2002 com o seu álbum homônimo de estreia.
O AUDIOSLAVE consiste em Tom Morello (guitarrista), Tim Commerford (baixista) e Brad Wilk (bateria) - todos do RAGE AGAINST THE MACHINE - juntamente com o vocalista do SOUNDGARDEN, Chris Cornell. Seu som é menos uma amálgama das ex-bandas de cada integrante, e mais como um som completamente novo e fresco. Após ter lançado 03 álbuns de estúdio ao longo da sua breve carreira, a banda foi uma lufada de ar fresco e um retorno bem-vindo de alguns dos maiores nomes do rock alternativo. Com a sua reunião sendo possível de ter acontecido no dia 20 de Janeiro/2017 em Los Angeles – a sua 1ª apresentação em mais de 01 década - vamos dar uma olhada no porquê o AUDIOSLAVE é um dos maiores super grupos da história do rock.
A origem
Em 1997, o SOUNDGARDEN havia encerrado a sua carreira de 13 anos como uma das melhores bandas absolutas do grunge e da história do rock’n roll. Chris Cornell - vocalista, guitarrista e sendo o principal compositor do grupo - fez a rota que muitos fazem após o fim de uma banda: lançou um álbum solo. O disco, "Euphoria Morning" (1999), provou que Cornell ainda tinha muito a dizer e era mais do que capaz de produzir música de alta qualidade. No entanto, apesar da crítica aclamada, o álbum não se encaixou comercialmente ao mesmo nível de sua antiga banda.
Os membros do RAGE AGAINST THE MACHINE também estavam enfrentando um futuro incerto. Depois de lançar o seu 4º álbum de estúdio - só de covers - "Renegades" (2000), a banda logo se viu sem o seu vocalista, Zack de la Rocha. Muito parecido com Cornell, os membros do RAGE AGAINST THE MACHINE estavam tentando descobrir para onde estavam indo e qual seria o próximo passo.
Os 03 músicos do RAGE AGAINST THE MACHINE se reuniram para encontrar um novo vocalista para continuar a sua jornada musical. Eles poderiam ter escolhido a rota mais fácil e convencional de todas - obtendo um clone de Zack de la Rocha - mas eles foram para a extremidade oposta do seu espectro, escolhendo Chris Cornell.
1º álbum de estúdio: "Audioslave" (2002)
Onde muitos super grupos falham, é quando eles soam como híbridos de suas antigas bandas, quase como se os sons dessas bandas estivessem competindo entre eles. O AUDIOSLAVE conseguiu escapar desse destino com relativa facilidade. Se eles tivessem tentado compor uma música como "Know Your Enemy" (do RAGE AGAINST THE MACHINE) e fizessem Cornell cantar sobre ela na veia da canção "Pretty Noose" (do SOUNDGARDEN)..., é claro que não iria funcionar. O AUDIOSLAVE percebeu isso e se forjou em um novo território. Você pode ouvir as influências de suas antigas bandas - e honestamente, como elas não poderiam estar presentes? - mas o AUDIOSLAVE não soa como o RAGE AGAINST THE MACHINE ou como o SOUNDGARDEN.
O álbum de estreia não é como o disco "Evil Empire" (2º álbum do RAGE AGAINST THE MACHINE, 1996), mas também não é como o disco "Superunknown" (4º álbum do SOUNDGARDEN, 1994).
O RAGE AGAINST THE MACHINE tinha um plano bem direto, com uma levada funkeada, uma guitarra inovadora, um baixo com distorções carregadas, uma bateria constante e cativante, debaixo de um rap socialmente consciente. Chris Cornell não tentou emular ou copiar Zack de la Rocha de jeito nenhum. E por que faria? Como ele poderia? Ambos são vocalistas incríveis em seu próprio direito, mas eles não poderiam ser mais distantes em sua entrega e escalas vocais. Chris Cornell simplesmente foi ele mesmo e por ser ele mesmo, elevou os membros do RAGE AGAINST THE MACHINE a um novo nível - musicalmente falando.
