The Pretty Reckless: ou "The Taylor Momsen's Band"
Por Sofia Pereira
Postado em 02 de julho de 2012
Pretty Reckless - Mais Novidades
Foi com alguma surpresa que vi anunciados shows da banda nova-iorquina THE PRETTY RECKLESS em solo brasileiro. Dias 3, 4 e 5 de agosto de 2012, respectivamente em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, em suporte ao álbum de estreia Light Me Up. O setlist já é conhecido no hemisfério norte por não ultrapassar 45 minutos em sua execução total.
A surpresa se deve ao fato do conjunto ser já conhecido no Brasil, a ponto de inclui-lo na turnê. THE PRETTY RECKLESS caiu no conhecimento público em 2010, com o vídeo viral/promocional do single Make Me Wanna Die a rodar pela internet. Não eram todos os cientes de que a vocalista e líder da banda era a atriz e modelo Taylor Momsen, protagonista da série norte-americana Gossip Girl, transmitida no Brasil pelo canal pago Warner Channel. Apesar do pacote "atriz e modelo dark side", a voz de Taylor surpreendeu. Valeria acompanhar.
Tudo começou quando Taylor Momsen, então com 14 anos de idade, buscava produtores de rock. Segue a este episódio, em suas respostas padronizadas para entrevistas, a declaração de que se trata de um mundo muito voltado ao pop e que é dificílimo encontrar, na indústria musical, as pessoas certas para se trabalhar junto. Fato.
Mas voltemos um pouco. A garota foi jogada na indústria midiática ainda criança, em propagandas televisivas e agenciada como modelo. Seguiu-se a isto a carreira de atriz mirim, em televisão e cinema. Após seu ingresso em Gossip Girl, de sucesso explosivo nos Estados Unidos, tornou-se uma celebridade aos 15 anos de idade. Não seria problema assinar contrato com qualquer grande gravadora. No caso, Interscope Records.
Foi assinado o contrato antes de haver uma banda. Taylor associou-se ao produtor Kato Khandwala (Paramore, Blondie) e, por meio deste, conheceu Ben Phillips. Momsen e Phillips passaram a escrever juntos, ficando a cargo de Khandwala dar o aval final e polimentos às composições. Em 2009 Momsen juntou (recrutou?) uma banda de jovens e entrou em turnê abrindo para The Veronicas, com repertório de músicas garage, gravadas em demos posteriormente descartados. Tudo bem diferente do que a banda viria a ser.
Após algum tempo Momsen reaparece com single e anunciando o lançamento do álbum. Os jovens músicos desaparecem misteriosamente, substituídos por três não tão jovens assim: o parceiro de composição Ben Phillips na guitarra, Jamie Perkins na bateria e Mark Damon no baixo. Partiram com o festival Warped Tour e só agora terminam um período de dois anos de turnês.
É indiscutível que a banda desde seu início receba atenção especial devido à fama prévia da atriz. Ganhou mais espaço na mídia, em reviews, talk shows e tabloides, por declarações e vestimentas da frontwoman, consideradas controversas, e pelo fato de ser o cérebro do grupo. Não que isto signifique muito.
Não é regra que se estranhe diferenças etárias em conjuntos musicais. Mas há de se compreender cenhos franzidos com a visão de três marmanjos no palco, vestidos de preto e no escuro, enquanto holofotes seguem a pós-adolescente vestida como stripper gótica, a cantar que aos 16 anos matou e circuncisou um rapaz que partiu seu coração. Momsen afirma serem uma banda de fato, parceiros musicais, e que desde o primeiro encontro "clicaram". Mas ao mesmo tempo declara ser a autora de (quase) tudo e querer reinventar o rock'n'roll.
Vale lembrar que o trio de marmanjos formava uma banda desconhecida, FAMOUS, produzida também por Khandwala e abafada da noite para o dia – as poucas informações disponíveis a respeito da banda foram retiradas da rede. Dificulta a compra da ideia de que acreditam no som de The Pretty Reckless e nas letras de Momsen, que compartilham destas angústias adolescentes de quem cresceu se reportando à mídia. Difícil ignorar a hipótese de que sejam contratados (ela e a gravadora não carecem de recursos para tal) ou que ao menos sintam-se assim. Hipótese absolutamente plausível, visto o quão árduo é receber dinheiro por rock sem ser modelo e atriz.
Apesar de todo o esforço da jovem, constrangem suas declarações sobre música, sua telecaster pendurada e desligada após alguns bicordes tocados em uma única música, sua falta de consistência como compositora e o fato de ter buscado a indústria antes de experiências no meio. Ou é absurdo pensar que o rock'n'roll é/foi feito por músicos que tentam entrar na indústria para vender o que já fazem? É válido alfinetar a música manufaturada, como Momsen costuma fazer, mas um pouco de autocrítica vai bem. As vias tomadas pela cantora não diferem muito do pop e de outros manufaturados: busca por produção e contrato; depois, o resto. Resto que é, para saudosistas, apenas a alma da música e do rock'n'roll. A coisa piora quando a sonoridade genérica e pop rock do resultado não condiz com o discurso inflado da garota.
Momsen é porém dotada de bom timbre vocal e vem evoluindo, encontrando identidade e maturidade física da voz. Timidamente experimenta até screamos. Se em vez de numa banda suporte estivesse numa sem hierarquias, Taylor poderia se desenvolver muito como vocalista. Desistindo da fala do Metal Messiah em versão feminina, com alguns estudos e quiçá novas parcerias, talvez a jovem melhorasse sua precária capacidade de forma e escrita de canções – letra e música. Humildade também não faria mal; no MySpace da banda, em sua descrição, sobre como soa Light Me Up: "como se Led Zeppelin, caso liderado por uma mulher".
Em entrevista ao site Rock'n'Roll Experience, Phillips dá os primeiros sinais do que parece ser um conflito de egos: enfim algo que soa orgânico. As coisas podem ficar interessantes, em especial se isto ajudar a amenizar a autoindulgência e a pretensão de Taylor Momsen.
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