Na música que abre o álbum de estreia, "Cochise", o AUDIOSLAVE aparece soando o mais próximo do RAGE AGAINST THE MACHINE em toda a sua discografia. O riff de guitarra "pendurado" em uma única nota é a parte icônica do estilo variado e influente de Tom Morello - e nessa canção ele o faz com perfeição. Mas, ao invés de descansar em seus louros, a banda se mudou para um novo território sônico. Músicas como, "Show Me How To Live" e "Like a Stone", mostram uma sofisticação e maturidade musical.
O AUDIOSLAVE também apresentou concertos surpreendentes ao longo da sua história. A banda tocou ao vivo pela 1ª vez no dia 25 de Novembro/2002 - mas não foi um concerto comum. Eles apareceram no Late Show with David Letterman em rede nacional, onde se apresentaram no telhado do Teatro Ed Sullivan.
Em 2003, eles participaram da edição do Lollapalooza Festival, sendo que cada membro do grupo já havia tocado anteriormente no Lollapalooza com as suas bandas no início de carreira. Junto com o QUEENS OF THE STONE AGE, INCUBUS e JANE’S ADDICTION, o AUDIOSLAVE ajudou a fornecer um dos melhores line-ups da história do Lollapalooza.
2º álbum de estúdio: "Out of Exile" (2005)
O AUDIOSLAVE lançou 03 álbuns de estúdio. A sua estreia foi um grande sucesso, sendo 03 vezes disco de platina. O 2º disco, "Out of Exile", estreou em 1º lugar no ranking da Billboard e foi certificado logo de cara também como disco de platina. O seu 3º e último álbum de estúdio, "Revelations" (2006), estreou em 2º lugar no ranking da Billboard e foi certificado como disco de ouro - cobrindo uma sólida falta comercial de outros super grupos da mesma época. Por exemplo, o VELVET REVOLVER só lançou 02 álbuns de estúdio e embora aclamado pela crítica, apenas o 1º deles foi o seu único grande sucesso comercial. Já o AUDIOSLAVE não tinha a imprensa e nem a exposição do VELVET REVOLVER, e ainda conseguiu lutar criticamente e comercialmente muito bem.
Neste 2º disco, a banda lançou clássicos memoráveis do mesmo nível das músicas do álbum de estreia (se não melhores), como as canções: "Be Yourself", "Doesn't Remind Me" e "Your Time Has Come".
Além disso, dias antes do grupo lançar esse 2º álbum de estúdio, a maior conquista para o AUDIOSLAVE foi que eles se tornaram a 1ª banda americana de rock a tocar em Cuba. Seguindo a perspectiva socialmente consciente do RAGE AGAINST THE MACHINE, o AUDIOSLAVE foi a banda perfeita para ter essa distinção.
3º álbum de estúdio: "Revelations" (2006)
Como todas as boas coisas na vida, o AUDIOSLAVE chegou ao fim em 2007. Apenas 05 anos após o lançamento do seu 1º disco, eles foram capazes de produzir uma música que ficou confortavelmente e merecidamente ao lado das grandes obras de suas antigas bandas – e isso não é uma tarefa fácil.
Após o lançamento do seu 3º disco, a banda não teve tempo para fazer uma turnê promocional, sendo que músicas como, "Revelations", "Original Fire" e "Until We Fall", estão fervendo na mente dos fãs, esperançosos em ouvir estas canções ao vivo pela 1ª vez na vida, assim como as demais desse álbum.
Sabemos que as músicas clássicas da banda estão nos 02 primeiros discos, mas arrisco em dizer que o 3º álbum é o melhor na sua totalidade... É nítida a evolução sonora.
Com indicações ao Grammy, álbuns de platina e concertos em território desconhecido, o AUDIOSLAVE fez em pouco mais de 05 anos o que algumas bandas não conseguem fazer em 30 anos. A sua contribuição para o mundo da música alternativa e do rock’n roll, bem como a sua influência, não pode ser subestimada. Talvez, a sua maior canção, "Like a Stone", seja um verdadeiro "grampo" da rádio comercial e das rádios alternativas, mas a sua influência e o seu legado se estendem muito além do escopo da sua história.
Com o show de reunião realizado agora em Janeiro/2017, só podemos esperar que o maior super grupo da história do rock alternativo tenha mais a oferecer para os seus fãs.
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